Alfredo Mergulhão
Os carteiros comunitários estão presentes em praticamente todas as comunidades do Rio de Janeiro, realizando um trabalho que complementa o dos Correios. A proposta é levar um direito básico aos moradores que precisam receber correspondências e encomendas. Em algumas localidades, essa carência representa uma oportunidade de empreendimento que garante o sustento de famílias e o recebimento das postagens em casa.

Na Rocinha, uma iniciativa que começou local hoje está em oito comunidades cariocas. Trata-se do Grupo Carteiro Amigo, um serviço de entrega realizado mediante pagamento de uma taxa mensal. Idealizado por Elaine Ramos, seu marido, Carlos Pedro da Silva, e o primo Silas da Silva, o projeto deu certo e foi expandido. Tornou-se a primeira franquia em um empreendimento nascido numa comunidade.
"Nosso trabalho continua o mesmo, mas agora temos mais qualificação", sustenta Carlos Pedro. A iniciativa contou com apoio do Sebrae-RJ, que ajudou a formular o modelo de negócios, que existe há 14 anos. A empresa começou com 10 pessoas cadastradas, mas hoje entrega até 800 correspondências por dia somente na Rocinha. O Grupo Carteiro Amigo possui mais de 12 mil clientes regulares.

Hoje, o Grupo Carteiro Amigo é uma referência e já venceu o prêmio Brasil Empreendedor, do Sebrae. O sucesso fez o empreendimento diversificar o ramo de atuação. Carlos Pedro, seus sócios e mais quatro funcionários oferecem serviços de mala direta e telemarketing. Entre os clientes que utilizam o catálogo com mais de 49 mil telefones e endereços da Rocinha - registrados nos computadores da empresa - estão desde pizzarias a bancos.
Além da Rocinha, a franquia está presente em outras comunidades, como Providência e Macacos. Dentro de dois meses, Carlos Pedro esperar abrir a nova filial, no Morro da Coroa, no Catumbi.

"Fiz muita amizade entregando cartas e a maioria das pessoas mostra gratidão pelo trabalho que fazemos", diz Lúcia Maria Barbosa Aires, 61 anos, responsável pela entrega na parte baixa do Salgueiro. "Costumo ir à noite, para pegar todo mundo em casa", conta. Outra razão é que os Correios passam na comunidade geralmente entre 15h30 e 16h, deixando as cartas na associação de moradores e no bar de Dejair Alves, 54 anos, conhecido como Neco.

O presidente da Associação Pró Melhoramentos do Salgueiro, Rogério Luiz dos Santos, dialoga com os Correios para que o serviço atenda toda a comunidade.