Texto: Soraya Batista // Fotos: Vanor Correia
Com o objetivo mostrar os resultados do investimento social que vem realizando em comunidades pacificadas do Rio — que em três anos beneficiou mais de duas mil pessoas — a Secretaria de Estado do Ambiente (SEA) organizou um grande evento no Centro do Rio.
A programação — com uma série de ações que marcaram a celebração do Dia Mundial do Meio Ambiente — foi realizada na gare da estação ferroviária Central do Brasil, na manhã desta quinta-feira, 5 de junho, com o tema "Consumo Sustentável: Aproveitamento Total", que reforçam a importância de aproveitar aquilo que normalmente seria jogado no lixo.
Organizado em parceria com a SuperVia, o evento contou com quatro tendas para oficinas e um palco para o desfile de modas. Os passageiros dos trens que passavam pelo local puderam degustar bolos e sucos preparados com cascas e talos de alimentos; ver as novidades da moda reciclada dos alunos da Mangueira; participar de oficinas e entender como peças de computadores antigos podem ser reaproveitadas em um novo micro.
“Hoje é o Dia Mundial do Meio Ambiente, por isso marcamos essa festa com os nossos projetos socioambientais, para mostrar para as pessoas como é o nosso trabalho. Os projetos têm quatro pilares principais: qualificação profissional, aproveitamento total, redução de resíduos e educação ambiental”, disse Mônica Cequeira, Superintendente de Território e Cidadania da SEA.
No estande do projeto Fábrica Verde, havia exposição de computadores reciclados, coleta de peças e micros, além de aula sobre reciclagem. O projeto foi criado para oferecer qualificação em montagem e manutenção e reaproveitamento de computadores. Em três anos de projeto foram beneficiados 1.055 moradores das comunidades da Chacrinha, Alemão e da Rocinha. Desse total, a metade já foi encaminhada para o mercado de trabalho.
Ygor Pereira de Almeida, de 18 anos foi aluno do Fábrica Verde e hoje é um dos monitores do projeto. Ele conta que seu avô consertava TVs e por isso sempre teve muito jeito com aparelhos eletrônicos. O dom de família fez com que o garoto quisesse se aperfeiçoar. Por isso, procurou o curso, para aprender manutenção de computadores.
“Eu e um colega fomos destaques da turma e passei a trabalhar para o projeto. Depois que eu acabei o curso, meu avô me passou a oficina dele e pude começar a montar o meu próprio negócio. Hoje, trabalho com computadores, espero juntar um dinheiro para cursar jornalismo”, conta o estudante.
Outra iniciativa que chamou a atenção é o projeto EcoBuffet, que montou uma barraca, onde os passantes puderam degustar bolos de chocolate com chuchu e doce de casca de maracujá. Lançado no ano passado, na Chacrinha, o projeto oferece capacitação em técnicas de culinária com aproveitamento integral de alimentos. Ao todo, já foram atendidos 184 alunos de comunidades com UPP.
“Eu me alimentava mal e não gostava de cozinhar. Aí minha mãe me falou sobre o projeto e decidi experimentar. Achei o máximo. Além de ensinarem a reaproveitar os alimentos, eles também preparam os alunos para trabalharem em bufês. Meus filhos e meu marido estão adorando, voltei a ter ânimo para cozinhar”, disse a dona de casa Derlaine de Oliveira Valentino, de 39 anos.
Célia Lopes, de 64 anos, moradora da Tijuca, soube do evento por meio de parentes e foi conferir junto com as suas tias Júlia e Iná Maria.
“Gostei muito desse evento. Acho que é importante ter projetos como esses, porque, além de cuidar do meio ambiente, também dá oportunidades a pessoas que moram em comunidades carentes.”
No estande do projeto Ecomoda, os visitantes puderam conferir as peças confeccionadas pelos alunos, e também doar jeans que já não são mais utilizados. O evento contou ainda com oficinas de acessório de PET, Fuxico, customização de jeans, bijuteria e bordado