Cláudio Costa Rosa
“Eu não jogo mais futebol, agora eu quero mesmo é jogar tênis. Estou aprendendo, vou ser um profissional”, disse Hugo da Silva Freire, 8 anos, ansioso para ver de perto seu grande ídolo Gustavo Kuerten, o Guga, que ao lado do tenista sérvio Novak Djokovic, número um do ranking, foi à Rocinha participar da inauguração da primeira quadra de tênis em uma comunidade pacificada, localizada no Parque Ecológico.
Na abertura da cerimônia, a Secretária de Estado de Esporte e Lazer, Márcia Lins, anunciou que todas as 28 comunidades pacificadas terão quadra de tênis, numa iniciativa do Governo do Estado para incentivar a prática do esporte, por meio do Projeto Rio 2016. A clínica de tênis da Rocinha irá atender cerca de mil crianças por ano, com idade de 6 a 13 anos.
Não foi à toa que Guga e Djokovic foram escolhidos como padrinhos do projeto. Os dois se dedicam a trabalhos sociais voltados para o público infanto-juvenil. O brasileiro fundou o Instituto Gustavo Kuerten — que será parceiro da Secretaria de Esporte e Lazer —, que atende 700 crianças em Santa Catarina. Djokovic mantém uma fundação que ajuda crianças de 3 a 17 anos.
“A gente procura usar o esporte para gerar um impacto sobre as crianças. Eu e Djokovic tivemos uma situação privilegiada de chegar ao posto de número um do mundo, e isso nós precisamos compartilhar”, afirmou Guga.
Djokovic disse que atletas de um esporte global devem contribuir para a formação de crianças, porque nem todas acabam tendo a chance de realizar seus sonhos. “Fico feliz em saber que essa quadra dará oportunidade às crianças da Rocinha, que talvez nunca tenham visto uma raquete na vida”, disse o atual número um do ranking da Associação dos Tenistas Profissionais (ATP).
Único tenista profissional da Rocinha, Fabiano de Paula, 23 anos, acha o Projeto Rio 2016 fundamental para aumentar as chances de as crianças da favela virem a praticar um esporte. “Nunca imaginei que algum dia teria uma quadra dessa aqui na Rocinha. Serve como exemplo para que mais gente se envolva no campo da solidariedade e do esporte”, diz Fabiano, que começou a jogar tênis aos 12 anos e este ano participou do torneio Australian Open; sua meta é ficar entre os 100 melhores ranqueados pela ATP.