Os vendedores ambulantes, mascates e trabalhadores informais são os homenageados da exposição “Ambulantes ontem e hoje”. A mostra, que foi lançada no dia 1° de maio no Museu Sankofa Memória e História da Rocinha, localizado na Biblioteca Parque da comunidade, reúne fotografias de Flávio Carvalho e do centenário Marc Ferrez.
O acervo de Ferrez do século XIX faz parte do Instituto Moreira Salles e é composto por mais de cinco mil imagens, sendo quatro mil negativos originais de vidro. O fotógrafo franco-brasileiro, nascido no Rio de Janeiro, retratou cenas dos períodos do Império e início da República. O legado visual eterniza vendedores de aves, funileiros, amoladores de facas e tesouras, verdureiros e outras funções comuns da época.
Já o fotógrafo Flávio Carvalho fez o registro dos trabalhadores da Rocinha, comunidade que serviu de personagem e espaço de pesquisa. A conversa com os trabalhadores aproximou o fotógrafo de uma realidade que muitas vezes faz parte do papel de parede da cidade.
“Pude ver que, de certa forma, eles estavam felizes de estar ali. Cada um possuía um talento e o usava em benefício próprio. Num primeiro momento, imaginei fotos mais contemporâneas, mas depois nos demos conta que ao colocar um fundo branco atrás do ambulante dava o destaque necessário para quem muitas vezes passa desapercebido.”
Inspirada na obra centenária de Marc Ferrez, em contraponto com imagens da Rocinha atual de Flávio Carvalho, a exposição é tanto uma obra de arte fotográfica quanto o resultado de uma pesquisa histórica na Rocinha, fundamental para a memória social brasileira.
Quem visita a exposição retorna ao passado, mas o resgata para o presente cotidiano carioca. Antônio Carlos Firmino, na companhia de Fernando Ermiro, assina a curadoria da exposição que ocupa o museu e destaca a importante reflexão surgida a partir das fotografias.
“Os ambulantes ainda são perseguidos e sofrem com o preconceito. É importante pensar nesse ofício e levar a discussão para as condições de trabalho atuais. Se queremos construir um futuro diferente, precisamos olhar para o passado”, afirma Antônio Carlos.
A mostra “Ambulantes ontem e hoje” ficará em exposição no Museu Sankofa Memória e História da Rocinha até julho.