Bruna Cerdeira e Juliana Alcantara
O sonho da casa própria, quem não tem? Pessoas trabalham duro, batalham e muitas vezes vivem em função de realizá-lo. Algumas conseguem rápido, mas a maioria demora anos e anos para conseguir o tão esperado título de propriedade.
Dona Maria Firmina da Silva, de 74 anos, é uma senhorinha muito simpática que mora no Morro do Adeus, no Complexo do Alemão há 42 anos. Ela tentava regularizar a casa onde vive com a filha mais velha e a neta, desde que se mudou de Recife, Pernambuco, para o Rio de Janeiro. Finalmente, depois de tanto tempo, ela conseguiu.
“Foi uma benção que eu recebi! Não imaginava que isso fosse acontecer algum dia. Foram anos tentando e depois que a UPP chegou ao morro, tudo melhorou. Eu tinha a documentação que precisava e consegui pegar a escritura. Agora tenho um papel que prova que a casinha é minha”, disse ela mostrando o documento toda orgulhosa.
A vida das famílias que receberam o título de posse e moradia, entregue pela Secretaria de Estado de Habitação, mudou pra melhor. Como proprietários legais de suas casas, os moradores têm mais liberdade para investir em melhorias com a segurança de que agora os imóveis pertencem a eles.
“A gente está mais segura. A comunidade está pacificada e agora não tem mais tanto problema como antes, mas eu tinha medo de invadirem e tomarem a minha casa. Agora ela é minha, foi uma conquista que eu esperei por 32 anos. Eu já consertei o piso, ajeitei o banheiro, só falta reformar a laje”, contou dona Joseni Timóteo da Silva, de 68 anos.
Com casa própria e endereço certo registrado, as famílias se sentem realizadas. A prestação desse serviço foi importante para que a comunidade deixasse de se sentir tão abandonada e começasse a enxergar um futuro mais promissor.
“Eu me sinto mais feliz, mais tranquila. Posso ir endireitando as coisas aos poucos, melhorando tudo, sabendo que agora eu tenho a posse do lugar que eu moro há tantos anos. Foi uma coisa que eu consegui e vou deixar de herança para os meus filhos. Eles não vão precisar passar essa dificuldade que eu passei”, completou dona Maria Firmina.
Outra moradora do Morro do Adeus que está rindo a toa com o título de propriedade do seu imóvel, entregue em agosto de 2012, é Maria Madalena Brás Juvino. Ela disse que ficou satisfeita com a rapidez que tudo foi resolvido.
Dona Madalena disse que antes a única prova de que era dona do imóvel era um documento da Associação de Moradores.
“Mas hoje está tudo registrado no cartório, disse Dona Madalena, acrescentando que com o tempo, as melhorias chegaram. “Eu não tinha nem energia elétrica. Quando eu comprei a casa, só tinha uma gambiarra. Mas consegui colocar piso, contrapiso, porta e janela. No ano que vem quero fazer o meu quarto e a cozinha, depois que conseguir um emprego”.
Milhares de famílias beneficiadas
Além de moradores do Complexo do Alemão, os dois últimos anos foram de comemoração e alívio para outras famílias de comunidades pacificadas do Rio de Janeiro. Foram 8.715 títulos de regularização fundiária entregues até outubro.
Com a legalização de espaços resolvida, mais benefícios podem chegar para as populações da Rocinha, Cantagalo, Pavão-Pavãozinho, Vidigal e Complexo do Alemão. E as notícias são animadoras: o Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio de Janeiro estima entregar mais 23 mil títulos até o fim de 2014.
No Vidigal, Moisés Antônio Teixeira Alves foi um dos atendidos pelo programa de regularização fundiária da Secretaria de Habitação, cuja segunda fase teve início em outubro, tendo beneficiado 400 famílias.
“A medida trouxe tranquilidade para os moradores, principalmente aqueles que moram na comunidade há 60 anos e sempre tiveram medo de serem retiradas para morar em bairros distantes”.
Valéria Lima Alves e sua filha moram na parte de cima da casa, que fica no mesmo terreno de Moisés e ficam felizes com as melhorias que puderam fazer depois de conseguir a regularização.
O que antes era uma laje, hoje deu lugar a dois quartos e uma lavanderia. Tudo com piso, pintura e estrutura. “No ano que vem, se Deus quiser, minha casa estará completa. Preciso fazer ainda a cozinha, banheiro e a sala. Depois disso, vou comprar os móveis”, garantiu a moradora.
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