Alfredo Mergulhão
Uma orquestra de instrumentos populares está em processo de formação no Morro do Borel. Trata-se do projeto Trupe de Câmara, uma iniciativa de educação musical do SESC RIO em parceria com a Jovens Com Uma Missão (Jocum) Borel, por meio da Equipe Bom Tom, e o Grupo Cultural O Som das Comunidades, do Morro do Turano.
Cerca de 100 crianças da comunidade localizada na Tijuca são atendidas no projeto, realizado na sede do Jocum Borel. Na tarde de quinta-feira, 25 de junho, o Portal UPP acompanhou as aulas e assistiu ao ensaio da primeira música que o grupo vai interpretar. Os jovens do Borel tocaram a música "Refavela", de Gilberto Gil.
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"É uma canção que está relacionada com a realidade onde eles estão inseridos. E a escolha dessa música não foi por acaso. A gente não ensina apenas a parte musical, mas formar valores", explicou a articuladora comunitária Nyeta Magalhães Campos.
A ideia é montar um repertório que evidencie a "brasilidade", com ritmos do Norte ao Sul do país, executados por instrumentos excluídos das orquestras. Por isso uma trupe (conjunto de artistas) de câmara (grupo instrumental composto por um menor número de músicos e instrumentos musicais na comparação com uma orquestra).
"Falar em exclusão tem tudo a ver com a localidade. Quem vive em uma favela sofre com preconceito. Mas ao tocar instrumentos que também são excluídos, esses jovens podem perceber a própria exclusão e entender que seus talentos minimizam a discriminação", afirmou o dinamizador cultural da Trupe de Câmara, Luiz Alberto do Nascimento.
O projeto oferece aulas de violão, cavaquinho, flauta doce, viola, bandolim, banjo, ukulele, teclado, baixolão, xilofone, percussão e canto. Os professores são pagos pelo SESC. A instituição também oferece instrumentos musicais.
A Trupe de Câmara trabalha para realizar concertos até o fim do ano. Eles pretendem fazer recitais no SESC Tijuca e nas comunidades do Borel e Turano. O coordenador da Jocum Borel, Jovino Neto, destacou que nem todos os jovens da comunidade se tornarão músicos, mas o importante é que eles tenham oportunidades.
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"Mas com certeza todos serão cidadãos. E as aulas de música fazem parte de um processo de formação que está associado à noção de cidadania. Não queremos projetos que ensinem apenas a parte técnica, porque sujeitos conscientes dos próprios direitos é que transformam a comunidade", disse Jovino.