​Texto: Jackson Silva / Fotos: Bruna Basilio

Igor Pinheiro tem apenas treze anos, mas já sabe tudo sobre a vida. Ainda muito novo, teve que enfrentar uma dura realidade de pobreza, no Complexo da Mangueira, na Zona Norte do Rio. Para sobreviver, o menino cata latinhas com a família, que mora no antigo prédio do IBGE. Em cada andar do condomínio é possível encontrar histórias de superação.

“Minha avó ganha cem reais por semana com venda de latinhas. Ela faz isso para sustentar a gente”, desabafa o menino com timidez.

Durante anos, adultos e crianças sofreram com a presença de traficantes que controlavam a região. Há quase quatro anos, o Complexo da Mangueira recebeu uma Unidade de Polícia Pacificadora. Os policiais enfrentaram desafios e conseguiram conquistar a confiança dos moradores. A partir desse momento, muita gente passou a ter o direito de sonhar com um futuro melhor. Foi o que aconteceu com Igor. O menino começou a praticar arte marcial, um dos projetos criados e executados por policiais da UPP. A mudança de vida dele estava apenas no começo. O aluno destemido venceu o Campeonato Carioca de jiu-jítsu e conquistou a medalha de ouro em primeiro lugar, na categoria Peso Pena.

“Quero ser lutador. Quando eu crescer vou trabalhar para ajudar a minha família”, disse Igor com um olhar de esperança.

A disputa aconteceu no dia 20/9, no Iate Clube da Ilha do Governador, na Zona Norte da cidade. Além de Igor, outros cinco alunos da Mangueira também conquistaram ouro. Daniel Roberto  de Queiroz, Cristian da Silva, Matheus Freitas, Caio César e Felipe Souza brilharam no pódio. O soldado Marcelo Teixeira é um dos professores de Jiu-jítsu. O PM estava orgulhoso dos atletas mirins.

“Enfrentamos muita dificuldade quando entramos na Mangueira, principalmente, no prédio onde o Igor mora. Hoje, os moradores apoiam os nossos projetos”, comemora o Teixeira. Mas a vitória de Igor e dos colegas de luta está apenas no começo. No mês que vem, eles vão participar do Campeonato Sul-Americano de Jiu-jítsu.

Alan Castro é campeão de MMA. Ele é professor do projeto de arte marcial, de Rodrigo Nogueira, o Minotauro, que tem parceria com a UPP Mangueira. Alan ressaltou a felicidade de ajudar as crianças.

“Entendo perfeitamente a dificuldade deles porque já passei por isso. Também sou de uma família podre e hoje tenho muitas vitórias. Sei que os alunos da UPP também vão vencer. Eles me deixam orgulhoso”, disse Alan Castro.

Ao todo, oito projetos da UPP Mangueira beneficiam os moradores da região. Cerca de cinco mil pessoas participam de diferentes atividades, como, vôlei, futebol, dança, reforço escolar, tratamento odontológico, Jiu-jítsu, além de inglês, aulas de violão e flauta. A tática tem sido a principal arma no combate ao tráfico e na relação de proximidade entre a população e policiais militares. Igor participa de quase todos os projetos. Ele ainda tem muitos desafios pelo caminho, mas agora, com a certeza de que terá um futuro diferente.   

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