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ACONTECE

15/06/2021

Batan fica mais colorido para torcer pelo Brasil

Moradores pintam muros de casas e assistem à vitória da Seleção em telão instalado em CIEP

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Agatha Barbosa e Douglas Conceição foram os jovens escolhidos para pintar a Rua São Dagoberto, no Batan / Fotos: Vanor Correia

​Paula Costa

Moradores do Batan, em Realengo, na Zona Oeste, tiveram na tarde deste sábado um dia para lá de especial. Eles assistiram juntos à vitória do Brasil sobre o Japão (3 a 0) na estreia da nossa Seleção na Copa das Confederações. 

A festa foi organizada pela Coca-Cola, empresa parceira das UPPs, que instalou um grande telão de LED na quadra esportiva do CIEP Thomas Jefferson. A celebração se deu porque o Batan conquistou o sexto lugar no concurso “Vamos juntos colorir as comunidades cariocas”, promovido pela empresa em 21 comunidades.

No Batan, a Rua São Dagoberto foi a escolhida para ser enfeitada com as cores do Brasil. O grande barato é que a ornamentação ficou a cargo dos próprios moradores da comunidade. E não faltou criatividade na hora de pintar muros de casas da região e tornar todo o espaço mais alegre. 

Agatha Barbosa Rodrigues e Douglas Conceição, ambos de 16 anos, foram os escolhidos para soltar a imaginação e decorar a rua. 

Nos muros do Batan, pintaram o mascote da Copa, Fuleco, além de bandeiras do Brasil e pontos turísticos do Rio, como o Pão de Açúcar, o Cristo Redentor e, é claro, o Maracanã. Com latas de spray, tintas e pincel nas mãos, eles não desperdiçaram a chance de mostrar seus talentos para o resto da comunidade.

Douglas Conceição, o Bambu. Criatividade do papel para os muros do Batan

“Foi uma experiência muito boa, adorei. É uma emoção deixar meu trabalho registrado na comunidade e, principalmente, na rua onde moro”, contou Douglas, que no Batan também é conhecido como Bambu. 

“Faço desenhos no papel. Nunca tinha pintado uma parede. Fiquei dia e noite pensando no que ia desenhar. Foi um desafio e gostei muito do resultado. Agora, quero conseguir fazer um curso de desenho para aprimorar meu talento”, disse o rapaz, que desenha desde os seis anos de idade e até já havia exposto seus trabalhos na escola. 

Filha de desenhista, Agatha descobriu nesse concurso que tinha herdado o talento do pai.

“Fiquei um pouco insegura e pedi a opinião dele, que me falou para eu ir além da Copa das Confederações. Foi aí que pensei em me inspirar também nos cartões-postais do Rio”, explicou. 

“Gosto muito de arte. Hoje, canto em igrejas, aniversários e casamentos e componho músicas gospel. Mas nunca tinha pintado. Fico olhando para os desenhos e nem acredito que fui eu que fiz”, admitiu a menina. “Mas adoro desafios, por isso topei”, completou. 

Silvane Barbosa (à direita). Mãe orgulhosa com a determinação da filha
 

Silvane Barbosa, mãe de Agatha, lembrou que determinação é a palavra que define a filha. 

“Quando ela coloca uma coisa na cabeça, ninguém tira. Ela chegou contando que ia pintar a rua e eu dei a maior força. Fiquei super orgulhosa. Quando ela fala que vai fazer algo, ela faz”, afirmou. 

Luciano Ângelo Araújo, do Centro Social e Cultural Tatiane Lima, entidade que também participou do projeto, disse que alguns muros da comunidade já precisavam de reforma antes da pintura. “Foi aí que vizinhos se uniram para comprar materiais de construção para que tudo desse certo”, contou.

“Escolhemos então dois moradores sem experiência, enquanto as outras comunidades tinham profissionais desenhando. Por isso, foi uma surpresa muito boa conquistar o sexto lugar”, concluiu. 

Além do Batan, também foram premiadas as comunidades do Chapéu Mangueira, Morro dos Prazeres, Morro de São João e Tabajaras. O grande vencedor foi o Morro dos Macacos, em Vila Isabel. 

Vitória no telão e na comunidade

E na quadra do CIEP Thomas Jefferson a animação era geral. Fanático por futebol, Ronaldo Carreira, morador do Batan há 41 anos, não perdeu a oportunidade de levar a família para assistir ao jogo do Brasil no telão de LED. Ele estava acompanhado do neto e de seu filho mais novo, Ronaldo Taffarel, cujo nome foi uma homenagem ao ex-goleiro da Seleção Brasileira. 

Ronaldo Carreira. Ele e sua família sentem-se mais seguros com a pacificação
 

“A mãe dele estava grávida na Copa de 98. Na semifinal, contra a Holanda, houve empate no tempo normal e o Taffarel agarrou muito nos pênaltis. Foi incrível!", relembrou. 

"Naquele dia decidi que daria o nome do goleiro ao meu filho. Hoje, ele também é apaixonado por futebol", concluiu. 

Ronaldo ressaltou que se não fosse a pacificação, não seria possível assistir ao jogo na rua. 

“Se aqui não estivesse pacificado, esse evento jamais aconteceria. Hoje, aproveito tudo que oferecem na comunidade. Me sinto tão seguro que até trouxe meu netinho. Antes, meu filho não podia nem ir à padaria. Não tínhamos segurança para nada, vivíamos com medo. Eu roía as unhas de nervosismo quando tinha tiroteio”, contou, mostrando as mãos para provar que hoje vive com mais tranquilidade. 

Quem também compareceu à festa foi a moradora Andreia Coelho. Ela chamou as três irmãs para assistir ao jogo, além das quatro filhas e quatro sobrinhos. 

“Viemos com a turma toda, chegamos às 14h. A criançada adora. Antes do jogo teve brincadeiras, eles ganharam ioiô, balão, dançaram e estão adorando”, disse. 

Mc Nego do Borel. Assédio do público e grandes sucessos do funk

“Eu sempre aproveito os eventos que acontecem na comunidade. Antes da pacificação a gente não podia nem sair de casa. Mas agora saio com a minha caçula de seis meses sem medo", disse. "Ganhamos outra vida com a segurança”, desabafou. 

No intervalo de jogo, a animação continuou com um concurso de dança. E para comemorar a vitória do Brasil, o público se divertiu com o show do MC Nego do Borel. 

“Vou animar a galera tocando minhas músicas e grandes sucessos de funk. Tenho certeza que o pessoal vai gostar”, adiantou o cantor, pouco antes de iniciar o show. 

15/06/2021

Moradores de comunidades pacificadas vivem momento de ascensão social

Segurança beneficia empreendedorismo e condição socioeconômica

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Daiana Azevedo da Silva realizou sonho de negócio próprio e conseguiu aumentar renda familiar / Gabi Nehering

​Priscila Prestes

Segurança, melhoria nos serviços públicos, empreendedorismo e mudança da condição socioeconômica são os benefícios que hoje estão ao alcance de moradores de comunidades pacificadas do Rio de Janeiro. Dea Calixto, 60 anos, nascida e criada na Vila Cruzeiro, é um exemplo de empreendedora nata que soube aproveitar o tempo de mobilidade social e prosperidade na comunidade onde mora. 

A senhora que já trabalhou em açougue, padaria, fábrica de ventilador e “em casa de família”, atualmente aproveita a recompensa dos 30 anos de trabalho e se dá ao luxo de ir “à praia durante a semana”, como classificou.

Há 20 anos, ela aproveitou o dinheiro da rescisão do emprego de doméstica, comprou sua primeira casa e fez um curso de corte e penteado. A cabeleireira, que começou fazendo cabelo em casa, alugou uma loja onde montou seu salão de beleza. Juntando o dinheiro que ganhava no salão, mais alguns empréstimos, ela conseguiu comprar o seu próprio espaço de beleza, além de duas casas que aluga no alto da Vila Cruzeiro.  

Dea Calixto. Carro novo e ida à praia durante a semana

Favorecida pela valorização dos imóveis na comunidade após a pacificação, a ex-doméstica, que fatura em média R$5 mil por mês, se mudou para um apartamento na parte baixa da Vila Cruzeiro, cujo aluguel é pago com as duas casas que aluga.

“Depois que a UPP chegou aqui, as coisas mudaram. Pude cobrar um pouco mais no aluguel e aumentar minha renda mensal. Até meu salão ficou mais movimentado.  Pessoas de fora vêm aqui fazer o cabelo depois de assistir ao culto”, contou Dea.

Para a microempreendedora que não teve escolha a não ser trabalhar após a morte do marido, quando tinha 27 anos, o trabalho não simboliza mais uma necessidade e, sim, um hobby. “Comecei a trabalhar para sustentar meus filhos quando meu marido faleceu. Hoje trabalho porque gosto, não tenho mais necessidade. Minha vida melhorou muito”, disse.

“Já trabalhei muito e agora faço o que quero”, completou. “Ano passado tirei uma férias, fui para Belém ficar na casa da minha irmã. Outro dia me dei ao luxo de pegar o metrô e passar o dia em Ipanema. De manhã fico na Academia do Idoso para me cuidar. Vou ao shopping, janto com meu filho. Hoje me dou ao luxo de ir ao mercado e comprar bacalhau, não ando mais de ônibus. Já fui trabalhar a pé porque não tinha o dinheiro da passagem”, afirmou a cabeleireira, cuja última aquisição foi um Gol Geração 5,  zero quilômetro.

Ana Maria dos Santos já teve capital de giro no valor de R$ 70 mil reais

Com as UPPs, além da recuperação territorial para o cidadão, também veio um pacote de investimentos do Estado em áreas como saúde, educação, crédito, esporte, entre outras. Em fevereiro de 2012, foram iniciadas as obras da construção do Teleférico da Providência, que vai interligar a Providência (Praça Américo Brum) com a Central do Brasil e a Cidade do Samba (Gamboa). Essa foi a engrenagem do pequeno restaurante Ana Maria dos Santos, 51 anos, moradora da comunidade há 36 anos, que na época  tinha acabado de se formalizar.

Ana, que trabalhava vendendo quentinha, fez uma parceria com a primeira empresa responsável pela construção da obra. Nessa época, o pequeno restaurante da comerciante se tornou o distribuidor de 700 refeições diárias para os operários da construção.

“Meu negócio chegou a movimentar mensalmente 70 mil reais. Cheguei a ter nove funcionários de carteira assinada trabalhando para mim”, relatou.

Ela conta que com o dinheiro que ganhou, comprou uma casa para uma de suas  três filhas no valor de R$10 mil (atualmente o imóvel vale R$80 mil) e comprou uma laje em cima do seu restaurante, que é alugado, tendo reformado o espaço.

O Sabor das Anas, de sua propriedade, fornece cerca de 60 a 70 refeições diárias.

“Minha ideia futura é de transformar o espaço em uma churrascaria”, disse a comerciante, que espera que a inauguração do teleférico e o Porto Maravilha tragam turistas para a comunidade.

Daiana Silva. Viagem com a família à Disney e festa de 15 anos da filha

Há três meses, Daiana Azevedo da Silva, 37 anos, moradora do Morro dos Macacos, realizou o sonho de ter o próprio salão de beleza. A concretização desse antigo desejo  é fruto da iniciativa tomada, há um ano, pela ex-dona de casa, quando decidiu se formalizar como microempreendedora e se tornou micro distribuidora e embaixadora da Matrix Brasil, marca profissional de cosméticos do Grupo L’Oréal, em sua comunidade. 

 Antes da formalização, Daiana e os quatro filhos Felipe, 20 anos, Marcela, 15, Gabriel, 13, e Antônio, seis, dependiam da renda única do marido, que presta serviços como técnico de refrigeração. Com o lucro da revenda dos produtos da Matrix Brasil somado ao rendimento dos atendimentos que realiza no salão, ela arrecada mensalmente, em média, R$2 mil. 

A microempreendedora é um dos exemplos de moradores de comunidades pacificadas que com seus negócios conseguiram aumentar a renda familiar e até ascender de classe social. Atualmente, além de ajudar a pagar as despesas de casa, ela já faz planos para seu negócio e para a família.

“Consegui tirar o peso do meu marido. Consigo pagar minhas contas, investir no futuro dos meus filhos e dar um maior conforto para eles. Hoje cada um dos meus filhos tem o seu  computador e celular”, contou, com orgulhosa.

“Pude pagar para meu garoto mais velho um curso de aprendiz de marinheiro. Minha filha mais velha vai começar um cursinho de inglês, o que é muito importante para a vida profissional”, afirmou a microdistribuidora.

Com a nova renda familiar, ela e o marido vão poder realizar o sonho da filha Marcela que completou 15 anos no início do ano. A adolescente, fã da personagem Ariel da animação “A pequena sereia”, vai poder visitar o encantado parque da Disney e conhecer a personagem. A viagem está programada para o meio do ano, e a menina de longos cabelos ruivos está ansiosa. “Vou realizar um sonho. Estou muito feliz”, exclamou.

“A formalização e a Matrix me deram essa segurança. Estão ajudando a realizar os sonhos da minha família”, contou Daiana.

14/06/2021

Dilma visita Rocinha e anuncia investimento de 2,6 bilhões

Presidenta disse que UPP “é a volta do respeito pelas necessidades da população”

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A presidente Dilma Rousseff destacou em seu discurso a importância da pacificação das comunidades / Vanor Correia

​Paula Costa  

A Presidenta Dilma Rousseff anunciou na manhã desta sexta-feira, 14 de junho, o investimento de 2,6 bilhões para obras de infraestrutura e urbanização para a comunidade da Rocinha e os Complexos do Jacarezinho e do Lins. A iniciativa faz parte do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC 2).

O anúncio foi feito durante evento que contou com a presença do Governador Sérgio Cabral, do Prefeito Eduardo Paes, do Vice-governador e coordenador de Infraestrutura, Luiz Fernando Pezão, do Ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, do líder comunitário Antônio Xaolin. 

Em seu discurso a presidenta lembrou a importância da pacificação nas comunidades, para que o investimento seja aplicado. “As UPPs são vistas como uma vitória. A UPP não é só a força policial. A UPP é também a volta do respeito pelas necessidades da população”, afirmou Dilma Roussef. Dilma disse também que investir nas favelas foi algo transformador que contribui para a qualidade nas moradias e escola para os jovens e crianças. 

Cidadania

O Vice-governador Luiz Fernando Pezão classificou o evento como histórico. “Hoje é um dia de alegria, um dia histórico, que nos fortalece a lutar sempre. Fazer por toda a cidade, por todo o Estado, mas principalmente para as pessoas que mais precisam”, ressaltou Pezão.

Pezão. "Vamos entrar com segurança e cidadania onde precisa”

O Governador Sérgio Cabral contou que a parceria com o Governo Federal mostrou o quanto ainda se pode fazer. “Estamos dando outra expectativa de vida aos moradores. Com intervenção em todas as áreas que tornou o Rio em uma liderança e referência no Brasil”, disse orgulhoso. “Estamos assinando a segunda fase de melhoria da Rocinha, uma comunidade humilde e trabalhadora. Assim como os Complexos do Jacarezinho e do Lins”, afirmou o governador. 

Expectativa

O líder comunitário da Rocinha Antônio Xaolin comemorou os investimentos. “Lembro muito do lançamento do PAC 1. A partir daquele momento a esperança se fez realidade. E hoje, mais uma vez a alegria bate nos nossos corações. Todas essas conquistas são frutos de muita luta e reivindicação. É a favela se transformando e ganhando espaço”, declarou Xaolin. 

Agamenon Lino da Silva. "A UPP mudou nossas vidas"

Os moradores também estão satisfeitos com os resultados. Como no caso do paraibano Agamenon Lino da Silva, morador da Rocinha desde 1989. “A UPP mudou nossas vidas. Está muito bacana, melhorou bastante mesmo”, falou, enquanto aguardava a filha de 9 anos, Caroline Caetano sair da aula de natação. “Eu fiz balé para corrigir um problema no pé e agora faço natação. Amo nadar na piscina quente. Venho duas vezes por semana. Só falto quando estou doente mesmo”, contou a menina sorrindo. 

Nascida e criada na Rocinha, a aposentada Vera Lúcia da Conceição aprovou todas as obras e a pacificação. “Não tenho mais nada para reclamar da água nem da luz. Nossa vida melhorou muito. Agora com o PAC 2 espero que resolvam o problema do lixo para vencermos a luta contra a tuberculose”, disse, mostrando consciente de que os benefícios chegam aos poucos. “O Poder Público organizou muito. Veio uma frente de trabalho forte para dentro da Rocinha. Tenho uma vida muito melhor”, afirmou. 

Vera Lúcia da Conceição aprovou todas as obras e a pacificação
 

Do total do investimento R$ 1,8 bilhão são recursos da União, e o restante será financiado pelo Governo do Estado. Aproximadamente 90 mil moradores serão beneficiados. Entre as intervenções, estão previstas obras de macrodrenagem de esgoto e água, instalação de rede coletora de lixo, abertura e alargamento de vias, além da construção de creches e de 475 unidades habitacionais.

A Rocinha também vai ganhar um teleférico, que terá seis estações, uma delas interligada ao metrô de São Conrado e outra ao bairro da Gávea. A previsão é de que as obras do PAC 2 na comunidade comecem até o fim de 2013 e sejam concluídas em três anos. 

No Jacarezinho serão investidos R$ 609 milhões, com obras de infraestrutura, drenagem, esgotamento sanitário, construção de dois espaços de desenvolvimento infantil, praças, abertura de vias, construção de passarelas e viaduto. Serão realizadas também, obras de saneamento ambiental que incluem a recuperação e complementação das redes de água, esgoto, drenagem e iluminação. O recurso também será empregado para a construção de 2.240 unidades habitacionais, além da regularização fundiária para os moradores.

O Complexo dos Lins receberá R$ 446 milhões de investimentos para realocação de famílias que moram em áreas de risco, construção de 960 moradias. O complexo vai receber ainda obras de saneamento ambiental para recuperação das redes de água, esgoto e drenagem.

14/06/2021

Jiu-jitsu da Providência resgata jovens do tráfico e os transforma em vencedores

Terceira reportagem da série especial “Eu levo a minha vida no tatame”

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Projeto crfiado pelo Cabo Teixeira começou com 20 alunos e hoje tem 120 jovens inscritos / Bruna Cerdeira e Gabi Nehring

​Bruna Cerdeira

Um projeto esportivo está mudando o futuro de um menino, que mora em um morro no Centro do Rio.

“Me sinto legal. Agora eu fico na rua, mas é só para brincar com meus amigos. Antigamente ficava na rua pra ficar olhando para os outros (era usado como olheiro do tráfico). Ficava parado, agora eu venho para a UPP, faço uma luta, volto pra casa, descanso, jogo futebol.”

Gabriel de Oliveira tem 13 anos, mas aos 11, antes da pacificação, já exercia a função de olheiro do tráfico de drogas na comunidade da Providência. O irmão mais velho chegou a ser gerente do morro, mas está preso.

A mãe, Flávia Maria, ao mesmo tempo em que se entristece ao lembrar o caminho errado que um dos filhos seguiu — e que o outro estava prestes a seguir — se emociona ao falar da oportunidade que o mais velho não teve, mas o mais novo está tendo.

Gabriel de Oliveira. Irmão mais velho está preso por tráfico de drogas

“Gabriel está ajudando muito a ele, mostrando que o mundo pode ser diferente, não com coisas ruins, mas com o estudo e o esporte, e mostrando que ele pode ser uma boa pessoa”, disse Flávia.

Gabriel é um dos alunos do Cabo Flavio Teixeira, professor de jiu-jitsu do Morro da Providência. Segundo ele, a ideia do projeto foi do Capitão Glauco, comandante da UPP, que percebeu um número grande de crianças na porta da Unidade observando, encantadas, à beira do tatame, Flavio dar instruções de defesa pessoal para a tropa. 

“Minha função era adestramento militar, mas o capitão me convenceu de que dar aula de jiu-jitsu seria uma boa coisa e iria ajudar na integração com a comunidade, pois as crianças seriam um canal inicial de comunicação com os pais. Eu resisti um pouco, mas acabei cedendo. Começamos com uma turma pequena de 20 alunos, esse número foi aumentando e hoje são 120 crianças no projeto”, contou Teixeira.

Teixeira (quimono branco). Integração dos PMs com a comunidade

Além de Gabriel, que está tendo a chance de mudar de vida, o projeto revelou um talento. Matheus Henrique da Silva tem dez anos e treina desde os oito com o Cabo Teixeira, na UPP. Em apenas dois anos, ele já fez 24 lutas. Venceu 19 e ficou em segundo em cinco. O histórico surpreendeu até o pai do menino.

"Eu queria que ele fizesse algum esporte, mas achei que ele não fosse se adaptar, porque sempre foi um pouco mimado. Ele não só se adaptou, como mostrou que leva jeito. A chegada da UPP foi boa, esses projetos ajudam na integração com a comunidade e meu filho está tendo uma oportunidade que eu não tive", contou Carlos Henrique da Silva.

Mesmo há tão pouco tempo competindo, Matheus Henrique já aprendeu a maior lição do esporte e até traçou planos.

"Eu gosto muito de jiu-jitsu. Fico nervoso quando vou competir. Quando ganho, fico alegre, quando perco não fico muito feliz, mas sei que faz parte. Quando crescer eu quero ser professor de educação física e de jiu-jitsu. E pretendo ensinar o que aprendi para as crianças que não sabem", falou o pequeno campeão.

Matheus disse que no futuro quer virar professor de jiu-jitsu

Assim como ele, outra criança se destaca. Shellen Renata Gravino tem 11 anos e também coleciona medalhas. Já são mais de 20. A menina teve todo o incentivo da mãe para começar a competir.

"Na minha primeira competição minha mãe me aconselhou muito e disse que, mesmo se eu perdesse, ela tinha muito orgulho de mim. Ela disse que muita criança tem medo e nem entra no tatame, mas eu sou muito corajosa por estar ali. Ela também disse que sabia que eu ia fazer o meu melhor, eu fiz e ganhei uma medalha pra ela", contou Shellen, animada.

Apesar de tantas revelações e crianças talentosas, o Cabo Teixeira ressalta que o objetivo do projeto não é formar atletas profissionais, mas mostrar que é possível vencer na vida através do esporte.

"Tudo que fazemos aqui é para mostrar para eles que é bom ser do bem, que vale a pena ser do bem. Fico feliz quando algum pai vem agradecer, por causa da melhora do comportamento de alguma criança. Isso foi construído na relação do dia-a-dia e não tenho como mensurar o valor desse trabalho", concluiu Teixeira.

13/06/2021

PAC 2 vai acelerar obras em comunidades do Rio de Janeiro

Investimento será de 2,6 bilhões em obras na Rocinha, no Jacarezinho e no Lins

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Recursos fazem parte do PAC2 e serão aplicados em obras de infraestrutura e urbanização / Fernanda Almeida

Fabiana Paiva / Imprensa RJ 

​O Governo do Estado e a União lançam, na próxima sexta-feira, 14 de junho, um investimento de R$ 2,66 bilhões para realização de obras e melhoria da qualidade de vida dos moradores da Rocinha, do Jacarezinho e do Complexo do Lins. Os recursos investidos — R$ 1,8 bilhão do Governo Federal e R$ 800 milhões do Estado — fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2, e serão aplicados em obras de infraestrutura e urbanização. O anúncio será feito pela presidenta Dilma Rousseff, na Rocinha. 

Com R$ 1,6 bilhão do total, a Rocinha será a principal contemplada pelo programa. De acordo Miriam Gleitzmann, arquiteta da Emop (Empresa de Obras Públicas do Rio de Janeiro), da Secretaria de Obras, a comunidade da Zona Sul vai receber obras de macrodrenagem de esgoto e água, instalação de rede coletora de lixo, abertura de vias, alargamento das Ruas 1, 2 e Estrada da Gávea, além de construção de creche e de cerca de 475 unidades habitacionais. 

"Grande parte do investimento será para saneamento e macrodrenagens, além de soluções para o problema do lixo, com instalação de caixas coletoras e estações de recolhimento mecânico. Depois que toda infraestrutura estiver pronta, construiremos o teleférico com seis estações, interligadas ao metrô na Gávea e em São Conrado. As estações contarão com pontos de conexão vertical, que serão elevadores que levarão os moradores até elas", afirmou Miriam.

A previsão é de que as obras comecem até o fim deste ano e sejam concluídas em três anos. Cerca de 90 mil moradores serão beneficiados pelas intervenções. 

Outros R$ 609 milhões do PAC 2 serão destinados à comunidade do Jacarezinho, que vai receber obras de infraestrutura e abertura de vias, melhorando as condições de vida e mobilidade de 30 mil moradores. Já o complexo de comunidades do Lins vai ficar com R$ 446 milhões, aplicados na remoção de famílias em áreas de risco, na construção de uma creche, na reforma de equipamentos já existentes e na integração de vias com a Estrada Grajaú-Jacarepaguá.

Na primeira da fase do PAC, o Governo do Estado, em parceria com o Governo Federal, investiu R$ 272 milhões na Rocinha. Além disso, o Estado iniciou, no mês passado, a mobilização para o começo das obras complementares do PAC 1, no valor de R$ 22,5 milhões. As obras incluem a finalização de um plano inclinado; a conclusão de uma creche; a reurbanização do Caminho dos Boiadeiros e a construção de um mercado popular.

Iluminação e sinalização também estão previstas

Com 140 metros de extensão, o plano inclinado, que terá três estações, ligará o acesso principal da Rocinha (Autoestrada Lagoa-Barra) ao fim da Rua 1, com uma estação intermediária na Travessa Esperança.

Já no Caminho dos Boiadeiros, área de comércio na entrada da Rocinha, será implantada rede de esgoto, além da pavimentação de ruas e intervenções urbanísticas. O mercado popular terá lojas, praça de alimentação e terraço. Também estão previstas obras de drenagem, pavimentação, abastecimento de água, iluminação e sinalização nas Ruas do Valão e Via Sul.

Obras do PAC 1 concluídas na Rocinha:

- Complexo Esportivo de 15 mil metros quadrados com campo de futebol em grama sintética, piscinas, quadras poliesportivas e pista de skate.

- Passarela projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, ligando o Complexo Esportivo à comunidade. 

- Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas.

- Urbanização da rua conhecida como Valão, com melhoria da fachada de 60 unidades habitacionais.

- Urbanização e alargamento da Rua 4, antes uma viela de 60 centímetros de largura, que atualmente chega a 14 metros de largura.

- Construção de 144 unidades habitacionais.

 

- Biblioteca Parque;

 

12/06/2021

Parceria do Governo do Estado com Firjan em comunidades é bem avaliada

Beltrame participa de workshop e diz que é “um pai à frente do trabalho” do grupo

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Policiais militares lotados em UPPs e agentes sociais do Sesi participaram de workshop na sede da instituição / Vanor Correia

​Paula Costa

Garantir a segurança pública e contribuir com o desenvolvimento socioeconômico de cada cidadão é um dever do Estado, mas a consolidação desse processo somente poderá ser alcançada com o envolvimento de todos os segmentos da sociedade. Essa foi a conclusão do workshop Sesi Cidadania realizado nesta quarta-feira, 12 de junho, na sede das instituição no Centro do Rio.

O evento foi aberto pela mesa composta pelo diretor geral do Firjan, Augusto Franco, o comandante da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), Coronel Paulo Henrique Azevedo de Moraes, e a superintendente do Sesi/Senai Maria Lucia Telles. O workshop contou também com a presença do Secretário de Estado de Segurança, José Mariano Beltrame, e do presidente do Sistema Firjan, Eduardo Eugênio.  

Maria Lúcia. “Juntos, podemos levar mais benefícios às comunidades”

O período da manhã foi reservado para a apresentação de novos projetos e também para a divulgação dos resultados da parceria entre as UPPs e a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), que acontece desde 2010.

“O workshop foi construído com o intuito de apresentar para todos os envolvidos como atuamos e por quê. Juntos, podemos ver como fazer mais, e trazer mais benefícios para as comunidades”, afirmou Maria Lúcia Telles

Bons resultados

Eduardo Eugênio disse em seu discurso que o projeto é uma grande aventura em prol do bem do cidadão. “Isso só foi possível porque a polícia está no morro. Sempre tivemos vontade de trabalhar com as comunidades carentes”, declarou.

O presidente da Firjan lembrou que com a presença do tráfico era impossível organizar qualquer iniciativa. “Armados, os traficantes usavam a população como escudo. Até que o Beltrame transmitiu que nós da sociedade civil não tínhamos mais o direito de criticar, sem trabalhar, Com a implantação das UPPs nós imediatamente construímos o Sesi Cidadania”, destacou Eduardo Eugênio.

Eugênio e Beltrame. Projeto só é possível porque a polícia está no morro

“Falar de UPP é muito fácil. A dificuldade é fazer”, ressaltou José Mariano Beltrame. “O mundo está cheio de conceitos, cheio de pesquisadores. Mas, se não sujar o pé no assoalho da fábrica, não se consegue nada. Hoje, nós temos uma carência de fazedores, de pessoas que conseguem praticar a segurança. E sei que vocês estão fazendo os devidos consertos e recuando quando têm que recuar”, reconheceu Beltrame em alusão aos desafios da pacificação.

“Sei que vocês encontram uma série de dificuldades. Muita gente não quer que isso dê certo. Mas, existe um grupo do bem, que são vocês, e que tocam isso pra gente. Vocês têm em mim um pai à frente do trabalho que estão fazendo”, finalizou Beltrame, ressaltando que os resultados são nítidos e transparentes.

Ações sociais

O encontro serviu para atualizar os comandantes das UPPs e coordenadores dos projetos de educação sobre todas as ações sociais desenvolvidas pela Firjan, além de apontar resultados dessa parceria entre o Governo do Estado e a classe empresarial. A iniciativa possibilitou a troca de experiência entre os policiais militares e agentes sociais.

A participação da Polícia Militar é a essência do processo de pacificação, disse o Coronel Paulo Henrique. “A polícia tem o seu papel que depois é seguido de ações de outros agentes. Nós damos o primeiro passo, para abrir caminho para que surjam mais ações”, explicou o Coronel Paulo Henrique Azevedo.

Encontro serviu para troca de experiências entre PMs e agentes do Sesi

O Comandante da UPP da Mangueira Leonardo Nogueira aprova a parceria e revela os benefícios para a comunidade. “Essas comunidades ficaram abandonadas muito tempo. Principalmente na questão educacional. Mas, essas ações sociais abriram portas para que a comunidade tenha acesso até mesmo ao que é ser cidadão. Hoje, eles sabem que a polícia está ali para garantir o direito delas”, afirmou. Segundo o coordenador social da comunidade da Mangueira, Walter dos Santos, a comunidade participa ativamente da parceria com a Firjan.

População aprova

Augusto Franco, diretor geral da Firjan, falou sobre o passo inicial do projeto. “Quando começamos a implantar esse programa, passamos por um ceticismo inicial. Hoje, com as virtudes do projeto em evidência e vista por formadores de opiniões, temos orgulho em colaborar com uma atuação complementar”, disse o dirigente informando que mais de 1 milhão de pessoas já passaram pelo Senai Brasil, para a formação e treinamento do cidadão.

Os resultados do projeto são notórios e comprovados pela população. Como no caso da moradora da Cidade de Deus Anahyde dos Santos, conhecida como Tuca, que participa da oficina de teatro. “Aqui nós somos chique”, brincou. “Aqui somos artistas.

O Sesi Cidadania, lançado pelo Sistema Firjan em agosto de 2010, leva atualmente serviços gratuitos de educação, cultura, saúde, esporte e lazer a moradores de 34 áreas pacificadas.

12/06/2021

Um romance da vida real

UPP e teleférico facilitam a vida de namorados do Complexo do Alemão

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Tatielle, do Alemão, e Jefferson, do Morro da Baiana, só puderam curtir o namoro após a pacificação / Marino Azevedo

​Texto: Priscila Marotti

As gôndolas do teleférico do Complexo do Alemão guardam histórias que, reunidas, poderiam até virar um livro  sobre o novo encantamento dos turistas, a mistura de culturas e povos, ou a própria superação dos moradores. Hoje, o Portal UPP RJ conta mais um capítulo dessa obra, que tem como protagonista um jovem casal da comunidade, cujo namoro já dura quase quatro anos e, agora, tem no teleférico e nas UPPs alguns dos principais aliados.

Tatielle Olímpio, de 18 anos, e Jefferson Souza, de 19, se conheceram em setembro de 2009, quando participavam de um projeto da Suderj realizado perto da comunidade. Ela, do Morro do Alemão. Ele, do Morro da Baiana. As dificuldades de se verem eram muitas, como a proteção da mãe que, por conta do tráfico armado, não deixava Tatielle sair de casa a não ser para a escola.  A distância também era um problema, pois como não havia o teleférico, Jefferson tinha que subir algumas centenas de degraus para chegar à casa da namorada.

Teleférico do Alemão. Novo ponto de encontro do casal

“Olha, eu não sei quanto eu tinha que andar para chegar até a casa dela, mas era muita coisa. Deu muito trabalho, porque a mãe dela tinha muito medo dos traficantes e não a deixava sair de casa com receio de alguma coisa acontecer", lembra Jefferson. 

"Aí, eu ia para a casa dela todo final de semana. Essa era a única maneira de nos encontramos. Mas sempre valeu a pena”, completa.

E a dificuldade era tanta que o casal só conseguiu sair para o primeiro encontro de verdade após quase um ano de relacionamento, quando passaram o primeiro Dia dos Namorados juntos e foram ao cinema. “Eu lembro que fomos ao cinema assistir a uma comédia romântica achando que era dublado, mas era legendado. Não entendemos quase nada do filme” (risos). “Mas não tem como esquecer aquele dia, nossa primeira saída, mesmo com os problemas, a preocupação da mãe, o medo e a tensão de voltar tarde para o morro”, completou Jefferson.

A chegada das UPPs e do teleférico é uma marco na vida do casal. Os encontros foram autorizados pela mãe dela que passou a se sentir mais tranqüila com a segurança da filha. Além disso, devido à facilidade de locomoção, Tatielle e Jeferson começaram a se ver com mais freqüência. O curioso é que o teleférico se tornou o principal ponto de encontro dos dois, e as gôndolas o mais constante “cenário de amor” do casal.

“Conseguimos matar a saudade que batia antigamente por não podermos nos ver durante a semana. Agora a gente se encontra muito no teleférico e sai com muito mais tranquilidade, vai ao cinema fora e aqui mesmo, porque temos um cinema dentro do complexo, na Nova Brasília. Conseguimos namorar mais em paz”, diz Tatielle.

Casal tem orgulho de viver na comunidade, que hoje desperta atenção de visitantes

Para o casal, a própria autoestima dos dois mudou depois da pacificação. Hoje em dia se identificar como morador do Complexo do Alemão não tem o mesmo significado negativo que há alguns anos. “A gente tinha vergonha de dizer que era daqui, né? Eu dizia que morava em Ramos, para evitar aqueles olhares desconfiados. Hoje, além de não viver mais isso a gente tem até uma sensação de celebridade, porque todo mundo quer vir conhecer a nossa comunidade”, declarou a jovem.

“A gente outro dia pegou o teleférico com um casal de chineses. Foi muito diferente. Há uns dias uma mulher veio perguntar para mim onde ela encontrava a Bruna Marquezine e o Pescoço da novela. Imagina essa cena!”, lembra Jefferson sorrindo junto com a namorada.

E quando o assunto é casamento os dois são categóricos: “Só quando terminarmos a faculdade e tivermos emprego”. Ela quer ser arquiteta e ele quer fazer educação física. Os anos pela frente são esperados com expectativa de dias melhores pelos dois jovens protagonistas desse romance da vida real.

11/06/2021

Biblioteca Parque de Manguinhos é indicada para prêmio de cultura

Serviços prestados à população na área cultural serviram de base para a indicação

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Com 2,3 mil metros quadrados, a biblioteca possui um amplo salão de leitura, salas para cursos e estudos / Salvador Scofano

​A Biblioteca Parque de Manguinhos, espaço da Secretaria de Cultura, foi indicada pelo Conselho Regional de Biblioteconomia ao Prêmio Professor Antônio Caetano Dias, que tem como objetivo destacar os profissionais e as instituições que prestaram serviços relevantes na área. Com três anos de funcionamento, a unidade assumiu papel fundamental na formação dos moradores da comunidade pacificada, oferecendo um espaço cultural e de convivência com acessibilidade, qualidade física, humana e de serviços.

Com 2,3 mil metros quadrados, o equipamento possui um amplo salão de leitura, salas para cursos e estudos, espaço multimídia, ludoteca e, em breve, terá um café literário e um cineteatro com 200 lugares. A biblioteca conta ainda com um espaço para reuniões e fóruns comunitários.

A unidade realiza atividades culturais e de promoção de leitura nos mais diversos suportes, visando estimular a produção, fruição e difusão das produções artísticas e a viabilização do acesso à cultura.

“Essa indicação é muito importante porque parte dos próprios bibliotecários, que estão reconhecendo a Biblioteca Parque de Manguinhos como um espaço de referência no uso de outras linguagens e também como uma biblioteca inovadora e transformadora”, disse Alexandre Pimentel, diretor da unidade.

A Biblioteca Parque de Manguinhos é a primeira de uma rede que o Governo do Estado vem implementando no Rio de Janeiro, com o objetivo de estruturar um novo patamar de atendimento às comunidades do estado. Inaugurada em abril de 2010, ela tem como referência as bem-sucedidas experiências implementadas em Medellín e Bogotá, na Colômbia.

Espaço dinâmico, moderno e atraente

 No espaço, o público pode acessar livremente as estantes de livros e a internet, assistir a filmes, ouvir músicas, participar das inúmeras atividades culturais e solicitar o empréstimo de mais de 27 mil títulos disponíveis em seu acervo.

A votação já está aberta e se encerra no dia 28. O resultado final será divulgado em 2 de julho. A Biblioteca Parque foi indicada na categoria Instituição por configurar um espaço dinâmico, moderno e atraente para a construção de uma sociedade democrática, igualitária e aberta a todo o tipo de conhecimento.

* Com informações da Ascom da Secretaria de Estado de Cultura.

10/06/2021

UPP Fight, a primeira escola de artes marciais do Morro do Andaraí

Segunda reportagem da série especial "Eu levo a minha vida no tatame"

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O projeto do SD Walmor de Souza ensina MMA e já tem cerca de 100 pessoas inscritas, de 7 até 30 anos / Marino Azevedo

Bruna Cerdeira

“O Walmor significa tudo, não vou conseguir largá-lo não. Quem conhece não vai esquecê-lo nunca mais. Se eu cheguei aonde cheguei, foi graças a ele.”

Essa frase foi dita por Denise Freitas, 16 anos, moradora da comunidade do Andaraí. Ela não estava falando de nenhum familiar, mas do Soldado Walmor de Souza, policial militar que trabalha na Unidade de Polícia Pacificadora da comunidade da Zona Norte.

Toda essa admiração começou depois que Walmor decidiu criar a 1ª Escola de Artes Marciais do Projeto UPP Fight. Ele montou todo o projeto, criou uma logomarca e mandou para a Secretaria de Estado de Esportes e Lazer. O projeto foi elogiado e encaminhado para uma empresa, que ajudou custeando R$ 10 mil em equipamentos.

Soldado Walmor. Os próprios moradores ajudaram a fazer a obra

“Convoquei a comunidade e todo mundo ajudou a fazer a obra. O objetivo principal desse projeto é aproximar os policiais dos moradores, e eles são parte efetiva disso. Antes a polícia ficava lá embaixo e eles aqui em cima. Agora me sinto quase pai de muitos alunos”, contou Walmor. 

O projeto, que já tem cerca de 100 pessoas inscritas, de 7 até 30 anos, ensina MMA, que mistura a luta em pé (muay thai) com a luta de chão (jiu-jitsu). Além do soldado, que fica responsável pela parte de luta em pé, um morador, que conta com a ajuda de um assistente, também dá aula e é responsável pelo jiu-jitsu. Eliton Vieira comemora o sucesso do projeto, mas diz que nunca imaginou fazer uma parceria com um policial. 

“Antes era tiro, pancada e bomba. Hoje eles estão de farda, mas são meus amigos e por dentro são seres humanos também. Eles têm dois lados: um profissional, de farda, protegendo, e outro no esporte, participando das atividades, incentivando e crescendo junto”, disse o professor Eliton. 

O jovem Rubens Santos mostra as medalhas conquistadas em competições

Walmor conquistou a confiança e o carinho dos alunos com disciplina e muita conversa. 

“Ele é um amor de pessoa, muito carinhoso com a gente. Às vezes briga, mas a gente sabe que é para o nosso bem. Ele é muito dedicado, cobra bastante. Se faltar ele pergunta, quer saber o que aconteceu. O Walmor é um paizão”, falou Denise, que é campeã estadual de jiu-jitsu e agora está investindo no MMA.

Além da oportunidade que estão tendo de escolher o caminho certo, Walmor busca ensinar aos alunos valores como respeito e disciplina. Ele ensina que quem pratica arte marcial não pode se envolver com violência na rua, nem lutar fora das competições.

“O Walmor diz que mesmo quando estamos lutando no campeonato, temos de respeitar nosso adversário e nunca podemos usar o que aprendemos aqui dentro na rua”, disse Denise. 

Denise Freitas. "A UPP trouxe a paz e não vamos esquecer o Walmor"

Segundo o soldado, a UPP possibilitou a criação desse projeto. Antes da instalação da unidade, as crianças ficavam na rua, sem ter o que fazer e acabavam ocupando o tempo com coisas erradas. A referência delas também mudou.

“No começo ninguém queria ser polícia, agora muitos já querem. Alguns tinham um comportamento difícil, rebelde, a gente foi conversando, mostrando que está aqui para ajudar. Não adianta entrar com uma disciplina muito rigorosa, porque eles não aceitam. Tem de ser no diálogo, para ir conquistando a confiança deles. Assim eles absorvem isso de maneira positiva”, concluiu Walmor. 

“Antes não tinha nada para fazer, agora tem esporte, ocupa as crianças. Ninguém ficava tranquilo na rua, tinha medo da violência, principalmente à noite. A UPP trouxe paz”, garantiu Denise. 

Não perca na próxima sexta-feira, 14 de junho, a terceira reportagem da série “Eu levo a minha vida no tatame”, que vai falar do projeto de jiu-jitsu do Morro da Providência, que resgata jovens do tráfico e os transforma em vencedores.

"Eu levo a minha vida no tatame"

Marcio Andre Júnior, o lutador de jiu-jitsu que fez do Batan a sua "academia"

07/06/2021

Teleférico do Alemão chega à marca de 6 milhões de visitantes

Novo cartão-postal do Rio, transporte atingiu recorde três anos antes do previsto

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Transporte registra média de 12 mil passageiros por dia e virou um ícone / Tayná Siqueira e Clarice Castro

Danielle Moitas / Imprensa RJ

​Construído com o objetivo principal de facilitar a mobilidade dos moradores das comunidades do Complexo do Alemão, o Teleférico se tornou um cartão-postal do Rio de Janeiro e atrai cada vez mais turistas. Três anos antes do previsto, a marca de seis milhões de passageiros transportados foi batida. O recorde chega a um mês do Teleférico do Alemão completar dois anos de funcionamento. 

Com uma média de 12 mil passageiros por dia, o primeiro transporte de massa por cabos do Brasil é um ícone. Além de facilitar o deslocamento de quem mora nas comunidades, ele caiu no gosto dos turistas por oferecer uma incrível vista do maior complexo de favelas da Zona Norte, da Igreja Nossa Senhora da Penha, do Cristo Redentor, Pão de Açúcar e Ponte Rio-Niterói. No dia 15 de dezembro do ano passado, foi registrado o recorde de passageiros transportados: mais de 19 mil embarques.

"O teleférico se consagrou como ícone de transporte e de turismo. As pessoas vão e divulgam muito. As nossas primeiras previsões se basearam no teleférico de Medelin e prevíamos alcançar a marca em 2016", explicou o diretor de operações do Teleférico do Alemão, Luiz de Souza.

Depois de conhecer todos os tradicionais pontos turísticos do Rio na primeira visita, os estudantes alagoanos Rhary Oliveira, 22, e Juliana Rodrigues, 23, apostam em comunidades na segunda vinda à cidade.

Chilenos Carlos Fernandez e Maria Adela Araos. Passeio agradável

"Queríamos passear no teleférico e conhecer uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). A gente vê pela televisão, mas não tem noção da dimensão. Ainda vamos visitar o Santa Marta e andar no plano inclinado", contou Rhary.

Moradores e guias turísticos 

Para dar aos visitantes uma experiência completa do dia a dia das comunidades e da história do Complexo do Alemão, os turistas são guiados por moradores locais. O passeio de uma hora e meia custa R$ 29 e o estande da visita guiada fica na Estação Bonsucesso.

Há três dias no Rio de férias, o casal chileno Carlos Fernandez, 58 anos, e Maria Adela Araos, 57, quis ver ao vivo o que conheciam apenas pela televisão e cinema: uma favela. O Alemão foi escolhido por causa do teleférico.

"Estou impressionada. O passeio é muito agradável e conhecer essa realidade é incrível. É diferente de tudo o que eu imaginava que fosse", afirmou Maria.

Carlos contou que sempre imaginou que as comunidades do Rio fossem um lugar à parte.

"Quando via no cinema e na TV, pensava que elas ficassem em um setor, todas juntas, e não misturadas com a cidade", disse Carlos.

O teleférico se consagrou como meio de transporte democrático

Meio de transporte democrático

O meio de transporte é democrático em todos os sentidos. Moradores cadastrados têm direito a duas passagens gratuitas por dia. Para visitantes que utilizam o Bilhete Único, Vale-Transporte ou Cartão Expresso, a tarifa custa R$ 1. Apenas as pessoas que adquirem a passagem diretamente nas bilheterias das estações pagam R$ 5.

A vista das comunidades já é a atração em si. Mas no fim de semana, os visitantes podem conferir a programação do evento “Estações Culturais”, projeto realizado pela SuperVia, em parceria com ONGs e grupos culturais do Complexo do Alemão. Aos sábados, as seis estações se transformam em palcos e recebem shows, apresentações de dança e oficinas. Tudo de graça.

Curiosidades do teleférico

• Entre a última semana de 2012 e primeiro dia do ano de 2013, o Teleférico do Alemão transportou mais de 100 mil pessoas. De acordo com um levantamento feito pela SuperVia, concessionária que administra o transporte, cerca de 70% deste número era formado por turistas.

• Nos dias úteis, 70% dos passageiros são moradores do Complexo do Alemão. Já aos finais de semana, 60% são não moradores.

• O teleférico gera 160 empregos diretos e 110 indiretos, sendo 60% do quadro de funcionários composto por moradores do Complexo do Alemão.

 

• O sistema tem 3,5 quilômetros de extensão e 152 gôndolas, com capacidade para transportar oito passageiros em cada uma delas.

 

• A viagem da primeira estação (Bonsucesso) à última (Palmeiras) tem duração de 16 minutos.

 

Funciona de acordo com a seguinte programação: segunda a sexta-feira, das 6h às 21h e sábados, domingos e feriados, das 8h às 20h.

 

07/06/2021

“A gente aqui foi do inferno ao céu”, diz diretora de CIEP no Borel

Lenita Vilela diz que em 3 anos de pacificação até comportamento dos alunos mudou

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Três anos depois da chegada da UPP Borel, instalada em 7 de junho de 2009, alunos do CIEP vivem outra realidade / Gabi Nehring

​Priscila Marotti

“A gente aqui foi do inferno ao céu”. Esse é o resumo que a diretora do CIEP Dr. Antoine Magarinas Torres Filho, Lenita Vilela, faz quando fala sobre os três anos de pacificação do Morro do Borel, na Grande Tijuca. A melhora nas notas e no comportamento dos alunos é apenas um dos fatores que transformaram o colégio localizado na entrada da comunidade, onde cada muro, janela e carteira guardam “histórias de terror” hoje convertidas em contos de paz.

Nas salas de aula e nos corredores, quase diariamente, crianças e professores eram obrigados jogarem-se no chão, quando ouviam o barulho de tiros. Era comum no parquinho e o quintal os alunos recolherem cápsulas de bala e levá-las para a diretoria. 

Essas são muitas das lembranças de crianças que muitas vezes se encontravam, durante uma brincadeira, em meio a tiroteios que cruzavam os dois lados da rua em frente o colégio. O estacionamento, que chegou a servir de desmanche e abrigo de carros, vans e motos desconhecidos, é mais um espaço do colégio, onde se vive um novo momento.

Lenita Vilela. Colégio guarda muitas marcas de dias de terror

Há 21 anos trabalhando no CIEP, a diretora pretende escrever um livro sobre os anos vividos dentro da escola, descritos por ela como “uma época de holocausto” que, por muito tempo, ficou escondida de quem era de fora por um muro de violência.

“Holocausto cultural, de educação e de direitos. Isso que a gente vivia aqui. Era muito doído você dizer para uma criança ‘não sei se você vai ter recreio hoje’. ‘Não posso te garantir nem se o seu almoço vai sair na hora’. Porque, muitas vezes, a refeição estava pronta na hora, mas as crianças não podiam chegar até o refeitório porque poderiam ser atingidas no meio do caminho”, lembra Lenita.

Medo

Com a antiga realidade da escola, que vivia sob o domínio do medo, a diretora conta que chegou a pensar em desistir do cargo e da profissão. “Uma vez, um tiro alvejou nossa janela, a bala bateu no teto, depois caiu no chão, do meu lado. Hoje eu poderia não estar mais aqui contando isso. Mas o dia em que eu realmente pensei em largar tudo foi alguns meses antes da ocupação, quando me vi na porta da escola, com meu filho de dois anos, presa no meio de um confronto. Essa é uma cena que nunca vou esquecer”, contou.

As crianças não precisam mais se jogar no chão na hora do almoço

Três anos depois da chegada da UPP Borel — instalada em 7 de junho de 2009 —, quem se vê a atual realidade no CIEP não acredita que o cenário da escola era parecido com um ambiente de guerra, devido às marcas de tiros nas janelas de alumínio. 

“Muitas vezes as próprias crianças recolhiam as cápsulas de balas deflagradas durante os tiroteios no pátio da nossa escola. Praticamente diariamente elas traziam os projéteis para mim dizendo: ‘Tia, olha o que tava lá embaixo’, ou então ‘Tia, olha o que achei no recreio’. Fizemos um verdadeiro bauzinho com essas balas. É lembrança de uma história que a gente quer que continue no passado”, contou a diretora.

Professores antigos da escola também recordam momentos que gostariam não ter vivido. “Nós chegávamos aqui nervosos. As professoras tinham problemas para dormir, assim como os alunos. Algumas tiveram síndrome do pânico, tiraram licença ou saíram da escola mesmo. Era muito complicado, porque a gente vivia num estresse constante”, lembra a coordenadora pedagógica, Sandra Nigro, que atua no colégio há 17 anos. 

Sandra Nigro. “A gente vivia num estresse constante”

“Hoje eu digo que a gente vive um mar de rosas, no paraíso. O índice de evasão que era de 20%, hoje é zero. O índice de desempenho após a pacificação subiu 50%, e o de freqüência, que era de 50% a 60%, hoje em dia é de mais de 90%. Isso demonstra que a paz melhora o trabalho da criança e do professor”, completou a coordenadora, que ainda revelou o salto da pontuação dos alunos no Ideb após a pacificação, de 3.9 para 5.8 — média que esperavam alcançar apenas em 2017.

Táticas

Há seis anos no CIEP, a professora do 6º ano, Andrea Cristina Dias ainda lembra sua chegada à escola e as “táticas” que teve que desenvolver caso um confronto ocorresse durante a aula. “Meu primeiro dia aqui, imagina, foi debaixo de granadas. Nós tínhamos uma espécie de código. Quando percebíamos o possível tiroteio, instruíamos as crianças que se abaixassem, íamos para o corredor e, na parte de concreto, deixávamos os alunos, dando toda a proteção possível, e aguardávamos o desenvolvimento da situação”, lembrou.

“Hoje em dia nós fazemos muita atividade ao ar livre, recreação, atividade de geografia, história, ciências. A gente vai ali para fora e consegue ver a comunidade. As crianças brincam de bolinha de gude, de bola, a escola fica aberta, coisas que eram impensáveis”.

Estacionamento do CIEP foi usado por bandidos para desmanche de carros

Para os cerca de 600 alunos matriculados no CIEP, que atende da educação infantil ao 5° ano do Ensino Fundamental, estudar hoje tem outro significado. Moradora do Morro do Borel e aluna do colégio há sete anos, Vitória Cristina, de 12, conta que assistir às aulas não era algo frequente no colégio.

 “Não dava porque tinha muito tiroteio e algumas salas eram de frente pro morro. Tínhamos que ficar no corredor, os professores faltavam. Eles tinham medo de vir para a escola. A gente nem conseguia ouvir a professora falando, por causa do barulho dos tiros. Às vezes era todo dia, ou acontecia uma vez por semana”, disse a aluna.

Para Rafaela de Souza, de 11 anos, ir para a escola hoje significa, de fato, aprender e crescer. “Agora a gente consegue ouvir melhor os professores e aprende mais. Têm mais oficinas e atividades que animam todo mundo a vir para cá. É bem melhor pra gente. A sensação de vir para escola é de alegria.

Baixe aqui as fotos desta matéria em alta resolução.

07/06/2021

Donos de imóveis em áreas com UPP estão felizes com a valorização imobiliária

Em alguns bairros preço de apartamento aumentou 100%, diz pesquisa do Secovi

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Eliane Martins mora em frente a comunidade do Tabajaras e diz que preço do apartamento quase dobrou / Marino Azevedo

​Priscila Marotti

Uma pesquisa que acaba de ser lançada pelo Sindicato da Habitação e Condomínios (Secovi) do Rio de Janeiro aponta que o mercado imobiliário está em pleno e crescente aquecimento, em áreas do entorno de comunidades pacificadas. Todas as regiões que envolvem as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) apresentaram valorização que ultrapassa 100% nos imóveis para compra e venda.

A Zona Norte foi uma das mais beneficiadas. Na Tijuca, primeiro bairro da região a receber as unidades, em 2010, a valorização dos imóveis para venda só não foi mais expressiva após a implantação porque, antes mesmo de o Governo retomar áreas antes dominadas por facções criminosas, os preços já haviam dado um salto. Ainda assim, o valor do aluguel das unidades de dois quartos aumentou 91,1% de R$ 950 para R$ 1.815, ao passo que no período anterior a valorização havia sido de 56,5%. 

Moradora de Vila Isabel, Maria Lucia Bruno, de 56 anos, comprou seu apartamento de dois quartos, em 2008, por R$ 70 mil reais. Ela conta que era comum ouvir tiroteios diários das comunidades do São João e do Morro dos Macacos, que viu o helicóptero da Polícia Civil ser abatido por traficantes e viveu com os altos índices de assaltos e roubos de carros.

Maria Lucia. Tiroteios no Macacos e no São João não acontecem mais

Três anos após a pacificação, abrir a janela da sala, segundo Maria Lucia Bruno, já tem outro significado no imóvel que, hoje, vale R$ 180 mil.

“Não tem como não nos sentirmos mais valorizados aqui. Antigamente, as pessoas mal podiam estacionar na porta do prédio sem a preocupação de voltarem e o carro não estar mais lá. Imagina estar sentado vendo TV na sala ouvindo tiroteio do lado de fora. Hoje, não tem mais nada disso. Se eu quiser vender meu apartamento ele vai valer mais do que o dobro do preço pelo qual comprei”, argumentou.

Antes de ir para o Engenho Novo, Maria Lucia ainda passou por momentos difíceis durante alguns anos. “Eu morava na Rua Barão de Bom Retiro, de frente para o Morro dos Macacos e acabei saindo de lá por conta dos confrontos. Era muito assustador. Hoje, o apartamento que comprei lá por R$ 50 mil vale mais de R$ 100 mil”, contou.

Zona Oeste

No bairro de Jacarepaguá, em 2009, a valorização dos apartamentos também é relevante: o preço de um quarto e sala saltou de R$ 72.123, naquele ano, para R$ 179.312, em 2012, ao passo que nos anos anteriores a variação havia sido de 5,7%. Na Cidade de Deus (transformada em bairro pela Prefeitura), a segurança devolveu a tranquilidade e permitiu a chegada de novos moradores. 

Segurança é fator que contribui para aquecimento do mercado imobiliário

Segundo estudo do Instituto Pereira Passos (IPP), da Prefeitura do Rio, o número de domicílios na comunidade aumentou 28%, de 2000 a 2010, e a população cresceu 9%, passando de 43 mil para 47 mil pessoas.

Para Márcio Pegado, diretor de marketing da imobiliária Julio Bogoricin, a valorização nas vendas da empresa são expressivas, principalmente de novos apartamentos. “Em Jacarepaguá, a chegada da Unidade de Polícia Pacificadora na Cidade de Deus fez o preço dos apartamentos novos subirem 75%. Na Tijuca, as UPPs dos Morros do Borel, Formiga, Salgueiro e Turano contribuíram com a valorização de 95% para os imóveis novos em construção”, disse Pegado.

De acordo com a pesquisa do Secovi, no período de 2008 (data da instalação da UPP) a 2012, em todo o bairro de Botafogo os apartamentos de dois quartos valorizaram 139,6%. O preço médio dos imóveis subiu de R$ 329.294 para R$ 789.099. Nos quatro anos anteriores à intervenção da PM, a valorização havia sido de 33,3%.

Segurança

No Morro da Babilônia e no Chapéu-Mangueira, no Leme, a UPP chegou em junho de 2009. No bairro, onde o segmento de locação residencial é bastante aquecido, o preço médio do aluguel do apartamento de um quarto variou 106,7% (2009 a 2012), saltando de R$ 1.087 para R$ 2.247. No mesmo período, antes da UPP, a variação registrada foi bem menor: 36,2%.

“Um aspecto que influenciou o mercado nas áreas pacificadas foi a liquidez dos imóveis. Ou seja, após a chegada das Unidades de Polícia Pacificadoras, os imóveis próximos às comunidades são vendidos mais rapidamente. Antes, as pessoas demoravam mais tempo para decidir se compravam ou não um apartamento perto de uma favela, por causa da segurança. Hoje, a liquidez aumentou, ficou mais fácil de vender”, explicou o diretor da Julio Bogoricin.

Marcio Pegado, da Julio Bogoricin. Vendas têm sido expressivas

A ocupação do Complexo do Alemão, em 2010, mudou o cotidiano. Na Penha, bairro onde está situada boa parte do complexo, os aluguéis dos imóveis de dois quartos valorizaram 76,1% (de R$ 549 para R$ 967), de 2010 a 2012. Enquanto isso, no período anterior a variação registrada foi de 20,9%. O número de domicílios no período analisado pelo IPP aumentou 53%, e a população saltou de 10.712 para 15.094 moradores. A UPP foi implantada oficialmente em 30 de maio de 2012.

O mercado imobiliário em Ipanema, já aquecido em 2009, ano de inauguração da UPP Pavão-Pavãozinho/Cantagalo, ficou ainda mais movimentado. O preço médio dos imóveis de um quarto, por exemplo, subiu de R$ 412.460, em dezembro de 2009, para R$ 925.545, em dezembro de 2012. Ou seja, aumento de 124,4% (no período anterior à unidade foi de 55%). 

Na locação, as variações pós e pré-UPP foram de 89,7% e 12,9%, respectivamente. De acordo com o IPP, a comunidade do Pavão-Pavãozinho é uma das que mais crescem entre as atendidas pelas Unidades de Polícia Pacificadora: de 2000 a 2010, o número de domicílios aumentou 53%. 

Zona Sul

A moradora de Copacabana, Eliane Martins, de 28 anos, mora em um local hoje privilegiado. De um lado tem vista para o mar, de outro para a comunidade da Ladeira dos Tabajaras. Desde a pacificação da comunidade (2009) seu apartamento teve uma valorização de R$ 300 mil. 

“Minha mãe comprou este apartamento anos atrás e ele hoje vale muito mais. Eu sinto que a pacificação trouxe vários benefícios: a valorização do imóvel e a calmaria para quem mora nessa área. Apesar de aqui não ser um local que tinha tiroteio com frequência, temos a tranquilidade de saber que não passaremos mais por isso. A gente também começa a ver de perto as mudanças. O interessante, para mim, é a pacificação valorizar os imóveis e o futuro das pessoas”, contou.

Eliane Martins. Apartamento teve uma valorização de R$ 300 mil

Segundo o coordenador de Compra e Vendas da imobiliária APSA, a mudança ocorreu nos preços e também no dia a dia dos corretores. “A aceitação veio não só do cliente, como dos próprios corretores. Muitas vezes apareciam imóveis para alugar em locais como a Rua São Miguel, perto do Borel, ou a Bom Pastor, perto do Salgueiro, e nós não íamos até lá fazer a avaliação. Hoje em dia isso nem existe mais”, lembrou Araújo, que coleciona histórias relacionadas à pacificação. 

“Os imóveis localizados no entorno das comunidades sempre ficavam estacionados na imobiliária. Eu me lembro que, antes da ocupação, quando eu ainda era corretor, tínhamos uma casa em Santa Teresa, perto do Fallet, que estava há mais de um ano para vender. Foi impressionante. Quando o Governo anunciou a pacificação da comunidade, choveu ligação e vendemos a casa em uma semana”, contou Gustavo Araújo.

Baixe aqui as fotos desta matéria em alta resolução.

06/06/2021

Pacificação garante serviços educacionais e de capacitação em comunidades do Rio

Programa Senac nas UPPs certificou 300 moradores de Jacarezinho e Manguinhos

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O Vice-governador Luiz Fernando Pezão e Orlando Diniz entregam certificados a Joelma Silva (E) e Carla Teixeira / Marino Azevedo

​Priscila Marotti

A formatura de 300 estudantes de Manguinhos e do Jacarezinho que participaram do programa Senac nas UPPs, realizada na manhã desta quinta-feira, 6 de junho, movimentou a quadra da escola de samba Unidos do Jacarezinho. No evento também foi assinado o Termo de Cooperação Técnica, que renovou a parceria da instituição com o Governo do Estado e prevê formar mais três mil alunos de outras comunidades com UPPs.

O Senac nas UPPs busca contribuir com mudanças socioeconômicas na vida dos moradores, por meio da profissionalização em comunidades pacificadas. As aulas ministradas foram de gastronomia (Jacarezinho) e de beleza (Manguinhos) em carretas do Senac RJ estacionadas nas duas comunidades.

“Lembro quando assinamos o primeiro convênio, em 2010, na Ladeira dos Tabajaras. E hoje chegamos a três mil formados, quebrando a lógica da cidade partida, das comunidades isoladas e sem oportunidades. Hoje, assinamos um novo convênio para continuar quebrando esses paradigmas, incluindo pessoas e transformando vidas. Que os alunos que estão se formando aqui tenham uma vida feliz, de excelência e qualificação profissional”, ressaltou o presidente do Senac RJ, Orlando Diniz.

Pezão e Diniz, do Senac. Convênio vai beneficiar 3 mil pessoas

O Vice-governador, Luiz Fernando Pezão, participou da solenidade de assinatura do convênio e reforçou a importância de formar pessoas bem preparadas para o mercado de trabalho. “Hoje, o Rio vive um momento no qual precisamos de profissionais qualificados. Mais de 38 hotéis estão sendo construídos somente na cidade do Rio de Janeiro, e a mão-de-obra especializada é mais do que necessária. Por isso, a segurança e a polícia garantem a entrada da educação e da qualificação desses moradores. A gente só vence essa guerra com parcerias como essa”, declarou.

A ideia é continuar oferecendo cursos nas áreas de Serviço e Beleza, que estão em ascensão no mercado de trabalho. De acordo com o Senac, os alunos participantes ainda ganham bolsas de 80% para outros cursos e a taxa de empregabilidade dos que passam pelos projetos de capacitação é de 83%. 

É o caso do jovem Matheus Lucas, de 18 anos, nascido e criado na comunidade do Jacarezinho. Formado pelo Senac nas UPPs como técnico em cozinha, Matheus conseguiu seu primeiro emprego por meio do curso. “Foi uma oportunidade maravilhosa em que pude fazer um curso que realmente me inserisse no mercado e para trabalhar com o que sempre quis. Conquistei meu emprego há três semanas, em um restaurante na Barra”, contou, feliz pelo novo momento.

Denise de Souza. Curso de manicure dobrou a sua renda

Moradora da comunidade da Varginha, em Manguinhos, Denise de Souza, de 25 anos, passou de faxineira a manicure e conseguiu dobrar sua renda mensal após começar a atender as clientes em casa. Ela se formou no curso de manicure do projeto e ganhou um kit de produtos e objetos para unha.

“Eu não tinha condições de pagar por um curso desses. Foi muito bom para mim como oportunidade. Hoje em dia atendo em casa, aumentei minha renda e já consegui comprar minhas coisinhas, meus móveis, minha geladeira nova. Espero fazer outros cursos ainda”, contou.

Realizada em parceria com o Governo do estado, a iniciativa existe desde 2010 e já capacitou mais de 3.300 pessoas em 15 comunidades do Rio: Batan, Macacos, Providência, Borel, Tabajaras, São Carlos, Salgueiro, São João, Mangueira, Formiga, Santa Marta, Vila Cruzeiro, Nova Brasília, Jacarezinho e Manguinhos.

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06/06/2021

Marcio André Junior, o lutador de jiu-jitsu que fez do Batan a sua “academia”

Primeira reportagem da série especial "Eu levo a minha vida no tatame"

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Marcio André Junior (direita). Títulos importantes como o bicampeonato mundial de jiu-jitsu em 2011 e 2012 / Gabi Nehring

​Bruna Cerdeira

“Ele chegou com uns meninos mais velhos, que eram envolvidos com o tráfico, maus elementos mesmo. Do jeito que estava ele entrou no tatame, de boné, chinelo. Eu dei um tapa na orelha dele e perguntei se ele estava vendo alguém no tatame de chinelo e de boné. Disse que se ele quisesse falar comigo, teria que esperar o final do treino”, conta o professor de jiu-jitsu Fabio Andrade sobre o primeiro contato que teve com o hoje medalhista Marcio André Junior.

“Achei que ele fosse embora, porque esses garotos rebeldes não aguentam cobrança, mas ele ficou sentadinho me esperando até o final. Então eu percebi que ele seria um vencedor”, lembrou Fabio. 

Naquele dia se iniciava a trajetória de sucesso como lutador de jiu-jitsu de Marcio André Junior, 18 anos, que desde os dez acumula conquistas importantes, como os títulos de bicampeão mundial (2011 e 2012), tetracampeão brasileiro (2009, 2010, 2011 e 2012) e campeão europeu (2012).

Fabio Andrade. “No primeiro contato vi que ele seria um vencedor”

Marcio começou a praticar jiu-jitsu em 2006, quando conheceu o projeto do professor Fabio Andrade através de amigos de rua. 

 “O tapa que eu levei me motivou. O Fabio perguntou se eu ia treinar ou ficar como meus amigos que não queriam nada. Eu sabia bem o que eu queria e comecei a me dedicar. Graças a Deus sempre fiquei focado no esporte, porque daqueles meus amigos, um está preso e os outros morreram”, contou Marcio. 

O professor Fabio estava certo quando apostou naquele garotinho que chegou lá sem nem saber que luta era aquela. Marcio treina de segunda a segunda e chega a fazer quatro treinos de uma hora por dia. No começo, os treinos aconteciam apenas na academia Nova União, em Bangu, mas hoje Marcio também dedica seu tempo aos treinos com o Soldado Gian Carlos, que coordena um projeto de jiu-jitsu na UPP Batan, em Realengo.  

“Eu sempre frequentei o Batan, por morar perto, tinha amigos aqui. Mas era difícil, violento. Depois que a UPP entrou, melhorou tudo. Só de não ver mais bandido armado, vendendo droga, já é ótimo. Esses eram os exemplos que as crianças tinham antes. Quando a UPP entrou, eu quis vir treinar aqui com o Gian. Além de ser bom pra mim, eu ainda sou uma boa influência para as crianças do projeto”, falou Marcio.

Marcio André desde os 10 anos é um colecionador de medalhas

O Soldado Gian é só elogios ao jovem, tanto como atleta quanto como pessoa.  O policial disse que Marcio é um garoto muito tranquilo, muito dedicado, e que inclusive aprende muito com ele. “Eu sempre uso o Marcio como exemplo para as crianças e isso já mudou muito a visão e o comportamento delas”, disse o policial.

Gian lembra que no começo, o relacionamento com as crianças era complicado, pois elas falavam muito palavrão e não respeitavam ninguém. “Os bandidos eram os ídolos dessas crianças, mas agora elas têm exemplos de superação, garra e determinação, como o Marcio. O esporte transforma a vida dessas crianças e o objetivo principal é esse”, contou. 

Vidas que muitas vezes não são fáceis, como é o caso do próprio Marcio, que precisou ser guerreiro também fora do tatame. Aos três anos ele perdeu o pai e há mais ou menos um mês, a mãe também faleceu. Atualmente, Marcio mora sozinho e hoje o jiu-jitsu não é apenas uma paixão, mas a fonte de renda para o seu sustento.  

SD Gian Carlos (azul). “O esporte transforma a vida das crianças”

“Hoje consigo me manter por causa do jiu-jitsu, mas é difícil. O ideal seria conseguir um patrocínio, porque, apesar das ajudas de custo que recebo, os gastos com o esporte são muitos, como viagens, suplementos. Cheguei a ir para competições com a ajuda das vaquinhas que o Gian faz aqui no Batan, com os moradores, e que o Fabio faz em outras academias”, disse Marcio. 

A partir de muito esforço e dedicação, Marcio André virou referência na comunidade do Batan, para muitas crianças e jovens que também frequentam as aulas de jiu-jitsu do Soldado Gian. O campeão, além de modelo de superação, se transformou num cidadão exemplo para a comunidade. Humilde, agradece aos professores que o tem ajudado na conquista de medalhas.

“Eu não imaginava que fosse chegar onde cheguei, mas me esforço e me dedico bastante e  agradeço aos meus instrutores Soldado Gian e professor Fabio por sempre me apoiarem muito”, concluiu Marcio  André. 

Na próxima sexta-feira, 7 de junho, a série especial “Eu levo a minha vida no tatame” vai falar da história da primeira escola de artes marciais do Morro do  Andaraí. A iniciativa do Soldado Walmor de Souza, que está fazendo a diferença para os jovens da comunidade com o Projeto UPP Fight.

"Eu levo a minha vida no tatame".

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04/06/2021

Moradores do Borel se reúnem para debater melhorias na comunidade

Encontro contou com a presença de policiais e integrantes de projetos sociais

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Proposta da Unidade de Polícia Pacificadora do Borel foi discutir os três anos de pacificação / Marino Azevedo

​Priscila Marotti

No lugar do bolo de comemoração, um círculo para refletir sobre os três anos de pacificação. Essa foi a proposta da Unidade de Polícia Pacificadora do Borel, para começar a celebrar o terceiro ano da unidade, comemorado no dia 7 de junho. Com o objetivo de analisar e discutir o processo de pacificação do morro, a UPP, a Rede Social e a equipe de Gestão Social da comunidade — vinculada à Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos — promoveram um fórum de debates com a presença de policiais, moradores, lideranças comunitárias e integrantes de projetos sociais. 

O encontro, realizado na ONG Fundação São Joaquim, na comunidade da Indiana, incentivou os participantes a debaterem o cenário local desde o início da pacificação. O objetivo é encontrar soluções e desenvolver melhorias que contribuam para a cidadania e a qualidade de vida dos moradores. Além de policiais da UPP, cerca de 20 moradores e lideranças comunitárias, se apresentaram e falaram um pouco sobre o trabalho de cada um. 

Os participantes formaram grupos de discussão para debater melhorias

“A UPP está em processo de formação, não tem nada fechado. Nos reunimos aqui porque todos nós, juntos, fazemos parte do sucesso ou do fracasso desse programa. Já é um avanço não ouvirmos mais barulhos de tiros e contabilizarmos, em três anos, quatro homicídios, um número infinitamente menor do que há algum tempo. Mas acho que muito mais do que motivo para comemorar, essa data serve para refletirmos sobre como vamos nos relacionar daqui para frente”, disse o comandante da UPP, Capitão Bruno Amaral.

Os participantes foram divididos em três grupos de discussão: um para abordar a questão da segurança; outro para debater sobre projetos sociais; e um terceiro para falar das relações comunitárias.

“Eu percebo a questão da abordagem, por exemplo, como algo que nós, moradores, poderíamos fazer diferença. A gente sabe que o jovem é mais rebelde e, às vezes, não entende por que está sendo abordado. Para os meninos que eu vejo reclamando, já falo: ‘e os anos que você mora aqui sem ouvir tiro, sem ver um amigo morrer, podendo entrar e sair da comunidade tranquilamente?”, argumentou o morador Pedro Rocha, que também atua na comunidade como integrante da ONG Jocum.

“Qual é o problema de uma abordagem que dura dois minutos frente ao resto dos ganhos que tivemos aqui?’. A gente também tem que tentar mudar a cabeça do jovem”, ressaltou.

Pedro Rocha ressaltou período sem tiros e morte no morro

Como resposta ao morador, que participava do grupo de discussão sobre segurança, o comandante da UPP reforçou que iria investir ainda mais na conscientização dos policiais na hora da abordagem e do relacionamento com os moradores da comunidade. “É uma conscientização que tem que vir dos dois lados”, disse o policial.

No grupo que discutiu os projetos sociais da comunidade, a vice-presidente da associação de moradores do Morro do Cruz – que compõe o Complexo do Borel –, Carla da Silva, falou sobre a chegada dos serviços na comunidade e do papel dos moradores no debate das suas necessidades.

“Nós agora temos mais facilidade de acesso aos responsáveis pelos serviços públicos. É claro que em três anos nem tudo foi concretizado. É um processo contínuo. Precisamos, agora, pensar nos serviços de uma forma contextualizada, saber quais são as reais demandas e como podemos conscientizar moradores. O principal agente de mudança do cenário da comunidade é o próprio morador”, disse.

Eliude Santana, atuante do Projeto Vida Renovada (Provir) do Borel, levantou questões sobre as relações comunitárias, como a comunicação entre policiais e moradores, e até conversas de moradores com os próprios moradores. “A gente pode, e muito, aproveitar o leque de oportunidades que estão surgindo. Se tem um projeto da UPP ou de outras fontes, vamos começar a divulgar para todo mundo. Teve aula de inglês de graça aqui que não formou turma. Temos que começar a pensar no porquê e como podemos resolver essas questões”, ressaltou Eliude, antes de propor uma união de moradores e policiais para disseminar iniciativas importantes na comunidade.   

Eliude Santana. “Morador é o principal agente de mudança”

De acordo com o Instituto Pereira Passos (IPP), o Morro do Borel conta hoje com aproximadamente 12 mil moradores e sua UPP compõe um dos ‘pilares’ do processo de pacificação no chamado ‘cinturão’ de segurança da grande Tijuca. 

A programação de comemoração dos três anos da UPP continua durante a semana. Na tarde desta quarta-feira, 5 de junho, foi realizado o I Torneio de Futebol Feminino da UPP Borel, com equipes formadas por policiais femininas das UPPs da Grande Tijuca e moradoras da comunidade. 

A agenda continua nesta quinta-feira, 6 de junho, com apresentações do grupo teatral e do coral do Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), na Igreja da Casa Branca, a partir das 14h. De ‘olho’ na sustentabilidade e na preservação das regiões de mata atlântica pertencentes ao Borel, a semana comemorativa terminará no sábado com uma caminhada ecológica da Terceira Idade. 

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05/06/2021

Parceria do Estado com o Senac-Rio para cursos vai beneficiar mais de três mil pessoas

Formatura dos alunos de Jacarezinho e Manguinhos será nesta quinta-feira, 6 de junho

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Convênio oferece cursos nos setores de Serviços e Beleza, que estão em ascensão no mercado de trabalho / Rogério Santana

Imprensa RJ

​O Governo do Estado renovou parceria com o Senac-Rio (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) para qualificar, em um ano, mais de três mil moradores de áreas com Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). A ideia é oferecer cursos nos setores de Serviços e Beleza, que estão em ascensão no mercado de trabalho.

Entre 2010 e 2012, moradores de 15 comunidades pacificadas foram capacitados. Segundo Ana Paula Nunes, gerente de responsabilidade social do Senac-Rio, os alunos participantes ganham bolsas de 80% para fazer outros cursos.

O curso de cabeleireira é um dos mais procurados

“A parceria atende a um anseio do Estado de que a iniciativa privada e o terceiro setor contribuam com a pacificação, ajudando a gerar oportunidades de emprego e de cidadania. Quem passa pelos nossos projetos tem taxa de empregabilidade de 83%”, afirmou Ana Paula.

 Moradora de Manguinhos, Denise Sousa, de 24 anos, sempre teve aptidão para fazer unhas. Ela se inscreveu no curso de manicure e pedicure oferecido pela Escola-Carreta da Beleza em sua comunidade.

 “Manicures não têm dificuldade para arranjar emprego, por isso, quis me profissionalizar na área. Muitas portas se abriram. Já recebi até convite para trabalhar em um salão de beleza”, disse Denise.

 Aluna do curso de cabeleireiro, Carla Teixeira, de 33 anos, aproveita a chance para reciclar seus conhecimentos.

 “Fiz uma capacitação na área há muitos anos e quero aprender coisas novas”, afirmou a moradora do Jacaré.

04/06/2021

Soldados dão aulas em Estágio de Polícia de Proximidade para futuros praças

Curso tem objetivo de capacitar PMs que irão trabalhar em UPPs

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As disciplinas pautadas pelas diretrizes da pacificação estão sendo ministradas para 272 alunos / Marino Azevedo

​Priscila Prestes

Com o objetivo de capacitar os futuros policiais que vão trabalhar nas UPPs, a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) realiza o Estágio de Polícia de Proximidade, que tem como missão nortear os praças quanto ao cotidiano e trabalho realizados nas comunidades pacificadas.  

O último curso, que começou na última segunda-feira, 3 de junho, com duração de três dias, termina nesta quarta-feira, 5 de junho. Ao todo, sete disciplinas pautadas pelas diretrizes do programa de pacificação estão sendo ministradas para 272 alunos que estão prestes a se formar.  Os instrutores são, em maioria, soldados que possuem vivência nas comunidades ou em projetos da CPP.

De acordo com a subchefe da Divisão de Ensino e Pesquisa da Coordenadoria, Tenente Tatiana Lima, o foco do curso é familiarizar os alunos na doutrina de polícia de proximidade. “As disciplinas do estágio foram montadas para completar a grade curricular do Curso de Formação de Praças, de forma a ambientar os alunos no cenário da proximidade, que é o futuro na polícia e da sociedade”, argumentou. 

Tenente Tatiana Lima dá cursos para colegas panamenhos

Segundo a tenente, que ministra duas disciplinas do estágio, um dos diferenciais do projeto pedagógico está em colocar soldados de UPPs para passarem suas experiências aos formandos.

É o caso do Soldado Maciel de Freitas, 26 anos, professor da disciplina “Mediação de conflitos nas UPPs”. Lotado na UPP Mangueira há um ano e meio, ele compõe o núcleo de mediação da comunidade desde dezembro do ano passado, data do início do programa na comunidade.  Durante o estágio, o principal objetivo do professor é repassar aos alunos técnicas utilizadas em situações reais.

“O grande salto do programa é realizar um trabalho preventivo com foco no diálogo de forma a manter essa cultura integrativa, eliminando futuros impasses ou brigas”, explicou. 

SD Maciel de Freitas ensina como agir em situações reais

De acordo com Maciel, a atuação do policial como mediador  abrange um leque de situações diversas. “Atendemos desde discussões entre vizinhos a mediações mais complexas envolvendo moradores e empresas públicas e privadas”, exemplificou, frisando que o desenvolvimento de  práticas de diálogo é importante para fazer com que a comunidade converse como um todo. “Estamos ali para garantir o direito dos cidadãos. Essa é a base do nosso trabalho”, disse.

Os alunos Thiago Ferreira Patrocínio, 27 anos, e Vinícius Sampaio, 31 anos, aprovaram a iniciativa.

“Por mais que o tema (mediação de conflitos) seja apresentado durante o curso, durante esse estágio estamos tendo acesso a cases e boas práticas importantes para nortear nossas ações”, comentou Thiago.

“Esse retorno de quem está nas comunidades e está construindo uma nova imagem do policial militar, pautada na polícia de proximidade, é um exemplo para nós”.

SD Patrocínio ressalta o acesso a ensinamentos importantes

Outro tema presente no contexto das comunidades pacificadas é a mobilização social estimulada pelas UPPs. O Soldado Pavão — que foi o responsável pela parte de projetos da UPP Fallet/Fogueteiro em 2012 — apontou o trabalho como principal agente de aproximação entre policiais e a comunidade.”É a maneira mais prática de nos aproximarmos. No Fallet, por exemplo, conquistamos a confiança deles com projetos na área de esporte e educação”, afirmou.

O estágio possui outras quatro disciplinas voltadas para o alinhamento das práticas adotadas pela polícia de proximidade. “Dinâmica sobre a atuação do policial de UPP em projetos sociais”; “Polícia de proximidade e o emprego do policial militar”; Uso diferenciado da força; “Competências sociais interpessoais no policiamento de proximidade” e a oficina “Diálogos e vivências nas UPPs”.

04/06/2021

‘Eu levo a minha vida no tatame’

Série especial sobre projetos de lutas nas comunidades pacificadas

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O Portal UPP RJ percorreu oito comunidades pacificadas para realizar essa série / Gabi Nehring e Bruna Cerdeira

​Por Bruna Cerdeira

Rainhas e reis do tatame

Essa novidade iria deixar o mestre Cartola meio ressabiado, mas ele iria gostar. Sem deixar de lado o pandeiro e a cuíca, os meninos da Mangueira, de um tempo pra cá,  vêm dando um ‘Kaisho uke’* no destino. Lá no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, os garotos deram um ‘Corta Eucalipto’ nas ‘bifurcações’ que a vida dá, numa roda de capoeira. A garotada do Andaraí está mais confiante e disciplinada depois das aulas de Muay Thai, do Soldado Walmor. Agora, depois das UPPs, na ‘guerra’ da vida eles são vencedores. E estão livres para sonhar.

‘Deixa a vida me levar’, que nada. Que perdoe o nosso Zeca, mas, nas comunidades pacificadas, a garotada, agora, é dona do seu destino. Na era das UPPs, um ‘exército’ de campeões de superação, com cerca de 4 mil crianças e adolescentes, entre meninos e meninas, vêm dando um exemplo olímpico. 

Eles são praticantes de oito modalidades de artes marciais (jiu-jitsu, judô, taekwondo, caratê, MMA, boxe, kickboxing e capoeira). O contingente — equivalente a oito batalhões operacionais da Polícia Militar — é liderado por dezenas de professores de artes marciais, policiais militares voluntários, moradores e não moradores também voluntários.

 A multiplicação dos tatames é o resultado da soma de iniciativas individuais e das ações das Secretarias de Estado de Segurança e de Esporte e Lazer, que, por meio do Projeto Rio 2016, ajudam com a doação de tatames, quimonos, luvas, caneleiras, medalhas, troféus, entre outros equipamentos necessários, na missão de pavimentar um futuro de dignidade e esperança para esses jovens, por meio do esporte. Nessas comunidades, onde antes o tráfico arregimentava crianças e jovens, a referência, hoje, é outra.

“Esses projetos, sem sombra de dúvida, ajudam bastante no resgate desses jovens, afinal, o esporte é uma importante ferramenta de inclusão social. Ali, alunos e alunas se divertem, cuidam da sua saúde, ganham perspectiva de vida e, muitas vezes, aprendem o significado de vencer e perder”, afirmou o Secretário de Estado de Segurança, José Mariano Beltrame. 

Beltrame. Projetos contribuem para o resgate de jovens

“Tenho sentido as crianças voltando a olhar para os nossos policiais com orgulho e almejando ser policiais. Por muitos anos, os ídolos das nossas crianças foram os bandidos. Hoje, com a UPP, vemos um ídolo sendo um policial militar e isso é muito importante para nós”, destacou o Secretário de Estado de Esporte e Lazer, André Lazaroni.

Os projetos são importantes ferramentas de integração e aproximação entre os moradores e os policiais, além de colaborarem na formação de jovens cidadãos. Os policiais que hoje estão lotados nas UPPs, trabalham com os princípios da polícia de proximidade, que busca uma parceria com a população e uma atuação baseada no diálogo e no respeito à cultura e às particularidades de cada comunidade. 

“Mais do que revelar talentos, esses projetos esportivos servem, principalmente, para formar cidadãos, pois desenvolvem princípios de solidariedade, trabalho em equipe, disciplina, espírito esportivo e fomentam valores como a ética e a paz. Isso ajuda a fortalecer ainda mais a política de polícia de proximidade, que se baseia na parceira entre a população e as instituições da área de segurança pública”, disse Beltrame.

“O projeto de criação de Centros de Treinamento de Artes Marciais nas comunidades pacificadas está em andamento. Ele será uma parceria da Secretaria com a LBV/ Super Rádio Brasil e a Prime Esportes. O apoio será dado através de mão de obra técnica (professores), equipamentos (tatames, quimonos, luvas, Bobs — bonecos para treinamento — e outros), e eventos (campeonatos). O projeto contemplará todas as unidades pacificadas”, garantiu Andre Lazaroni. 

Lazaroni. Iniciativa contemplará todas as comunidades pacificadas

Ainda segundo o secretário, essa mudança é visível e só é possível graças ao compromisso da sociedade, do Governo, das organizações não governamentais e, também, das parcerias público-privadas e dos próprios policiais lutadores que estão treinando esta garotada.

 “Os nossos policiais militares estão comprometidos com este projeto. A implementação das Unidades de Polícia Pacificadora garante, além de segurança, cidadania. A PM tem nos mostrado que é possível voltar a acreditar nas instituições. Isto tem sido o maior exemplo por onde eu passo”, completou Lazaroni.

 Durante um mês, a reportagem do Portal UPP RJ percorreu oito comunidades para registrar as mudanças e os benefícios que a prática de artes marciais vem promovendo na vida desses jovens. As histórias serão contadas a partir desta quinta-feira, 6 de junho, na série de reportagens "Eu levo a minha vida no tatame", trabalho realizado pela repórter Bruna Cerdeira, com fotos tiradas por ela própria e pelos fotojornalistas Gabi Nehring e Marino Azevedo.

04/06/2021

UPP Borel celebra o terceiro aniversário com uma semana de eventos

Programação conta com debates, atividades culturais e esportivas

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Caminhada ecológica pelas ruas da comunidade encerrará a agenda de aniversário da UPP / Divulgação

A Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Borel, na Tijuca, inicia a partir nesta terça-feira, 4 de junho,a semana comemorativa do terceiro aniversário da UPP, inaugurada em 7 de junho de 2010. Atividades culturais e esportivas estão previstas até o próximo sábado, 8 de junho, quando uma caminhada ecológica pelas ruas da comunidade encerrará a agenda de aniversário da UPP e a Semana Mundial do Meio Ambiente.

De acordo com o Instituto Pereira Passos (IPP), o Morro do Borel conta hoje com aproximadamente 12 mil moradores e sua UPP compõe um dos ‘pilares’ do processo de pacificação no chamado ‘cinturão’ de segurança da grande Tijuca. 

Com o objetivo de analisar e discutir o processo de pacificação do Morro do Borel ao longo desses três anos, a UPP promoverá nesta terça-feira, 4 de junho, a partir das 18h, um fórum de debates com a presença de policiais, moradores, lideranças comunitárias e integrantes de projetos sociais. O encontro acontecerá na ONG Fundação São Joaquim e a ideia é pensar soluções e melhorias que desenvolvam a cidadania e a qualidade de vida dos moradores.

Na quarta-feira, 5 de junho, durante à tarde, acontecerá o I Torneio de Futebol Feminino da UPP Borel com equipes formadas por policiais femininas das UPPs da grande Tijuca e moradoras da comunidade. A agenda continua na quinta-feira (6/6) com apresentações do grupo teatral e do coral do Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), na Igreja da Casa Branca, a partir das 14h. 

De ‘olho’ na sustentabilidade e na preservação das regiões de mata atlântica pertencentes ao Borel, a semana comemorativa terminará no sábado (8/6) com uma caminhada ecológica da 3ª idade. A ação também é uma homenagem ao Dia Mundial do Meio Ambiente, que será celebrado em todo o planeta no próximo dia 5 de junho.

Serviço:

Dia 4 (terça-feira)

Fórum de Abertura

Local: ONG Fundação São Joaquim – Rua Paul Underberg, 54, Favela da Indiana.

Horário: a partir das 18h

Dia 5 (quarta-feira)

Torneio de Futebol Feminino

Local: Campo da Chácara do Céu

Horário: a partir das 14h

Dia 6 (quinta-feira)

Teatro e coral do Proerd

Local: Igreja da Casa Branca

Horário: a partir das 14h

Dia 8 (sábado)

Caminhada ecológica da 3ª Idade

Local: Ponto de partida - Praça da Casa Branca – Rua São Miguel, 103.

Horário: das 6h30 às 10h

03/06/2021

Emprega Rio oferece vagas para moradores do Complexo do Alemão

Feira de empregos cadastrou 1.200 pessoas da comunidade Nova Brasília

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A feira foi realizada na comunidade Nova Brasília e visa a promover reinserção social dos moradores / Marino Azevedo

​Priscila Marotti

Os moradores do Complexo do Alemão receberam uma oportunidade inédita, nesta segunda-feira, 3 de junho: a feira Emprega Rio, que ofereceu mais de 1.300 oportunidades de recolocação profissional e cadastrou cerca de 1.200 moradores em busca de emprego. A iniciativa realizada na comunidade Nova Brasília, tem como objetivo promover a reinserção social e estimular a economia local das comunidades pacificadas no estado do Rio de Janeiro. 

O projeto foi criado pelo Grupo Essência Cultural e prevê a realização de Feiras de Empregabilidade, divididas em 10 etapas, até o final de 2013. Com uma parceria com o Centro de Integração Empresa Escola (CIEE) e o Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM), o Emprega Rio ofereceu oportunidades em grandes empresas da rede de varejos e gastronomia como Ponto Frio, Extra Supermercados, Rede ASSAI, Drogarias Pacheco, Pizzaria Domino’s, Spoleto, Koni, entre outros, além de palestras sobre motivação e recolocação no mercado de trabalho.

As irmãs Magali e Ana Paula. Feira chegou em boa hora

Para as irmãs Ana Paula e Magali Francisco, a feira veio em boa hora. As duas se inscreveram para vagas na consultoria de RH Afamar e o grupo Trigo, holding que administra empresas como Spoleto e Domino’s.

“A comunidade precisa muito desse tipo de iniciativa. Eu estou há três anos desempregada, desde que meu contrato com uma empresa de revenda de produtos de beleza acabou. Preciso muito desse emprego, porque tenho três filhos e meu esposo não tem como sustentar a casa sozinho. Essa oportunidade é muito importante para mim”, disse Ana Paula, de 27 anos.

Magali, de 22 anos, disse que está ansiosa para conseguir uma colocação no mercado de trabalho. “Como a minha irmã já disse ‘estou topando tudo’. Se essa feira não viesse para cá a gente ia ter que sair por aí procurando mesmo. Não ia ter jeito. Preciso ajudar a minha família e conto muito com essas inscrições que fiz aqui”. 

Os moradores formaram fila desde às 4h em busca de trabalho

Moradores formaram uma fila, às 4h da manhã, na porta da quadra que abrigou o evento, que começou às 9h. A auxiliar de serviços gerais Dayse Pereira, de 49 anos, foi com toda a família fazer as inscrições para as vagas disponíveis. “Eu vim com meu marido, meu filho e até o meu sobrinho. Estamos todos passando por um momento complicado e esse evento veio para abrir uma nova porta de oportunidades para a gente. É muito importante ter acesso a empresas como essas. Às vezes, não temos o dinheiro da passagem para fazer entrevistas e procurar por oportunidades”, contou.

Dayse Pereira está desempregada e quer colaborar com o marido

Com a proximidade dos grandes eventos na cidade, como a Copa do Mundo e Olimpíadas, a procura por mão-de-obra mais qualificada tem aumentado muito por parte das empresas, que buscam oferecer um melhor serviço e atendimento aos seus clientes. O grande investimento em infraestrutura, tecnologia, serviços e qualificação profissional tem transformado o Rio de Janeiro em um local propício para o sucesso dos negócios. 

“Nós percebemos que a oferta de empregos é enorme e, às vezes, as pessoas não sabem ou não procuram. Hoje nós vimos aqui uma quantidade enorme de mão-de-obra que poderia já estar sendo utilizada”, comentou a analista de Recursos Humanos do Grupo Trigo, que recebeu mais de 200 inscrições de moradores.

03/06/2021

Rio de Janeiro ganha mais uma Unidade de Polícia Pacificadora

Localizada no Cosme Velho a UPP Cerro-Corá conta com efetivo de 232 PMs

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Cerca de 4,5 mil moradores serão beneficiados pela nova unidade inaugurada na Zona Sul / Marino Azevedo

​Priscila Marotti

O Rio de Janeiro ganhou mais uma Unidade de Polícia Pacificadora na manhã desta segunda-feira, 3 de junho. A UPP Cerro-Corá — que atende as comunidades do Cerro-Corá, Guararapes, Vila Cândido, Coroado e Julio Otoni, no bairro Cosme Velho — completa o chamado cinturão de segurança do maciço que liga as regiões da Tijuca e da Zona Sul. 

O Governador Sérgio Cabral e o Capitão Jeimilson, comandante da UPP

Cerca de 4,5 mil moradores, conforme levantamento do Instituto Pereira Passos (IPP), serão beneficiados pela nova unidade, que conta com um total de 232 policiais e  possui duas bases: a administrativa, na Rua Almirante Alexandrino, com Ladeira do Ascurra; e outra de apoio na Rua Arapuã, ambas no bairro do Cosme Velho. 

A solenidade de inauguração foi realizada na Ladeira dos Guararapes, na Quadra do Grêmio Recreativo Bloco Carnavalesco Mocidade do Cosme Velho, com a presença do Governador Sérgio Cabral; do Vice-governador, Luiz Fernando Pezão; do Secretário de Estado de Segurança, José Mariano Beltrame; além do comandante da Polícia Militar, Coronel Erir Ribeiro, entre outras autoridades e lideranças comunitárias presentes ao ato.

“Como outras tantas, essa comunidade viveu por muitos anos sob o poder paralelo. Como um morador me falou hoje mais cedo ‘é uma nova onda, governador’. É uma nova onda mesmo, na qual a farda azul passa a ser vista de outra forma pelos moradores, onde os policiais dialogam com a comunidade, onde as pessoas passam a entender que policial e morador de comunidade têm famílias, realidades e problemas parecidos”, ressaltou Cabral. 

Beltrame. PMs vão se tornar referência da polícia que todos esperam

“Estamos vendo hoje, aqui, o Bope, que realiza um trabalho importante e que passou a fazer muito mais sentido depois da UPP. Deixou de desempenhar a função de enxugar gelo e passou a garantir a entrada e o suporte às unidades”, completou.

Para o Secretário José Mariano Beltrame, a inauguração da UPP Cerro-Corá reforça o planejamento da instalação das Unidades de Polícia Pacificadora no Rio de Janeiro, e se trata de mais uma oportunidade para os policiais que atuam nas UPPs. “Estamos aqui, mais uma vez, cumprindo o que prometemos e encerrando nossa atuação nessa região. Os senhores policiais que estão aqui têm a oportunidade de se tornarem agentes de transformação nesse local. Vocês podem se tornar referência da polícia que todos nós esperamos que sejam”.

A nova UPP será comandada pelo Capitão Jeimison Gonçalves, que está na Polícia Militar há oito anos e iniciou sua carreira no 25º BPM (Cabo Frio), onde foi comandante de companhia e passou pelo 31º BPM (Recreio). O capitão atuava como comandante da UPP Cidade de Deus, na localidade conhecida como Caratê, onde ficou por dois anos e meio. 

Eduardo Silva. Chegada da UPP cria a expectativa da entrada dos projetos

Na comunidade da Zona Oeste, o Capitão Jeimison foi um dos responsáveis pela implantação de um projeto de lutas marciais, tendo sido um dos criadores do Centro de Treinamento de Artes Marciais da CDD, construído e equipado pelos próprios policiais militares e que hoje oferece aulas gratuitas de judô e jiu-jítsu para a comunidade.

“Neste primeiro momento, vamos conversar com os moradores, perceber quais são as demandas da comunidade e quais são as especialidades dos nossos policiais para que possamos começar esse trabalho de aproximação e implantação de iniciativas sociais. Espero poder fazer essa ponte entre os serviços que começam a chegar e os moradores”, disse o capitão, que é formado em Direito pela Universidade Veiga de Almeida e possui curso de especialização em patrulhamento de área de alto risco.

O presidente da associação de moradores dos Guararapes, Eduardo Silva (Duca), também espera melhorias para a comunidade com a chegada da UPP. “O que eu espero é a entrada de projetos que evitem que nossas crianças fiquem ociosas pela comunidade. Queremos ver uma comunidade com saúde, com serviços novos, melhorias de estrutura. Quando a UPP chega a gente fica na expectativa por essas melhorias, para que, com as oportunidades novas, não percamos mais nenhuma criança para as drogas”.

As comunidades foram ocupadas dia 29 de abril de 2013, por homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope), do Batalhão de Choque (BPChoque) e do Batalhão de Ações com Cães (BAC), do Grupamento Aéreo e Marítimo (GAM) e policiais do 1º Comando de Policiamento de Área da Polícia Militar. Na ocasião, os agentes ocuparam as comunidades em apenas 20 minutos sem efetuar nenhum disparo.

31/05/2021

Personalidades do Rio: Adriana da Empadinha, vida nova com a pacificação

Moradora do Alemão comemora crescimento dos negócios depois da UPP

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Adriana está entre os pequenos empresários que viram seus negócios crescerem com a pacificação / Daniel Marenco

​Imprensa RJ

Talento, empreendedorismo e criatividade são os segredos de Adriana. Moradora do Complexo do Alemão, ela está entre os pequenos empresários que viram seus negócios crescerem com a pacificação da comunidade da Zona Norte do Rio. Conhecida como Adriana da Empadinha, ela aproveitou a paz para recomeçar a vida e hoje é referência na favela onde nasceu.

Depois da instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no complexo de comunidades, Adriana comemora os novos tempos. Além do aumento na venda de empadas e brigadeiros, ela e sua família ganharam um apartamento novo no Condomínio das Palmeiras, doado pelo governo estadual para abrigar moradores que viviam em área de risco.

Talento, empreendedorismo, criatividade são os segredos de Adriana

“Todo mundo gostou da pacificação. Hoje, posso sair tranquilamente para vender as minhas empadas até as 2h. Os bares ficam abertos de madrugada, e as crianças brincam na rua até tarde. Tenho orgulho da minha comunidade”, disse a comerciante.

O jeito divertido de anunciar suas guloseimas pelos becos e vielas do Alemão, cantando os sabores das empadas através de paródias de músicas populares, chamou a atenção da autora da novela Salve Jorge, Glória Perez. Depois de passar no teste para participar do elenco da trama, a cozinheira de “mão cheia” mostra na TV seus dotes culinários e sua irreverência.

“Fui chamada para participar do workshop no estúdio de gravação, e a autora gostou e me convidou. Eu não acreditei porque era uma autora consagrada”, afirmou Adriana.

29/05/2021

UPP Cerro-Corá chega ao Cosme Velho na segunda-feira, 3 de junho

Unidade de Polícia Pacificadora é aguardada com expectativa pelos moradores

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UPP para 4 mil e 500 moradores das comunidades do Cerro-Corá, Guararapes, Vila Cândido, Coroado e Julio Otoni / Priscila Prestes

​Priscila Prestes

Cerca de 4 mil e 500 moradores das comunidades do Cerro-Corá, Guararapes, Vila Cândido, Coroado e Julio Otoni — as cinco no Cosme Velho — serão beneficiados na próxima segunda-feira, 3 de junho, com a inauguração da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Cerro-Corá. Com um efetivo de 232 policiais militares, a UPP completará o chamado cinturão de segurança do maciço que liga as regiões da Tijuca e da Zona Sul.

 Antes da implantação da nova Unidade, moradores especulam as melhorias que a pacificação trará para a comunidade. Além da retomada de território para a sociedade, os principais anseios relatados foram a necessidade de criar cursos de capacitação para jovens e atividades para as crianças. Eles esperam que — como está acontecendo em outras UPPs —  o pacote de investimentos do Estado do Rio de Janeiro chegue às comunidades.

Francisco Paim espera cursos profissionais para os jovens

 O desejo de Seu Francisco dos Santos Paim, 69 anos, nascido e criado na ladeira do Cerro-Corá, é que a pacificação traga projetos de capacitação, para que os jovens possam aprender uma profissão dentro da comunidade. “Essa mocidade precisa se qualificar, ter acesso a uma educação de qualidade para conseguir um bom emprego. Acompanho os noticiários e vejo o pacote de projeto que as UPPs levam para as comunidades. Espero que essas iniciativas cheguem até nós também”, contou o senhor que tem um neto de 18 anos.

 A comerciante Rosângela Maria Belmiro, 26 anos, se instalou há pouco tempo na comunidade. Há três meses, ela e o marido alugaram um imóvel e criaram um pequeno restaurante. O casal, que morava na Rocinha, decidiu se mudar para a Ladeira dos Guararapes para ficar mais perto do local de trabalho e da Escola Municipal Guararapes Cândido, onde estuda o filho.

Rosângela Maria Belmiro. Empreendimentos vão melhorar

“Espero que a pacificação movimente nosso negócio e aumente nosso rendimento”, afirmou. Para Rosângela, que está grávida de quatro meses, saber que seus filhos crescerão em um ambiente de paz e com oportunidades é inestimável.

A nova UPP será comandada pelo Capitão Jeimison Gonçalves, de 31 anos. Ele está na Polícia Militar há oito anos, foi subcomandante e comandante da UPP Cidade de Deus (Caratê), onde esteve por dois anos e meio e desde 29 de abril — data em que o Bope ocupou a comunidade — está na região como coordenador de policiamento de ocupação.

“Até então, com um efetivo de 72 policiais, estávamos presentes nas vias de acesso da região. Na segunda vamos ocupar as comunidades, inaugurar mais uma UPP. A partir daí vamos começar a pensar nos projetos sociais que poderemos implementar para levar dignidade, oportunidade para os moradores”, afirmou o capitão que é um dos responsáveis pela  implantação de um projeto de lutas marciais na comunidade do Caratê, na Cidade de Deus (CDD), onde com a ajuda de policiais da UPP criou o Centro de Treinamento de Artes Marciais da CDD.

Policiais militares realizaram uma operação nas comunidades

De antemão, ele tem em mente a criação de projetos de lutas e dança semelhantes ao que já ocorrem na UPP Caratê. “Uma prioridade é a parceria da UPP com o Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas) na escola da comunidade. Queremos nos aproximar dos moradores. Estamos aqui para servi-los”, declarou.

 A UPP Cerro-Corá terá uma base administrativa na Rua Almirante Alexandrino com Ladeira do Ascurra, e outra de apoio na Rua Arapuã. Futuramente, a Comunidade do Coroado — ocupada nesta quarta-feira, 29 de junho, junto com a Julio Otoni — também ganhará uma base de apoio. A partir desta quarta, duas viaturas realizarão o policiamento das comunidades. As operações de hoje não resultaram em prisão ou apreensão de armas ou drogas. De acordo com o capitão, está prevista incursão do Bope nas duas favelas neste sábado, 1º de junho.

29/05/2021

Pavão-Pavãozinho ganhará dois novos conjuntos habitacionais

Construção faz parte da 2ª etapa do Programa de Aceleração de Crescimento

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Os condomínios, cada um com três blocos, estão sendo erguidos na Rua Saint Roman / Fernanda Almeida

​O Complexo do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, entre Copacabana e Ipanema, ganhará dois novos conjuntos habitacionais. Os condomínios AR-5 e AR-3, cada um com três blocos, estão sendo erguidos na Rua Saint Roman. As construções fazem parte da segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nas comunidades da Zona Sul, que inclui ainda urbanização de ruas. No total, os investimentos realizados em parceria com o governo federal serão de R$ 46 milhões.

No AR-5, com 28 apartamentos, dois blocos já estão prontos. O terceiro está em fase final de construção. As unidades serão ocupadas pelas famílias realocadas da Rua Custódio de Mesquita. O conjunto AR-3, de 48 apartamentos, próximo ao plano inclinado, está em construção. Nos imóveis, vão morar pessoas realocadas da Avenida Pavão e da Rua Custódio de Mesquita.

Além desses conjuntos, o chamado Casarão, antigo hotel abandonado no início da Saint Roman, também servirá de moradia para famílias das comunidades.

Urbanização da Rua Custódio de Mesquita

Os primeiros dos 350 metros da Rua Custódio de Mesquita, que liga a comunidade à Estação General Osório, foram alargados e ganharam pavimento, calçadas e uma mureta de proteção. O restante do percurso será dividido em duas etapas para efeito de demolição de imóveis e alargamento: até a quadra de esportes e até o mirante. 

* Com informações da Ascom Seobras.

28/05/2021

Crianças do Turano tocam no Theatro Municipal em homenagem à PM

Jovens músicos participaram do concerto comemorativo do aniversário da PMERJ

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As crianças do Projeto UPP Musical do Morro do Turano tocaram em homenagem ao aniversário de 204 anos da PM / Marino Azevedo

​Priscila Prestes

Um grupo de 22 crianças do Projeto UPP Musical do Morro do Turano, realizado pela Companhia Independente de Músicos em parceria com a Unidade de Polícia Pacificadora local, se apresentaram no palco mais tradicional da cidade, na última segunda, 27 de maio, junto com a Banda Sinfônica da PMERJ. 

Essas e outras 50 crianças, oriundas de projetos musicais da PM, participaram do concerto em homenagem ao aniversário de 204 anos da Corporação, que aconteceu no Theatro Municipal do Rio de Janeiro e reuniu cerca de 2 mil pessoas, entre autoridades militares, civis, policiais e familiares.  Em uma apresentação emocionante, 70 meninos e meninas flautistas entre 7 e 12 anos tocaram a música “Lanterna dos Afogados”, de autoria de Hebert Vianna, e encantaram os presentes.

O Capitão Ronaldo Almeida foi um dos regentes da noite

O espetáculo comemorativo reuniu os 45 músicos da Orquestra da Corporação que traduziram, por meio de 12 músicas, o sentimento de unidade e amor à PMERJ.  Junto com a Banda Sinfônica, se apresentaram músicos brasileiros renomados como o trombonista João Luiz Areias e o trompetista Jessé Sadoc. A prata da casa brilhou como diamante no espetáculo. O tenor e Capitão dentista Fabiano Malafaia e a violinista e Major médica Myriam Broitmanse apresentaram, como solistas, os clássicos universais “Sole Mio” e “Czardas”, respectivamente.

Emocionado com o espetáculo, o Comandante-Geral da PM, Coronel Erir Ribeiro Costa Filho, comentou o desempenho da Banda Sinfônica e dos policiais da Diretoria de Saúde que se revelaram excelentes músicos. “O espetáculo está magnífico e com a nossa cara. Estamos comemorando o nosso aniversário de uma bela forma. A banda e as atrações estão impressionantes”, declarou. 

O Cabo Alexandre Ramires, lotado no Hospital Geral da Polícia Militar (HCPM), levou a esposa e as duas filhas ao concerto. “Nunca tinha pisado no Theatro Municipal. Estou impressionado com a beleza do local”, contou o policial que disse ter se emocionado com a apresentação das crianças das comunidades onde a PM realiza projetos de música. “Creio que esse projeto vai ajudar e dar oportunidade a muitas crianças”, disse o cabo que estava com a pequena Noemi, de 10 anos.

União

O Turano foi a primeira comunidade pacificada a receber o Projeto UPP Musical, fruto da iniciativa do Tenente Murilo Ferreira, subcomandante da Unidade de Polícia Pacificadora da comunidade.  Antes de entrar para a Academia, Murilo frequentou aulas de piano na Escola de Música Villa Lobos. Motivado e ciente dos benefícios e mudanças que a música propicia na vida das pessoas, o subcomandante não hesitou em procurar o Comandante da CIPM-Mus para criar um projeto de música no Turano.

O Tenente Murilo Ferreira foi o quem deu a ideia do projeto

Ele já tinha até um nome: UPP Musical. “Meu objetivo era criar uma atividade cultural, lúdica e com diversão para as crianças”, disse o oficial que assim como as crianças, estava nervoso antes da apresentação de seus pupilos que frequentam as aulas de flauta doce no Centro Comunitário da comunidade há um mês e meio.

O comandante da CIPM-Mus, Capitão Ronaldo Almeida da Silva, também maestro da banda Sinfônica, destacou a capacidade do projeto em estabelecer laços da polícia com as crianças, pais e comunidade em geral. De acordo com ele, a Companhia planeja em conjunto com a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) ampliar o projeto para as demais comunidades pacificadas.

“O UPP Musical é um projeto de proximidade que tem por objetivo abrir o caminho para que a polícia se aproxime da comunidade. É uma forma de fazer com que a população entenda que estamos ali com outras ações que não só a segurança, que estamos ali para estabelecer um laço de confiança que é fundamental para o trabalho dos policiais e para os próprios moradores”, destacou o comandante.

Proximidade

O UPP Musical é a segunda experiência da CIPM-Mus de levar aulas de músicas para crianças da comunidade. Há dois anos, a Companhia começou um trabalho intitulado “Cantando com a PM” com alunos do Colégio Municipal Ayrton Senna, no Morro do Estado, em Niterói. A iniciativa tem gerado uma boa interface entre os policiais e os moradores da região, tanto que o projeto foi expandido para o Colégio Municipal Adelino Magalhães.

“O projeto abriu um canal de comunicação entre o 12º BPM e os moradores e funcionários do colégio do Morro do Estado que passaram a conversar e a interagir mais. Os policiais hoje participam de conselhos na escola. Temos as famílias e as comunidades ‘contaminadas’ por esse processo e uma proximidade bem maior com a Polícia Militar”, afirmou o comandante.

As crianças no camarim antes de começar o espetáculo

Com o argumento da música, o Cantando com a PM e o UPP Musical levam às crianças bens maiores como cultura, conhecimento e cidadania.

“Criamos ações que vão além da aula de música. Já levamos as crianças, por exemplo, para conhecerem o Batalhão de Choque. Lá elas andaram de moto, conheceram o museu do PM,  e agora estão conhecendo a maior casa de cultura do Rio de Janeiro, onde tocaram com a nossa banda”, disse.

Mudança

Para o Sargento Alexandre Raicevich — músico da CIPM-Mus e professor de flautas das crianças —, os projetos têm sido agentes de mudança na vida das crianças das comunidades onde atua.

“Queremos abrir as portas para essas crianças e mostrar para elas que elas podem alcanças seus sonhos”, destacou o policial que regeu a apresentação dos pequenos. Segundo ele, até mesmo no Morro do Turano, onde o projeto é realizado há pouco tempo, talentos já podem ser percebidos.

É o caso de Cauã Esteves, de 12 anos, que tem demonstrado facilidade no aprendizado. “Estou gostando muito de aprender a tocar flauta. Nunca tinha tocado antes. Mas como meu sonho é ser pagodeiro, quero muito aprender a tocar cavaquinho”, revelou o menino.

Luis Felipe Silva, 10 anos, também vem se destacando nas aulas.  “A música está fazendo muita diferença na minha vida. Ela me traz emoção e muita felicidade”, disse Luis que estava um pouco nervoso momentos antes de subir ao palco.

25/05/2021

Jovens ditam a moda e viram capa de revista de comunidade

“Sou Dessas” foi lançada no sábado no Morro do Borel

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A edição número zero traz reportagens ensinando as meninas a montar looks e estilos de unhas que estão em alta / Divulgação

​“Ela não anda. Ela desfila! Ela é top, capa de revista! É a mais, mais, ela arrasa no look!”. Sim, eles são Top, são capa e estão em todas as páginas da revista Sou Dessas, lançada neste sábado, 25 de maio, para o público adolescente com idade entre 14 e 17 anos das comunidades cariocas.

Favela sempre foi lugar pra inventar moda, estilo, diversidade. Mas raramente estas criações ganhavam páginas de revistas teen e os jovens moradores de favela não se viam nestas publicações. Pronto! Estava aí a chance de inovar.

Foi desta brecha e do sonho de cinco adolescentes do Salgueiro, Formiga e Borel que nasceu a Sou Dessas. “Na nossa comunidade estão todos animados. Todos perguntam: e a Sou Dessas? Isso por que a revista mostra a nossa realidade, o nosso cotidiano! Muitos jovens de comunidade não se enquadravam nas Capricho, Toda Teen, e hoje eles tem essa oportunidade de se ver ali, de ver o que realmente é a vida na favela, a vida deles”, conta Kelly Cristina, de 16 anos, moradora do Borel e editora da Revista com mais quatro amigos.

A edição número zero traz reportagens ensinando as meninas a montar looks, estilos de unhas que estão em alta, dicas de maquiagem para pele negra, etc. Os meninos também não ficam de fora e podem ler sobre cortes de cabelo que são febre nas favelas e o uso de jaquetas.

A revista foi criada para alcançar um público adolescente

Modelos

“A gente via os jovens de nossa comunidade se vestindo bem e virando referência de moda na comunidade. Aí chamamos estas pessoas pra serem modelos da revista e mostrarem seu estilo” explica Leandro Santos, 16 anos, morador do Morro da Formiga, também editor da revista, que foi feita ouvindo os moradores. “A gente perguntou pros jovens da comunidade o que estava na moda, o que eles gostariam de ver na revista. Fizemos uma pesquisa pra saber o que colocar na edição”, explicou.

A revista é uma publicação bimestral, custa R$ 4,99 e por enquanto é comercializada nas bancas de jornais das e lanchonetes do Salgueiro, Borel, Formiga e Casa Branca, mas a intenção é ampliar as vendas. 

“Espero que tenhamos muito sucesso nas próximas edições, mais do que esta. Quero ver as revistas sendo vendidas nas bancas e ver um reconhecimento do nosso trabalho ainda maior. Queremos fazer mais revistas, uma tiragem maior que esta e tomar todo o Rio de Janeiro!”, fala entusiasmado o editor da revista, Lander Leão, 16, morador da Formiga. A segunda edição já está programada para agosto.

Agência 

A revista é um dos projetos apoiados pela Agência de Redes.  O projeto estimula e capacita jovens de 15 a 29 anos a desenvolver projetos envolvendo suas redes de conhecimento e pessoas de suas comunidades. Após um período de criação e maturação dos projetos, trinta deles são escolhidos por uma banca para receberem R$ 10 mil para serem implementados. Esta ação tem o patrocínio da Petrobras.

*Com informações do UPP Social.

27/05/2021

Complexo de Manguinhos ganha rua e novas áreas de lazer

Estado demoliu 70% de um mil moradias em três comunidades para executar as obras

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Segundo cálculos da Empresa de Obras Públicas (Emop), cerca de 70% do trabalho já foram executados / Erica Ramalho

​Guedes de Freitas / Imprensa RJ

Para construir um parque esportivo e fazer o prolongamento da Rua Uranos no Complexo de Manguinhos, na Zona Norte do Rio, a Empresa de Obras Públicas (Emop), órgão vinculado à Secretaria de Obras, está demolindo quase mil moradias das comunidades Uranos, João Goulart e Vila União. Segundo cálculos da empresa, cerca de 70% do trabalho já foram executados.

No Parque João Goulart, são 472 imóveis, dos quais 367 já foram desocupados e estão sendo demolidos. Na Uranos, dos 307 imóveis previstos, 293 já estão vazios e sendo demolidos. Na Vila União, há mais 166 moradias, sendo que 37 estão em processo de demolição e 25 desocupadas e prontas para serem demolidas. As famílias podem optar por indenização ou compra assistida de outro imóvel. Segundo o presidente da Emop, Ícaro Moreno Júnior, as obras de terraplenagem começaram em uma área já liberada de Uranos.

“Ali iremos construir um parque com duas quadras poliesportivas, um campo de futebol soçaite e uma área de recreação”, afirmou Ícaro.

Numa área das comunidades João Goulart e Vila União, que fica próxima à linha férrea, a Emop vai fazer uma pista de rolamento com três faixas numa extensão de dois quilômetros que dará seguimento à Rua Uranos. Depois de completada, a via terá mão no sentido Benfica, enquanto a Avenida Leopoldo Bulhões, hoje em mão dupla, seguirá apenas no sentido Bonsucesso. O sistema de drenagem da pista e duas pontes, uma sobre o Rio Jacaré e outra sobre o Rio Faria Timbó, já foram feitos.

O sistema de drenagem da pista e duas pontes já estão prontos

Também está sendo preparado um terreno, dentro da área conhecida como Dsup, na Avenida Dom Hélder Câmara, onde haverá um centro comercial com 20 quiosques destinados aos comerciantes já cadastrados pelo Trabalho Social, quadra poliesportiva, ciclovia, pista de patins, área de recreação, sanitários e estacionamento com 80 vagas.

As intervenções, que representam a complementação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 1) no Complexo de Manguinhos, custarão R$ 35 milhões e têm término previsto para o fim do ano, incluindo a construção de áreas de lazer e esportivas contíguas ao passeio público.

O processo de readequação de espaços no complexo, iniciado com a elevação da via férrea, a construção de uma moderna estação e a criação do parque linear, será completado numa outra etapa com a construção de mais um centro esportivo e de lazer, dotado de quadras de areia para futebol e vôlei, pista de atletismo, campo de futebol, ginásio poliesportivo coberto, quadras de múltiplo uso, parque infantil, quiosques e churrasqueiras, numa área de 21.600 metros que no lugar conhecido por Conab.

“Antes muito degradada e violenta, essa área de Manguinhos está se transformando num verdadeiro complexo esportivo e de lazer para a população. São praças de esportes, ciclovias, pistas para caminhada, quiosques, brinquedos, área de passeio e convivência, que, somadas às intervenções já realizadas na localidade de Embratel e no Dsup e, mais tarde, às obras previstas para o entorno do Canal do Cunha, estão trazendo uma completa mudança na qualidade de vida dessa parte da cidade”,  completou a coordenadora do PAC Social 2 da Emop, Ruth Jurberg.

O governo do estado, em parceria com o governo federal, já investiu R$ 567,7 milhões na primeira fase do PAC Manguinhos. Lá, foram entregues, entre outras obras, o Colégio Estadual Compositor Luiz Carlos da Vila, um complexo esportivo, um parque aquático, uma UPA 24h, uma biblioteca-parque, um Centro Vocacional Tecnológico (CVT) e 1.048 unidades habitacionais, além da elevação da linha férrea e construção da moderna estação de Manguinhos.

25/05/2021

​Teleférico do Alemão recebe projeto “Estações Culturais”

Três estações receberão atividades como exibição de filmes, apresentações de dança e teatro, além de oficinas

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Na estação Adeus, entre 10h e 14h, os visitantes poderão conferir a apresentação de balé do grupo “Vila Olímpica”

Neste sábado, 25/5, será a vez das estações Adeus, Baiana e Alemão, do Teleférico do Alemão, receberem o projeto "Estações Culturais", promovido pela SuperVia em parceria com ONGs e grupos culturais do Complexo do Alemão.

Na estação Adeus, entre 10h e 14h, os visitantes poderão conferir a apresentação de balé do grupo “Vila Olímpica”, além de terem a possibilidade de participar de oficinas de fuxico e assistir a um espetáculo de dança do ventre, apresentado por Michelle Nahid.

Entre 10h e 15h, na estação Baiana, haverá oficinas de brinquedos e de fotografia artesanal. Também será apresentada uma palestra sobre “Os resíduos que geramos”, e um debate sobre o assunto será realizado após a palestra. O público poderá, ainda, conferir uma exposição de fotos também relacionada ao tema da palestra. Das 13h às 15h, acontecerá o evento “Arteducando”, que englobará um círculo de leitura com materiais recicláveis e aulas de desenho e grafite em quadrinhos.

Na estação Alemão, das 10h às 14h, serão realizadas duas oficinas de artesanato, uma delas com integrantes da ONG Amigos do Complexo e outra na tenda Raízes em Movimento, do projeto Adubando Raízes Locais. Os visitantes poderão conferir, ainda, a exibição do filme “Zé Colmeia” e se divertir nas tendas de música, que estarão sob o comando do DJ Daniel Correa. Os interessados em esportes e lutas, poderão conferir, das 11h às 12h, uma roda de capoeira com os mestres Juarez e Martins.

O Teleférico do Alemão tem seis estações e, aos sábados, funciona das 8h às 20h. Moradores do Complexo do Alemão, devidamente cadastrados, têm direito a duas passagens gratuitas por dia. A tarifa custa R$ 1 para visitantes que utilizam Bilhete Único, Vale-Transporte ou Cartão Expresso. O passageiro que comprar a passagem diretamente na bilheteria paga R$ 5. (Imprensa RJ)

26/05/2021

​Arte moderna sobe o Morro do Borel e entra nas casas dos moradores

Obras ficam expostas nas casas até o dia 26 de junho e quem quiser conhecer pode marcar visitas guiadas

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Becos que antes eram ocupados por traficantes viraram pontos turísticos / Fotos: Gabi Nehring

Priscila Marotti

Um beco antes tomado por traficantes transformado em corredor artístico. Casas de moradores viram galerias. Um verdadeiro museu aberto para a comunidade e seus visitantes. Essa é a proposta do projeto Boreart, que está levando peças e confecções de artistas diversos para o Morro do Borel. As obras ficam expostas nas casas da comunidade até o dia 26 de junho e quem quiser conhecer pode marcar visitas guiadas pelo grupo do projeto no Facebook.

Cristina e a obra Chuva: "ligo o barulho para refletir"

As moradoras da comunidade Cristina Brito, 25 anos, e sua mãe, Luciene, de 43, não escondem o orgulho de abrigar em casa a obra “Chuva”, do coletivo multimídia Chelpa Ferro – uma árvore com favas secas que produz um som idêntico ao barulho da chuva com a vibração mecânica provocada por um pequeno motor. Nenhuma das duas visitou um museu, mas a parceria entre o projeto e o Museu de Arte Moderna do Rio, que levou essa e outras obras para a comunidade, vem mudando essa realidade.

“Quando me falaram que iam trazer uma obra de arte para cá eu pensei na hora que fosse um quadro. Nunca ia imaginar uma coisa diferente assim. Quando eu vi a árvore e o som que ela fazia fiquei impressionada. Às vezes eu ligo o barulho só para ficar refletindo. Dá uma sensação de paz essa peça. Minha mãe ficou toda boba, não só pela obra, mas por receber tanta gente de fora na nossa casa”, contou Cristiane, nascida e criada na comunidade.

A proposta inicial se tratava de levar um museu a céu aberto para a comunidade, mas por conta do clima instável e do calor as obras poderiam ser danificadas. Foi então que surgiu a ideia de entrar na casa dos moradores, que cederam uma de suas paredes e ganharam pequenas reformas. 

Para a mãe de Cristina, Luciene – que teve sua casa pintada para receber a obra – a “nova integrante” trouxe alegria e autoestima. “Eu gostei demais dessa peça. Não só por valorizar a minha casa, mas porque me senti mais perto da natureza com ela. Eu sempre gostei desse tema, de sustentabilidade. A gente fazia agenda de folha de bananeira aqui. Eu catava filtro de café usado para transformar em abajour e agora tem uma árvore na minha casa que é uma obra de arte. Muito lindo ver isso”, contou.

Fred Castilho é um dos criadores do movimento artístico do Borel 

O Boreart é uma ideia de um grupo de jovens que participam da Agência de Redes para Juventude, idealizada pelo produtor cultural Marcus Faustini, que está levando para as áreas pacificadas centros de discussão e desenvolvimento de propostas que visam mudar a realidade local. 

Em cada comunidade, as melhores propostas selecionadas recebem R$10 mil, para que seus idealizadores concretizem seus projetos. A Agência ajuda os jovens a administrar os fundos. O dinheiro do Boreart está sendo investido em material para os grafites e pequenas reformas nas casas que estão expondo as obras.

Estigma do tráfico é ‘quebrado’ com arte

A ideia de levar arte para o Borel foi de Fred Castilho, de 28 anos, nascido e criado na comunidade. Ele se juntou a Marcio Correia, de 17 anos; Kauã Gonçalves, de 15; Leonardo Ferreira, de 15; e Leandro Araújo, de 17, para desenvolver o projeto, que começou com o desejo de expor grafites nos muros de uma rua estigmatizada pela violência do tráfico, antes da implantação da UPP.

“Essa rua era conhecida como Barranco. Era aqui que os traficantes matavam e jogavam as pessoas de cima do muro. Quisemos quebrar essa lembrança com a arte. Conversei com o Faustini sobre o projeto e ele me incentivou a ir além do grafite, que era minha ideia inicial. Fui visitar o MAM, e conheci o Carlos Vergara. Ele me abriu os olhos para a arte e foi a partir daí que a ideia cresceu e virou o que estamos vendo hoje”, contou Fred. 

A Rua Nova, um dos ícones do tráfico na comunidade, foi decorada pelos artistas Marcelo Eco, Coletivo Gráfico (que trabalha com grafite e colagens), Mario Bentes, Trop e VTR TJK, que estilizaram muros e paredes do local.

Sr. Geraldo: "Deu vida ao meu bar, né?"

O Bar do Sr. Geraldo foi um dos contemplados pelas intervenções artísticas do Boreart. A parede preta e antiga deu lugar ao grafite colorido do Coletivo Gráfico. “Deu vida ao meu bar, né? Antes, era uma parede preta, suja e meio sem graça. Agora, as pessoas passam e ficam olhando, as crianças gostam. Chama a atenção pra onde trabalho e achei isso muito bom”, disse seu Geraldo Souza, de 65 anos, dono do bar. 

Na parede de entrada da casa da moradora Debora Alves, de 30 anos, estão penduradas duas das seis fotos da série "Des.Compressão.1973.", do artista plástico luso-brasileiro Artur Barrio. “Achei interessante por ser uma cultura que a comunidade não conhecia e que agora está entrando nas nossas casas. Essas fotos mesmo eu estranhei muito quando vi, mas agora já estou começando a apreciar”, contou.

Baixe aqui as fotos desta matéria em alta resolução.

26/05/2021

​Complexo Esportivo da Rocinha recebe abertura dos Jogos Estudantis 2013

Aproximadamente 13 mil alunos de escolas públicas e privadas participam da competição

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Jogos Estudantis 2013 é a principal competição esportiva de escolas públicas e privadas no estado.

Virgínia Cavalcante e Marcelo Santos (Imprensa RJ)

O Complexo Esportivo da Rocinha foi palco, neste sábado (25/5), da abertura dos Jogos Estudantis 2013, a principal competição esportiva de escolas públicas e privadas no estado. Este ano, aproximadamente 13 mil alunos regularmente matriculados no Ensino Fundamental e Médio participam do evento, que tem 437 escolas inscritas, sendo 283 públicas - 171 estaduais, 95 municipais e 17 federais - de 55 municípios do Rio de Janeiro. 

Neste fim de semana (25 e 26/5), os estudantes participam de 22 partidas (futsal e handebol) na capital e na Baixada Fluminense. 

Jogos estimulam os jovens a competir

"Este evento é muito importante para que jovens possam ser estimulados a competir. Novos talentos podem sair daqui", disse o subsecretário de Gestão de Ensino, Antônio Neto.

Aluna da Escola Municipal Silveira Sampaio, a velocista Gabriela Mourão, de 13 anos, é destaque nas provas de atletismo. Seu irmão, Vitor, foi campeão sul-americano nos 200m no ano passado, na categoria menor, disputado na Argentina.

"Estou ansiosa para participar novamente dos Jogos Estudantis. É uma boa experiência para quem está começando no esporte. Quero ganhar de novo e estou treinando para isso", disse Gabriela.

O atleta Luiz Altamir, de 17 anos, que estuda no Colégio QI, foi escolhido pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) como destaque nacional escolar em 2012, na categoria de 15 a 17 anos.

"Essa competição é muito importante para todos os atletas que querem a profissionalização no esporte. Estou na categoria de 15 a 17 anos, logo é meu último ano. Participo dos Jogos Estudantis desde os 12 anos. Acho que já tenho bastante experiência", afirmou Luiz. 

Os Jogos Estudantis 2013 serão classificatórios para representar o Rio de Janeiro na etapa nacional dos Jogos Escolares da Juventude. A competição nacional da categoria A será em Natal (RN) e as finais da B, em Belém (PA). A Secretaria de Esporte e Lazer custeará as passagens aéreas e dará uniformes aos atletas para duas categorias.

Divididas em duas categorias – A (de 12 a 14 anos) e B (de 15 a 17 anos), 14 modalidades serão disputadas em sete regiões fluminenses até o mês de outubro: Atletismo, Ciclismo, Ginástica Rítmica, Judô, Badminton, Luta Olímpica, Xadrez, Tênis de Mesa, Natação, Vôlei, Basquete, Futsal, Handebol e Vôlei de Praia. O secretário de Esporte e Lazer, André Lazaroni, e o subsecretário de Gestão de Ensino, Antônio Neto, participaram da cerimônia de abertura. 

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25/05/2021

​1º Baile da Terceira Idade das Comunidades agita o Jacarezinho

Evento fez parte do projeto “Jacaré em Movimento”, que levou uma série de ações para a comunidade

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Baile da Terceira Idade encerrou o dia de atividades na comunidade do Jacarezinho / Fotos: Gabi Nehring e divulgação

Priscila Marotti

O sábado de muitos moradores do Jacarezinho terminou ao som de Roberto Carlos, Frank Sinatra e outros ícones da música antiga no 1º Baile da Terceira Idade das Comunidades, que contou com a presença, e os passos, do secretário de Estado de Segurança, José Mariano Beltrame, e fez parte do projeto “Jacaré em Movimento” – uma ação de integração entre a polícia e os moradores que está movimentando o fim de semana da comunidade. 

As músicas da festa ficaram por conta da Orquestra Tupy, que tocou sucessos como Emoções, de Roberto Carlos, New York New York, de Frank Sinatra, Fogo e Paixão, de Wando, e uma trilha sonora que levou para a pista de dança não só os entusiastas da “feliz idade”, mas o próprio secretário, que aproveitou a companhia da esposa, Rita Paes, para bailar em um evento inédito voltado para a 3ª idade em comunidades pacificadas.

Beltrame e Rita Paes: "Verdadeiro passo nos degraus da pacificação”

“Conheci pessoas nascidas e criadas aqui que nunca tiveram um evento como esse. Elas estão precisando disso, estão chegando e se aproximando aos poucos. Isso aqui é o verdadeiro passo nos degraus da pacificação”, ressaltou o secretário.

Ao lado dele, o morador da comunidade Murilo Pereira, de 67 anos, chamava uma senhora para dançar. Como muitos outros presentes, era a primeira vez que ia a um baile daqueles na comunidade. Segundo ele, já espera ansioso pela segunda festa por um motivo especial: arrumar uma namorada.

“Aqui no Jacarezinho não tinha nada disso, nós não tínhamos essas oportunidades de lazer e fico feliz por estar podendo participar de um evento desses. Sou viúvo há seis anos. Acho que é uma ótima oportunidade para arranjar uma namorada nova”, contava, sorrindo, Murilo, que mora na comunidade há 40 anos.

Murilo foi ao baile para arrumar uma namorada

Juntas, as iniciativas inéditas no local reforçam as estratégias de aproximação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Jacarezinho. A ação contou com apoio de diversas instituições, lideranças comunitárias e representantes do comércio local com o objetivo de ‘sublinhar’ a integração entre a UPP e a comunidade em processo de pacificação.

Para a moradora Isabel Gomes, de 66 anos, a iniciativa foi “maravilhosa para a comunidade”. “A ação social de manhã e esse baile estão sendo revigorantes para nós. Estou adorando participar, já dancei com as minhas amigas e estou ainda mais feliz com a presença do secretário aqui. A gente se sente valorizado. Espero muito mais iniciativas como essa”, disse.

Isabel: "A gente se sente valorizado com a presença do secretário"

As atividades começaram na manhã deste sábado no Campo do Abóbora, onde uma estrutura com pelo menos 20 tendas foram montadas em uma área de aproximadamente 500 m² e um palco localizado ao centro. A comunidade pôde desfrutar de diversos serviços gratuitos como emissão de documentos, formalização e orientações para microempresários locais, serviços de saúde e internet, encaminhamento ao emprego, oficinas de artesanato, gesso e maquiagem, recreação com distribuição de brindes, além de cuidados com a beleza como cortes de cabelo, maquiagem, escova e manicure.

Cinco mil moradores participaram do evento “Jacaré em Movimento” 

Durante todo o dia cerca de cinco mil moradores passaram pela ação social, tendo sido feitos um total de 2.210 atendimentos pelos órgãos presentes, com 400 emissões de carteira de identidade, 180 cortes de cabelo, entre outras dezenas de serviços prestados à população da comunidade. Em um estande montado para conscientizar moradores sobre a hanseníase, quatro casos chegaram a ser detectados e encaminhados para cuidados médicos.

Crianças participaram da ação social na parte da manhã

De acordo com o comandante da UPP Jacarezinho, major Claudio Halick, a ideia do evento “Jacaré em Movimento” surgiu a partir de conversas com os comerciantes e moradores que desejam ver a comunidade do Jacarezinho longe do estigma de comunidade resistente à presença da polícia e ainda de antigo local para usuários de crack. “Isso aqui é fundamental para estabelecermos uma relação de confiança, respeito e troca com a comunidade. Quanto mais ações sociais e projetos chegarem, maiores serão as chances de mudarmos a cultura local e contribuirmos juntos para o processo de pacificação da comunidade.”, ressalta Halick.

Os comerciantes pediram para que a frase de apoio “Parado Vira bolsa” entrasse no nome do evento que ficou “Jacaré em Movimento – Parado vira bolsa”, uma maneira irreverente de dizer à comunidade que é preciso se movimentar para as mudanças sociais com a chegada da pacificação. Os comerciantes utilizaram o mesmo slogan de uma antiga campanha de fomento ao comércio local antes da chegada da UPP.

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24/05/2021

Governo do Rio e do Haiti assinam acordo de cooperação entre suas polícias

Convênio foi firmado pelo Governador Sérgio Cabral e o Primeiro-ministro Laurent Lamothe

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Em junho, chega ao Rio o primeiro grupo de policiais do país caribenho / Gabi Nehring e Shana Reis

​Priscila Marotti e Priscila Prestes

Acordo assinado pelo Governador Sérgio Cabral e o Primeiro-ministro haitiano, Laurent Lamothe, nesta sexta-feira, 24 de maio, permitirá a realização de intercâmbio de profissionais e de experiências entre a Polícia Militar do Rio e a Polícia Nacional do Haiti em áreas como estratégia de intervenção, pacificação, e polícia de proximidade. O objetivo é fomentar a troca de conhecimentos e técnicas entre os dois países. 

Já em junho, chega ao Rio o primeiro grupo de policiais do país caribenho. Eles conhecerão as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), a estrutura da Polícia Militar fluminense e o sistema de metas implementado pelo Governo do Estado, para diminuir os índices estratégicos de criminalidade.

A cerimônia de assinatura do convênio ocorreu no Palácio Guanabara

“O convênio foi feito tendo em vista a fase de transformação em que a Polícia Militar passa hoje, a partir das UPPs, e isso é o que o Haiti e a polícia deles identificou como necessário para implantar o seu processo de pacificação, que eles precisam se profissionalizar”, explicou o Coronel Robson Rodrigues da Silva, chefe do Estado-Maior Administrativo da Polícia Militar.

Entre as ações desse convênio estão o treinamento dos agentes haitianos por policiais fluminenses que vivenciaram na prática a experiência da pacificação. A montagem da programação será feita a partir das visitas ao Rio. A Polícia Nacional conhecerá as unidades especiais, como Bope, e a atuação delas no início do processo.

 “Temos um planejamento que é flexível. Temos pontos que eles querem ver e o que estamos indicando. O projeto de pacificação não é fechado e precisamos respeitar as peculiaridades locais”, esclareceu o chefe do Estado-Maior.

Ainda de acordo com o Coronel Robson, um dos pontos que despertaram o interesse dos haitianos é a experiência da proximidade da Polícia Militar depois da retomada do território, que não passa somente pela UPP, como por toda a polícia.

Coronel Robson. Convênio mostra fase de transformação da Polícia Militar

“Com um histórico de narcotráfico parecido com o do Rio de Janeiro, o Haiti pretende reformular sua polícia — hoje, baseada no exército — com o conceito da aproximação que vem sendo implantado no Rio de Janeiro. A experiência daqui será levada e adaptada à realidade haitiana”, explicou o Chefe do Estado Maior Administrativo. 

Panamá inaugura segunda UPC

A filosofia e a estratégia de Polícia de Proximidade, atualmente executadas no Rio de Janeiro por meio das UPPs, também serviram de modelo para a criação de Unidades de Polícia similares. Este é o caso do Panamá.

O país panamenho que inaugurou sua primeira Unidade de Polícia Comunitária (UPC) em 10 de dezembro de 2012 na Comunidade de Curundu, está se preparando para implantar no domingo, 3 de junho, sua segunda UPC, na comunidade de El Chorillo, com o objetivo de diminuir os índices de violência na localidade.

De acordo com a Tenente Tatiana Lima, subchefe da Divisão de Ensino e Pesquisa da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) — que participou da capacitação de duas turmas de oficiais panamenhos com objetivo de prepará-los para servirem nas UPCs —, a Unidade de Curundu já vem apresentando índices de sucesso. “Nos primeiros três meses de projeto, o índice de homicídio nas divisas da comunidade foi zerado”, pontuou a oficial.

A ideia do Panamá em aplicar a doutrina de polícia de proximidade, criada e adotada pelo Governo Fluminense, começou em julho de 2012 quando autoridades do País vieram ao Rio e firmaram um acordo, visando à capacitação dos policias panamenhos no modelo, com o objetivo de formar agentes multiplicadores da nova metodologia policial. 

A tenente explicou que para trabalhar na UPC, os agentes panamenhos passaram por um rigoroso treinamento ministrado por oficiais brasileiros, o qual participou, dentro do escopo do Curso de Multiplicador de Polícia Comunitária. “Nossa missão era capacitar os oficiais de nível superior, para que eles fossem propagadores do conceito para sua respectiva tropa”, afirmou.

A oficial contou que os policiais panamenhos tiveram aulas de técnicas de abordagem, polícia de proximidade e mediação de conflitos. “Fomos para quebrar a barreira do preconceito interno com a mentalidade antiga da polícia, pregando a filosofia da polícia de proximidade”, disse Tatiana, que viajou três vezes para o país, duas delas para realizar a capacitação dos policiais.

A polícia panamenha aplicou a doutrina da polícia fluminense à realidade do país. É o que frisa a tenente.  “O lema deles é a construção com policiamento para evitar a favelização. No Rio, aconteceu o contrário, primeiro entrou a polícia para depois entrar a iniciativa privada. Isso ocorreu devido aos panoramas serem distintos”, disse Tatiana. 

A Tenente Tatiana Lima participou da capacitação de oficiais panamenhos

Tatiana lembrou que o Rio tinha um cenário com grandes facções, elementos fortemente armados, e uma polícia que só entrava nos territórios com o auxílio das forças especiais, como Bope e Choque. “No Panamá, além de terem uma polícia única em todo território, não existia um grupo único fortemente armado em determinada comunidade, e sim vários pequenos grupos ocupando uma mesma localidade. O objetivo deles era tentar diminuir o número de homicídio, que era alto em função da presença de muitos grupos rivais”, explicou. 

O Coordenador Geral de Ensino e Instrução da CPP, Tenente-Coronel Gilbert Carvalho, está com as malas prontas para embarcar para o Panamá para a inauguração da próxima UPC. Durante a viagem, ele também fará a capacitação de policiais panamenhos no modelo de polícia de proximidade. O oficial adiantou que, atualmente, o Panamá realiza estudos de implantação de UPP na Favela San Maria, na Província de San Miguelito. 

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24/05/2021

Projeto “Jacaré em Movimento” e agita Jacarezinho neste fim de semana

Moradores terão atrações como 1º baile da 3ª idade das comunidades pacificadas

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Uma ação de integração entre a Polícia e os moradores da favela do Jacarezinho movimentará o fim de semana da comunidade

​Ascom CPP

Uma ação de integração entre o Governo do Estado, Polícia Militar e os moradores da favela do Jacarezinho movimentará o fim de semana da comunidade com uma ação social, um baile da 3ª idade e um torneio de futebol. Trata-se do projeto “Jacaré em Movimento – Parado vira bolsa”, que será lançado neste sábado, 25 de maio. 

O projeto é uma iniciativa da Secretaria de Governo em parceria com a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Jacarezinho para a implementação de atividades inéditas no local, visando a reforçar as estratégias de aproximação da Polícia com a comunidade. O projeto conta, também, com apoio de diversas instituições, lideranças comunitárias e representantes do comércio local com o objetivo de ‘sublinhar’ a integração entre a UPP e a comunidade em processo de pacificação.

As atividades começam a partir das 9h deste sábado no Campo do Abóbora, onde uma estrutura com pelo menos 20 tendas foram montadas em uma área de aproximadamente 500 m² e um palco localizado ao centro. A comunidade poderá desfrutar diversos serviços gratuitos como emissão de documentos, formalização e orientações para microempresários locais, serviços de saúde e internet, encaminhamento ao emprego, oficinas de artesanato, gesso e maquiagem, recreação com distribuição de brindes, além de cuidados com a beleza como cortes de cabelo, maquiagem, escova e manicure.

Sucos e sovertes farão a alegria da criançada ao serem distribuídos gratuitamente para os pequenos que irão ajudar os grafiteiros da comunidade na finalização de suas obras. Na ocasião, os artistas pintarão as paredes do Campo do Abóbora com temas de paz. O destaque é uma arte, que será finalizada amanhã, com a frase “Agora aqui é lugar de craque”, uma referência às transformações sociais feitas por meio do esporte para os jovens e adolescentes da favela. A ação social terminará no fim da tarde com a apresentação do grupo Clareou, cantando sambas de sucesso no palco central.

Ação inédita em UPP

No fim da tarde, a partir das 17h, a comunidade se desloca para quadra da Unidos do Jacarezinho onde acontecerá o 1º Baile da 3ª Idade para as senhorinhas da “feliz idade” como elas mesmas se denominam. O baile contará com músicas executadas pela tradicional Orquestra Tupy em um evento inédito voltado para a 3ª idade em comunidades com UPPs. No domingo (dia 26), o evento encerrará com um torneio de futebol no Campo do Abóbora com a participação de oito equipes formadas por adolescentes e jovens moradores da comunidade, disputando o campeonato.

Afastar estigmas

De acordo com o comandante da UPP Jacarezinho, major Claudio Halick, a ideia do evento “Jacaré em Movimento” surgiu a partir de conversas com os comerciantes e moradores que desejam ver a comunidade do Jacarezinho longe do estigma de comunidade resistente à presença da polícia e ainda de antigo local para usuários de crack. “Quanto mais ações sociais e projetos chegarem, maiores serão as chances de mudarmos a cultura local e contribuirmos juntos para o processo de pacificação da comunidade”, ressalta Halick.

Curiosidade irreverente

Os comerciantes pediram para que a frase de apoio “Parado Vira bolsa” entrasse no nome do evento que ficou “Jacaré em Movimento – Parado vira bolsa”, uma maneira irreverente de dizer à comunidade que é preciso se movimentar para as mudanças sociais com a chegada da pacificação. Os comerciantes utilizaram o mesmo slogan de uma antiga campanha de fomento ao comércio local antes da chegada da UPP.

SERVIÇO:

 Dia 25 de maio (sábado)

Ação Social

Local: Campo do Abóbora

Horário: 9h às 16h

1º Baile da 3ª Idade

Local: Quadra da Unidos do Jacarezinho

Horário: a partir das 17h

 Dia 26 de maio (domingo)

Torneio de Futebol

Local: Campo do Abóbora

Horário: a partir das 9h

Este projeto conta com o apoio das seguintes instituições e empresas: Defensoria Pública, Detran, Setrab (Secretaria de Estado do Trabalho e Renda), SMDS (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social), Fundação Leão XIII, CCDC (Centro Comunitário de Defesa da Cidadania), Sistema Firjan, Sesi Cidadania, Rio Solidário, Secretaria de Assistência Social, CRJ (Centro de Referência da Juventude), Schin, Kibon, CVT, FAETEC, Sebrae/RJ, Natura, Operação Lei Seca, Seconci (Serviço Social da Indústria da Construção do Rio de Janeiro), Internet Digital, Clínica da Família.

24/05/2021

Na ponta dos pés

Menina do Tabajaras conquista sonho de dançar no Municipal

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Lívia de Oliveira foi selecionada para fazer parte do elenco da ópera “Aida”, de Giuseppe Verdi / Bruna Cerdeira e Gabi Nehring

​Bruna Cerdeira

Os olhinhos brilharam quando a pequena Lívia de Oliveira entrou pela primeira vez no Theatro Municipal. Ao ver a única bailarina negra de um grupo de balé dançando sozinha no palco, um dos atos de uma peça, a menina, que na época tinha apenas seis anos, olhou para a mãe e disse: “Mãe, um dia eu vou ser aquela negra e vou dançar no palco do Theatro Municipal”. 

Apenas dois anos depois, o sonho, em parte, se realizou. Lívia foi uma das 20 crianças selecionadas para fazer parte do elenco da ópera “Aida”, de Giuseppe Verdi, que ficou em cartaz no Theatro Municipal até o início deste mês. 

"Quero virar bailarina, professora de balé e fazer apresentações em vários países”

“Fiquei muito feliz de dançar na ópera, mas na estreia, quando vi a plateia cheia de gente, fiquei muito nervosa, tinha borboletas na barriga” (risos), contou Lívia, hoje com oito anos.

“Quando foi se apresentar pela primeira vez, minha filha me perguntou se eu lembrava o que ela me disse quando a trouxe para ver uma peça. Eu falei que sim e ela completou: ‘Então, eu estou no palco do Theatro Municipal’. Foi maravilhoso, me emocionei muito, meus olhos se encheram de lágrimas e eu tive que me segurar para não chorar. É um sonho e eu divido isso com ela, apoio e vou apoiar sempre, em tudo que ela precisar”, disse Bianca de Oliveira, 34 anos, mãe de Lívia. 

Talento

A pequena bailarina fez os primeiros movimentos suaves de balé em um espaço de cimento, sem barra ou espelho e com a estrutura bem limitada de um projeto na comunidade Tabajaras, em Copacabana, onde mora desde que nasceu. O projeto surgiu depois da instalação da UPP e, apesar de todas as dificuldades, permitiu que a menina se desenvolvesse e, em menos de um ano, mostrasse que tem talento. 

A professora Nathalia Leite aposta no futuro de Lívia como bailarina

A professora Nathalia Leite, de 28 anos, percebeu que a menina tem futuro e incentivou a mãe a inscrevê-la em um teste para ganhar uma bolsa na Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, que pertence à Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a mais tradicional escola de balé clássico do país, criada em 1927.

“Desde o início eu vi que a Lívia era talentosa, e a Bianca uma mãe que iria se dedicar e apoiar a filha. Fiquei muito feliz quando elas vieram me contar que a Lívia tinha sido aprovada e ganhou a bolsa. Foi uma das minhas maiores realizações profissionais. Tudo aconteceu muito rápido, eu não esperava. Fiquei surpresa e me senti mais realizada pela dedicação da Lívia”, afirmou Nathalia.

“A Lívia me pede para fazer balé desde os três anos de idade. Quando fiquei sabendo do projeto na comunidade, fiz a matrícula dela. A professora Nathalia conversou comigo, disse que ela tinha talento e falou sobre a escola de dança. Resolvi colocá-la para fazer o teste, mas por ela dançar há pouco tempo, nunca imaginei que fosse conseguir. Quando saiu o resultado, minha vontade foi gritar e sair pulando de alegria! É um sonho se realizando e se ela quiser, pode ser o futuro dela. Quem sabe ela não vai fazer a diferença?”, disse Bianca.  

Bianca de Oliveira. Apoio para ver a filha dançar no Theatro Municipal

Superação

O caminho para se formar bailarina é longo. Lívia tem aula todos os dias, das 14h às 15h. Ela está no nível preliminar, que dura um ano. Depois são mais dois anos no nível básico, três no nível médio e três no nível técnico, totalizando nove anos, até virar bailarina profissional. 

Além da rotina de treinamento, Lívia vai precisar superar outra marca. Repetir a história de Mercedes Baptista que, em 1948, passou no exigente concurso e entrou para o Corpo de Baile do Theatro Municipal, e se tornou a primeira bailarina clássica negra brasileira.  

Mercedes nasceu em 1921, em uma família humilde, no município de Campos, no Norte Fluminense. Desde jovem, sonhava em ser bailarina e aos 24 anos começou a fazer as primeiras aulas de balé clássico. Três anos depois, decidiu participar do concurso para ingressar no Corpo de Baile do Municipal e foi selecionada.

Hoje, Lívia está tendo a oportunidade de alcançar o feito de Mercedes Baptista. Segundo a professora de Lívia, Paula Albuquerque, 40 anos, que dá aula na Escola de Dança Maria Olenewa há 20, a menina tem talento, mas o amor pela arte também é muito importante.

“A exigência é muito grande e elas precisam atingir um nível técnico muito difícil. Se não forem apaixonadas pelo que fazem, não conseguem ficar e se formar. A Lívia é muito dedicada e bastante talentosa. Ela está sempre atenta quando faço correções e isso é muito importante. O balé exige disciplina, concentração e isso ela está mostrando que tem, mesmo sendo tão nova”, completou Paula. 

De família humilde, Lívia tem uma interessante história de superação

Formação

A Maria Olenewa é uma escola de dança exigente. As aulas do curso são gratuitas, cabendo aos alunos os custos com uniforme e outras despesas envolvendo a formação. Ao final de cada bimestre, eles precisam de uma nota mínima igual a cinco (5.0) e no final do ano fazem uma prova prática. 

A partir do nível básico, só pode haver uma reprovação. Caso haja uma segunda, o aluno perde a vaga. O nível preliminar é eliminatório. Se não tiver o aproveitamento satisfatório, a criança não vai adiante. O rigor não assusta e nem desanima Lívia, que sabe bem aonde quer chegar. 

“Eu quero continuar aqui, virar bailarina, professora de balé e fazer apresentações em vários países. Quando minha mãe me levou para ver uma peça de balé, falei que queria ser como a negra e dançar no palco. Agora eu sou uma delas e até já dancei no Theatro Municipal”.

Determinada, a menina que começou a dançar em um chão de cimento, na comunidade Tabajaras, hoje se apresenta em um dos palcos mais cobiçados pelas bailarinas do país. Por enquanto, Lívia ainda é aluna da Escola de Dança Maria Olenewa, mas quem sabe não vai se formar bailarina e realizar o sonho de dançar, sozinha, um ato no palco do Theatro Municipal.

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23/05/2021

Futuros ocupantes visitam casarão reformado no Pavão-Pavãozinho

Imóvel de quatro andares vai abrigar 27 famílias da comunidade

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Leidiane e Guilherme vão morar no imóvel reformado pela Secretaria Estadual de Obras, através do PAC / Érica Ramalho

​Ascom Seobras

As 27 famílias que vão ocupar o antigo casarão de quatro andares, no Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, Zona Sul do Rio, reformado pela Secretaria Estadual de Obras, no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), estão sendo chamadas para conhecer a futura moradia. Agendadas pela Secretaria de Obras, responsável pela reforma do imóvel, as visitas estão sendo feitas em grupos e começaram no dia 14 e terminam no dia 31. Quatorze famílias já foram ver as unidades, e conheceram os apartamentos dos segundo e terceiro andares.

Leidiane Aguiar Alves Melo, 24 anos, era uma delas. Casada com Guilherme Viana dos Santos e mãe de Tainá, de 3 anos, não vê a hora de tomar posse e decorar o apartamento de sala, dois quartos, cozinha e banheiro. Ela e as demais 26 famílias vão morar no imóvel, provavelmente a partir do próximo mês.

“Vim conhecer as dependências e medir o tamanho de cada cômodo para comprar pisos e móveis adequados. Quero tudo bonito. Gostei muito do espaço, a Tainá vai poder ter o quartinho dela e espaço pra brincar.  O prédio está novinho, é arejado e com um bom ambiente. Antigamente aqui era muito sujo”, recorda Leidiane.

Simone Tomaz Marques também foi conhecer o novo lar

Ela vai ser vizinha de Simone Tomaz Marques, 33 anos, e de Claudete da Silva, 32, que também foram lá conhecer o novo lar. As três e as demais 24 famílias eram habitantes do antigo lugar e viviam em precárias condições. O prédio foi um hotel, abandonado na década de 1980, por causa do aumento dos conflitos causados pelo tráfico de drogas, e invadido por dezenas de famílias que se instalaram no imóvel sem as mínimas condições de segurança e conforto.

“O prédio não tinha água nem gás encanado, as fiações elétricas ficavam penduradas do lado de fora, com o risco de causar um incêndio, não havia recolhimento de lixo. Enfim, um caos completo. Morria de medo quando chovia. Mas, agora é diferente. É uma moradia digna e segura”, agradece Simone que morava no antigo casarão desde quatro anos de idade.

Situado no início da Rua Saint Roman, com acesso pelo Beco do Amor Perfeito, o imóvel recebe os últimos retoques antes de ser novamente ocupado pelas famílias que, desde a remoção, há mais de um ano, vivem com aluguel social pago pelo governo do estado. Das 35 famílias que habitavam o antigo casarão, seis foram morar no conjunto habitacional construído pelo PAC 1 perto do Espaço Criança Esperança, uma recebeu indenização e outra ganhará um apartamento no que está sendo erguido na Rua Saint Roman, o chamado AR-5.

O imóvel recebe os últimos retoques antes de ser novamente ocupado

Nas obras da segunda etapa do PAC no Complexo de Pavão-Pavãozinho/Cantagalo, entre Copacabana e Ipanema, estão sendo investidos R$ 46 milhões, em parceria com o governo federal, e incluem ainda a construção na Rua Saint Roman de mais dois conjuntos habitacionais, o AR-5 e o AR-3, cada um com três blocos.

No primeiro, com 28 apartamentos, dois blocos já estão prontos. O terceiro bloco está em fase final de construção. Os apartamentos serão ocupados pelas famílias realocadas da Rua Custódio de Mesquita.

O outro condomínio, situado perto do plano inclinado e com 48 apartamentos, está em construção. Nos apartamentos vão morar famílias realocadas da Avenida Pavão e da Rua Custódio de Mesquita.

Os primeiros dos 350 metros da Rua Custódio de Mesquita, que liga a comunidade à estação General Osório do metrô, já foram alargados e ganharam pavimento, calçadas e uma mureta de proteção. O restante do percurso será dividido em duas etapas para efeito de demolição de imóveis e alargamento: uma até a quadra de esportes e a outra até o mirante. As famílias realocadas estão no aluguel social enquanto não mudam para os apartamentos do AR-5.

Com até seis metros de largura, a via  permitirá a circulação de veículos para prestação de serviços públicos e melhorar a mobilidade dos moradores. Em outra etapa, está prevista uma extensão de 140 metros, à direita do mirante, até o local conhecido por Quebra-Braço para facilitar a coleta de lixo.

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22/05/2021

Ateliê de moda na Barreira do Vasco espera aumentar lucro com a pacificação

Empreendimento familiar criado há três anos ganha impulso no mercado

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Entre os grupos mais animados com os benefícios da pacificação estão os empreendedores como o Retalhos Cariocas / Marino Azevedo

​Priscila Marotti

A Unidade de Polícia Pacificadora na Barreira do Vasco, em São Cristóvão, completou um mês no dia 12 de maio, mas já é grande a expectativa dos moradores em relação às melhorias de serviços públicos e a perspectiva de parcerias com organizações e empresas privadas, por conta da UPP. 

Entre os grupos mais animados com os benefícios da pacificação estão os empreendedores, como as sócias do Retalhos Cariocas, empresa local que confecciona bolsas e acessórios reaproveitando materiais. 

A base de produção da Retalhos Cariocas funciona há três anos em um imóvel localizado ao lado de onde foi  instalada a UPP. O empreendimento surgiu com as moradoras Maria de Fátima, de 66, e sua filha Silvinha Oliveira, de 35 anos, que começaram a fazer moda sustentável e capacitar grupos de mulheres na área de corte e costura, visando a uma nova modalidade de geração de renda local. 

Maria de Fátima ensinou corte e costura a mulheres da comunidade

“Nós sempre corremos muito atrás para que tudo funcionasse bem. O primeiro espaço que conseguimos ficava ao lado de uma boca de fumo. Isso começou a afugentar as clientes. Saímos de lá e conseguimos vir para este local, onde estamos até hoje. Teve época que eu queria dar aula de costura e as pessoas ainda tinham medo. Isso, agora, vai melhorar. As pessoas começam a sentir mais segurança para entrar e andar por aqui”, conta dona Maria de Fátima, que costura desde os nove anos e mora na comunidade há 44.

Frequencia aumentou 

Silvinha atua no mercado há 10 anos e diz que mesmo com as dificuldades de espaço e a falta de oportunidades, a empresa vem crescendo e se estabelecendo no setor. Outro ponto positivo para Silvinha é a oportunidade de, por meio da sua empresa, inserir a sua comunidade na lista dos bons empreendimentos comunitários que vêm se destacando na cidade, a partir da pacificação. Além disso, disse ela, há a gratificação de poder trabalhar a questão da sustentabilidade e da inserção da mulher no mercado de trabalho.

“Não é fácil gerir uma empresa autossustentável, principalmente sem apoio. Mas acreditamos muito no que fazemos e lutamos por isso. Com a estrutura que temos, já participamos do Fashion Rio e de outros eventos de moda, aprovamos um projeto pelo qual conseguimos capacitar 20 mulheres na África, e continuamos nos mantendo como uma loja de roupas e acessórios e capacitadoras”, explicou Silvinha, que vê na entrada da UPP novas oportunidades.

Silvinha Oliveira. Sustentabilidade e inserção da mulher no mercado de trabalho

 “A gente espera poder contar com o apoio de empresas e parceiros, que passam a olhar para as comunidades com mais atenção após a pacificação. As pessoas começam a procurar e querer saber como podem ajudar, porque a comunidade começa a ser reconhecida. E precisamos muito dessa ajuda. Depois da UPP, a frequência de pessoas aqui no atelier já aumentou”.

Estilo carioca

Os acessórios e sandálias são produzidos com materiais doados — sacos plásticos, chapinhas e garrafas pet — no ateliê, que atende 20 mulheres por curso, conta com três máquinas de costura, algumas araras utilizadas para guardar as peças produzidas com estilo carioca e bem despojado. 

A publicitária Luciana Meireles (responsável pelas finanças), Luciana Almeida, e Nadja Araújo (que lidera a parte de produção) completam o grupo de empreendedoras que assina peças de roupa, sandálias e acessórios únicos e irreverentes feitos de tecidos e banners doados por empresas. 

Os acessórios e sandálias são produzidos com materiais doados

“A gente quer ser uma marca que faça com que as pessoas se sintam bem, não só com a roupa, mas consigo mesmas, até por conta da capacitação que oferecemos aqui. É muito gratificante ver meninas realizando o sonho de aprenderem na área, saindo daqui para o mercado e até para outros cursos”, conta Nadja que também moradora da comunidade.

Mais oportunidades

A história de Viviana Rodrigues, de 30 anos, é uma das muitas vividas dentro da empresa. Nascida na Paraíba, veio para o Rio, há dois anos, em busca de realizar o sonho de trabalhar na área de moda. “Eu não sabia absolutamente nada, nem de costura. Mas sabia que era isso que eu queria. Cheguei sem oportunidade nenhuma e foi aqui que me deram essa chance. Não sabia colocar uma linha na agulha e hoje dou aula para outras meninas que estão começando como eu comecei”, lembrou.

“A gente vê que as pessoas estão nos procurando, por conta da pacificação. Espero que isso crie mais oportunidade, que possamos conseguir um espaço maior, com mais estrutura, para realizar mais sonhos como o meu”, completou.

As expectativas são muitas: lançar a coleção de roupas “Retalhos Cariocas”, continuar colaborando com a comunidade, conseguir parceiros e um espaço maior, além de administrar o atual ateliê como base de produção e geração de renda para moradores da Barreira do Vasco e adjacências.

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21/05/2021

Policiais levam livros e cultura para crianças do Morro da Babilônia

Projeto "Contando contos" foi criado pelos Soldados Alves e Sheila, da UPP local

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As crianças formam uma roda no Espaço Sobradinho para ouvir as histórias contadas pelos soldados da UPP / Bruna Cerdeira

​Bruna Cerdeira

De um lado, uma arma que protege e traz segurança. De outro, uma maleta cheia de livros que educam e trazem cultura. A Soldado Sheila, lotada na UPP Babilônia/Chapéu-Mangueira, no Leme, há dois anos e meio, é ansiosamente aguardada por cerca de 50 crianças que estudam na escolinha Tia Percília.Todas as quintas-feiras, Sheila vira a contadora de histórias do projeto “Contando contos”. E ela leva jeito para a coisa. 

No intervalo do reforço escolar, por volta das 16h, os alunos são levados para o Espaço Sobradinho, deck com vista para o mar, que fica em frente à escolinha. Elas formam uma grande roda e ficam sentadinhas ouvindo as histórias e interagindo com a “tia Sheila”. As crianças participam, imitam risadas e passos dos personagens, e perguntam coisas, tentando adivinhar o que vai acontecer nos contos.

A SD Sheila e a sua maleta com os livros. "Policiais são pessoas normais"

“Gosto muito de ouvir a tia Sheila contando história. Quando eu vou para casa, sempre peço para minha mãe contar histórias para mim”, contou Suellem Souza, de sete anos. 

A ideia inicial foi do Soldado Alves, que percebeu o talento da colega para lidar com crianças e decidiu criar o projeto. O objetivo do “Contando contos” é incentivar a leitura e despertar o interesse pelos livros, fazendo com que as crianças criem o hábito de ler também em casa, e não apenas na escola. 

“Só de conversar com a Sheila eu percebi que ela leva jeito para a ‘contação’ de história. Quando dei a sugestão de fazermos o projeto, ela se empolgou na hora e resolvemos colocar em prática. Conversamos com a coordenadora da escola Tia Percília, Maria Lúcia Pereira, e ela concordou em nos ajudar”, contou o Soldado Alves.  

Suellen (de preto) e Raylene Cristina não eprdem uma roda de leitura

Maria Lúcia trabalha na escolinha há mais de 20 anos. A coordenadora é uma apaixonada por livros e sempre tentou passar isso para as crianças. Ela já lia histórias dentro da escola, e se animou com a iniciativa dos policiais.

“Guardo uns livros dentro de uma maleta e costumo ler para os alunos. Quando os policiais vieram conversar comigo, gostei do projeto e emprestei a maleta para eles. O importante é contar histórias, e do lado de fora da escola mais crianças podem participar”, disse Maria Lúcia.    

Visando aproximar a família das atividades desenvolvidas com as crianças, os policiais convidaram as mães a participar do “Contando contos”. Eles quiseram mostrar como o papel delas é fundamental para incentivar a leitura no ambiente familiar. O retorno tem sido muito grande.

“Às vezes chego cansada e minha filha vem cheia de livros, querendo que eu leia para ela e que ajude a escrever, e eu a ajudo. Ela me faz ler e eu leio muita história pra ela em casa”, disse Raimunda Souza, 25 anos, mãe de Suellem.     

Para a Soldado Sheila, o projeto também é muito importante para aproximar, cada vez mais, a comunidade dos policiais, visando a estimular o envolvimento social da polícia com todos os moradores. 

Telma de Jesus compra livros para a filha e agradece a iniciativa dos PMs

“Eu venho contar histórias fardada, com arma na cintura. Isso é proposital. Quero que as crianças e os pais entendam que nós policiais não somos do mal, somos pessoas normais e queremos fazer o bem. Antes, as crianças perguntavam tudo, até quantas pessoas eu já matei, em quem eu já atirei. Hoje conseguem entender que a arma serve para protegê-las. A partir daí elas se aproximam, me abraçam e nem lembram mais que estou armada. Isso é o mais legal”, afirmou a Soldado Sheila. 

A menina Raylene Cristina, de oito anos, adora o projeto e contou que nunca tinha visto uma policial sentada no chão, lendo histórias. A mãe dela, Telma de Jesus, 29 anos, sempre incentivou a filha a ler. Telma compra livros e hoje agradece aos policiais pela iniciativa.

“Antes da UPP a gente não via isso aqui na comunidade. A maioria dos pais não tem dinheiro para pagar alguém para cuidar dos filhos enquanto estão trabalhando, então esse apoio que eles estão dando é ótimo. Além disso, os policiais estão conseguindo se aproximar dos moradores. A Raylene adora a atividade e a tia Sheila. Quando a vê, já corre para abraçá-la” garantiu Telma. 

Além dos livros emprestados pela Escolinha Tia Percília, o projeto conta com doações. A Tenente Paula Apulchro, comandante da UPP Babilônia/Chapéu-Mangueira, doou cerca de 30 livros para as crianças. Com o sucesso do "Contando contos", o objetivo dos policiais é, com o tempo, conseguir estender esse projeto até os jovens da comunidade.

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18/05/2021

Arcebispo do Rio celebra missa em capela que será visitada pelo Papa Francisco

Dom Orani disse que o Papa poderá visitar as casas de fiéis, em Maguinhos

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O Papa Francisco celebrará missa na capela São Jerônimo, durante a Jornada Mundial da Juventude / Gustavo de Oliveira

​O Arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, celebrou uma missa na manhã deste sábado, 18 de maio, na igreja que vai receber a visita do Papa Francisco em julho, durante a Jornada Mundial da Juventude, que será realizada no Rio de Janeiro entre os dias 25 e 28 de julho. 

A Capela São Jerônimo Emiliani, localizada na entrada da comunidade Varginha, uma das mais pobres do Complexo de Manguinhos, Zona Norte, tem capacidade para cerca de 120 pessoas e ficou lotada. Muita gente teve que acompanhar a cerimônia do lado de fora.

Mais de 120 pessoas forama assistir à missa celebrada por Dom Orani

A visita do Papa está agendada para o dia 25 de julho, uma quinta-feira. Depois de rezar uma missa no local, o Pontífice conversará com alguns jovens e, em seguida, caminhará até o campo de futebol da comunidade, onde fará um discurso aos fiéis. No caminho, segundo Dom Orani, não haverá grades cercando o Papa, que poderá, inclusive, entrar em algumas casas e conversar com moradores.

No mês passado, Dom Orani esteve em Varginha acompanhado por uma comitiva de aproximadamente 30 pessoas, para definir a agenda do Papa. 
De acordo com o arcebispo, a escolha da comunidade foi determinada pelos profissionais envolvidos na segurança do Papa, e a proximidade da Capela São Jerônimo da rua Leopoldo Bulhões, por onde o Papa vai chegar, foi um dos fatores que influenciou na escolha.

De acordo com o Arcebispo, o Papa Francisco celebrará uma missa na capela, terá encontro com três jovens e, em seguida, caminhará até o campo de futebol da comunidade, onde será montado um palanque para que ele faça um discurso para os moradores.  

18/05/2021

Sarau anima abertura da FLUPP Pensa 2013 no Morro dos Macacos, em Vila Isabel

Festa literária das comunidades pacificadas acontece em novembro

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A FLUPP deste ano vai selecionar 41 novos autores de comunidades como Lindaci Menezes e Marcio Januário / Gabi Nehring

​Bruna Cerdeira

Na comunidade do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, foi realizada, na tarde deste sábado, 19 de maio, a abertura da FLUPP Pensa 2013. O evento é uma iniciativa criada para estimular a participação de novos escritores de comunidades pacificadas na 2ª Festa Literária Internacional das UPPs (FLUPP), que prevista para se realizar entre os dias 20 e 25 de novembro. 

A programação contou com a presença do escritor Marco Lucchese, eleito recentemente para a Academia Brasileira de Letras (ABL), e do poeta mineiro Ricardo Aleixo, além de moradores da comunidade inscritos na FLUPP e de curiosos. 

“Muita alegria em participar desse projeto. Além de poder compartilhar um pouco do que eu faço nesse contexto de transformação, ainda escuto novas histórias. Essas pessoas têm muito para falar e a cultura nasce dessa troca”, garantiu Aleixo.

O poeta Ricardo Aleixo prestigia a Festa Literária das UPPs

Este ano, 41 novos autores serão selecionados em 20 comunidades, entre os meses de maio e novembro, em saraus literários, como o que ocorreu no Morro dos Macacos, com a participação de poetas e escritores consagrados.   

A FLUPP terá três categorias: romance, poesias e narrativas com contos e crônicas. Durante festa literária, os participantes terão de escrever sobre um determinado tema e os textos serão avaliados por uma banca. 

Além disso, todo mês terão encontros marcados com os escritores, em diversas comunidades. No dia 7 de dezembro, três livros serão lançados: um de contos, com textos de 20 novos autores, um de poesias, também com 20 nomes e um romance.

“Nós vamos ler os textos e dar um retorno aos autores, ajudando sempre na elaboração e na questão estética. Nosso papel não se restringe a um julgamento, mas a um processo de formação de leitores e novos autores. A cada encontro eles poderão aprimorar os textos”, disse Alexandre Faria, professor de Literatura da Universidade Federal de Juiz de Fora e um dos escritores da banca de avaliação. 

Como idealizador e organizador da Flupp, o escritor Julio Ludemir quer propor o encontro democrático entre os autores consagrados e os novos autores que estão surgindo nas comunidades e periferias da cidades. Segundo ele, está havendo uma falência da literatura, porque os autores não se renovam e com isso as histórias se repetem. 

Julio Ludemir é o idealizador e organizador da FLUPP

“É preciso descobrir novas histórias e essas pessoas querem contar essas histórias, elas estão ali. Eu sempre entendi o Rio de Janeiro através da violência, da carência nas favelas, mas hoje não se fala disso. As comunidades estão cheias de gente conectada, informada, querendo conhecer, aprender e, principalmente, se expressar. A Flupp quer acreditar mais no sonho dessas pessoas e criar oportunidades para se tornarem novos autores”, falou Julio. 

Dona Ana Marcondes Farias é uma dessas sonhadoras. Há mais de dois anos ela escreve o editorial do jornal do Centro Comunitário Lídia dos Santos, no Morro dos Macacos, e aos 76 anos ela realizou o desejo de escrever sobre a história da comunidade onde morou por mais de 40 anos. 

Ana Farias, 76 anos, escreveu uma história sobre a sua comunidade

“Sempre tive vontade de contar a história do Morro dos Macacos. Morei aqui tanto tempo e nunca pensei em ter uma oportunidade como essa. Estou emocionada e quero que no final meu texto esteja no livro”, afirmou ela. 

Lucchese disse que se sentia profundamente emocionado “com esse diálogo que está nascendo”. Segundo ele, uma iniciativa como a FLUPP é uma vitória da cidade do Rio de Janeiro e do Brasil como um todo.

“Essas pessoas estão ganhando um protagonismo necessário, que deveria estar presente em lugares que produzem cultura há muito tempo. Nas comunidades há uma pluralidade de vozes, de experiências e queremos dar todos os meios para serem compartilhadas”, afirmou.

Para o acadêmico, a questão mais forte é mexer com a auto-estima dos moradores da comunidade. “Permitir que sejam vistos como sujeitos”, concluiu Lucchese. 

As incrições para a Flupp podem ser feitas no site www.flupp.net.br, até o dia 30 de maio. Os encontros serão nas comunidades: Cidade de Deus (25/05), Cantagalo (08/06), Manguinhos (13/06), Andaraí (22/06), Chapéu-Mangueira/Babilônia (29/06), Vila Cruzeiro (11/07), Vidigal (13/07), Turano (20/07), Rocinha (27/07), Batan (03/08), Santa Marta (31/08), Formiga (07/09), São Carlos (11/09), Mangueira (28/09), Prazeres (05/10), Complexo do Alemão (12/10), Salgueiro (26/10), Tabajaras/Cabritos (02/11) e Borel (09/11).

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17/05/2021

A flauta mágica de Abigail Braga

Música vira símbolo de superação de menina no Morro do Turano

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Cerca de 30 meninos e meninas como Abigail frequentam às sextas-feiras o projeto UPP Musical / Gabi Nehring

​Bruna Cerdeira

Ao subir uma das vielas do Morro do Turano, na Tijuca, às sextas-feiras, ouvimos um som diferente, bem mais suave do que o dos projéteis saindo de fuzis que costumavam atordoar os moradores da comunidade. Em vez de armas, as mãos de crianças que antes eram aliciadas pelo tráfico, hoje carregam instrumentos musicais. A leveza e a inocência voltaram a fazer parte da infância e podem ser sentidas nas notas musicais que saem das flautas dos meninos e meninas que fazem parte do projeto UPP Musical. 

As aulas dadas pelos Sargentos Alexandre Raicevich e Ricardo Moreira, da Companhia de Música da PM, têm um repertório variado. Músicas regionais e MPB, como “Minha canção”, de Chico Buarque, “Lanterna dos Afogados”, dos Paralamas do Sucesso e “Fico assim sem você”, composta por Abdullah e Cacá Moraes e gravada por Claudinho e Buchecha, são ensinadas aos alunos.  

Dentre as 30 crianças que fazem parte do projeto, uma garotinha simpática chama a atenção. O sorriso sempre estampado no rosto e a alegria de viver, não refletem as situações difíceis vividas por Abigail Braga, de apenas sete anos. Apesar de tão novinha, a menina já tem uma história de superação de gente grande para contar. Mesmo assim, os PMs garantem que Abigail é muito aplicada e não deixa de ir às aulas música. Sorridente, ela confirma: 

Abigail, 7 anos, nunca faltou às aulas desde que chegou ao projeto

 “Não falto à aula de música, porque quero aprender a tocar flauta. Nunca tinha tocado, aprendi tudo aqui. Gosto muito dos professores, um é engraçado e o outro parece o palhaço do circo”, disse ela. 

Há um ano, Abigail chegou de Manaus com o pai, o pintor Armando Braga. Depois do divórcio, Armando pediu autorização ao juizado e conseguiu trazer a menina para o Rio de Janeiro. Sem moradia fixa, pai e filha moraram temporariamente em diversos lugares: na casa de um parente, de uma pessoa conhecida, num quarto alugado e, quando não tinham mais para onde ir, Armando e a pequena Abigail foram parar em um prédio abandonado, inabitável e sem as mínimas condições de higiene. 

Os dois dormiam em um colchão imundo, no chão. O banheiro improvisado, que mal dava para tomar banho direito, era comunitário, já que outras pessoas também ocuparam o local. Perguntada sobre os lugares onde já morou, Abigail deixou transparecer um pouco as situações difíceis que já passou.

“Quando tá escuro; E ninguém te ouve; Quando chega a noite; E você pode chorar”, dizem os versos de “Lanterna dos Afogados”, uma das músicas que Abigail está aprendendo a tocar na flauta. Eles traduzem um pouco o sentimento da menina.

As aulas do Sargento Ricardo Moreira têm um repertório variado

 “Já morei em tanto lugar, estou igual a um pingue-pongue. Primeiro a casa do meu tio, o quarto alugado, a casa da amiga do meu pai e o lugar horroroso”, contou ela, que não gosta nem de falar sobre o tal “lugar horroroso”.

Mesmo sem saber onde vai dormir quando escurece, Abigail não desiste das aulas de música. Todas as sextas, independente do frio e da noite mal-dormida, lá está a menina, às dez horas da manhã, arrumada com um vestidinho, rindo à toa, toda feliz e cheia de vontade de aprender as notas musicais ensinadas pelos policiais militares. 

“A Abigail é ótima, super educada, amorosa e leva muito jeito para tocar flauta. Mesmo passando por tantas situações, nem parece que ela tá pulando de galho em galho, porque está sempre rindo, feliz, animada e não falta! Mesmo com tudo que está acontecendo, ela vem às aulas, isso é dedicação”, disse o Sargento Ricardo.   

No “lugar horroroso”, Abigail morou poucos dias. Armando foi procurar ajuda na Associação de Moradores do Turano e conheceu a presidente, Dona Maria, os Sargentos Raicevich e Ricardo e o Tenente Murilo, subcomandante da UPP do Turano. Temporariamente pai e filha estão morando de favor na casa que a mãe de Dona Maria deixou depois de falecer, na própria comunidade.   

Em sala de aula com Alexandre Raicevich (direita) e Ricardo Moreira 

“Conheci os dois na comunidade procurando alguma ajuda e tentando achar algum lugar para ficar. No mesmo dia, as crianças do projeto UPP Musical estavam indo a um passeio para conhecer o Batalhão de Choque da PM e Abigail foi junto. Todo mundo se encantou por ela, que é uma menina doce, educada, carinhosa, e decidiu ajudar. Depois disso, ela não saiu mais das aulas de música”, falou o Tenente Murilo.  

O pai de Abigail é pintor, letreiro e grafista, mas está sem trabalho. Ele precisa e quer arrumar um emprego o mais rápido possível para sair dessa situação e dar uma vida melhor à menina.

“Minha filha é tudo para mim, não vou me separar dela de jeito nenhum. Ela é a minha motivação para correr atrás das coisas, e tudo que eu faço, é pensando nela. Agradeço muito a Dona Maria e a esses policiais que me ajudaram. As aulas de música podem trazer muita coisa boa para ela, como cultura, convívio com outras crianças e com os próprios policiais”, afirmou Armando.    

Como em outros versos cantados em “Lanterna dos Afogados”, apesar das “tantas marcas, que já fazem parte” da memória da pequena Abigail, a menina de sete anos, que ainda brinca de boneca como qualquer outra criança da idade dela, precisou amadurecer mais cedo e aprender a se virar.  

“Eu tomo banho sozinha, escolho minhas roupas, penteio meu cabelo e me arrumo sozinha para ir à escola. Gosto de levar minhas bonecas e meus ursinhos para brincar com as minhas amigas”, contou Abigail. 

 “Há uma luz no túnel / dos desesperados / Há um cais de porto / pra quem precisa chegar”. Assim como na música, Armando e Abigail, pai e filha, precisam atracar em um porto, de preferência seguro, para nunca mais passarem por situações difíceis. Com a inocência natural de uma criança, Abigail nem imagina que já é um exemplo de superação e que o projeto UPP Musical pode ser a luz no fim do túnel que vai clarear os caminhos dela daqui para frente.

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15/05/2021

Treinamento de policiais de UPPs tem palestra sobre tolerância e solidariedade

PMs participam de encontro com Luiz Gabriel Tiago, “o Sr. Gentileza”

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Gentileza foi o tema de uma palestra realizada na UPP Nova Brasília, para oficiais comandantes de UPPs / Gabi Nehring

​Bruna Cerdeira

“Gentileza gera gentileza”. Quem nunca ouviu ou leu essa frase de José Datrino, mais conhecido como Profeta Gentileza, personalidade urbana carioca que se tornou conhecida a partir de 1980 por fazer inscrições sob o viaduto do Caju?

Pois bem, a máxima de José Datrino foi incorporada no ambiente corporativo em treinamento de relações interpessoais, e também aparece embutida no conceito de polícia de proximidade, que vem sendo praticado pelas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). 

Na última quarta-feira, 15 de maio, gentileza foi o tema de uma palestra realizada em uma das bases da UPP Nova Brasília, para oficiais comandantes das UPPs das regiões da Leopoldina e do Centro. Aí vem a pergunta: o que isso tem a ver com a polícia? Hoje podemos responder que gentileza tem tudo a ver com a polícia. Com o policial cidadão, com a nova mentalidade que rege as ações policiais desde que as Unidades de Polícia Pacificadora começaram a chegar às comunidades. 

Luiz Gabriel disse que policiais conhecem valores como solidariedade

O palestrante foi Luiz Gabriel Tiago, conhecido como Sr. Gentileza. Graduado em Turismo, ele é palestrante, consultor em treinamentos e escritor, já tendo escrito quatro livros, entre eles “Como driblar a raiva no trabalho”. Acostumado a dar palestras em instituições públicas e privadas, falar para um grupo de cerca de 20 policiais militares também foi uma experiência nova para ele. 

“Hoje é um dia que eu não vou esquecer mais. Nunca tinha entrado em uma comunidade e nunca imaginei que um dia fosse subir até aqui para trazer um pouco dos meus conhecimentos. Os policiais conhecem valores como solidariedade, respeito, tolerância, mas precisam resgatar esses valores dentro da comunidade. Precisam fazer com que os moradores passem a confiar neles e a gentileza pode ajudá-los como ferramenta estratégica para lidarem melhor com a comunidade”, garantiu o Sr. Gentileza. 

“Palestras como esta trazem reflexão. Entendemos que apesar de nem todos os problemas acontecerem pela falta de gentileza, com certeza a gentileza ajuda a amenizar algumas situações. Até que ponto precisamos utilizar a rigidez militar? Na maioria dos casos, ser gentil é muito mais eficiente, principalmente quando se trata da relação com as pessoas, no caso, com os moradores da comunidade”, afirmou o Aspirante a Oficial Cassiano, subcomandante da UPP Coroa/Fallet/Fogueteiro.  

O Ten.Cel. Balbino desenvolveu o projeto de educação continuada dos PMs

A palestra faz parte do Projeto Educação Continuada, desenvolvido pelo Tenente Coronel Marcos Balbino, comandante das UPPs da área da Leopoldina. O objetivo é a troca de experiências entre os oficiais das UPPs com o intuito de um permanente aprimoramento profissional. 

“O discurso dos policiais que estão nas UPPs é cuidar da comunidade, se aproximar dos moradores, e eu quero cuidar de quem está cuidando. Esses PMs que estão no comando das Unidades de Polícia são grandes talentos e eu não quero que eles desanimem, não posso desperdiçá-los. Essa palestra, assim como as outras que fazem parte do projeto, são oportunidades para eles darem uma parada, repensarem a forma de agir. É importante que eles entendam que temos de fazer paz com paz. Já tentamos pacificar com guerra e nunca deu certo”, concluiu o Tenente Coronel. 

Além da palestra do Sr. Gentileza, o comandante da UPP Nova Brasília, Major Rodrigues, também falou um pouco sobre a realidade com a qual a comunidade localizada no Complexo do Alemão estava acostumada a conviver. Bandidos no controle, confrontos armados, verdadeiras guerras urbanas entre traficantes e policiais que deixavam a população acuada. O Major ressaltou a importância da palestra que assistiram para a nova política que está sendo adotada pela polícia.

“Durante anos os moradores conviveram com medo e tiveram seu direito de ir e vir cerceado pelos bandidos. A polícia entrava aqui para reprimir e isso tornou o diálogo com os moradores complicado. Essa nova mentalidade, que busca aproximar cada vez mais os policiais da população, precisa ter como base, gentileza, cordialidade e respeito recíprocos”, disse o Major Rodrigues. 

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16/05/2021

UPPs do Complexo da Penha darão apoio ao projeto Comércio Legal

Iniciativa visa fortalecer os micro e pequenos negócios nas comunidades

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Policiais e consultoras do Sebrae unidos para estimular o desenvolvimento do comércio nas comunidades / Fotos Gabi Nehring

Bruna Cerdeira​

Uma ‘força tarefa’ composta por policiais das UPPs Vila Cruzeiro e Parque Proletário será formada para ajudar microempreendedores e pequenos comerciantes das duas comunidades a legalizar, melhorar a qualidade, o atendimento e o faturamento de seus comércios. A parceria das Unidades de Polícia Pacificadora com o Sebrae/RJ, objetiva implementar o projeto Comércio Legal, criado há um ano e meio pelo Capitão Barreto, comandante da UPP Macacos, em Vila Isabel. .A iniciativa chegou também aos Morros do São Carlos (Estácio), Coroa/Fallet/Fogueteiro (Rio Comprido) e Pavão-Pavãozinho/Cantagalo (Copacabana). O anúncio do apoio das UPPs foi feito durante reunião realizada com representantes do Sebrae, policiais, moradores e comerciantes, nesta quinta-feira, 16 de maio, na Vila Cruzeiro.

Capitão Vinícius: "Nosso intuito é estimular o comércio"

No encontro, o Capitão Vinicius de Oliveira, comandante da UPP Vila Cruzeiro, disse que irá selecionar policiais para fazer parte do Grupo de Polícia de Proximidade em Apoio ao Comércio (GPPAC). Os PMs serão capacitados pelo Sebrae, para auxiliar os pequenos comerciantes. “Nosso compromisso com esse projeto não é apenas falar, nosso intuito é fomentar o comércio e estimular a criação de empreendimentos na comunidade. Nós policiais queremos cuidar das famílias e estabelecer uma relação baseada na confiança”, garantiu o Capitão Vinícius.

Os moradores e comerciantes presentes, que já contam com consultoria exclusiva de representantes do Sebrae, foram convocados e receberam informações sobre as atividades da instituição no Complexo da Penha.

Comerciante Antônia de Souza: "Preciso tirar alvará?"

“O Sebrae tem o Programa de Desenvolvimento do Empreendedorismo em Comunidades Pacificadas, que atua apenas nas comunidades com UPP. O objetivo é fortalecer os micro e pequenos negócios nessas áreas. Além de disponibilizar um consultor em cada comunidade para dar orientações técnicas, o Sebrae oferece cursos de capacitação e palestras que ajudam os comerciantes a administrar melhor o próprio negócio. O mais importante, é que é tudo gratuito”, disse Renata Roqui, analista de projetos do Sebrae.

Cerca de 70  pessoas participaram do encontro e receberam a agenda de palestras de gestão comercial. Os interessados em regularizar o próprio negócio preencheram uma ficha de cadastro. Os pequenos comerciantes tiraram dúvidas com as representantes do Sebrae. Antônia de Souza, 53 anos, usa um pequeno espaço na sala de casa para vender bebidas e queria saber se precisava de alvará, que é um documento que garante a autorização de funcionamento para qualquer tipo de empresa ou comércio.

Na Vila Cruzeiro, moradores e comerciantes já recebem informalmente orientações de um consultor do Sebrae. As consultorias acontecem às quintas-feiras, das 8h às 12h, no espaço onde funciona a Clínica da Família. E às sextas-feiras, das 8h às 13h, na ONG Atitude Social. No mês de junho, a ONG vai sediar as palestras "Me formalizei, e agora?" (06/06, às 15h), "Sei controlar meu dinheiro" (13/06, às 14h), além de uma rodada de crédito (20/06, às 15h).

“Tem muita concorrência, muitos bares na comunidade e meu cantinho é muito pequeno. Eu preciso tirar esse alvará?”, perguntou ela.

Renata Roqui esclareceu dúvidas dos pequenos comerciantes
“Ninguém é obrigado a tirar alvará, mas se os fiscais da Prefeitura passarem e você não estiver com seu negócio regularizado, eles podem apreender a sua mercadoria”, explicou Renata Roqui. 

A reunião foi importante para incentivar os moradores a procurar informações e capacitação com o Sebrae e, também, para que eles percebam que podem contar com os policiais da UPP caso tenham alguma dúvida.

“Queremos ser um elo entre os moradores e os serviços públicos e privados. Vamos ajudar tentando sempre captar recursos, trazer oportunidades e melhor as condições de vida. Com isso procuramos, cada vez mais, nos aproximar da população”, concluiu o Capitão Carvalho, comandante da UPP Parque Proletário. 

Baixe aqui as fotos em alta resolução do encontro entre policiais da UPP Vila Cruzeiro, moradores, comerciantes e representantes do Sebrae

15/05/2021

Presidente da Alemanha visita Santa Marta e conhece projeto musical

Joachim Gauck assistiu a uma apresentação de 60 alunos de comunidades

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O presidente da Alemanha Joachim Gauck está em nosso país para a abertura do Ano da Alemanha no Brasil / Marino Azevedo

​Priscila Marotti

O presidente da Alemanha, Joachim Gauck, que está em nosso país para a abertura do Ano da Alemanha no Brasil, visitou a comunidade Santa Marta, em Botafogo, nesta quarta-feira, 15 de maio, onde conheceu o projeto “Ação Social pela Música do Brasil”, que ensina crianças e jovens moradores de comunidades a tocarem instrumentos de música clássica. 

Gauck foi recebido pelo Secretário de Estado de Segurança, José Mariano Beltrame, e juntos fizeram um pequeno passeio pela Praça do Cantão, que fica na subida do morro, até chegar à quadra da escola de samba da comunidade, na qual assistiu a uma apresentação de cerca de 60 alunos, de diferentes comunidades pacificadas, do projeto.

O Secretário Beltrame e Joachim Gauck com a esposa Daniela Schadt

Para o presidente, a visita foi uma confirmação do que já tinha ouvido falar sobre a nova realidade do Rio de Janeiro. “Estamos comovidos e emocionados com o que presenciamos aqui. Soubemos que é uma zona que está em fase de transformação e vimos jovens, que não faziam a menor ideia do talento que possuíam, percebendo seu potencial”, discursou, pouco antes de doar mil euros para o projeto com um cheque simbólico.

Segundo o Secretário Beltrame, a visita só consolida a intenção do programa de pacificação. “É mais uma forma de fazer com que as UPPs cheguem a seu verdadeiro fim, que é a melhoria de vida dos moradores com a entrada de projetos e o reconhecimento desse objetivo. Nós continuamos a caminhada, vigiando e cuidando desse programa com muito carinho. É o que estamos fazendo aqui hoje”.

A apresentação dos jovens contou com músicas brasileiras e alemãs, representadas pelos pequenos violoncelistas, flautistas, violinistas e outros músicos. A moradora e voluntária no projeto, Sônia de Oliveira, de 50 anos, se disse emocionada com o que vê, hoje, na comunidade. 

“Para mim também é uma grande emoção ver isso aqui hoje, porque se trata de um sonho virando realidade. Quando iríamos imaginar crianças da comunidade aprendendo e tocando uma música clássica. O que eu espero é que todas as comunidades pacificadas tenham essa oportunidade”, ressaltou.

Gauck doou mil euros ao projeto. Fiorella Solares agradeceu

A Ação Social pela Música do Brasil atende, atualmente, cerca de 600 crianças e jovens. O projeto oferece aulas de teoria e percepção musical, canto coral, prática de instrumento e atividade orquestral, para crianças de comunidades pacificadas, com idades entre 6 e 17 anos. As aulas práticas são de violino, viola, violoncelo e contrabaixo. 

“Está sendo um dia muito feliz. As crianças nem acreditaram quando souberam que iam se apresentar para o presidente da Alemanha. Eu, que já tive que pedir permissão para facção criminosa para entrar numa comunidade, estou aqui hoje, com 65 crianças de comunidades diferentes se apresentando para um presidente europeu. Só tenho que agradecer”, disse a coordenadora do projeto, Fiorella Solares.

O projeto, que conta com a parceria da ONG Rio Solidário, da Escola Alemã do Corcovado e do próprio consulado da Alemanha, é dividido em núcleos. Na Zona Sul, funciona o Dona Marta que é frequentado por crianças e adolescentes das comunidades Santa Marta, Pavão-Pavãozinho, Babilônia e Chapéu Mangueira. Na Tijuca, Zona Norte, o projeto atende jovens do Morro dos Macacos. Crianças e jovens da Cidade de Deus e do Complexo do Alemão também participam do projeto. 

Baixe aqui as fotos em alta resolução da visita do presidente da Alemanha ao Santa Marta

15/05/2021

Papa Francisco visitará a primeira capela da comunidade de Varginha

A capela São Jerônimo Emiliani completa 42 anos no mês de julho

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A capela foi inaugurada em 1971. É a primeira erguida na comunidade do Complexo de Manguinhos / Bruna Cerdeira e Marino Azevedo

​Bruna Cerdeira

“A Faixa de Gaza vai virar a Faixa da Paz”, disse o Padre Márcio Queiroz, de 44 anos, pároco da Capela São Jerônimo Emiliani, localizada na comunidade Varginha, no Complexo de Manguinhos, na Zona Norte. 

A pequena capela, inaugurada em 1971, foi a primeira a ser construída na comunidade. Em julho, no mesmo mês em que completa 42 anos, vai receber um presente inesquecível: a visita do Papa Francisco. 

“Isso foi um dom de Deus. Quando foi eleito, o Papa disse que os cardeais foram buscar alguém no fim do mundo para se tornar Papa. Do mesmo modo, Deus quis que o Papa escolhesse uma comunidade pequena e esquecida para visitar. Isso é o projeto de Jesus, contemplar os mais humildes e necessitados”, disse o Padre Márcio. 

Padre Márcio.Visita do Papa Francisco contempla os humildes

Segundo a agenda divulgada pelo Vaticano, o Papa Francisco vai chegar à comunidade no dia 25 de julho. Ele será acolhido pelo Pároco, pelo Vice-Pároco, pelo Vigário episcopal e pela Superiora das Irmãs da Caridade, e se dirigirá até à Capela São Jerônimo Emiliani, onde encontrará alguns membros da comunidade paroquial. 

Na capela, após um momento de oração, o Santo Padre vai abençoar o novo altar e oferecer um presente à comunidade. Em seguida, o Papa vai caminhar cerca de 100 metros até um campo de futebol, onde dará a bênção aos moradores da favela. Ao longo do percurso, o Papa vai visitar a casa de uma família, onde fará um discurso.

Seu José Oliveira tem 67 anos e há 30 é um dos guardiões da Capela São Jerônimo. Além de participar das missas, seu José ajuda a manter a igrejinha conservada. Morador da comunidade da Varginha há 32 anos, ele nunca imaginou que um dia fosse ver o Papa tão de perto.

Seu José Oliveira é um dos guardiões da Capela São Jerônimo

“Quando vi a notícia, fiquei eufórico, foi uma felicidade só pra mim! Ninguém nunca pensou que isso fosse acontecer, por existirem outras paróquias, em lugares nobres e nós sermos uma comunidade tão pequena e tão simples. Os moradores todos vão estar presentes, mesmo os que têm outra religião vão querer ver o Papa de perto”, garantiu seu José. 

Varginha é uma comunidade pequena, com cerca de 2.500 moradores e está situada às margens da Avenida Leopoldo Bulhões, via que ficou conhecida como a “Faixa de Gaza” carioca, devido aos conflitos que existiam antes da pacificação entre traficantes de diferentes facções criminosas e policiais. Vivendo outro momento desde que recebeu uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), em janeiro desde ano, os moradores do Complexo de Manguinhos, que antes sofriam com a guerra armada, vão poder desfrutar de um momento de paz e muita emoção. 

“Fiquei muito feliz e emocionada quando soube da visita. Não imaginava que teríamos condições de receber um Papa, mas tinha esperanças. Finalmente acharam a Varginha. Sempre foi muito difícil para nós, moradores, conseguirmos as coisas aqui. A própria capela ficou em reforma durante quase dois anos, porque não tínhamos recursos”, contou Ana Cláudia Oliveira, de 35 anos. 

Varginha é uma comunidade humilde onde moram 2.500 pessoas

Outra igrejinha também pode vir a receber a benção do Papa. Construída há 15 anos por cinco moradoras da comunidade, a Capela São Sebastião chegou a reunir muitos fiéis, quando a Paróquia de São Jerônimo estava fechada para obras. Uma das moradoras que ajudou na construção, Ana Alves de Souza, de 76 anos, mora na comunidade há 36 anos e se emociona ao falar sobre a visita do Papa Francisco. 

“Deus me abençoou de poder viver esse dia de glória e ver o Papa aqui na minha comunidade. Achei que fosse brincadeira. A segunda pessoa, depois de Deus, vai vir aqui, um lugarzinho tão pobre? Mas a gente vê no jeitinho dele, ele passa tranquilidade. É muita alegria, será que meu coração vai agüentar?”, falou Dona Ana. 

Não são só a dona Ana, o seu José e a Ana Cláudia que estão ansiosos. O Padre Márcio resumiu em uma palavra o seu sentimento:

“Apavorado! Não existem palavras para descrever o que estou sentindo. Não sei o que vou dizer e nem se vou conseguir dizer algo. Estou tentando viver isso com serenidade, tranquilidade. Não quero mostrar o que não somos, mas a nossa realidade. Tudo aqui é muito simples, mas cheio de amor. Como diz na Bíblia, ‘A quem muito é dado, muito será cobrado’ e eu quero corresponder a Deus por todo esse dom de poder receber o Papa. Será uma experiência única em nossas vidas”, concluiu o Padre. 

Esta é a segunda vez que um Papa vem ao Brasil e visita uma favela carioca. A última aconteceu há 33 anos, quando o papa João Paulo II visitou a favela do Vidigal, na Zona Sul, em 1980. 

Baixe aqui as fotos em alta resolução da capela que será visitada pelo Papa Francisco, em Manguinhos

15/05/2021

Exposição literária reúne textos de jovens do Morro dos Macacos

O material está em exibição em um centro comunitário da própria comunidade

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A exposição “Rumos da Palavra” reuniu o material produzido durante três meses em uma série de oficinas / Bruna Cerdeira

Bruna Cerdeira

Jovens do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, viveram uma experiência diferente. Pela primeira vez eles foram os personagens principais de uma exposição. Meninos e meninas de 12 a 15 anos, moradores da comunidade, criaram textos que ficaram expostos no Sesc Tijuca e agora estão no Centro Educacional da Criança e do Adolescente — Lídia dos Santos (Ceaca), na própria comunidade. 

“Foi muito legal, nunca tinha participado de uma exposição, ainda mais como autora de um texto”, falou Karen Savina, de 12 anos. 

A exposição “Rumos da Palavra” reuniu o material produzido durante três meses em uma série de oficinas literárias realizadas no Morro dos Macacos e no Sesc Tijuca, por meio de uma parceria entre o Sesc e o Ceaca. 

Karen Savina, 12 anos, teve a primeira experiência como autora

O conteúdo dos textos foi o mais variado possível e os jovens foram incentivados a usar a criatividade de diversas formas. Temas foram propostos, contos foram apresentados e eles tiveram que criar seus próprios finais. O foco das aulas não foram assuntos relacionados à violência, mas às situações cotidianas vividas em uma comunidade. 

Quando o tema foi: “Alegrias e tristezas”, Karen Savina escreveu:

“Gosto de rir, mas nem um pouco de chorar. Nem tudo na vida é um

mar de rosa. E nem um grande campo de guerra. Uma coisa que

me alegra é ver o sorveteiro passar. Mas não gosto quando assisto a TV e minha mão quer desligar.” 

         

A menina contou que, para escrever o texto, se inspirou na vida, no dia-a-dia e em coisas que ela gosta.

“A vida é assim. Nem tudo é totalmente bom e nem totalmente ruim. A gente tem de tentar ver o lado positivo das coisas, mas sabendo que também pode ter um lado negativo”, disse Karen. 

Assim como ela, os outros 22 adolescentes que participaram do projeto também adoraram ver suas estórias expostas ao público.

Fernanda Andrade, 14 anos. Feliz ao ver as pessoas lendo o seu texto

“Me senti feliz ao ver as pessoas chegando e lendo meu texto. Fiquei com orgulho de mim por ter conseguido escrever”, disse Fernanda Andrade, 14 anos. Ela escolheu a imagem de uma mulher abraçando uma menina e tendo como tema a união da mãe e da filha, o abraço, os sorrisos e a química entre elas. Seu texto diz o seguinte:

“Era uma vez uma mãe e uma filha que brigavam muito, porque a filha tinha raiva de sua mãe. 

Um dia, as duas passaram por uma ponte, que estava escrito ‘passe nela, e mudará sua vida’. 

E quando elas passaram pela ponte, a mãe virou um bebê e a filha, uma mulher. E

 a filha adotou a mãe como filha,e ficaram felizes para sempre.”

O projeto, idealizado pelo professor Flávio Correa de Mello em conjunto com o Sesc, teve como objetivo agregar conhecimento por meio do incentivo à leitura e estimular a escrita, colocando a garotada para escrever e praticar a literatura de uma forma prazerosa, aceitando os erros e tentando aprender com eles.

“Os jovens têm mais facilidade em se apropriar de outras manifestações culturais, como a dança, o esporte e a música. Para esses jovens de comunidades que enfrentam barreiras culturais, o acesso à literatura fica ainda mais difícil. É esse aspecto que queremos trabalhar. O primeiro passo é melhorar a autoestima deles e mostrar que são capazes de produzir, de escrever”, explicou Flávio. 

O professor Flávio Correa de Mello e a socióloga Carolina Miranda

A criatividade do cenário da exposição também é um atrativo. Os textos foram impressos e colados em gaivotas coloridas feitas de dobradura de papel, pipas e pingentes em forma de gotas de chuva sustentados por uma nuvem de espuma que enfeitam e colorem a biblioteca do Ceaca. 

A socióloga Carolina Miranda, responsável pela gerência de relacionamento comunitário do Sesc, garantiu que a exposição teve um excelente retorno, que conseguiu atrair os pais dos jovens.

 “Eles vieram, tiraram fotos, ficaram orgulhosos e gostaram muito de ver os textos dos filhos expostos”, disse ela.

“Fiquei muito feliz e orgulhosa da minha filha. Ela escreve super bem e tem muita criatividade. Esse projeto é ótimo. Eu saio para trabalhar e fico tranqüila, porque sei que a Karen está protegida e aprendendo somente coisas boas”, declarou Ana Carla, mãe de Karen. 

O sucesso da exposição “Rumos da Palavra” foi tanto, que para o segundo semestre o Sesc pretende estender o projeto a mais três comunidades pacificadas, que ainda não foram definidas. 

O exposição fica no Morro dos Macacos até o final do mês de maio. Para onde vai o projeto não importa, o importante é levar conhecimento e despertar o prazer pela leitura e pela escrita a cada vez mais jovens. 

Baixe aqui as fotos em alta resolução da exposição literária "Rumos da Palavra"

14/05/2021

José Mariano Beltrame e Leonardo Boff vão à Rocinha debater pacificação

O encontro reuniu policiais de várias UPPs e moradores da comunidade

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Imagens
A pacificação e a definição da paz no âmbito do conceito das UPPs foi o tema do Seminário Pax Rocinha / Gabi Nehring

​Priscila Marotti

A pacificação e a definição da paz no âmbito do conceito das UPPs foi o tema do Seminário Pax Rocinha, realizado na manhã desta terça-feira, 14 de maio, que reuniu policiais de diversas unidades de polícia pacificadora, moradores, o teólogo Leonardo Boff e o Secretário de Estado de Segurança, José Mariano Beltrame. 

Realizado no auditório da Biblioteca Parque da Rocinha — um dos principais pólos culturais da comunidade inaugurado em junho de 2012 —, o evento contou também com a presença do comandante da Polícia Militar, Coronel Erir Costa Filho, e o coordenador da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), Coronel Paulo Henrique Azevedo de Moraes.

Beltrame.
Beltrame. "Estamos vivendo momentos de transformação"

“Nós estamos vivendo um momento de transformação. Há alguns anos, se você errasse a subida da Ladeira Saint Roman, em Ipanema, iria parar dentro de uma área de guerra. Há alguns anos, seria inimaginável a realização de um evento desses, com todos nós aqui na Rocinha discutindo sobre paz. É claro que ainda temos problemas, mas estamos nos esforçando, gerando esperança para pessoas que hoje já podem contar com um espaço cultural como essa biblioteca, com discussões como essa”, ressaltou Beltrame.

“Não percam essa oportunidade, de aprender e participar dessa transformação. Nós temos que pensar que estamos caminhando em direção a uma realidade melhor, sem imediatismo de achar que tudo será resolvido de um dia pro outro. O policial que trabalha por isso, a empresa que cumpre seu papel e o serviço que entra (na comunidade) fazem toda a diferença. É um momento de refletir sobre erros e acertos, e de pensar que a vida de todo mundo aqui no Rio já mudou”, completou.

Boff. Com UPPs cidadãos voltam viver e dormir tranquilamente
Boff. Com UPPs cidadãos voltam a viver e dormir tranquilamente

O teólogo Leonardo Boff agradeceu e elogiou o Secretário Beltrame e o programa das UPPs. “Eu escutei o secretário com mais atenção do que se o Papa Francisco estivesse aqui. Porque ele não disse somente palavras, disse coisas importantes, convocou a população a trabalhar pelo caminho certo. Hoje, também estou feliz porque é a primeira vez, em 40 anos palestrando pelo mundo, que falo para policiais” lembrou, elogiando o trabalho realizado nas unidades.

“O que vocês fazem é altamente arriscado, mas é também altamente humanitário. É um trabalho de transformar pessoas em cidadãos, que voltam a ter alegria de viver e conviver, que podem dormir tranquilamente, andar pelas ruas à noite. Pessoas que fazem parte da construção do bem comum”, disse Boff.

Para o Major Edson Santos, comandante da UPP Rocinha, a mudança na mentalidade e a crença no estabelecimento da paz também é uma realidade nova para ele. “Eu, como morador de comunidade que sou, já tive a plena convicção de que a realidade do Rio de Janeiro nunca iria mudar, pensando em treinar minha filha para crescer sob um regime de violência, a se esconder na hora do tiroteio, ir para debaixo da cama. E hoje eu vejo essa transformação e acredito sinceramente nela”.

Organizado por policiais da UPP Rocinha, o evento também convocou moradores da comunidade a participarem da discussão, aberta a todos os interessados, como a diarista Eliana Pereira, de 44 anos. “Acho muito importante a participação dos moradores para fortalecer a paz na comunidade. Nós sabemos que não é possível resolver tudo em dois anos e, principalmente, que temos que fazer a nossa parte também. Muitos ficam com medo de o projeto acabar depois da Copa ou das Olimpíadas. Quanto mais divulgarmos e mobilizarmos as pessoas com discussões como essa, mais fortes se tornam a pacificação e as melhorias”, afirmou.

Baixe aqui as fotos em alta resolução desta reportagem.

14/05/2021

Uma nova história para o Rio de Janeiro

Ucraniana e norte-americana falam de suas impressões sobre as UPPs

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A relação de proximidade entre os policiais e os moradores é um sinal de sucesso da UPP / Edésio Oliveira e Gabi Nehring

Por Svetlana Shifrina e Darcy Heigert*

O Brasil está se preparando para mostrar ao mundo as suas belas cidades e rica cultura, enquanto se prepara para sediar a próxima Copa do Mundo, em 2014, e os Jogos Olímpicos, em 2016. O Rio de Janeiro está cheio de energia, as pessoas estão aproveitando as praias de dia e as discotecas à noite, ao mesmo tempo em que trabalham duro para ganhar a vida nesta cara cidade. Cada cantinho tem a sua história, mas até recentemente, muitos cantos tinham perigos e ameaças escondidos atrás deles.

Em 2008, o Governo do Estado decidiu criar uma nova história para o Rio de Janeiro, resolveu libertar a cidade do crime e da corrupção que traficantes executavam nas comunidades. A operação para pacificar as favelas era tão perigosa quanto uma verdadeira guerra, envolvendo milhares de pessoas, mas o governo estava determinado a libertar seus cidadãos das ‘grades de ferro’ impostas pelos barões da droga e a proporcionar aos moradores a paz e melhores condições de vida.

Pegar um teleférico na estação no topo dos Complexos do Alemão e da Penha e ver o tamanho da comunidade, nos fez perceber a complexidade e o perigo de lançar o projeto de pacificação, mas simplesmente imaginar que durante anos as pessoas foram submetidas aos caprichos e ordens de traficantes, nos faz entender a necessidade de uma operação militar tão complexa.

Darcy Heigert. Orgulho nos olhos dos policiais e satisfação dos moradores

Há muito orgulho nos olhos dos policiais da UPP que estão envolvidos na pacificação, mas também há tristeza, devido a muitas perdas ocorridas antes e durante a operação. No entanto, apesar das dificuldades enfrentadas pela resistência criminal, os militares e as UPPs foram capazes de ter sucesso, e os meses de combates foram substituídos pela paz e pela estabilidade que atualmente imperam nas comunidades.

Visitar um jovem empresário de um pequeno estabelecimento, demonstra a verdadeira vitória dos esforços da pacificação. Um empréstimo inicial de R$ 300,00 lhe deu o capital para começar seu próprio negócio, sem precisar se submeter ao controle prévio e apresentar os resultados aos traficantes. 

Ter um sonho de ser proprietário de uma empresa e expandir o negócio não é apenas a realidade de um morador do Complexo do Alemão, mas uma realidade compartilhada por muitos nas muitas comunidades pacificadas do Rio de Janeiro. Ele foi uma inspiração para visitar a comunidade e ver a determinação, a esperança e o trabalho duro de tantas pessoas com quem falamos. 

Antes de visitarmos a comunidade, fomos informados de que deveríamos nos referir aos Complexos como "comunidades" e não como “favelas". É claro que isso soa melhor, mas eu realmente não entendo a verdadeira diferença entre os dois. No entanto, durante a visita ficou claro que “comunidade” não é só uma palavra, na verdade representa a forma como todo mundo que mora lá interage. 

A Penha é verdadeiramente uma comunidade no sentido mais amplo. Parece que os cidadãos que vivem lá, não só conhecem e respeitam uns aos outros, mas também apoiam-se, mutuamente, e partilham um objetivo comum — não para "melhorar" apenas a qualidade da própria vida, mas para fornecer um futuro melhor para todos aqueles que vivem em comunidade com eles. O vínculo, a compaixão e o carinho que sentimos ao falar com os empreendedores sobre suas visões foi algo que eu não esperava e me trouxe a sensação de que sempre vou me lembrar de nossa visita.

É claro que com todas as mudanças vêm as incertezas, e há algo que nunca muda, onde 100% das pessoas estão satisfeitas. Depois de visitar a comunidade de Penha e falar com a UPP e vários membros da comunidade durante toda a estadia no Rio de Janeiro, estou plenamente confiante de que, em longo prazo, a pacificação e a presença das UPPs irá proporcionar um benefício imensurável. 

As intenções corretas estão lá, uma abordagem bem pensada está sendo tomada e, o mais importante, a UPP está cheia de pessoas apaixonadas e que realmente acreditam no que estão fazendo e nos benefícios que, em longo prazo, serão trazidos para a comunidade. Ter visto de perto e experimentado esta paixão, me fez confiante de que os cidadãos das comunidades irão se adaptar e apreciar o modo de vida sem os bandidos e o controle do tráfico.

_____________________________________________________________________

* Svetlana Shifrina, tem 33 anos, e nasceu na Ucrânia. Darcy Heigert, 30 anos, nasceu nos Estados Unidos. Os duas são mestrandas da Universidade de Saint Gallen (Suíça) e visitaram o Rio de Janeiro, no mês de abril, junto com outros executivos estrangeiros interessados em conhecer a realidade das comunidades pacificadas. Elas vieram ao Brasil, por meio do programa Learning Journeys in Brazil (Jornada de Aprendizado no Brasil), promovido pela Fundação Dom Cabral, em viagem de reconhecimento da realidade socioeconômica de países emergentes. 

 

 

 

 

 

 

 

 

13/05/2021

​PMERJ completa 204 anos com histórico de defesa do interesse público

Missão de paz nas comunidades transforma PMs em parceiros da cidadania

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UPPs deram garantia de segurança e entrada de serviços públicos e privados de qualidade nas comunidades

Priscila Marotti

“Preservação da vida e a dignidade humana; respeito ao interesse público, ao policial e ao cidadão”. Esse é um dos princípios institucionais da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ), que está completando 204 anos, nesta segunda-feira, 13 de maio. 

Tudo começou no dia 13 de maio de 1809, quando por ordem do Príncipe Regente D. João VI foi criada a Divisão Militar da Guarda Real da Polícia da Corte. Desde então a atual PMERJ tem tido participação ativa em atos históricos de defesa dos interesses da população, como a Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822, Guerra do Paraguai (1864-1870), e a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889.

Policiais Tatilene, Cyntia e Micheli: trabalhadoras da paz
Policiais Tatilene, Cyntia e Micheli: trabalhadoras da paz

Duzentos anos depois de a sua fundação a Polícia Militar do Rio vira protagonista de um programa de segurança pública até então inédito no Brasil, que criou as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). A consolidação das UPPs nas comunidades vem sendo cada vez mais crescente. E sua aprovação pela sociedade carioca de maneira geral se baseia nos benefícios gerados: a garantia da segurança e a entrada de serviços públicos e privados de qualidade que atendem às necessidades dos moradores.

Mas todo esse sucesso das Unidades de Polícia Pacificadora não teria sido alcançado sem a tenacidade e o comprometimento dos policiais militares que abraçaram a ideia das UPPs. Atuando nas comunidades com o princípio de polícia de proximidade, com projetos sociais, culturais e esportivos eles conquistam no dia a dia a confiança dos moradores, e acabam se tornando parceiros.

Soldados Danielle e Diego com Dona Maria Simão: confiança

Na comunidade da Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos os soldados da UPP Diego Moraes e Danielle Barbosa já é conhecido pela grande maioria dos moradores. Os dois trabalham juntos no Grupamento de Patrulhamento de Pacificação, responsável pelas abordagens e pela aproximação com a população, que já nem os reconhece mais como policiais.

Policiais da UPP Tabajara visitam um estabelecimento comercial

O sobe-e-desce de escadas, becos e vielas, reconhecendo e conversando com os moradores, é um dos trabalhos fundamentais dos policiais da UPP. Foi assim que começou a amizade entre dona Maria Pedrosa, de 51 anos, e os policiais. 

“Primeiro eu conheci a Danielle, que estava andando pela minha rua e veio beber um pouco de água aqui em casa. Depois, conheci o Diego. E somos amigos até hoje. Gosto muito deles dois, sinto até falta quando eles ficam sem me visitar”, lembrava dona Maria, que guarda até hoje o convite de casamento dado pelo casal de soldados.

Para a policial, o trabalho de conhecer os moradores só rende resultado positivo e boas histórias. “Eles nos procuram para conversar sobre tudo. Já viramos quase família mesmo. Os moradores sabem até o dia e a hora que trabalhamos aqui na UPP. Já inclusive nos convidam para ir à casa deles”, conta Danielle.

Moradora Terezinha e SD Joerthson, da UPP Salgueiro: segurança

Essa aproximação contribui para o surgimento de boas amizades, e ajuda também no trabalho de prevenção policial. Os PMs acabam se familiarizando com quem é quem morador do local, e até percebem quando chega alguém de fora.

“Lembro de uma situação muito curiosa que presenciei. Uma senhora, bem discreta, com vestido longo, chegou aqui na comunidade de táxi e não reconhecemos como moradora. Quando fomos abordá-la, estava carregada de drogas e identidades falsas. Se não fizéssemos esse trabalho de estar junto à comunidade, nunca chegaríamos até ela”, lembra o Soldado Diego, que faz questão de ressaltar a forma de abordagem na comunidade.

“A gente procura chegar com calma e educação, sempre, para falar com cada morador. Isso é fundamental. Hoje em dia, somos respeitados e aceitos aqui na comunidade por esse trabalho, de abordagem com diálogo”, afirmou.

Valorização e reconhecimento aos 'trabalhadores da paz'

E a árdua função de manter a tranquilidade e, principalmente, conquistar a confiança nas comunidades vem sendo valorizada, por quem visita e percebe a integração cada vez mais crescente entre moradores e policiais. Pesquisas recentes comprovam a satisfação com os trabalhadores da paz. 

Em 2010 um estudo do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS) já mostrava que as UPPs eram amplamente aprovadas em comunidades — com números que chegavam a 92% de aprovação. A confiança na PM chegou a mais que o dobro da registrada em comunidades que ainda não contam com UPPs — 60% contra 28%. Este ano, uma pesquisa do Banco Mundial apresentou depoimentos de moradores de comunidades com UPP que se identificam com o trabalho diário realizado por policiais. 

Soldado Patrício: Mediador de conflitos

Na mesma UPP, Tabajaras/Cabritos, o Soldado Patrício de Araújo Jr. atua não só garantindo a segurança da comunidade, mas há cinco meses assumiu a função de mediador de conflitos. O trabalho vem crescendo a cada dia, com a confiança dos moradores para procurar os policiais em busca de resolver brigas e confusões pacificamente. Em seu dia-a-dia na UPP, trabalha sem farda e sempre junto à comunidade.

“A proposta é resolver problemas que não iriam para a delegacia, mas que sempre incomodaram os moradores. Uma briga de casal, ou entre vizinhos, questões de aluguel, entre outras. Eu vejo, no cotidiano, nas conversas que tenho com os moradores para mediar conflitos, como a relação muda. Eles procuram a UPP para tudo, confiam que vamos melhorar a situação”, disse o PM.

Antônio: conflito contornado por Patrício evitou targédia

Exemplo: Soldado Patrício contorna conflito entre moradores e evita tragédia

A história do morador da comunidade Antônio Batista Filho, de 35 anos, é uma das muitas colecionadas pelo soldado Patrício que contam com final feliz. Um pequeno problema de cano estourado em uma das casas de Antônio na comunidade — que acabou vazando água para a casa vizinha — quase terminou em tragédia com a consequente briga gerada pelo transtorno.

“Quando minha esposa chegou na casa para checar o que estava acontecendo, foi recebida por duas vizinhas com barras de ferro na mão, que chegaram a ameaçá-la. Elas achavam que estávamos jogando restos de água suja na casa delas. Eu só consegui resolver o problema e acalmar as duas depois que o Patrício conversou todo mundo. Só ele deu jeito. Hoje, chamam a gente para churrasco na casa delas, sempre perguntam como está minha esposa”, contou.

Para o soldado — que já conta mais de 30 casos de mediação solucionados na comunidade em apenas cinco meses — sua função vem fortalecendo os laços da UPP com a comunidade. “Hoje, eu já recebo denúncias relacionadas a delitos e tráfico na comunidade porque os moradores confiam. Isso é fruto do trabalho que a gente vem fazendo”.

Baixe aqui as fotografias em alta resolução desta reportagem.

11/05/2021

​UPP Adeus/Baiana comemora um ano com café da manhã para a comunidade

Imóveis valorizaram 100% e índice de aprendizagem aumentou nas seis escolas da região

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Policiais da UPP Adeus/Baiana comemoraram um ano de pacificação com moradores da comunidade

Priscilla Prestes (Texto e fotos)

Policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Adeus/Baiana e moradores das duas comunidades comemoraram, na manhã deste sábado (11), em um farto café da manhã, os resultados positivos que a unidade policial trouxe para a região após um ano de implantação. O evento, que aconteceu na sede do Social Ramos Clube, também marcou a abertura do Projeto Rio 2016, realizado pela Secretaria estadual de Esportes e Lazer, na comunidade. Em função da proximidade com o Dia das Mães, os policias aproveitaram para prestar uma homenagem às mães presentes.

Festa começou com um café da manhã para as mães

Moradores e policiais têm motivos para comemorar. Bons resultados foram conquistados neste primeiro ano de aniversário do programa de pacificação nas comunidades. Para o comandante da UPP Adeus/Baiana, Capitão Paulo Ramos, os ganhos obtidos com a UPP são claros.

“Seguindo as etapas do programa de instalação das UPPs, aqui no Adeus/Baiana já estamos na fase de avaliação e monitoramento e os resultados têm sido muito positivos. Um exemplo é que, ouvindo profissionais do mercado imobiliário locais, verificamos que a valorização dos imóveis da região já chega à 100%. Outro dado importante vem das escolas da região. Em virtude da inexistência de paralisação de aulas, o que ocorria no passado em função de conflitos, o programa de cada currículo tem sido cumprido na íntegra, beneficiando os alunos das unidades de ensino municipais e estaduais (ao todo existem seis escolas na região)”, afirmou o Capitão.

Capitão Ramos: Valorização dos imóveis dos moradores

Para o Tenente-Coronel Marcos Balbino, comandante das oito UPPs da área da Leopoldina, o maior ganho que polícia pode ter é a conquista da legitimidade junto à população. “Hoje temos a ratificação da legitimidade da ação policial juntamente com o serviço público. Nosso objetivo é que as comunidades do Adeus e da Baiana sejam integradas ao bairro”, afirmou o comandante.

Durante o evento, os moradores tiveram a oportunidades de inscrever os filhos em atividades esportivas que passarão a ser executadas por policiais da UPP. Dentro da programação do Projeto Rio 2016, serão oferecidas gratuitamente, nas dependências do Ramos Social Clube, aulas de ates marciais como Jiu-Jítsu, Karatê e Muay Thai. Ainda segundo Ramos, a partir de junho também serão disponibilizadas às crianças e adolescentes aulas de balé clássico. 

Houve exibição de lutas de artes marciais

A UPP Adeus/Baiana vem promovendo projetos na região com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos moradores como as aulas de futsal e de ginástica para a terceira idade, ministradas pelo Soldado Montes, o queridinho das senhorinhas da comunidade, e o Banco de Alimentos, criado em parceria com a Ceasa, que distribui 100 kits de 6 a 8 kg de legumes, verduras e hortaliças, por semana, para famílias da região. 

A viúva Iraci Cardoso, 57 anos, moradora da comunidade da Baiana, era só elogios quanto à relação dos policiais junto à comunidade. 

Capitão Ramos com Iraci, menina Laís e Thereza

“Moro aqui há um ano, ou seja, peguei todo o processo de pacificação. As pessoas me contam que antigamente antes da pacificação tinham vergonha de dizer que moravam aqui. Hoje temos nosso próprio endereço e a nossa dignidade. Os policiais fazem com que a gente se sinta em casa”, disse Iraci, que frequenta as aulas de ginástica para a terceira idade. “O Montes (professor) faz com que os alunos se sintam valorizados. Temos uma convivência fraterna com ele, que é tão jovem, me sinto às vezes até sua mãe”, brincou a senhora.

Outra moradora da comunidade, Thereza Cardoso, 57 anos, que também frequenta às aulas de ginástica, se animou com a divulgação das aulas de balé clássico. “Vou inscrever minha neta”, disse. A pequena Laís, de seis anos, neta de Thereza, ficou toda sorridente com a novidade.

Sesi Cidadania 

Paralelo ao evento em comemoração ao aniversário da UPP, o SESI – que é um grande parceiro do programa, promoveu uma feira de serviços e ação social para os moradores das comunidades do Adeus e da Baiana. Durante a feira, que aconteceu na quadra da Imperatriz Leopoldinense. Foram oferecidos ao público serviços como a segunda Via de certidões, Carteira de Trabalho, Identidade civil. Palestras sobre o mercado de trabalho, recreação e animação para as crianças e oficinas de artesanato fizeram parte da programação do evento. Um estande da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) também foi montado na feira. Jogos e lanches foram distribuídos no espaço.

Sara tirou sua carteira de trabalho

A jovem Sara dos Reis de Oliveira, 18 anos, aproveitou os serviços da feira para tirar seu presente do dia das mães: a primeira via da sua carteira de trabalho. Há dez meses, quando a filha nasceu, ela parou de estudar. Agora, a adolescente só pensa em voltar aos estudos e se qualificar. “Já me matriculei em um colégio perto da minha casa através das Sesi Cidadania. Lá também vou ter aulas de corte de cabelo e de manicure e pedicure. Meu sonho é abrir meu salão de beleza”, disse a jovem.

Segundo o gerente do Programa Sesi Cidadania, José Francisco Pelka, a Instituição espera receber cerca de 3 mil a 3500 pessoas das comunidades. “Estamos nesse evento apoiando e comemorando a entrada da UPP na comunidade.Temos um objetivo em comum que é o de acabar com o Rio partido”, justificou.

Danúsia foi eleita pela comunidade sem interferência do tráfico

Festa no Teleférico

A Associação de Moradores do Morro do Adeus (AMMA) também comemorou o Dias da Mães em evento realizado na estação de teleférico do Adeus. Durante a festa foram sorteados presentes, eletrodomésticos, e brindes às moradoras.

A presidente da associação, Danúsia Tomas, destacou a importância da valorização das mães e das mulheres na comunidade. “Muitas das mães aqui presentes iriam passar essa data sem receber presente. Esta festa foi feita para todas nós, mães e mulheres da comunidade, para que possamos comemorar o nosso dia com alegria”, frisou a líder comunitária, que há oito meses foi eleita pelos moradores da comunidade para presidir a associação. Ela foi a primeira líder eleita de forma democrática a ocupar o cargo. Antes da implantação da UPP, a diretoria da Associação de Moradores era comandada por representantes indicados pelo tráfico.

12/05/2021

Quatro mulheres unidas pela liderança, dedicação e solidariedade

Benta, Cris, Regina e Verônica, mães muito queridas em suas comunidades

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Verônica Moura, com o filho Gabriel. Nova geração de liderança nas comunidades pacificadas / Thais Imbuzeiro e Marino Azevedo

​Priscilla Prestes

Quatro gerações de mulheres de comunidades distintas amarradas pela solidariedade. A história de Dona Benta Neves do Nascimento, yalorixá de 80 anos que cuida de uma fundação para idosos na Cidade de Deus; de Zoraide Francisca Gomes, mais conhecida com Cris dos Prazeres, 41 anos, produtora cultural e ativista social, fundadora de núcleo comunitário que atua na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez precoce; da empreendedora social da Babilônia, Regina Tchelly, 31 anos, que visa a levar o conceito de gastronomia sustentável paras as comunidades do Rio; e da guia turística e voluntária Verônica Moura, de 28 anos, conhecida como “Bombril”  do Santa Marta, devido à sua participação em todos os projetos sociais da favela. 

Essas mulheres e mães abraçaram o caminho do amor e do acolhimento para guiar suas escolhas. Através do trabalho dessas mulheres, crianças, jovens, adultos e idosos passam a se conceber como cidadãos.  Com sensibilidade para entender as demandas de suas comunidades e firmeza em suas ações, elas se organizam de diferentes maneiras para enfrentar os problemas de onde moram.

Uma das moradoras mais antigas da Cidade de Deus, a célebre Dona Benta foi eleita pelos moradores da comunidade para estampar a cédula de 5 CDD, moeda do Banco Comunitário da Cidade de Deus, criado em setembro de 2011. A ligação da simpática senhora com o bairro  começou em 1966 quando ela chegou à favela que  “ainda não tinha luz”, como disse, com o falecido marido e um casal de filhos, em decorrência de uma grande enchente que aconteceu naquele ano.

Dona Benta tem foto estampada na cédula do Banco Comunitário

Há 47 anos, ela presta seus serviços de mãe-de-santo na comunidade sem cobrar pelo dom que recebeu. “Recebi essa dádiva para ajudar as pessoas. Não tenho por que cobrar por isso”, afirmou Dona Benta. Outro dom, entretanto, ela desenvolveu em vida, foi o da solidariedade. Há 17 anos, ela fundou o Comitê da Terceira Idade e já formou centenas de pessoas em cursos de corte e costura, artesanato e bordados.

 “Nosso objetivo é capacitar os adultos com mais de 60 anos, para que eles se mantenham ativos e gerando renda. Muitas que saíram daqui estão trabalhando em casa e ganhando dinheiro”, afirmou Benta que ainda dá aulas de costura paras seus “novos” alunos.  Com quatro netos e três bisnetos, ela não abre mão de ensinar. “A gente quando quer bem-feito, tem que dar o exemplo, concorda”, perguntou. As bolsas, colchas, panos, bordados, entre outros itens produzidos, são vendidos em feiras pelo bairro.

Dona Benta está à espera da liberação de recursos de uma empresa privada para a reestruturação do Comitê, que atualmente está funcionando em sua casa. “Com o investimento, vamos poder ter o nosso próprio local, investir em equipamentos, aumentar nossa produção e qualificar mais pessoas.  Nosso fortalecimento está no trabalho em rede”, disse  a octogenária que também é coordenadora financeira da Agência de Desenvolvimento local que faz a gestão do Banco Comunitário da Cidade de Deus.

Discurso cativante

Outra protagonista da comunidade onde mora é a conhecida Cris dos Prazeres. É difícil não notar sua presença. Dona de um sorriso aberto, de uma fala lúcida e de um discurso cativante, ela dialoga com todas as faixas-etárias e é considerada uma liderança consolidada na comunidade. 

Cris dos Prazeres é reconhecida como liderança pelos moradores

Há 15 anos, Cris, que possui três filhos, fundou a plataforma de trabalho voluntário Proa (Prevenção Realizada com Amor) com a missão de conscientizar o público adolescente sobre a importância da proteção e prevenção das DSTs e da gravidez precoce, por meio das redes sociais da comunidade. Hoje com 16 pontos de distribuição de preservativos espalhados por lan houses, bares e na sede da Associação de Moradores, o grupo distribui atualmente 1.500 camisinhas por mês.

Aos poucos o grupo ganhou capilaridade e atualmente trabalha com atividades ligadas à saúde em geral, educação e desenvolvimento social, e atende a diferentes públicos.  A fala acompanhada pelo acolhimento é a grande ferramenta utilizada pela líder comunitária para atingir seus alvos. Por meio da realização de rodas de conversa, ela e seus 18 multiplicadores se dividem em grupos para debater questões de interesse dos moradores da comunidade. 

“Seja com crianças, jovens, adultos e idosos, todos precisam de amor e acolhimento. Precisam se sentir compreendidos e aceitos. Preparamos diferentes discursos para dialogar com esses grupos, mas todos com o mesmo tempero:  o amor. É por meio do acolhimento que levamos a informação até eles”, disse a ativista que mora há 30 anos no Morro dos Prazeres.

Favela orgânica

A empreendedora social Regina Tchelly deu uma virada em sua vida quando percebeu que poderia lucrar e gerar benefícios para a comunidade fazendo receitas com o aproveitamento total dos alimentos.  A moradora do Morro da Babilônia criou há dois anos o “Favela Orgânica”, bufê que utiliza em suas receitas talos e cascas de vegetais nos pratos servidos. Ao todo, ela já possui mais de 200 receitas que se utilizam de partes de alimentos geralmente jogadas fora, e emprega seis mulheres da vizinhança.

Regina compartilha cuidados com a horta com a filha Maria Eduarda

As atividades do “Favela Orgânica” vão além do bufê e das encomendas. Desde a criação do projeto ela vem ministrando cursos gratuitos sobre gastronomia alternativa para a comunidade. Somente no ano passado, a cozinheira, que não possui formação acadêmica na área, ministrou mais de 700 aulas para alunos do morro, de universidades nacionais e estrangeiras, o que lhe rendeu, inclusive, uma viagem à Itália. 

Regina explica que o “Favela Orgânica” tem o objetivo de trabalhar com o ciclo do alimento.  “Nas aulas, busco formar multiplicadores do conceito de práticas alimentares econômicas, saudáveis e ecologicamente corretas”, afirmou. 

A ex-empregada doméstica vem montando uma rede de parceiros para o projeto. A própria  matéria-prima que utiliza nos cursos e no bufê vem de doação de comerciantes e feirantes da comunidade.  “Precisamos repensar o nosso conceito de lixo”, alertou.

Atualmente, Regina está envolvida na implantação de hortas sustentáveis na Babilônia. “Quero provar que é possível uma comunidade se organizar e dar o exemplo de uma alimentação saudável e barata. Com a doação de sementes e utilizando materiais recicláveis, já criei 14 hortas para serem distribuídas. Minha meta é chegar 100”, afirmou Regina, que conta com a ajuda das duas filhas para  tocar o projeto.

Verônica quer ajudar seus vizinhos a encontrar uma boa ocupação

Jovem determinada

Apesar da pouca idade, a guia turística e voluntária Verônica Moura, a mais nova dessas vencedoras, é uma das mães do Santa Marta que busca projetos da comunidade para se voluntariar. “Após a pacificação, a comunidade tem recebido investimentos, atraído empresas e olhares. Aproveitei a chance que me foi oferecida e me capacitei no curso técnico de turismo. Hoje sou microempreendedora individual e com minha renda consigo pagar uma escola particular para meu filho e dividir as contas com o marido. Tive minha oportunidade e agarrei, e hoje quero ajudar meus amigos e conhecidos da comunidade a encontrarem a deles”, disse mãe do Gabriel, de quatro anos.

10/05/2021

Dia das Mães é comemorado nas comunidades com vários eventos

UPPs estão organizando diversas atividades para os moradores

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O Dia das Mães começou a ser comemorado nas UPPs com iniciativas de policiais, moradores e empresas parceiras / Marino Azevedo

​Priscila Marotti

Homenagens, confraternizações e união. O Dia das Mães já começou a ser comemorado nas UPPs com iniciativas de policiais, moradores e empresas parceiras que se reuniram para proporcionar momentos especiais para as mamães. As comemorações foram iniciadas nesta quinta-feira ( 9 de maio) e serão estendidas até a próxima terça (14 de maio), com eventos sendo realizados em 16 Unidades de Polícia Pacificadora. 

As ações integradas entre policiais e moradores estão promovendo atividades culturais e esportivas, palestras, dicas de saúde e beleza, além de distribuição e sorteio de brindes. No Andaraí, a quadra que abriga a Unidade de Polícia Pacificadora do morro ficou lotada de mães e crianças, nesta sexta-feira, 10 de maio. Em sua homenagem, as mamães da comunidade ganharam café da manhã com sorteios de utensílios domésticos e receberam de flores.

A auxiliar de turma Marluce Oliveira, de 28 anos, não conteve as lágrimas quando recebeu do filho Vitor Hugo, de 9 anos, uma rosa e um abraço apertado após uma homenagem feita pelas crianças. “Está sendo maravilhoso isso aqui. Além de ser um evento importante, porque reúne e integra a comunidade, ainda temos a oportunidade de ver nossos filhos em um momento tão bonito”.

Marluce Oliveira chorou ao ganhar uma rosa do filho Vitor Hugo

Para muitas mães moradoras da comunidade, a pacificação também era tratada como um presente. “Eu sou mãe de filhos grandes, já. Mas vejo a importância da UPP, porque fui obrigada a sair da comunidade, junto com meus filhos, por conta da guerra que havia aqui. Não tinha como criar meus filhos daquele jeito. Depois de sete anos, com a pacificação, voltei para cá com eles. Outra realidade”, lembrou a moradora Claudia dos Santos, de 37 anos, nascida e criada no Andaraí.

O evento e as homenagens foram organizados pela soldado Elaine Martins, de 34 anos, que não perde uma oportunidade de promover a integração com a comunidade. “Hoje, eu vivo meu trabalho intensamente. Eu nasci e fui criada na Rocinha, ouvi muito tiroteio e tinha que passar por bandidos armados para ir estudar, então sei como é criar um filho dentro dessa realidade. Fico feliz por estar fazendo parte desse processo de transformação, tanto como policial quanto como mãe de dois filhos”, ressaltou.

A alguns quilômetros dali, a comunidade do Caju ganhava sua própria festa de homenagem às mães. Uma tenda com produtos de beleza da Natura, pula-pula para as crianças e até a realização de um bingo movimentaram a quadra da Vila Olímpica da comunidade, ao lado da UPP, que recebeu centenas de moradores da comunidade.

Rosilene Rodrigues e Danilo. Dia das Mães com um "novo sabor"

Para Rosilene Rodrigues, de 40 anos, que mora na comunidade desde os 8, o Dia das Mães este ano tem um novo sabor. “Não é só um evento como esse, que nunca tinha antes, mas a comunidade já mudou. As crianças, que tinham que ficar trancadas em casa, já saem para brincar, andar de bicicleta na rua. Em frente à minha casa, por exemplo, os bandidos apagavam as luzes dos postes e ficavam armados vendendo as coisas deles lá. Imagina meu filho mais velho voltando do trabalho, sendo questionado por eles, e meu mais novo vendo tudo da janela. Agora está ótimo”, contava a mãe, abraçada com o filho Danilo, de 10 anos.

A homenagem das UPPs às mães continuam em diversas comunidades. Confira, abaixo, os dias, horários e breve dinâmica do que irá acontecer nos próximos dias nas UPPs:

Sábado

UPP Borel

Dinâmica: Um café da manhã para as alunas do projeto de ginástica e mães das crianças do Reforço Escolar, cerca de 80 mães serão contempladas.

Horário: 7h

Local: Rua são Miguel, 430, Tijuca. (Quadra da Unidos do Borel).

UPP Formiga

Dinâmica: Café da manhã e sorteio de brindes para as mães da comunidade.

Horário: 9h

Local: Rua Camaioré, 23, Tijuca. (Quadra Comunitária Neném Polessa).

UPP Fé/Sereno

Dinâmica: Haverá um coffee break com bolo e cachorro-quente doados pelos comerciantes da comunidade. Também haverá distribuição de kits de cosméticos da empresa Natura e apresentação de um grupo de pagode e recreação para as mães da comunidade com o professor de Jiu-Jitsu, professor Otávio.

Horário: 11h

Local: Rua Maturacá S/Nº, ao lado da sede da UPP Fé.

UPP Adeus/Baiana

Dinâmica: Com a comemoração de aniversário da UPP Adeus/Baiana o comandante prestará uma homenagem a uma mãe policial e a uma mãe da comunidade. Serão distribuídos brindes e flores.

Horário: 9h

Local: Rua Aureliano Lessa, 97, Ramos. (Social Ramos Clube).

Segunda

UPP Providência

Dinâmica: Café da manhã com distribuição de brindes para as mães que participam dos projetos da UPP e policiais que são mães.

Horário: 10h

Local: Rua Ebroíno Uruguai, 251, Santo Cristo. (Sede da UPP).

 

UPP Prazeres/Escondidinho

Dinâmica: Haverá uma programação variada com um almoço dançante, palestras, homenagem organizada pelos policiais da UPP e distribuição de 60 kits de cosméticos da empresa Leite de Rosas para policiais e mães da comunidade.

Horário: 13h às 17h

Local: Rua Almirante Alexandrino, 3286, Santa Teresa. (Casarão dos Prazeres).

 

Terça

UPP Santa Marta

Dinâmica: Uma parceria com a Clínica da Família trará para a comunidade além de um café da manhã, palestras sobre doenças e sobre a Lei Maria da Penha. Além de contar com a distribuição de brindes. São esperadas cerca de 80 mães para o evento.

Horário: 8h

Local: Rua São Clemente, 307, Botafogo.  (Praça Corumbá).

10/05/2021

Regularização fundiária chega à Rocinha: 2.091 títulos são entregues aos moradores

Estado já entregou mais de 10 mil termos de posse e moradia em 2012; a meta é chegar a 38 mil até 2014

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O Vice-governador Luiz Fernando Pezão disse que o título de propriedade é uma garantia da família / Shana Reis

Fabiana Paiva / Imprensa RJ 

O Governo do Estado entregou, nesta sexta-feira (10/05), 2091 títulos de propriedade para regularização fundiária na comunidade da Rocinha. Na ocasião também foram anunciadas as obras de finalização da creche modelo, do plano inclinado da comunidade, além das intervenções de reurbanização do Caminho dos Boiadeiros e a construção do mercado popular. Ao custo de R$ 22,5 milhões, as obras são complementares ao PAC 1. 

Estiveram presentes na solenidade — realizada no Centro Esportivo da Rocinha - Rua Bertha Lutz, nº85 - São Conrado — o Governador Sérgio Cabral, o Vice-governador e coordenador de Infraestrutura, Luiz Fernando Pezão, o Secretário de Habitação, Rafael Picciani, o Secretário de Obras, Hudson Braga, o Secretário de Transportes, Júlio Lopes e o Secretário de Esporte e Lazer, André Lazaroni.

“Hoje estamos dando garantia de propriedade. Quem quiser fazer empréstimo em banco ou compra em loja pode dizer que tem a sua casa, o que é uma garantia pedida. Estamos entregando mais de dois mil títulos, mas serão nove mil no total a cargo do Estado. Isso representa cerca de 45 mil pessoas beneficiadas, o que é quase a metade da Rocinha atendida por esse programa”, afirmou Cabral.

Segundo o vice-governador e coordenador de Infraestrutura, Luiz Fernando Pezão, a entrega de títulos de propriedade é resultado também da pacificação da comunidade.

Moradora recebe título de propriedade das mãos do Gov. Sérgio Cabral

“Estamos vendo o que a paz possibilita a um território. Quando entregamos um título de propriedade, estamos dando garantia de que ninguém vai tirar a família da sua casa. É um avanço extraordinário. Eu tinha esse sonho há 30 anos e a equipe do Iterj (Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio) venceu as barreiras”, disse o vice-governador.

O trabalho de regularização fundiária de interesse social na comunidade teve início em 2012, após pedido da Câmara Comunitária da Rocinha, São Conrado e Gávea. Agora, menos de um ano depois, as famílias foram contempladas com termos administrativos preliminares de comprovação de posse e moradia. Ao todo, 8.364 pessoas serão beneficiadas.

"É importante lembrar que a titulação dos imóveis permite a transferência do patrimônio da família para os herdeiros dos beneficiários. Outro destaque é que o documento de posse permite aos moradores apresentar comprovantes de residência, ter acesso a créditos bancários, e, o mais importante, fazer parte da cidade formal com todos os direitos que ela contempla", ressalta Rafael.

De acordo com a presidente do Iterj (Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio), Mayumi Sone, o auto de demarcação urbanística, instrumento que garante a legalização definitiva das moradias, já foi encaminhado ao cartório do 2º Ofício de Registro de Imóveis da Capital e segue o trâmite de confecção dos documentos normalmente.

"Os termos administrativos correspondem ao compromisso do Governo do Estado com as famílias em reconhecer o direito às suas casas. Agora é aguardar que o cartório conclua a documentação definitiva, ou seja, o RGI", observa Mayumi.

A área que recebe a intervenção do estado pertencia à empresa Territorial Gávea. O processo de desapropriação foi conduzido pelo Iterj e a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro.

Ao todo, 3.907 famílias foram cadastradas para receber o título, sendo que 2.091 apresentaram a documentação exigida para a titulação - que é feita com base na Lei Federal nº 11.977/2009. As demais famílias não aptas para a titulação serão alcançadas nas próximas etapas do trabalho e regularização fundiária, quando poderão apresentar a documentação pendente.

"Estão todos muito felizes e aliviados, é o fim do fantasma da remoção. Finalmente essas famílias terão mais segurança e paz. Estão recebendo os títulos os moradores que vivem há mais de 40 anos na Rua Nova e adjacências, região mais antiga da comunidade", disse o presidente da Câmara Comunitária da Rocinha, São Conrado e Gávea, Antônio Xaolim Ferreira de Mello.

* Com informações da Secretaria de Estado de Habitação.

09/05/2021

Fundo UPP Empreendedor reduz prazo de liberação de crédito

Empréstimos podem ser concedidos em até dois dias para microempresários

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​Os microempreendedores de comunidades pacificadas ganharam mais um incentivo do Governo do Estado / Salvador Scofano

Fabiana Paiva / Imprensa RJ​

Os microempreendedores de comunidades pacificadas ganharam mais um incentivo do Governo do Estado para impulsionar o próprio negócio. A AgeRio (Agência de Fomento do Rio de Janeiro) está otimizando seus processos e  reduziu de 13 para dois dias o prazo de liberação de crédito. Por meio do Fundo UPP Empreendedor, a agência concede financiamentos entre R$ 300 e R$ 15 mil, com juros mensais de 0,25% e até 24 meses para pagar.

Com mais de 400 contratos assinados e R$ 1,6 milhão concedidos em empréstimos, a AgeRio também vai permitir que clientes renovem as operações de acordo com suas necessidades. O objetivo é continuar apoiando aqueles que já obtiveram retorno do investimento inicial. A expectativa é chegar a dois mil contratos até o fim deste ano.

“Será possível obter novos recursos, mas faremos isso de forma orientada, dando noções de educação financeira. Analisaremos o projeto para evitar que ele pegue mais do que o necessário. É um microcrédito produtivo bem orientado”, explicou o presidente da agência, Domingos Vargas.

A cabeleireira Sandra atende clientes da Zona Sul em seu salão

Salão de beleza aumenta faturamento

 Atualmente, a AgeRio atende microempresários em 24 postos avançados instalados em comunidades pacificadas como Cidade de Deus, Batan, Babilônia, Chapéu-Mangueira, Tabajara e Complexo do Alemão. Três meses após obter R$ 5 mil de crédito junto ao Fundo UPP Empreendedor, a cabeleireira Sandra Mara Satique, de 39 anos, já contabiliza os lucros do salão montado na garagem de sua casa, no Morro da Coroa, em Santa Teresa.

 Após investir o dinheiro em produtos e equipamentos, a pequena empresária conseguiu quadruplicar o número de clientes e aumentar seu faturamento em 30%.

 “Pude comprar mais produtos, secadores e pranchas. O salão foi crescendo no ‘boca a boca’. Grande parte da minha clientela vem da Zona Sul do Rio. Todas elas perderam a má impressão que tinham por ser salão em comunidade”, disse Sandra Mara.

Financiamento impulsiona comércio de cestas básicas

Morador do Morro da Coroa, o microempreendedor João Henrique Silva, de 36 anos, ansiava pela possibilidade de obter um novo empréstimo. Em dezembro do ano passado, ele conseguiu R$ 5 mil para investir na mercearia que abriu na comunidade. O negócio, que começou com a venda de cestas básicas na sala de casa, tem evoluído tanto que João Henrique quer fazer melhorias para que o espaço vire um minimercado.

“Comprei fatiador de frios, máquina de assar frangos, balança, prateleiras e mercadorias. Antes eu só tinha um freezer e um demonstrador. O financiamento foi o pontapé e está dando resultado. Agora quero fazer reforma, cozinha e banheiro para que vire um mercadinho. Nenhum banco me ofereceria as condições que a AgeRio me deu. Se puder renovar o empréstimo, vou crescer ainda mais”, disse o microempreendedor.

Octaviano Gomes concretizou o sonho de abrir o albergue

Microcrédito para construir um albergue

O goiano Octaviano Gomes, de 54 anos, é outro morador da comunidade que está colhendo os frutos do financiamento que conseguiu para investir na criação do Albergue Coração da Coroa. Com os R$ 3,5 mil do empréstimo do Fundo UPP, parcelados em 12 vezes, ele pôde equipar e decorar os quartos. O dinheiro que faturou de janeiro até agora já cobriu o investimento e ele estuda renovar o crédito para criar mais um quarto com beliches.

"No meu banco, a taxa era de 4,5% ao mês, o que tornava o crédito inviável para mim. Agora, concretizei meu sonho de abrir o albergue. Já hospedei australiano, francês, chinês, americano, italiano e belga", afirmou Gomes. Incentivado pelo projeto da AgeRio, o empreendedor também está legalizando seu albergue na comunidade pacificada através do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).

07/05/2021

Diretor da ONU visita Morro do Cantagalo e diz que cidade está melhor com UPP

Yuri Fedotov dirige o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC)

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Yuri Fedotov percorreu a comunidade acompanhado do Secretário de Direitos Humanos, Zaqueu Vieira / Priscila Marotti

​Priscila Marotti

A comunidade do Cantagalo recebeu, nesta terça-feira, 7 de maio, a visita do Diretor do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), Yuri Fedotov, que andou pela comunidade e conheceu de perto o programa das UPPs, apresentado pelo comandante da unidade Pavão-Pavãozinho/Cantagalo, Major Felipe Magalhães.

Cercado por sua comitiva, Yuri subiu subiu a comunidade a bordo do elevador panorâmico Rubem Braga, que deixa os passageiros em um ponto alto do Morro do Cantagalo, de onde podem admirar a vista privilegiada do Mirante da Paz e conhecer um pouco mais do ambiente.

O diretor da ONU foi caminhando por entre os becos e vielas até chegar à UPP, onde assistiu a uma palestra do Major Felipe sobre o Programa das Unidades de Polícia Pacificadora e da presidente do Instituto Pereira Passos (IPP), Eduarda La Rocque, que falou sobre o programa UPP Social.

O Major Felipe explicou o programa das UPPs ao visitante

“O Rio tem um histórico de muitos anos de violência e lugares dominados por poderes paralelos. Depois de tanto tempo vivendo nessa realidade surgiu a UPP, que veio para não só trazer a segurança, mas garantir a liberdade e a entrada de serviços que antes eram impedidos pela criminalidade”, ressaltou o comandante. 

Eduarda La Rocque explicou que a UPP Social foi criada para articular a atuação dos diferentes órgãos dentro das comunidades e entender quais são as reais demandas desses locais, viabilizando as ofertas e proporcionando a melhoria das condições de vida. “É um programa que tem o objetivo de diminuir as disparidades entre morro e asfalto e contribuir com uma cidade verdadeiramente integrada”, concluiu La Rocque.

Yuri Fedotov disse que estava muito feliz com essa visita ao Brasil, e que via que a cidade do Rio de Janeiro está muito bem. “O Brasil é gigante e nosso escritório no país ainda é pequeno, mas queremos fazer muito pela região. Admiro o trabalho da polícia pacificadora e já percebi que o processo de pacificação das favelas está indo muito bem. Desejo muito sucesso ao programa”, ressaltou o diretor das Nações Unidas, que ainda aproveitou para conhecer os estabelecimentos da ONG Afroreggae, na própria comunidade. 

Yuri Fedotov disse que a pacificação das favelas "está indo muito bem"

O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) implementa medidas determinadas pelas três convenções internacionais de controle de drogas e pelas convenções contra o crime organizado transnacional e contra a corrupção.

O trabalho do UNODC está baseado em três grandes áreas: saúde, justiça e segurança pública. Dessa base tripla, desdobram-se temas como drogas, crime organizado, tráfico de seres humanos, corrupção, lavagem de dinheiro e terrorismo, além de desenvolvimento alternativo e de prevenção ao HIV entre usuários de drogas e pessoas em privação de liberdade.

Leia também...

Site da ONU Brasil destaca visita que o Diretor do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), Yuri Fedotov, fez ao Morro do Cantagalo.

Baixe aqui as fotos em alta resolução da visita de diretor da ONU ao Cantagalo  

07/05/2021

Mangueira ganha espaço para realizar atividades educacionais e esportivas

Infraestrutura foi montada em ambiente de 1200m² doado pela Fundação Leão XIII

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O Vice-governador Luiz Fernando Pezão compareceu à inauguração do Espaço Sesi/Senai / Priscila Marotti

​Priscila Marotti

A comunidade da Mangueira ganhou um complexo de atividades educacionais e esportivas nesta terça-feira, 7 de maio. O Espaço Sesi/Senai irá funcionar em um local com salas de aula, biblioteca, computadores e toda a estrutura para atender jovens e adultos do morro, em um local de 1200 m² cedido à Firjan pela Fundação Leão XVIII.

O evento de inauguração contou com a presença de dezenas de moradores, representantes e parceiros do projeto, além e do vice-governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, do Secretário de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, Zaqueu Teixeira, da diretora de projetos da ONG Rio Solidário e esposa do Secretário José Mariano Beltrame, Rita Paes. 

“Como o secretário Beltrame sempre enfatiza, os serviços têm que ser levados para as comunidades, junto com a polícia. Isso garante a verdadeira melhoria na qualidade de vida desses moradores. O Rio vive um grande momento, e capacitando jovens e adultos para o mercado de trabalho contribuímos com isso. Estou muito feliz por estar representando o Governo em um dia como esse”, ressaltou Pezão.

Jovens terão aulas de idiomas e biblioteca com acesso à internet

Mudança

Para o Secretário Zaqueu Teixeira, o Rio vivencia a transformação proporcionada pelo processo de pacificação. “Estamos vendo mudança todos os dias. As obras do PAC estão mudando a geografia das comunidades. Por conta das UPPs, nós conquistamos uma facilidade para atuar nestes locais e conseguir parceiros que apoiem os projetos que são implantados em espaços como esse, que estava abandonado aqui no morro e agora vai servir para melhorar a vida dos moradores”.

O espaço foi criado para atender três cursos de educação profissional, com turmas de até 20 alunos em dois turnos para cada curso, uma ampla biblioteca multimídia da Indústria do Conhecimento, duas salas para educação básica, reforço escolar e cursos de idiomas, além de uma quadra de esportes.

Estarão disponíveis cursos para jovens e adultos, de inglês e espanhol; cursos profissionalizantes nas áreas de elétrica, construção civil e mecânica de motos; atividades esportivas para crianças e idosos e a biblioteca com acervo de cerca de 1300 livros, além de computadores para acesso à internet.

Genival da Silva."Com esses projetos vamos melhorar"

Para o comerciante Genival da Silva, de 49 anos, nascido e criado no morro, a comunidade estava precisando de novas oportunidades. “Eu ficava vendo um jardim de infância que funcionava aqui depredado, as crianças sem ter o que fazer. Esses projetos são o que precisamos para melhorar. Tenho três sobrinhos que já estão lá dentro da biblioteca desde cedo, olhando os livros, mexendo no computador. Nossos filhos podem ter oportunidades melhores”, destacou.

Benefícios

Assim como os sobrinhos de Genival, dezenas de crianças se aglomeraram na biblioteca para assistir a uma apresentação do grupo Costurando Histórias, que conta fábulas de livros com tapetes e bonecos costurados à mão.

No espaço também vão ser disponibilizadas aulas de ensino médio e fundamental para jovens e adultos que serão realizadas diariamente de 18h às 22h. Os cursos de educação profissional do Senai, que contam com laboratórios específicos para cada área, serão dados em dois turnos, manhã e tarde, sendo que as turmas de mecânica de motos e de elétrica vão ter 20 alunos cada, e as de pedreiro de alvenaria serão compostas por 12 pessoas.

Nascida e criada na Mangueira, Marilsa do Nascimento, de 57 anos, vê no novo espaço uma possível transformação da comunidade. “É um momento histórico para a comunidade, de início de mudança mesmo. Nunca iríamos imaginar, há uns anos, um projeto como esse que temos hoje. Tenho 37 sobrinhos e oito irmãos que vão poder se beneficiar com o espaço. É só alegria”.

As inscrições para os cursos já estão abertas e a previsão é de que as aulas se iniciem no próximo mês.

07/05/2021

Prefeitura de Maceió quer levar modelo da UPP Social ao município

Alagoanos reuniram-se com representantes do Estado e do Município do Rio

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Representantes da Prefeitura alagoana vieram conhecer em detalhes o funcionamento das UPPs / Divulgação UPP Social

Uma comissão de gestores públicos de Maceió visitou o Rio para conhecer o Programa UPP Social e conversar com representantes do Estado e Município sobre a união de esforços para o enfrentamento à violência e a oferta de serviços públicos às favelas.

Representantes das pastas da Fundação Municipal de Ação Cultural, Segurança Comunitária e Assistência Social da capital alagoana vieram conhecer em detalhes o funcionamento das UPPs e o trabalho da Prefeitura nas favelas pacificadas, feito através da UPP Social. A comissão visitou as favelas Santa Marta e Prazeres para acompanhar de perto o trabalho dos agentes de campo, na maioria das vezes moradores das favelas onde trabalham.

“Depois de pacificada a favela, como é o trabalho de vocês? Como é a efetividade do trabalho da UPP Social? Queremos saber sobre como funcionam as equipes de campo, acordos de gestão, como são feitos os indicadores e metas e estudar como isso pode ser feito em Maceió”, perguntou a Secretária Adjunta de da Segurança Comunitária, Mônica Suruagy, aos representantes da UPP Social durante a apresentação do Programa.

A UPP Social é a estratégia da Prefeitura do Rio de Janeiro para a promoção da integração urbana, social e econômica das áreas da cidade beneficiadas por unidades de polícia pacificadora (UPPs) e tem como missão mobilizar e articular políticas e serviços municipais nesses territórios. 

Para isso coordena esforços dos vários órgãos da Prefeitura do Rio e promove ações integradas com os Governos do Estado e Federal, a sociedade civil e a iniciativa privada, sempre em favor do desenvolvimento e da qualidade de vida nas comunidades em áreas de UPP. Com isso, busca a consolidação e o aprofundamento dos avanços trazidos pela pacificação, com o objetivo de reverter o legado da violência e da exclusão territorial nesses espaços.

Este é o modelo de política pública que chamou a atenção do Prefeito de Maceió, Rui Palmeira, que enviou os gestores. “Qual a relação deste trabalho de vocês com a comunidade? Queria saber quais os progressos que vocês notam, se esse é o caminho a ser aperfeiçoado”, perguntou o Superintendente de Políticas de Promoção da Cidadania e dos Direitos Humanos à Maíra Acioli, assistente de gestão nas favelas da Coroa, Fallet, Fogueteiro, Escondidinho, Prazeres e São Carlos, que pontuou que há muitos avanços importantes e que o comprometimento das Secretarias Municipais é de extrema importância para o sucesso das ações. 

“Temos acordos de gestão importantes para execução de programas específicos, como o ‘Vamos Combinar’, com a Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) e o ‘Vamos Iluminar’, com a Rioluz”, exemplificou. Respectivamente, os acordos são para a coleta de lixo e iluminação pública, que correspondem a cerca de 70% das demandas levantadas pelas equipes da UPP Social nos territórios.

O desejo da Prefeitura de Maceió é de lançar mão das boas práticas da UPP Social e fazer uma releitura de acordo com a realidade local, unindo Município, Estado e União para atuar na região.

* Com informações do programa UPP Social.

04/05/2021

Ação Social no Morro da Fazendinha leva serviços aos moradores da comunidade

Com a iniciativa, foi possível tirar documentos como carteira de identidade de graça

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O programa Sesi Cidadania já realizou mais de 400 mil atendimentos além de diversão para as crianças / Marino Azevedo

​Priscila Marotti

A comunidade da Fazendinha, no Complexo do Alemão, contou com uma iniciativa social que reuniu diversas instituições para promover uma ação social, neste sábado, 4 de maio, na estação Palmeiras do teleférico, em frente à UPP da comunidade.  Os serviços, oferecidos pelo programa Sesi Cidadania em parceira com outros órgãos, foram disponibilizados de forma gratuita para os moradores do morro.

A animação e a recreação da criançada ficaram por conta da Firjan, que ainda promoveu uma oficina de pintura em gesso e de xadrez para os pequenos, enquanto adultos e jovens podiam participar de oficinas de artesanato (Customização de Bolsas), conhecer a oferta de cursos profissionalizantes e assistir a palestras de Orientação para o Mercado de Trabalho.

Moacir gostou da palestra sobre mercado de trabalho

“Eu nunca trabalhei com carteira assinada. Sempre fui autônomo, mas agora estou com um emprego em vista e não fazia ideia de como proceder caso eu trabalhe com carteira. Assisti à palestra de orientação pro mercado de trabalho e passei a entender muitas coisas. Valeu muito a pena”, contou o morador Moacir, de 37 anos, que ainda levou para casa um certificado de participação na palestra.

Também foram oferecidos serviços como balcão de empregos, emissão de primeira e segunda via de Carteira de Trabalho, por meio da Secretaria de Estado de Trabalho e Renda, segunda via de certidões e registros, oferecidos pela Defensoria Pública, emissão de primeira e segunda vias de identidade pelo Detran, entre outros serviços prestados aos moradores da comunidade.

Silvana Batista estava há mais de um ano sem Carteira de Identidade

A moradora Silvana Batista, de 40 anos, estava há mais de um ano sem carteira de identidade. Conseguiu, finalmente, tirar sua segunda via através do evento. “Isso aqui é muito importante para a comunidade. A gente trabalha muito e quase não tem tempo de parar para resolver essas pendências, que acabam se acumulando. Graças a Deus consegui resolver meu problema depois de mais de um ano”.

Lucicleide Faustino, de 33 anos, aproveitou a ação social para tirar a primeira carteira de identidade dos filhos, Victoria, de 13 anos, e Jonata, de 15. “Está sendo muito bom, né? Se eu não pudesse contar com essa iniciativa aqui, hoje, teria que pedir licença do trabalho para resolver. Facilita muito a nossa vida”.

O SESI em Ação da Fazendinha registrou mais de 2500 atendimentos. O programa, criado em agosto de 2010, está presente em todas as comunidades pacificadas e já realizou mais de 400 mil atendimentos. Vidas que tomaram um novo rumo, um novo sentido, que voltaram a sorrir. Com educação, esporte, lazer e cultura, o Sesi Cidadania não resgata só as comunidades, mas o orgulho de todo mundo que vive nelas. 

03/05/2021

Schwarzenegger publica nas redes sociais fotos com jovens da Providência

Iniciativa do astro de Hollywood vira assunto de destaque no Facebook e Instagram

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O ator assistiu a uma apresentação de mais de 40 crianças que participam do projeto de jiu-jitsu da UPP Providência / Divulgação

​Priscila Marotti

A presença do ator Arnold Schwarzenegger no Rio no último sábado, 27 de abril, foi um dos assuntos mais “curtidos” nas redes sociais, depois que ele postou na sua página do Facebook as fotos que tirou com as crianças e jovens do Morro da Providência, que participaram do evento "Arnold Classic", feira de esportes e culto ao corpo que o astro de Hollywood realiza em vários locais do mundo, passando pela Europa, diversas cidades americanas e, agora, no Brasil. Durante o evento, o ator assistiu a uma apresentação de mais de 40 crianças que participam do projeto de jiu-jitsu da UPP Providência.

Schwarzenegger assistiu a um apresentação dos alunos de jiu-jitsu

“Foi tudo muito maravilhoso pra mim, para as pessoas que estavam lá, pra minha família. Eu conheci um grande ator. Meu pai falou muito dele, até me mostrou filme que ele fez. Foi o máximo”, contou Cauã Galdeano, de nove anos, que participa do projeto de luta dos policiais da unidade e aparece numa das fotos entregando um certificado da UPP a Schwarzenegger, ao lado dezenas de crianças do morro.

Para o pai do menino foi uma realização ver o filho no dia. “Foi uma satisfação enorme. Nasci na década de 1980, quando ele fez o filme “Conan, o Bárbaro”, e lembro como se fosse ontem. Sempre fui fã dele. Eu me realizei pelo meu filho, que teve essa oportunidade de ouro de conhecer um grande artista”, declarou Diogo Galdeano.

No post publicado em seu Facebook e na sua página oficial no Instagram, Schwarzenegger elogia os meninos: “Conheça esses campeões de jiu-jitsu na abertura da Arnold Classic hoje”, diz a mensagem.

O ator chegou a postar uma nova foto nesta quinta-feira, 2 de maio, na qual brinca e elogia o talento do menino Samuel Leite, que ganhou a simpatia de Schwarzenegger. “Senhoras e senhores, eis o futuro campeão de UFC. Conheci o Samuel no Rio. Não deixe sua fofura te enganar, ele sabe lutar!”.

Um futuro campeão posa ao lado do astro de Hollywood

Essa história começou quando o Mestre Carlão Barreto — empresário de MMA conhecido da UPP e que tinha um stand na feira — convidou os alunos do projeto para realizarem uma apresentação. Eles acabaram sendo chamados pela produção da Copa Arnold para uma nova apresentação para o próprio Schwarzenegger.

“Eles fizeram uma apresentação para o Arnold na feira. A gente não tinha como imaginar que seria tão bom. Os meninos já conheciam o filme, tiraram fotos, falaram com ele. Teve um aluno que chegou para mim e disse: ‘Não lavo mais a mão. E se me der 10 reais eu deixo o senhor apertar ela’. Se sentiram as estrelas”, contou o professor de jiu-jitsu e responsável pelo projeto na UPP, Cabo Flávio Teixeira.

“A gente fica feliz pelas oportunidades que acaba gerando. Estamos sempre buscando o melhor para eles”, completou. 

Com a presença do astro do cinema mundial, esta foi a primeira edição da feira “Arnold Classic” na América Latina, realizada de 26 a 28 de abril, no Centro de Convenções SulAmérica, na Cidade Nova. 

02/05/2021

“Visita à comunidade do Alemão me impressionou profundamente”

Artigo de Stephan Hinrichs, com exclusividade para o Portal UPP RJ

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Stephan Hinrichs destaca a paixão dos policiais da UPP pelo trabalho para assegurar a estabilidade na comunidade

*Por ​Stephan Hinrichs

Antes de começar meus estudos no Brasil, participei de um curso sobre o país. O professor brasileiro deu uma visão geral sobre a economia, a sociedade e a cultura e nos proporcionou o acesso a vários artigos sobre a evolução do país nos últimos anos e sobre os programas sociais, como o "Bolsa Família".

Além disso, antes da nossa partida, um dos meus colegas de classe — nascido e criado no Rio de Janeiro — fez uma apresentação sobre a cidade. Ele mencionou a beleza como um dos desafios da cidade e chamou o Rio de “cidade maravilhosa" e eu estava animado para construir a minha própria imagem.

​Stephan destaca empenho dos policiais pela estabilidade da comunidade

Após minha chegada ao Rio de Janeiro, fiquei profundamente impressionado com o tamanho da cidade, seu litoral e a vitalidade das pessoas. No entanto, eu sabia que o Rio é mais do que as praias de Copacabana, Ipanema e Leblon e a vida noturna na Lapa.

Meu conhecimento sobre as comunidades foi muito limitado e afetado, principalmente, pelo filme "Cidade de Deus", e por outros documentários na mídia. Devido à minha experiência em outros países, eu estava consciente de que a imagem transmitida pelos meios de comunicação nem sempre mostra toda a situação, e por isso sou muito grato à Fundação Dom Cabral (FDC) e à Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) por terem  me dado a oportunidade de desenvolver a minha própria impressão sobre o Rio.

A visita à comunidade do Alemão me impressionou profundamente. O tamanho das comunidades não é comparável com o que já vi em outros países até o momento e o fato de que uma guerra aconteceu na comunidade a menos de cinco anos atrás, me causou arrepios. Tenho certeza de que conversar com os policiais e com os moradores melhorou o meu entendimento sobre a situação na comunidade.

É visível que os moradores se desenvolveram e abriram todo tipo de empresas, tais como varejo, restaurantes, marcas de roupa, e que os bancos se adaptaram às circunstâncias nas comunidades e estão dispostos a apoiar boas ideias de negócio, oferecendo créditos.

No entanto, a desigualdade na sociedade brasileira ainda é grande e parece ser um longo caminho a ser percorrido, mas a paixão do Comandante e dos policiais da UPP pelo trabalho que está sendo desenvolvido para assegurar a estabilidade na comunidade, bem como o pensamento do jovem empresário que conheci no Alemão, me permitem enxergar, de forma positiva, o futuro desenvolvimento da região.

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*Stephan Hinrichs, 28 anos, nasceu na Alemanha e cursa MBA na Universidade de Saint Gallen (Suíça). Esteve no Rio de Janeiro, em 3 de abril, como integrante de um grupo de jovens executivos estrangeiros visitando comunidades pacificadas. Eles vieram ao Brasil, por meio do programa Learning Journeys in Brazil (Jornada de Aprendizado no Brasil), promovido pela Fundação Dom Cabral, em viagem de reconhecimento da realidade socioeconômica de países emergentes. 

02/05/2021

Rocinha ganha plano inclinado, creche e mercado popular

Obras vão custar R$ 22,5 milhões e devem ficar prontas em novembro

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De acordo com a Secretaria de Obras, as intervenções vão beneficiar aos mais de 100 mil moradores da comunidade / Erica Ramalho

​Ascom da Secretaria de Obras

A Secretaria estadual de Obras, por intermédio da Empresa de Obras Públicas do Estado (Emop), inicia nos próximos dias na Rocinha, Zona Sul do Rio, as obras complementares do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 1. As intervenções incluem a finalização da creche modelo e do plano inclinado, a reurbanização do Caminho dos Boiadeiros e a construção do mercado popular, ao custo de R$ 22,5 milhões e deverão estar prontos em 240 dias. A autorização para o início dos projetos foi publicada, nesta terça-feira, 30 de abril, no Diário Oficial do Estado.

 Segundo o Secretário de Estado de Obras, Hudson Braga, as intervenções vêm se somar às várias melhorias já feitas e entregues pelo Estado aos mais de 100 mil moradores da comunidade nos últimos anos, num investimento de mais de R$ 272 milhões.

Obra prevê  a implantação de rede de esgoto e de iluminação

 “Essas novas obras trarão mais ordem e facilidade à circulação das pessoas, além de dignidade e cidadania aos moradores de uma das comunidades mais populosas da cidade. E não vai parar por aí. Em breve, o Estado, em parceria com o governo federal, anunciará outros investimentos importantes para a Rocinha”, acenou o secretário.

 As obras previstas para o Caminho dos Boiadeiros compreendem drenagem, implantação de rede de esgoto e de iluminação, pavimentação de ruas e intervenções urbanísticas. O projeto de asfaltamento consistiu no dimensionamento das camadas do pavimento, em função das características técnicas dos veículos que circularão nos logradouros. A estimativa é que trafeguem pelo local cerca de 12 caminhões médios por dia e dois pesados por semana, além de um caminhão de lixo por dia.

O Caminho dos Boiadeiros também receberá um moderno projeto de iluminação, elaborado em acordo com as normas da Rio Luz, órgão da Prefeitura do Rio. O projeto busca reduzir o consumo de energia, aumentar o aperfeiçoamento tecnológico e estético dos equipamentos utilizados, padronizar e simplificar os serviços de manutenção, melhorar o atendimento aos usuários e racionalizar os custos de serviço, entre outras melhorias.

O prédio que vai servir de creche para 75 crianças terá dois pavimentos. O imóvel terá salas de atividades (duas para 20 crianças de 2 a 6 anos e duas para 25 crianças de 6 a 10 anos), um berçário para 30 crianças, pátios de recreação, cozinha e refeitório com 42 lugares, entre outras dependências, inclusive sanitários e elevador para portadores de deficiência física.

Já o mercado popular, próximo ao Largo dos Boiadeiros, será composto de três pavimentos, com praça de alimentação, 31 lojas e terraço aberto. No primeiro piso haverá 18 lojas, hall, salas, praça de alimentação e banheiros, inclusive para portadores de deficiência física. No segundo pavimento, serão 19 lojas, além de uma sala multiuso, banheiros e dependências para zelador e ajudante. Por fim, no terceiro e último andar haverá 12 lojas, um terraço coberto e outro aberto, sala e depósito para material.

O prédio que vai servir de creche para 75 crianças terá dois pavimentos

Em relação ao plano inclinado, além das obras de conclusão do sistema de transporte, serão construídas instalações para brigada de incêndio, guarda de equipamentos e casa das máquinas e realizadas intervenções urbanísticas. O plano, que terá três estações e 140 metros de extensão, vai ligar o acesso principal da Rocinha (Auto-estrada Lagoa-Barra) ao fim da Rua 1 (próximo ao Túnel Zuzu Angel). A estação intermediária ficará na Travessa Esperança.

Também estão previstas obras de drenagem, pavimentação, abastecimento de água, iluminação e sinalização na Rua do Valão e Via Sul. Em relação à drenagem, o projeto consiste em estabelecer um sistema de coleta e escoamento de águas pluviais eficiente e que atenda às modificações urbanísticas propostas na área.

O projeto de pavimentação inclui a melhoria funcional, considerando o alargamento da caixa de rua, e a implantação de um passeio. As duas vias ainda serão ligadas pelo plano inclinado.

Os moradores dessas localidades ainda ganharão a complementação do sistema de abastecimento de água nos setores Macega/Terreirão, por meio de uma rede de distribuição ao longo de toda a via projetada (Via Sul). Está prevista, ainda, a instalação de um extravasor no reservatório existente na área do Terreirão. Na Rua do Valão, trechos de redes e ligações domiciliares serão recuperados.

Por fim, os moradores serão beneficiados com o mesmo projeto de iluminação e sinalização a ser executado no Caminho dos Boiadeiros. 

30/04/2021

O terno e o sonho

Josué agora vai ao culto com roupa que ganhou de PMs da UPP

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O terno foi um presente de aniversário de policiais da UPP da Cidade de Deus para o menino Josué / Marino Azevedo

​Priscila Marotti

O terno, a calça social e a gravata ficam bem guardadinhos por um plástico, com todo o cuidado, como se fosse um tesouro protegido no único armário da casa de cerca de 20 m², na Cidade de Deus. Em dias especiais, o pequeno Josué Gomes, de 11 anos, se arruma todo, veste a roupa social e vai, orgulhoso de seu estilo, para a igreja. 

O terno foi um presente de aniversário de policiais da UPP da Cidade de Deus, que se juntaram para fazer a surpresa, após Josué, frequentador assíduo da unidade, revelar a um dos policiais que seu sonho era ganhar a peça de roupa. Esse seria seu primeiro passo para se tornar um pastor de verdade.

“Eles perguntaram o que eu queria mais que tudo. Aí eu disse que queria um terno pra ir pro culto. Comecei a sonhar com isso quando vi meu irmão casar. Achei tão bonito. Agora, eu sou o único menino que vai de terno pra igreja, junto com o pastor”, contou Josué, enquanto passava perfume em seu terno e se preparava para sair.

O terno Josué ganhou de presente de aniversário de policiais da UPP

Josué é um dos alunos de jiu-jitsu da UPP e já virou praticamente o mascote da unidade. Os professores, Soldados Rodrigo Martins e Fernando Pasche, o Tenente Jeimison Barbosa, que comanda a base da área do Caratê, onde Josué mora, e o comandante da UPP Cidade de Deus, Major Bruno Xavier, foram os principais responsáveis pela realização de um dos sonhos do menino.

“A gente sabe que o Josué é um garoto legal, que vai se esforçar para ser alguém na vida e crescer sempre. Quando ele contou que o sonho era ganhar um terno ou uma farda, não pensamos duas vezes. Como a farda seria mais difícil de conseguir e ele não usaria tanto, nos juntamos lá na unidade para comprar o terno. Não tem nem explicação o olhar brilhando de alegria quando ganhou”, disse o Soldado Pasche.

O presente foi uma surpresa, que começou com uma brincadeira. “Quando eles me chamaram lá na UPP pra dar parabéns, me deram uma caneta de presente”, lembrou Josué, rindo. “Depois que eles foram me dar o terno. Nossa. Fiquei muito feliz”.

O menino também frequenta as aulas de jiu-jistu do Soldado Pasche

Josué compartilhou a sua felicidade com a família e a sua comunidade. Sua tia Adriana de Mendonça, de 39 anos, que mora na casa de cima, conta que o terno “quase saiu andando”. “Ele chegava pra gente, todo arrumado com o terno, e dizia que ia dar uma volta, já que não era dia de culto. Aí, voltava um tempo depois. Tinha ido ao culto de outro lugar. Tudo para sair daquele jeito”, declarou Adriana.

Na igreja, Josué mostra que sabe bem o que quer. O tamanho não impede que arrume uma cadeira para “crescer” e falar aos fiéis de cima do púlpito na pequena igreja pentecostal da comunidade. Cumprimenta os presentes e lê uma de suas passagens prediletas da Bíblia. 

Para a mãe de Josué, a auxiliar de serviços gerais Andrea Gomes, de 37 anos, a iniciativa deixou a casa alegre. “Foi uma coisa muito boa que eles fizeram. Era tudo que ele queria. No dia em que ele ganhou o terno veio me acordar dizendo: ‘Mãe, olha o que eu ganhei. Vou vestir pra você ver’. E me mostrou a roupa, que agora usa sempre na igreja. Ele virou o pastorzinho das crianças”. 

A doação do terno marca o relacionamento dos PMs com moradores

Um dos três irmãos de Josué, Rafael, de 22 anos, disse que no início a família ficou curiosa para saber onde o menino usaria o terno. Ele disse também que a iniciativa dos policiais foi “muito bacana”, e que em outra época seria difícil imaginar um policial tendo uma relação de afeto com uma criança da comunidade a ponto de presenteá-la com uma roupa. 

Jeniffer, de 20 anos, prima de Rafael, tem a mesma opinião. “Hoje em dia a gente vê as crianças chamando os policiais de ‘tio’. Uma iniciativa como essa seria, realmente, impossível de imaginar há alguns anos. Hoje as crianças brincam na rua sem o medo de acontecer alguma tragédia ou ver uma cena ruim”, ressaltou a jovem.

Para o Tenente Jeimison, o terno virou um símbolo da amizade que vem sendo construída entre os policiais e as crianças da comunidade. “É muito gratificante ver que você faz parte não só da alegria dos meninos, como está garantindo que eles cresçam de outra forma. O Josué é adorado aqui na UPP. É falante, brincalhão, esperto e um bom menino. Todo mundo aqui ficou feliz em ajudar a realizar esse desejo dele e contribuir com uma criança que merece ter um futuro brilhante”.

29/04/2021

A comunidade abraçou e está feliz com a UPP do Morro da Providência

Unidade completa três anos com festa e integração com moradores

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A festa de aniversário com direito a bolo e guaraná agradou a criançada / Gabi Nehring

​Priscila Marotti

O dia foi de festa no Morro da Providência com o evento organizado para comemorar os três anos de instalação da UPP. O ambiente de descontração compartilhado entre moradores e policiais era uma demonstração de que a pacificação é um processo que vem crescendo a cada dia na comunidade.

A programação teve números de dança com a participação das crianças do morro, que também fizeram uma apresentação musical para uma plateia de pais e avós orgulhosos, com instrumentos que aprenderam a tocar em projetos coordenados pela UPP.  Resultado, a satisfação dos moradores foi total.

A celebração — que contou com a presença de comandantes de outras UPPs e da esposa do secretário José Mariano Beltrame, Rita Paes — foi realizada na tarde desta segunda-feira, 29 de abril, com direito a salgadinhos, bolo e muita festa, que ficou por conta da criançada que corria pela unidade.  Todos eles participam de projetos sociais próprios da UPP, como aulas de jiu-jitsu, caratê, dança, música e de reforço escolar.

Wanda Dias. "Crianças que não tinham opções, hoje são medalhistas"

“Eu fico vendo essas crianças que estão aqui, que antes ficavam o dia inteiro sem fazer nada e hoje são medalhistas, tiveram seus talentos descobertos por conta dos projetos da UPP. Antes, não tinham o que fazer e agora são motivo de orgulho para os pais”, contou a moradora Wanda Dias, de 60 anos, que também se orgulha do que conquistou com as iniciativas da UPP.

“Hoje, eu tenho três diplomas: um de inglês, um de espanhol e um de informática. Terminei meu segundo grau aqui e vou fazer faculdade de pedagogia por causa dessa iniciativa. A comunidade abraçou e eu estou feliz com a minha UPP”.

O Morro da Providência recebeu sua Unidade de Polícia Pacificadora no dia 26 de abril de 2010. Considerado oficialmente a primeira favela do país, a comunidade conta hoje com um efetivo policial de 209 homens comandados pelo Capitão Glauco Schorcht, que atende cerca de cinco mil moradores, segundo o Instituto Pereira Passos, com base no Censo 2010 do IBGE.

Débora Paranhos ao lado da filha Maria Eduarda aluna de jiu-jitsu

Outra moradora que comemora o terceiro ano da UPP é Débora Paranhos, de 47 anos, que chegou a perder o filho de 19, envolvido com o tráfico, durante um confronto um ano antes da entrada da UPP. Hoje, comemora o crescimento da filha Maria Eduarda, de 12 anos, que antes era resistente à polícia e agora carrega, orgulhosa, as nove medalhas conquistadas pelo projeto de jiu-jitsu da UPP, além do boletim recheado de boas notas. 

“A gente passou por situações muito ruins na vida. Acho que a nossa história é de superação e crescimento. Eu consegui um emprego na área de limpeza dentro da UPP mesmo depois que fiz um curso aqui e me chamaram para trabalhar. A Maria Eduarda, que perdeu o irmão da pior maneira possível e teve maus momentos, melhorou em tudo depois que começou a participar do projeto da UPP”, contou. 

Maria Eduarda completou: “Eu melhorei muito mesmo, principalmente na escola. O professor (policial da UPP) falava que a gente não ia passar de faixa se tirasse nota ruim. Eu comecei a estudar e agora posso ser alguém na vida”, disse a jovem.

Um grupo de crianças animou a festa com apresentação musical

Para o Capitão Glauco —  que comanda a UPP desde a sua instalação — ver a mudança dos moradores é motivo de orgulho. “É isso que a gente quer desde o início. Orgulho total perceber que o que estamos vendo aqui hoje é fruto do trabalho que a UPP vem desempenhando com muita dedicação desde o início. Daqui para frente, queremos entender ainda mais os moradores para continuar atendendo, e ainda melhor, às necessidades deles”, disse o comandante.

A comunidade deve, ainda, ganhar um teleférico até o meados deste ano. O equipamento vem passando por testes diários, com cargas de até 3,5 toneladas, para verificar os sistemas elétricos, mecânicos, hidráulicos, freios e sensores. Com três estações e 16 gôndolas, o teleférico terá capacidade de transportar mil pessoas por hora em cada um dos sentidos. As cabines têm capacidade para oito passageiros sentados e dois em pé.

O Morro da Providência está localizado no coração da cidade, atrás da Central do Brasil, por onde passam mais de 600 mil pessoas, no ir e vir diário de uma área que concentra a principal estação ferroviária de transporte de passageiros da cidade, interligada ao metrô e servida por várias linhas de ônibus municipais e intermunicipais. 

29/04/2021

Polícia ocupa as favelas Cerro-Corá, Guararapes e Vila Cândido

A previsão é de que a 33ª UPP será instalada dentro de um mês

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“Não queríamos avançar deixando estas comunidades para trás", disse Beltrame / Andre Mello, Marcelo Horn e Shana Reis

​Priscila Marotti

Mais uma UPP a caminho. O Secretário de Estado de Segurança, José Mariano Beltrame, anunciou que as comunidades do Cerro-Corá, Guararapes e Vila Cândido, no Cosme Velho, na Zona Sul, ganharão a 33ª Unidade de Polícia Pacificadora do Rio de Janeiro, dentro de 30 dias. Os morros foram ocupados na manhã desta segunda-feira, 29 de abril, e a UPP Cerro-Corá contará com 192 homens.

“Não queríamos avançar deixando estas comunidades para trás. Segundo um estudo, em função das chuvas aquela área poderia ser toda removida. Por isso, até agora, havíamos seguido em frente sem ocupar essa região. O corredor Zona Sul — Tijuca foi fechado”, ressaltou o secretário. 

A ocupação conta com 420 homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope), do Batalhão de Choque (BPChoque) e do Batalhão de Ações com Cães (BAC), do Grupamento Aéreo e Marítimo (GAM) e policiais do 1º Comando de Policiamento de Área da Polícia Militar.

Policiais do Bope e do Batalhão de Choque participaram da operação

A região ocupada nesta segunda-feira é cercada de pontos turísticos. Então a retomada desses territórios, além de devolver a paz aos moradores e visitantes, trará ainda uma diminuição gradual no número de roubos a transeuntes e roubos de veículos. Foi identificado ainda que, com a pacificação em outras regiões da Zona Sul, criminosos responsáveis por esses crimes buscavam refúgio na comunidade do Cerro-Corá. 

“Este é mais um espaço que poderia ser utilizado por criminosos. É um local estratégico por estar muito próximo ao Túnel Rebouças — uma das principais conexões entre a Zona Sul e o Centro —, e ao acesso a áreas turísticas da cidade. A previsão é que, por conta dos eventos que estão por vir, o Rio receba muitos turistas, que devem passar por estes locais. Queremos que a UPP já esteja instalada durante a Copa das Confederações”, disse o comandante da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), Coronel Paulo Henrique de Moraes.

Uma unidade móvel do Instituto Félix Pacheco está baseada próxima à comunidade para realizar a identificação biométrica e facilitar a identificação de possíveis criminosos. A Polícia Civil disponibilizou ainda um ônibus itinerante da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam). Apreensões e suspeitos detidos serão encaminhados à 9ª DP (Catete). 

O Governador Sérgio Cabral e o Vice Pezão em reunião da Segurança

De acordo com o Instituto Pereira Passos (com base no censo do IBGE de 2010), 2.803 mil pessoas vivem nas comunidades Cerro-Corá, Guararapes e Vila Cândido. Com a instalação da nova UPP nessa região, a cidade do Rio de Janeiro terá 224 comunidades pacificadas beneficiando 1,5 milhão de moradores dessas áreas e do entorno.

Colaboração de moradores

A Secretaria de Segurança solicita a colaboração dos moradores das comunidades na denúncia de criminosos, esconderijos e locais onde possam estar guardadas armas, drogas, objetos roubados e outros produtos ilegais. As denúncias deverão ser encaminhadas para o Disque-Denúncia (2253-1177), ou para o 190, da Polícia Militar.

Moradores participaram do hasteamento da bandeira com PMs

Todos os moradores devem andar com documentos de identificação e os motoristas e motociclistas serão solicitados a mostrar documentos de propriedade de seus veículos, bem como a Carteira Nacional de Habilitação atualizada. No caso das motos, também será exigido o uso de capacete.

Eventuais problemas de conduta dos policiais podem ser informados pelo telefone da Ouvidoria da Polícia (3399-1199 ou ouvidoriadapolicia@proderj.rj.gov.br) e da Corregedoria da Polícia Militar (2332-2341, Delegacia de Policia Judiciária Militar do Méier). O Batalhão de Choque e o Bope solicitam que sejam feitas denúncias de locais com drogas, armas ou criminosos pelos telefones de pronta-resposta 2332-8486 (BPChoque) e 2334-3983 (Bope).

26/04/2021

Música de Villa-Lobos conta histórias do Brasil para moradores da Chatuba

Obra do compositor é apresentada a crianças e jovens de favelas pacificadas

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O projeto foi criado por músicos da Escola de Música Villa-Lobos para formar plateias em comunidades / Bruna Cerdeira

​Bruna Cerdeira

A quadra poliesportiva com camarotes construídos por traficantes, e acostumada a receber bailes famosos e muito freqüentados por celebridades, recebeu, na tarde desta sexta-feira, 26 de abril, um som bem diferente do das batidas de funk que incendiavam as noites de sábado na comunidade da Chatuba. 

Com a pacificação, as coisas mudaram na comunidade. Os traficantes foram expulsos pela polícia e o local, conhecido como “Maracanã do Funk”, serviu de palco para uma apresentação do Projeto “Villa-Lobos in Jazz Conta o Brasil e Suas Histórias”, da Escola de Música Villa-Lobos. O projeto, idealizado pelo baterista do grupo, Otávio Garcia, é voltado para crianças e jovens estudantes e vai percorrer escolas e comunidade pacificadas. O objetivo é formar público, mas com cunho educativo.

“Fazemos o concerto e de uma forma sutil, delicada, contamos um pouco da história do Brasil, falamos um pouco sobre Villa-Lobos. Queremos levar uma visão da história e da música diferente daquela ensinada na escola”, disse Otávio. 

Plateia mirim formada por crianças da Creche Municipal Betinho

O concerto começou às 15h30 e teve uma platéia de cerca de 25 crianças de três a quatro anos da Creche Municipal Betinho, além de alguns moradores que foram se aproximando quando o notas musicais começaram a soar. 

Diferente

Os quatro integrantes da banda (Otávio Garcia na bateria, Fernando Corona no teclado, Paulo Putini no contrabaixo e Dado no sax e na flauta) disseram que experimentaram uma sensação diferente. Tocar em uma comunidade na área urbana, mas que passa uma calma e uma tranquilidade de cidade do interior, com crianças brincando na pracinha, jovens jogando cartas. 

O baterista Otávio Garcia afirmou que a intenção do grupo é passar para esses moradores, coisas que todos precisam ter: cultura, diversidade de informação e divertimento e um pouco de carinho.

O interesse das crianças chamou a atenção do baterista Otávio Garcia

“O que viemos ensinar a eles não chega perto do que aprendemos. É muito mais importante para nós estarmos aqui, é uma lição de cidadania. Entramos e conhecemos um pouquinho de um universo que antes era inacessível. Vir até aqui tocar, é uma forma de doar um pouco do que a gente sabe ”, afirmou Otávio. 

 Como o público era infantil, os músicos adaptaram o concerto à faixa etária dos pequenos. Bastou tocar uma melodia conhecida, e as crianças levantaram e ensaiaram alguns passinhos. Ao serem perguntadas sobre qual era a música, elas, juntas, prontamente responderam: “Sapo Cururu”. Ágatha Vitória, de três anos, estava sentadinha, concentrada, prestando atenção à banda, mas quando gostava de algo, batia palmas com as mãozinhas para cima. 

Concerto

Em meio às crianças, uma adolescente de dezoito anos que tem um filho de dois que estuda na creche, também assistia ao concerto. Andressa Leite contou que nunca tinha visto esse tipo de concerto, principalmente naquela quadra, famosa pelos bailes funk. 

Andressa Leite. A música de Villa-Lobos agradou a jovem da Chatuba

“Nunca teve esse tipo de música aqui na comunidade, ainda mais nessa quadra. Achei bem legal, diferente, e o som é gostoso de ouvir”, falou ela. 

A implantação da UPP modificou a rotina da comunidade Chatuba e os policias tentam, aos poucos, trazer novas opções de lazer e entretenimento para os moradores. 

“É um trabalho de formiguinha para mexer com a questão cultural da comunidade. A realidade dessas crianças é o funk e a gente tenta mudar um pouco isso, apresentar coisas novas, outros tipos de música e de dança”, disse a Soldado Karen Roberta. 

Tranquilidade

Para o líder comunitário Zen Ferreira, a pacificação trouxe mais tranquilidade e viabilizou a realização desse tipo de atividade na comunidade. Além disso, a participação mais ativa dos policiais no dia-a-dia de quem vive ali, também é um facilitador. 

“Sem a UPP esses músicos não estariam aqui, não se sentiriam seguros. Todo dia tento colocar na cabeça das crianças e dos jovens que os policiais são pessoas normais, do bem e estão aqui para fazer o trabalho deles da melhor maneira possível. As crianças tinham uma imagem ruim, mas hoje abraçam, beijam. Esse tipo de evento ajuda a formar, através da educação e da cultura, verdadeiros cidadãos brasileiros”, afirmou Zen.

26/04/2021

Projeto Imposto de Renda Legal continua neste sábado no Andaraí

Mutirão orienta moradores a ficar em dia com a Receita Federal

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O Imposto de Renda Legal existe desde 2009 e foi criado para beneficiar comunidades pacificadas / Gabi Nehring

​Caio Almeida e Belisário

O Projeto Imposto de Renda Legal fica até este sábado, 27 de abril, no Andaraí, para ajudar pessoas físicas e jurídicas a ficar em dia com a Receita Federal. A iniciativa ― criada para atender moradores de comunidades pacificadas ― é do Sindicato das Empresas de Serviço Contábeis, Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas do Estado do Rio de Janeiro (Sescon-RJ), em parceria com o Instituto Pereira Passos (IPP) e as UPPs.

O Imposto de Renda Legal existe desde 2009 e o primeiro mutirão aconteceu na Cidade de Deus. Até o momento, mais de dois mil moradores foram beneficiados pelo projeto, tiveram suas dúvidas tiradas e estão em  dia com o fisco.

Flávio Gama ficou sabendo do projeto pela rádio da comunidade

Flávio Gama dos Santos, morador do Andaraí e dono de uma Lan House na comunidade gostou da iniciativa : “Eu fiquei sabendo pela rádio da comunidade, que anunciou que eles estariam aqui. Eu já sou cadastrado como MEI (Micro Empreendedor Individual), mas eu estava com algumas dúvidas e aproveitei a oportunidade para resolvê-las e consegui”, contou.

Outra moradora que foi buscar atendimento no mutirão foi Laura de Oliveira, vendedora de cosméticos e produtos artesanais: “Acho muito importante eles virem aqui. É importante, porque podemos trabalhar tranquilos sabendo que estamos legalizados. Eu fiz a minha declaração na internet no ano passado, mas tinha medo, não sabia se estava certo. Vim aqui pra aprender como se faz”, afirmou.

Fabiano Guedes, relações-públicas do Sescon-RJ, falou sobre o projeto e da repercussão entre os moradores: “O projeto começou em 2009 e a receptividade dos moradores foi grande, mais até do que esperávamos. Eles mostraram que queriam estar regularizados. Aqui no Andaraí tem outra peculiaridade: a rádio local, a cada meia hora, anuncia que estamos aqui. É bem engraçado”, declarou Fabiano.

Laura de Oliveira. "Posso trabalhar tranquila por que estou legalizada"

O Sescon-RJ é um sindicato que cadastra os micro-empreendedores individuais e ajuda na regularização. Mas o projeto só chegou nas comunidades após a pacificação: “A gente sempre pensou em atender os moradores nas comunidades, sabemos que tem muitos microempreendedores nas comunidades que não estão regularizados. Mas antes da chegada das UPPs era impensável realizar esse projeto. Não havia a menor chance de subirmos uma comunidade para fazer isso; por causa da segurança ou da infraestrutura”, concluiu Fabiano.

Serviço:

Para tirar dúvidas ou marcar atendimento do Imposto de Renda Legal o telefone é 2216-5354. O Sescon-RJ fica na Avenida Passos, número 120, 7° andar, Centro. 

25/04/2021

Projeto Tour Musical da Polícia Militar se apresenta na Barreira do Vasco

Objetivo do evento é aproximar a polícia da comunidade, por meio da música

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Evento contou com a participação de mais de 100 crianças e teve o apoio da UPP Barreira/Tuiuti / Marcelo Horn e Marino Azevedo

​Caio Almeida e Belisário

A manhã de sol desta quinta-feira, 26 de abril, colaborou com a apresentação aos moradores da Barreira do Vasco do Projeto Tour Musical da Companhia Independente da Polícia Militar de Músicos (CIPM-MUS). O evento — cujo objetivo é aproximar a população da comunidade, por meio da música — contou com a participação de mais de 100 crianças da localidade e teve o apoio da recém-inaugurada UPP Barreira/Tuiuti, no Bairro de São Cristóvão (Zona Norte).  

Esse encontro faz parte de um projeto do BOPE junto às escolas localizadas em áreas pacificadas, que conta com a participação de uma pedagoga responsável por aproximar os alunos dos policiais.

A programação aconteceu na escola Municipal João de Camargo, próximo ao estádio de futebol do Clube de Regatas Vasco da Gama, com a banda de músicos da PMERJ tocando o hino do clube. O evento  também teve uma atividade do projeto Grafite Seu Esporte, com a participação de grafiteiros que cobriram os muros da escola com desenhos inspirados na pacificação.

A paz foi o tema dos desenhos pintados no muro da escola

O coordenador do projeto, Marcelo Camargo, falou do convite para participar do evento: “Recebi esse convite e encarei como diversão e não trabalho. É uma satisfação enorme ver o trabalho na comunidade, o desenho das crianças ficou incrível e elas vão chegar todo dia de manhã e vão ver o próprio desenho grafitado na parede da escola”, disse Marcelo.

Fátima Dias, 53 anos, levou o neto David Luca de apenas 8 meses para assistir ao evento, e aproveitou para ver a neta Ana Carolina, que é aluna da escola. Ela disse que a chegada UPP trouxe mais tranqüilidade para todos: “Desde que eles chegaram minha neta fica brincando na rua e eu nem me preocupo tanto. E esse projeto é muito legal. Quanto mais projetos como esses para as crianças melhor.” 

Fátima Dias foi com o neto Davi Lucas apreciar o evento musical

O comandante do BOPE, Tenente-Coronel René Alonso, falou sobre o retorno que a população nas áreas pacificadas tem dado ao trabalho da polícia: “Temos observado que a população já entendeu e acredita no projeto das UPPs, principalmente a participação do BOPE. Aqui na Barreira a receptividade deles está servindo de referência para a gente. Podemos observar pelo número de moradores que, numa manhã de trabalho normal, veio prestigiar o nosso projeto”, observou o oficial.  

Já o Major Ivan Blaz, que também é integrante do BOPE, acredita que esse projeto será benéfico para o futuro das crianças: “A comunidade está mostrando que eles querem participar, a presença maciça aqui mostra que estão a fim de aprender e receber a ajuda que a UPP traz para eles. Essa ocupação esta sendo totalmente positiva para a comunidade.”  

Rose Carvalho atua na interlocução da polícia com os alunos
 

O Projeto Tour Musical foi lançado em 2010, na UPP Borel, e já beneficiou mais de oito mil crianças em mais de 30 comunidades pacificadas. A pedagoga Rose Carvalho é a responsável pelo projeto e explicou o seu objetivo: “Nós sempre vamos procurar as escolas nas comunidades e damos o primeiro passo. Mostramos para as crianças que os policiais estão ali trabalhando, que é uma profissão como outra qualquer”, explicou Rose que acrescentou: “O primeiro passo é dado por nós, plantamos a semente nas escolas e depois a continuidade é com a própria UPP”, concluiu.

26/04/2021

Jornada Mundial da Juventude atrai peregrinos para comunidades pacificadas

Visita do Papa Francisco faz aumentar as expectativas de hospedagem

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A pedagoga Célia Maria Xavier Lima quer hospedar 30 peregrinos em sua casa / Gabi Nehring, Priscila Prestes e Marino Azevedo

​Priscila Marotti

Com uma casa de três andares e a vista para o mar que pode dar ao visitante a sensação de estar em uma ilha grega, o morador do Morro do Vidigal José Carlos da Silva, mais conhecido como Cacá, de 40 anos, acabou de reformar todo o espaço. Ele é um dos inúmeros moradores da comunidade que espera receber os peregrinos durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), entre os dias 23 e 28 de julho, na cidade do Rio de Janeiro.

“Acho que dá para receber, com conforto, umas 10 pessoas aqui. Olha como está tudo bonito e, principalmente, com essa vista. Não tem como alguém não gostar. Acho que vai até ter competição para ficar aqui”, disse, orgulhoso, José Carlos, que frequenta a igreja Nossa Senhora da Consolação, na comunidade, e está providenciando a inscrição de sua casa junto ao Comitê Organizador da Jornada.

A vista privilegiada do Vidigal é um bônus para atrair os peregrinos 

A possível visita do Papa Francisco a uma comunidade durante o evento também vem contribuindo para aumentar a expectativa. Na Associação de Moradores do Morro do Vidigal, o presidente Marcelo da Silva, de 44 anos, espera receber peregrinos nos dois andares que já estão sendo preparados para essa função.

“A gente pode abrigar umas vinte pessoas aqui. Temos dois andares grandes e espaçosos, com dois banheiros. Só falta terminar a inscrição no site da Arquidiocese e esperar que venham avaliar se é possível ou não. Mas estamos bem animados”, contou Marcelo, que confirma a esperança da comunidade em receber a visita do papa.

“Queremos muito que ele venha para cá. A visita do Papa João Paulo II ao Vidigal, há mais de 30 anos, foi um fato que renovou a comunidade na época. Elevou a autoestima dos moradores e trouxe muita alegria. Esperamos que esse momento se repita. A questão da pacificação é muito positiva nesse sentido, de receber pessoas com mais tranquilidade”, declarou.

Marcelo (esq.) e Moisés. Ass. de Moradores tem vaga para 40 hóspedes 

A visita do Papa João Paulo II ao Vidigal ocorreu em 1980, tendo sido planejada com todos os detalhes, em seguidas reuniões com membros da Pastoral de Favelas, da Arquidiocese do Rio e da própria Associação de Moradores do Vidigal. O evento reuniu centenas de pessoas nas ruas da comunidade. De acordo com os moradores, a expectativa sobre a vinda do novo papa deve, inclusive, apressar a reforma da Capela São Francisco de Assis, nome dado pelo próprio João Paulo durante sua visita.

Chegada da pacificação

O Rio de Janeiro que o Papa Francisco vai encontrar é bem diferente daquele que João Paulo II conheceu nos anos 80, quando o país ainda era governado pela ditadura militar (1964-1985). Na década seguinte, a cidade entrou em um ciclo de degradação da segurança pública, e se viu refém da ação criminosa de traficantes e integrantes de milícias.

Em 2007, o atual Governo do Estado reagiu com energia ao crime e lançou o programa de segurança pública que criou as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). A iniciativa libertou as comunidades carentes da violência, abrindo as portas dessas áreas para uma série de benefícios, entre os quais garantir o ir e vir em paz de milhares de pessoas.  

Luana Batista, Marcelle Rocha e Davi Prata esperam ver de perto o Papa Francisco

Foi dessa maneira que diversas comunidades passaram a experimentar uma nova realidade social e hoje, inclusive, estão inseridas no roteiro turístico de quem visita o Rio, se tornando, também, mais uma opção de hospedagem na cidade.

O assunto vem sendo amplamente discutido, com a proximidade da Jornada Mundial da Juventude e a possibilidade de hospedar parte dos 800 mil peregrinos esperados para o evento em espaços públicos e residências de moradores de morros e favelas, que hoje se orgulham de poder receber, com tranquilidade, os visitantes.

Expectativa no asfalto

A hospedagem de peregrinos também vem animando moradores do entorno das comunidades pacificadas. É o caso da pedagoga Célia Maria Xavier Lima, 54 anos, que já morou na Vila Cruzeiro e hoje tem casa perto da comunidade. Ela pretende hospedar 30 peregrinos em casa. A decisão foi tomada no domingo 14 de abril, data em que a moradora fez o comunicado à equipe que coordena a JMJ na Igreja da Penha.

“Durante a Jornada, a cidade vai receber milhares de peregrinos que estão aqui com um só propósito: louvar a Deus. É o momento de abrirmos nossos corações para ajudar as pessoas que passam por nossas vidas. É o momento propício para obtermos lindas experiências de vida”, afirmou.

Célia Lima. Pacificação permite receber fiéis do mundo todo

Célia disse que após a implantação das UPPs na Penha, os moradores da região passaram a ter uma perspectiva de futuro. “A pacificação é um pedido antigo da comunidade. É fruto de muita oração. Os moradores da comunidade agora têm direito à vida. É devido à pacificação e ao consequente clima de segurança que vamos poder receber fiéis do mundo inteiro”, ressaltou.

Os números da Jornada Mundial da Juventude chamam a atenção. Cerca de 2,5 milhões de fiéis devem lotar a Praia de Copacabana e o campo de Guaratiba, locais que contarão com as atividades do evento. Um palco de 110 metros de comprimento vai ser construído no terreno de 3,5 milhões de metros quadrados no campo. Para dar conta de todo o trabalho, 60 mil voluntários de 150 países foram selecionados.

Palcos com atividades culturais vão ser espalhados pela cidade. Na Vigília, Via Sacra (Copacabana) e Missa de Envio, atos que contarão com a presença do Papa, em Guaratiba, os peregrinos vão andar cerca de 13 km até chegar ao Campus Fidei. O terreno será dividido em 37 lotes, com 50 mil pessoas cada um. Estima-se que 1,5 milhão de hóstias serão produzidas para todas as celebrações. 

24/04/2021

Curso de Radiojornalismo Comunitário está com inscrições abertas

Projeto atende comunidades pacificadas com patrocínio da Prefeitura de Lausanne

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O projeto, da UPP Social prevê a capacitação de 20 alunos por comunidade ao ano até 2016 / Divulgação

Os moradores de áreas pacificadas do Rio de Janeiro ― que participam de rádios comunitárias (inclusive de internet) já existentes ou em processo de criação e têm interesse pelo jornalismo ― ganharam uma oportunidade para se desenvolver profissionalmente. A ONG Jequitibá, com o apoio da UPP Social e o patrocínio da Prefeitura de Lausanne, na Suíça, abriu inscrições para a nova temporada do curso gratuito de formação em radiojornalismo.

O projeto, que prevê a capacitação de 20 alunos por ano até 2016, inclui aulas teóricas e práticas sobre todas as rotinas necessárias para produzir e transmitir conteúdo jornalístico, além do suporte técnico para melhor estruturação. Outro ponto importante é o apoio jurídico, pois alguns dos veículos ainda funcionam sem a autorização da Anatel ou tem algumas pendências em seu processo de regularização. Durante o ano, as rádios receberão a assistência presencial dos instrutores do curso. Todos os estudantes contam com uma ajuda de custo e recebem o material de estudo gratuitamente.

Como requisitos básicos, a rádio comunitária deverá ter uma equipe com o mínimo de quatro pessoas e manter as atividades do veículo de comunicação até o final de 2015. Além disso, os alunos terão que frequentar regularmente as aulas.

Para participar, o responsável pelo veículo deverá enviar um e-mail para fontaiji@gmail.com solicitando a ficha de inscrição até 24 de maio. No assunto da mensagem coloque “Projeto rádios comunitárias/Jequitibá”.

​* Com informações do site UPP Social.

22/04/2021

Feriado de São Jorge tem procissão e até feijoada em morros e favelas cariocas

Banda da Polícia Militar toca em evento na comunidade Santa Marta

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São Jorge nasceu na Capadócia, foi padre e soldado romano no exército do imperador Diocleciano / Adriano Ferreira Rodrigues

​Celebrado em vários países do mundo – Bulgária, Catalunha, Reino Unido e Portugal – o Dia de São Jorge, 23 de abril, também é uma data comemorada no Brasil. E no Rio de Janeiro, nesta terça-feira, o Santo Guerreiro, como é popularmente conhecido, será reverenciado com uma extensa programação em comunidades pacificadas, como Jacarezinho, Turano, Salgueiro e Santa Marta.

São Jorge nasceu na antiga Capadócia, foi padre e soldado romano no exército do imperador Diocleciano. Símbolo de luta – imortalizado pela morte do dragão – é um santo que encontra adoradores no catolicismo e até mesmo em outras religiões, como o espiritismo, o candomblé e a umbanda. Por isso, seu dia é comemorado nos templos e nos terreiros cariocas. 

Leia a seguir a programação:

Jacarezinho

“Festa pra São Jorge”

Local: Quadra da Unidos do Jacarezinho

Horário: a partir das 8h

Data: 23 /04

Santa Marta

“V Festa em homenagem ao Glorioso São Jorge Guerreiro”

Programação do Evento:

Local:  Praça Corumbá a partir de onde será realizada a procissão.

Horário: Concentração na Praça a partir das 9h

10h –  Missa.

Data: 23 /04

E mais:

- Feijoada que será distribuída gratuitamente.

- Pagode com o Grupo Bom Clima.

- 30 Painéis com imagens diversas do Santo Guerreiro.

- Banda da Polícia Militar, que irá tocar o Hino Nacional.

Salgueiro

“Festa pra São Jorge”

Local: Espaço Cultural Calça Larga - Rua Casemiro 12, próximo a Quadra do Caldeirão.

Horário: 14hs

Data: 23 /04

Programa: Angu a baiana e Pagode.

Turano

“Festa pra São Jorge”

Local: em frente ao antigo DPO / Escola Municipal Frei Cassiano, no final da Rua Joaquim Pizarro

Data: dia 22, virada para dia 23

Programação:

Feijoada no dia 22 de abril, a partir das 20hs, até cerca das 2hs da manhã, com queima de fogos na virada do 22 para 23.

O evento será organizado por Urububloco, com apresentação da bateria do bloco.

21/04/2021

Torneio de futebol premia 12 meninos de comunidades pacificadas

Vencedores do Dream Football vão treinar na escolinha do Barcelona, na Barra

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Projeto de inclusão social foi criado pelo ex-jogador de futebol português, Figo/André Gomes de Melo e Salvador Scofano

Esther Medina e Danielle Moitas / Imprensa RJ

​A Vila Olímpica do Salgueiro foi palco, neste domingo, 21 abril, da etapa final do Dream Football Brasil, projeto de inclusão social do ex-jogador de futebol português, Figo, que visa revelar jovens talentos do futebol. Dos 24 competidores – crianças moradoras de comunidades pacificadas, na faixa etária de 9 a 14 anos – 12 conquistaram uma oportunidade de ser avaliados pelo Fluminense. Além disso, os três melhores do torneio ainda vão poder passar uma semana treinando na escolinha do Barcelona, na Barra da Tijuca. 

“Esse projeto traz esperança e motivação para as crianças através do esporte, e isso é muito gratificante. Elas podem sonhar com uma carreira no futebol ou perceber que são capazes de fazer o que quiserem no futuro, desde que tenham determinação”,  explicou o diretor de operações do Dream Football no Brasil, Marquinhos Carvalho.

Divididos em três categorias – infantil, mirim e júnior – os jovens atletas jogaram em um campo especial de futebol monitorado por câmeras, e as filmagens das partidas são postadas no site oficial do evento, podendo ser assistidas por treinadores e clubes de todo o mundo. No total, 300 crianças se inscreveram para participar da competição, que completou sua terceira edição no Brasil. No ano passado, o evento foi realizado na comunidade do Vidigal.

Dia de glória. Mathes Melo, Everton Reis e Robert Sabino

Everton Patrício Reis, de 11 anos, foi o campeão na categoria Mirim desta edição, e exibia orgulhoso o troféu conquistado na competição.

“Sempre quis ser jogador de futebol e fiquei muito feliz em ter vencido o torneio, porque acho que vai me ajudar a realizar esse sonho”, disse o morador do Salgueiro, que joga futebol no campo da comunidade. 

Já Robert Sabino, de 14 anos, vencedor na categoria Júnior, estava ansioso em poder treinar na escolinha do Barcelona.

“Meu sonho é, um dia, poder jogar no Chelsea, mas sei que, treinando na escolinha do Barcelona, vou aprender muita coisa e adquirir experiência. Estou muito orgulhoso”, afirmou o jovem, que também mora no Salgueiro. 

Campeão na categoria Infantil, Matheus Ferreira Melo, de 10 anos, ficou surpreso de ter vencido a competição.

“Nunca imaginei que conseguiria esse resultado, mas quando cheguei à final da minha categoria, fiquei confiante. Não sei se quero seguir carreira profissional no futebol, mas a experiência de treinar em escolinhas de times grandes será muito importante”, explicou Matheus.

Paulo Roberto Barbosa foi sorteado com ingresso do Maracanã

 Do Vidigal para a Itália

Durante a final do Dream Football, também foi sorteado um par de ingressos para o jogo do Maracanã, que acontecerá entre Brasil e Inglaterra, em junho. O sortudo foi Paulo Roberto de Almeida Barbosa, de 11 anos, um dos jovens que estava na competição do evento criado por Figo.

– Nunca fui ao Maracanã, e estou muito feliz porque vou ter a chance de conhecer o estádio reformado. Não vou perder esse jogo por nada – disse o pequeno morador do Salgueiro.

Estimulado pelo programa de pacificação nas comunidades do Rio de Janeiro, o Dream Football chegou ao Vidigal e à Mangueira. No ano passado, Mikhael Andrade, de 12 anos, e Kaio Santana, 10, foram os craques do Vidigal e passaram uma semana no Centro de Treinamento do Inter de Milão, na Itália.

Morador do Vidigal, Kaio Santana é fã de Ronaldinho Gaúcho

Investindo no seu talento para o futebol há sete anos, Mikhael conseguiu perceber as diferenças entre o esporte no Brasil e nos países da Europa. Agora, o jovem aguarda a resposta de uma vaga para treinar no Vasco da Gama e dar os primeiros passos rumo ao sonho de se tornar um jogador de futebol profissional.

“O treinamento é diferente. Eles trabalham mais a parte tática e fazem menos coletivos. Eu achei melhor assim, porque aprendi a me posicionar melhor, aprimorei meus passes”, disse Mikhael.

Fã de Ronaldinho Gaúcho, Kaio treina quatro vezes por semana na Vila Olímpica do Vidigal. Para o atacante, ir para a Itália é motivo de orgulho por ter a chance de representar sua comunidade no projeto.

“Conheci meninos da África e da Inglaterra. Tínhamos uma intérprete e conseguíamos nos entender. Foi uma experiência muito boa, com treinos de manhã e à tarde”, afirmou o jovem.

20/04/2021

UPP vira tema internacional e atrai executivos de empresas estrangeiras

Comunidade pacificada é assunto de interesse e debate do mundo globalizado

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A pacificação das comunidades do Rio é um assunto que, cada vez mais, chama a atenção do mundo globalizado / Gabi Nehring

​Bruna Cerdeira

A pacificação das comunidades do Rio é um assunto que, cada vez mais, desperta o interesse do mundo globalizado. Empresários, estudantes e pesquisadores dos quatro cantos do planeta buscam informações sobre esse processo que está transformando a cidade e, consequentemente, com reflexos no país como um todo. 

O fato de a economia brasileira ser a oitava maior do mundo e estar em expansão atrai executivos, empresas e escolas de negócios, que desejam entender o processo de expansão do Brasil, seja para obter uma perspectiva global sobre as economias emergentes ou para adquirir conhecimento e melhorar a sua capacidade de investir e operar no país.

Na expectativa por conhecer e compreender um pouco mais sobre as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e de ver de perto a estrutura e o cotidiano de uma comunidade, no início do mês de abril, um grupo de 16 jovens europeus visitou o Complexo do Alemão. 

Carla Arruda. Estudantes têm interesse no programa das UPPs

Os visitantes são alunos do curso de MBA (Master of Business Administration, que tradução para o português significa Mestrado em Administração de Negócios), da Universidade de Saint Gallen, na Suíça.  Os jovens vieram ao Brasil por meio do programa Learning Journeys in Brazil (Jornada de Aprendizado no Brasil), promovido pela Fundação Dom Cabral. 

“Esses alunos de MBAs internacionais querem entender sobre a ascensão da classe C, ter mais conhecimento sobre países emergentes e podem vir a ser grandes investidores para o Brasil. Os jovens querem conhecer o Rio de Janeiro e, principalmente, compreender sobre a questão da pacificação e das UPPs. A inclusão da comunidade no roteiro do programa foi uma escolha do grupo”, disse Carla Arruda, gerente de projetos da Fundação Dom Cabral.

Palestra

A visita dos jovens no Alemão começou na estação do teleférico em Bonsucesso. Eles subiram até a estação Palmeiras, localizada na comunidade Fazendinha. Depois de conhecer a base da Unidade de Polícia, eles assistiram a uma palestra sobre o programa de pacificação das comunidades cariocas.

No auditório da base da UPP Fazendinha, foi apresentado aos visitantes um histórico da cidade do Rio de Janeiro, ressaltando a questão da violência, o combate ao tráfico, as lutas entre facções criminosas e constantes tiroteios. Eles foram informados também sobre as etapas do processo e objetivos da pacificação, e da necessidade de ocupar as áreas antes dominadas por traficantes.

UPPs viraram tema de estudo de muitas empresas no exterior

“Esses lugares ficaram por décadas convivendo com uma realidade difícil, de confrontos e repressão. Em algumas comunidades os bandidos criaram vínculos, porque eram assistencialistas, e por causa disso alguns moradores não querem a presença da polícia. Nessas áreas o Estado tem de chegar com mais força, oferecer mais oportunidades, para mostrar que o tráfico não precisa ser fonte de renda”, explicou a Tenente Apulcrho, à época relações públicas da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) e atual comandante da UPP Babilônia/Chapéu Mangueira.

Curiosidade

Os mestrandos assistiram curiosos à palestra, pois estavam vendo uma realidade totalmente diferente daquela que estão acostumados. Ao final da apresentação, eles ficaram maravilhados com a vista impressionante que tiveram de todo Complexo do Alemão, proporcionada pelo posicionamento estratégico da base da UPP Fazendinha, no topo da comunidade.

“Sempre ouvimos falar sobre o país, sobre a cidade do Rio de Janeiro. Junto com as belezas naturais e pontos turísticos, também vemos algumas notícias sobre os problemas sociais e conflitos, mas nunca imaginei que as comunidades fossem desse tamanho, que tivessem essa quantidade de moradores. Ver aqui, ao vivo, é outra coisa, dá a noção real do que é essa grande cidade dentro da cidade do Rio. É impressionante, estou abismado, nunca achei que fosse tão grande”, disse o alemão Stephan Hinrichs, de 31 anos.

Stephan Hinrichs disse que sempre ouviu falar dos problemas sociais

A ucraniana Darcy Heigert, de 30 anos, mora há seis em Munique, trabalha em uma empresa alemã, mas tem um chefe brasileiro. Ela sempre o ouvia falando do Brasil, do Rio e quis visitar.  

“Conhecer novas culturas, novas pessoas e formas de viver tão diferentes das nossas é importante não só para a vida profissional, no sentido de abrir a mente, expandir os horizontes, mas também para a vida, de uma forma geral. São pessoas que, apesar de não terem uma condição financeira privilegiada, estão com o sorriso estampado no rosto e passam uma energia positiva muito boa, que faz você se sentir bem aqui.” 

Caminhada 

A visita dos gringos terminou com uma caminhada pelas ruas da comunidade até uma padaria financiada por um programa de microcrédito que ajudou um jovem empresário local a começar o seu próprio negócio. No percurso, uma ladeira e muitos degraus tiraram o fôlego, mas não a animação do grupo, que batia fotos o tempo todo.

Os visitantes quiseram conhecer os estabelecimentos comerciais

“Vim para o Rio com muitas expectativas sobre a cidade, mas acima de tudo eu estava curioso para conhecer mais sobre as comunidades, já que sabia que elas foram submetidas a uma grande transformação. O resultado foi bastante positivo e acho que essas mudanças devem ser preservadas e difundidas, porque foram um verdadeiro exemplo de compromisso com a questão social.”, concluiu o suíço Luca Savastano, de 33 anos.  

18/04/2021

Sessão especial do musical “Shrek” lota Teatro João Caetano

Policiais de UPPs e mil moradores de comunidades assistiram ao espetáculo

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Com três horas de duração, a peça arrancou risos de adultos e crianças pelas estripulias do ogro Shrek / Gabi Nehring

​Priscila Marotti

A noite desta quinta-feira, 18 de abril, foi de magia e contos de fadas para cerca de mil moradores de comunidades pacificadas e policiais das UPPs, que contaram com a mesma programação cultural na agenda e assistiram a uma sessão exclusiva do musical “Shrek”, em cartaz no Teatro João Caetano.

A distribuição de ingressos para moradores e policiais das UPPs começou em março deste ano e gerou a doação de cerca de dois mil ingressos. Com três horas de duração, a peça arrancou risos de adultos e crianças, espectadores ansiosos pelas estripulias do ogro Shrek, seu melhor amigo, Burro Falante, e da princesa Fiona.

Derlene Pereira (blusa rosa) levou filhos e sobrinhos ao teatro

Moradora do Morro do Borel, Darlene Pereira, de 32 anos, foi assistir à peça com os filhos, primos, sobrinhos e vizinhos, sem esconder a animação. “Foi uma oportunidade muito boa que apareceu para a gente. É a primeira vez que meus filhos e outras crianças que estão aqui assistem a um espetáculo teatral. Muito bom isso. Só temos que agradecer pela iniciativa”, contou.

Descontração

A pequena Jamile Oliveira, de 10 anos, era um dos casos. “Filha emprestada” de Darlene, a menina de olhos claros era exemplo de alegria de estar ali. “Eu achei muito lindo o teatro. A parte que mais gostei foi do Shrek salvando a princesa Fiona. Foi romântico”, declarou.

A atividade faz parte de uma parceria entre a Secretaria de Estado de Cultura (SEC) e a Secretaria de Estado de Segurança (Seseg) do Rio de Janeiro e visa a desenvolver, de forma integrada, uma série de ações culturais nos territórios em processo de pacificação.

Leandro Passos e Alessandra. Aproximação com as comunidades

Para os soldados da UPP Mangueira, Leandro Passos, de 31 anos, e Alessandra Oliveira, de 25, que foram assistir à peça juntos, a iniciativa é uma forma de descontração e aproximação com as comunidades. “Muitos moradores de comunidade nunca tiveram uma oportunidade como essa na vida. Se nós já achamos fascinante, fico imaginando a sensação dessas crianças ao verem um espetáculo desse”, disse Leandro.

“Elas vão voltar para casa encantadas com tudo e sabendo que a UPP proporcionou isso. É muito importante uma iniciativa como essa. Garante, e muito, a aproximação”, completou Alessandra.

A sessão exclusiva foi agendada por meio da equipe responsável pela Ação de Formação de Plateias da Secretaria de Estado de Cultura, que disponibiliza acesso a espetáculos patrocinados pelo Governo do Rio de Janeiro ou estão em cartaz na rede estadual de teatros.

“Bacana”

“Achei muito bacana ter separado esse dia para as crianças da comunidade, que nunca viram um espetáculo como esse. Somando o trabalho de segurança feito pela polícia, com iniciativas de inclusão como essa, o resultado da pacificação só pode ser positivo”, disse a moradora do Santa Marta, Verônica Moura, de 21 anos, que levou o filho de quatro para assistir à peça.

Verônica Moura. Iniciativa é o resultado positivo da pacificação

A Ação de Formação de Plateias acontece desde 2010 e já distribuiu mais de 12.000 ingressos para escolas das redes públicas estadual e municipal, associação de moradores e ONGs. E está sendo reestruturada para ampliar a quantidade de ingressos e espaços culturais e agregar novos parceiros, como a Secretaria de Estado de Segurança, a Secretaria de Estado de Educação e a Prefeitura do Rio de Janeiro, por meio da UPP Social.

Um dos maiores sucessos da Broadway, “Shrek, o Musical” estreou no Rio de Janeiro em dezembro de 2012 e conta com 28 personagens. Os principais são de Shrek, Fiona, Burro e Lord Farquaad.

Shrek é um dos personagens mais bem-sucedidos da indústria do entretenimento, com quatro longas-metragens e o espetáculo que estreou na Broadway em 2008. Atualmente, o musical também está em turnê pelos Estados Unidos. A versão britânica iniciou suas apresentações em Londres, em 2011, e também continua em cartaz.

19/04/2021

Música clássica transforma vida de crianças e jovens em áreas pacificadas

Projeto atende atualmente 600 crianças de comunidades carentes do Rio

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Em meio ao funk, forró e o samba, a música erudita também entrou no repertório das favelas do Rio / Gabi Nehring e Marino Azeved

​Priscila Marotti

Em meio ao funk, rap, hip hop, forró, jongo e samba, a música clássica também já faz parte do repertório das comunidades do Rio de Janeiro. Se antes eram MC Naldo, Zeca Pagodinho e Aviões do Forró — sucesso na novela “Avenida Brasil” —, agora são Beethoven e Mozart que vêm apresentando um novo universo musical aos jovens de áreas pacificadas. 

Ainda não dá para medir o tamanho da transformação que a música erudita está provocando na vida de adolescentes, em comunidades carentes. Mas já dá para perceber em cada nota e melodia tocada em violoncelos, violinos, violas e contrabaixos, a afinidade dos jovens músicos com seus instrumentos — cujo contato é recente —, que hoje são motivo de mudanças e sonhos.

Morador do Pavão-Pavãozinho, Luiz Hortêncio tem apenas 11 anos, mas já sabe o que quer ser quando crescer: violoncelista. Há três anos frequentando as aulas do projeto Ação Social Pela Música na comunidade Santa Marta, Luiz tem muito que comemorar. Aprendeu a tocar um instrumento — que se transformou na sua atividade predileta — e melhorou seu desempenho na escola.

Luiz Hortêncio conheceu a obra de Beethoven no Theatro Municipal

A evolução de Luiz Hortêncio na escola é resultado da disciplina exigida durante as aulas, e da ajuda que ele e outros alunos receberam de uma explicadora contratada pelo projeto, em matérias básicas como português e matemática. De acordo com o coordenador pedagógico do Ação Social Pela Música, Julio Camargo, as aulas de reforço são um complemento necessário ao ensino dos instrumentos.

“A gente vê isso no dia-a-dia das crianças. A evolução que elas apresentam no aprendizado escolar se reflete nas aulas do projeto e vice-versa. Essa explicadora não se trata de uma iniciativa à parte, mas de uma ferramenta de desenvolvimento dessas crianças”, explica o coordenador. 

Pesquisa

Um estudo inédito e recente, conduzido pelo departamento de psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em parceria com o Instituto ABCD — que ajuda na identificação e tratamento de distúrbios de aprendizagem —, encontrou evidências de que o ensino de música tem efeito positivo no desempenho acadêmico de crianças e adolescentes, além de melhorar suas habilidades de leitura.

Aluno do projeto junto com a irmã Maria Luisa, de 8 anos, Luiz conta que quando começou a fazer as aulas sentiu a diferença. “Eu adoro as aulas e desde o início gostei do violoncelo. Eu melhorei na escola e já sei que quero ser músico quando crescer. Vou estudar muito”, afirma. 

Maria Luisa segue os passos do irmão Luiz e estuda violino

Para a coordenadora do projeto, a violoncelista Fiorella Solares, a experiência vivida nas comunidades pacificadas desde a implantação do projeto no Morro Santa Marta, em 2009, tem superado expectativas. Ela ressalta que a evolução dessas crianças, tanto musical, quanto de personalidade é um passo muito importante. 

“O que eles aprendem no projeto, em relação à concentração, comprometimento, respeito, é transferido para a profissão e para qualquer área da vida deles. E digo mais: a grande cereja do bolo desse projeto é ver os pais e familiares desses jovens, que não acreditavam na capacidade deles de aprender um instrumento como um violoncelo, por exemplo, mudando a mentalidade, se orgulhando de ver o filho tocar em uma orquestra”, afirmou.  

Fiorella vê evolução musical e de personalidade nos jovens músicos

Gravação

A história de Jônatas, morador do Santa Marta, se parece com a de Luiz. Aos 18 anos, ele vai prestar vestibular, este ano, para licenciatura em música, e descobriu o violoncelo no projeto. Hoje, até dá aulas do instrumento em locais como a Rocinha.

“Esse projeto me abriu muitas portas para as oportunidades que estou tendo hoje. Já conheci pessoas importantes do meio e tive a honra de participar da gravação de um CD de música clássica. Sou muito grato”, conta o jovem, que participa do projeto, desde a inauguração, junto com o irmão Mateus. 

A Ação Social pela Música do Brasil atende atualmente cerca de 600 crianças e jovens. O projeto oferece aulas de teoria e percepção musical, canto coral, prática de instrumento e atividade orquestral, para crianças de comunidades pacificadas, com idades entre 6 e 17 anos. As aulas práticas são de violino, viola, violoncelo e contrabaixo. 

O projeto é dividido em núcleos. Na Zona Sul, funciona o Dona Marta que é frequentado por crianças e adolescentes das comunidades Santa Marta, Pavão-Pavãozinho, Babilônia e Chapéu Mangueira. Na Tijuca, Zona Norte, o projeto atende jovens do Morro dos Macacos. Crianças e jovens da Cidade de Deus e do Complexo do Alemão também são participam do projeto. 

18/04/2021

Crianças trocam brinquedos por livros para participarem de feira literária

Evento foi realizado na escola municipal Julia Lopes, em Santa Teresa

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A Soldado Juliana Garcia, da UPP Escondidinho/Prazeres, ajudou a arrecadar livros doados à Feira / Gabi Nehring

​Bruna Cerdeira

“Eu troco os jogos e os brinquedos pelos livros. Sempre peço para meu pai e minha mãe me darem livro de Natal, de aniversário. Gosto muito de ler, é o que eu mais gosto de fazer e ainda me ajuda a aprender.”

Estas foram as palavras de Lúcio Flávio de Oliveira, ao ser perguntado sobre o que mais gosta de fazer nas horas vagas. Isso não costuma ser muito comum em meninos da idade dele, mas na escola de Lúcio, a criançada também curte um bom livro.  

Lúcio Flávio é aluno da Escola Municipal Julia Lopes, em Santa Teresa, que tem 236 alunos e recebeu a I Feira Literária das UPPs (Flupp). O sucesso foi tanto, que a coordenadora pedagógica do colégio, Fátima Moreira, resolveu organizar a Feira Literária da E.M. Julia Lopes (FLIJU), que começou hoje e vai até o dia 26 de abril, com intervalo para o feriado. 

Lúcio Flávio de Oliveira. “Os livros me ajudam a aprender”

“Nossos alunos participaram tão ativamente da Flupp, fazendo perguntas aos autores que vieram prestigiar, contando histórias, que achei que eles iriam gostar. O objetivo principal é incentivar a leitura e a escrita nos alunos e estimular os professores, que abraçaram a ideia e estão produzindo muito. O envolvimento e o retorno de todos me surpreendeu muito e esperamos conseguir organizar a Feira uma vez por ano e incluí-la no nosso calendário escolar”, disse Fátima.

300 livros

Os livros que encheram as salas e até o refeitório da escola de cor e cultura, foram todos doados por professores, moradores, amigos, e a UPP Prazeres/Escondidinho teve uma importante participação no evento. 

“Tivemos uma ajuda significativa da UPP. Eu estava desesperada por causa da doação de livros para a feira. Falei com a Soldado Juliana Garcia que estava precisando de ajuda e no dia seguinte ela me entregou cerca de 300 livros. Nós temos uma ótima parceria com os policiais da Unidade, que queremos cada vez mais fortalecer, porque eles realmente agem”, contou a coordenadora. 

Centenário de Vinicius de Morais é tema da Feira Literária

O centenário de Vinicius de Morais é o tema da primeira FLIJU, que tem na programação atividades como: contação de histórias por alunos do quinto ano para os mais novos, por uma moradora voluntária da comunidade, uma funcionária da Comlurb e uma mãe de aluno, além de apresentações de capoeira, sarau poético, encenação de poemas de Vinicius e uma roda de conversa com a escritora Ninfa Parreiras. O encerramento do evento terá uma apresentação do coral da escola. 

“As crianças precisam ter esse acesso ao livro e a escola tem de promover isso, é um estímulo à alfabetização. Ninguém pode ser leitor se não tiver inserido no ambiente literário. Os livros permitem que viajemos por lugares que nunca fomos e através deles conseguimos trabalhar muitas questões como diferenças, preconceitos, morte, nascimento de um novo bebê, que fazem parte do cotidiano. Ao final da Feira, cada aluno vai escolher um livro e levar para casa, de presente, tudo para incentivar a leitura. Quero formar cidadãos leitores e quero que a minha escola seja uma escola de leitores”, falou Rosângela Favorita, diretora da escola há cinco anos.

Para contribuir com esse ideal de Rosângela, a Escola Julia Lopes tem uma Sala de Leitura com um acervo de mais de 4000 livros, além de fazer parte do projeto Cineclube nas Escolas e assistir a pelo menos um DVD por mês.

Rosângela Favorita dirige a escola Julia Lopes há cinco anos

Combate à evasão

Eventos como a FLIJU ajudam a combater a evasão escolar. Com horário integral, é interessante que os colégios façam atividades paralelas, para atrair a atenção dos alunos e despertar o interesse deles pelo estudo e, consequentemente, pelos livros. Com essa mentalidade e a missão de cada vez mais se aproximar dos moradores e da comunidade como um todo, a UPP está sempre disposta a ajudar e a organizar projetos que estimulem as crianças a ter esperança de um futuro melhor.

“Queremos realmente fazer a diferença na vida desses moradores e, principalmente, dessas crianças. Para elas é muito importante captar mais cultura além da que já recebem dentro da sala de aula. O legal é que qualquer atividade diferente que promovemos na comunidade é muito importante para eles e eles se envolvem de verdade. Fico feliz por fazer parte disso e quero que eles saibam que a polícia vai estar sempre aberta para ajudar no que eles precisarem.”, concluiu a Soldado Juliana.

17/04/2021

Qualificação profissional inclui moradores de comunidades no mercado de trabalho

Especialização ajuda conquistar renda e bem-estar socioeconômico

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Os cursos nas comunidades são gratuitos. Mas fora podem custar até R$ 800 na área de beleza / Gabi Nehring e Marino Azevedo

​Priscila Marotti

Moradora do Jacarezinho, Maria das Dores, de 31 anos, viu no curso de gastronomia que o Senac oferece na comunidade a oportunidade que faltava para poder ganhar um dinheirinho. Desempregada e com cinco filhos para criar, ela pretende se especializar na área de doces para trabalhar em casa com a venda de quitutes.

“Eu já fazia docinho para festinhas de amigos e filhos de amigos, mas tudo de graça. Agora, pretendo me especializar e transformar isso em negócio mesmo. Como não posso trabalhar fora, por conta dos meus filhos, essa é a solução perfeita para mim”, conta Maria, enquanto brinca com a pronúncia do nome dos doces que está aprendendo a fazer. 

“Tem esse negócio aqui, cheesecake, que eu nem sabia que era bolo de queijo. Esse outro creme aqui é muito bom também, e muito fácil de fazer. Só o nome que é difícil”, brincou, se referindo ao creme sablée. 

Maria das Dores. Curso é a oportunidade que lhe faltava

Assim como Maria das Dores, muitos moradores de comunidades pacificadas também estão aproveitando a oferta de cursos de capacitação profissional, para se especializar e com isso conquistar uma renda própria e o bem-estar socioeconômico. 

Inclusão no mercado 

Nas comunidades do Jacarezinho e Manguinhos, o Senac tem cursos nas áreas de Técnicas para Cozinheiro, Técnicas para Pizzaiolo, Técnicas para Garçom, Salgados para Festas, Doces para Festas, Saladas e Bases de Confeitaria.

Para dona Malvina Teixeira, de 76 anos, o curso de gastronomia oferecido no Jacarezinho é uma ótima oportunidade para se distrair e fazer um agrado aos três filhos, cinco netos e dois bisnetos. 

Malvina Teixeira, de 76 anos, também optou pela gastronomia

“Estou adorando isso aqui. Muito bom aprender receitas novas e preencher o dia com coisas boas. Tudo que eu puder fazer para aproveitar meu tempo, eu vou! Gosto muito de participar e fiquei muito feliz quando soube que ia ter esse curso”, contou.

A boa notícia sobre os programas de capacitação de empresas em comunidades pacificadas é que estão gerando de emprego e renda com a inserção dos moradores no mercado formal de trabalho. Trata-se de uma nova realidade, que está abrindo um mundo de possibilidades a quem não teve oportunidades.

Somente o programa “Senac nas UPPs”, que está sendo realizado no Jacarezinho e em Manguinhos, conta com 250 moradores matriculados nos cursos gratuitos de gastronomia e beleza. As aulas acontecem dentro de carretas montadas com toda a estrutura para atender a capacitação.

Micheli Oliveira está se capacitando na área de beleza

Qualificação em beleza

A jovem Micheli Oliveira, de 18 anos, mora em Manguinhos e não perdeu tempo quando soube que a carreta da beleza estava oferecendo cursos de Técnicas Básicas de Cabeleireiro, Técnicas Básicas de Manicure e Pedicure, Técnicas Básicas de Maquiagem e Design de Sobrancelhas. 

“Eu já tinha visto que estavam dando esse curso na Mangueira, mas não dava para fazer por causa do horário. Quando soube que ia ser realizado aqui na comunidade cheguei a pedir para chegar atrasada no trabalho para poder me inscrever. Estou amando. Nem pensava em trabalhar com isso, mas se surgir oportunidade, com certeza, não deixarei escapar”, conta. 

Erika Carolynna, de 17 anos, mora no Jacarezinho e tinha vontade de trabalhar com maquiagem. Ela acabou aproveitando a oportunidade para fazer o curso na comunidade vizinha. “Quero me especializar. Pretendo ser maquiadora profissional ou comissária de bordo, que também pede uma boa maquiagem. Então, esse curso está sendo fundamental”, disse Erika.

O curso de maquiagem é dos mais procurados do Senac

Investimento e empregabilidade

Gratuitos para os moradores das comunidades, os cursos podem custar R$ 800, na área de beleza, e até R$ 3 mil, na de gastronomia. “Nossa proposta é capacitar para o mercado de trabalho. Nossos espaços para essas comunidades são completamente estruturados como os cursos realizados no próprio Senac. Os moradores estão ávidos por investimentos, principalmente pelos que geram retorno para eles. E é isso que estamos fazendo”, ressalta a gerente corporativa de Responsabilidade Social do Senac, Ana Paula Nunes, responsável pelo “Senac nas UPPs”.

Elaine Alemanges já conquistou o seu primeiro emprego

Outra empresa que vem oferecendo cursos de capacitação para moradores de comunidades pacificadas é a Masan Alimentos, que proporciona formação para Auxiliar de Cozinha e Lactarista, e já capacitou cerca de 400 moradores. Deste total, metade foi contratada pela própria Masan ou por outras empresas.

Elaine Alemanges, moradora do Batan, é uma das contempladas. Com 35 anos, arrumou seu primeiro emprego após concluir o curso de Auxiliar de Cozinha da empresa. Há um ano trabalha no Hospital do Inca, como ajudante de dieta, na preparação da alimentação dos pacientes.

 “Esse curso veio na melhor hora possível. Além de ter me arranjado emprego, ainda foi na área que eu sempre gostei. Um pouco antes de começar, eu já havia comentado com uma amiga que tinha vontade de trabalhar em hospital. Deu tudo certo”, contou Elaine, que hoje pode ajudar o marido com as despesas de casa e dos dois filhos. 

16/04/2021

Projeto EcoModa forma a segunda turma na comunidade da Mangueira

O projeto oferece qualificação profissional na área de moda sustentável

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Retalhos e coletes de agentes da Operação Lei Seca foram utilizados na confecção das peças / Maria Eduarda Gazal

​Virgínia Cavalcanti / Imprensa RJ

A Secretaria do Ambiente realizou, nesta terça-feira,16 de abril, a formatura de 150 alunos da segunda turma do projeto EcoModa, na Mangueira. Inspirada na vida e na história da cantora Alcione, a coleção apresentada em um desfile por modelos da comunidade pacificada foi confeccionada a partir de retalhos e coletes doados por agentes da Operação Lei Seca, da Secretaria de Governo. 

O projeto oferece qualificação profissional a moradores de comunidades pacificadas na área de moda sustentável, visando à produção de bens e serviços, com foco na reutilização de materiais. No curso, eles aprendem disciplinas como corte e costura, desenho de moda/ilustração, modelagem, estamparia e serigrafia, acessórios e bordado.

Durante a formatura da nova turma, o secretário do Ambiente, Carlos Minc, ressaltou que é preciso cada vez mais romper a barreira da exclusão para entrar no caminho do desenvolvimento sustentável, criativo e inclusivo.

As modelos do desfile são moradoras da própria comunidade

"Nossa obrigação é poder abrir as portas para vocês mostrarem o seu valor e a sua criatividade”, disse Minc.

Segundo a superintendente de Território e Cidadania, Ingrid Gerolimich, a formatura é o resultado da dedicação diária da equipe e dos alunos.

“Esperamos que a comunidade da Mangueira possa mostrar para o Brasil e outros países a nossa cultura, mostrar que podemos fazer uma moda que, além de ser muito bonita e de qualidade, ainda tem como foco a questão ambiental – afirmou Ingrid. 

Novos profissionais  

Moradora do Morro do Borel, Ana Cristina da Silva disse que sempre teve vontade de fazer um curso de corte e costura.

“A questão financeira foi o grande motivo de nunca ter cursado. Adorei ter sido aluna deste projeto. Aprendi muito nas aulas oferecidas”, contou Ana Cristina.

Moradora da comunidade da Mangueira, Lídia Barbosa contou que o curso foi fundamental para aprimorar suas técnicas.

“Esta formatura é a realização de um grande sonho. Não poderia estar mais feliz”,  disse Lídia. 

Inscrições para terceira turma estão abertas

Inaugurado em outubro de 2012, o EcoModa já formou 150 alunos em sua primeira turma. As inscrições para a terceira turma do projeto estão abertas até quarta-feira (17/4). As aulas da terceira turma começam no dia 24 de abril.

15/04/2021

Academia Brasileira de Letras treina mão de obra para bibliotecas em comunidades

A coordenação dos cursos é da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil

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As bibliotecas fazem parte do projeto "Indústrias do Conhecimento" do Sesi Cidadania / Gabi Nehring

​Bruna Cerdeira

A Academia Brasileira de Letras (ABL) iniciou, nesta segunda-feira, 15 de abril, cursos de treinamento de mão de obra para as 52 bibliotecas do Sesi e do Senai espalhadas pelo Estado do Rio de Janeiro. Entre elas, 10 estão localizadas em comunidades pacificadas e fazem parte do Projeto Sesi-Cidadania. São as ‘Indústrias do Conhecimento’ e estão presentes em: Borel, Formiga, Andaraí, Macacos, São Carlos, Providência, Cidade de Deus, Santa Marta, Tabajaras e Fazendinha (Complexo do Alemão).

Os dois cursos, intitulados “Nas Trilhas da Literatura”, serão ministrados de abril a agosto, na sede da ABL, pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). As aulas acontecerão majoritariamente às segundas, das 9h às 18h30, com intervalo de uma hora e meia para almoço, totalizando 80 horas de aula para cada curso.  

Proposta

Segundo Debora Vieira, de 27 anos, funcionária da FNLIJ, o objetivo do projeto é, além de dar um reforço às pessoas que trabalham nas bibliotecas, também despertar a paixão pelos livros e formar leitores.

Debora Vieira. Objetivo é capacitar o pessoal das bibliotecas

 “Selecionamos 15 professores apaixonados por Literatura e esperamos que eles não só transmitam o conhecimento que têm sobre os autores e obras, mas que também consigam disseminar o gosto e o interesse pela leitura”, disse ela.

Três bibliotecários são responsáveis pelas onze “Indústrias do Conhecimento” e cada uma delas possui dois auxiliares de biblioteca, que devem ser, necessariamente, moradores da comunidade onde estão situadas e precisam ter Ensino Médio. Além disso, é importante que tenham experiência com crianças, mesmo que seja em trabalho voluntário, e algum viés relacionado à educação.

Renata Silva da Paixão, 30 anos, mora no Santa Marta desde os 15 e há dois trabalha como auxiliar de biblioteca na “Indústria do Conhecimento”. Ela conta que recebe pelo menos 1.300 pessoas por mês, entre 2 e 99 anos.

“Tem gente de todas as idades. Eu gosto muito de trabalhar lá, é a minha vida. As crianças são como filhos para mim. Tenho contato com muitas histórias de vida, algumas tristes, outras de superação. Tem criança que vai pra lá porque a mãe sai, fecha a porta e a criança não tem onde ficar. Melhor que fique lá dentro, lendo, em vez de ficar na rua fazendo besteira.”, contou Renata.

Renata Paixão é bibliotecário da "Indústria do Conhecimento"

Desafio

Segundo Renata, o maior desafio é ter de inventar coisas o tempo todo para não cair na rotina, se não a frequência diminui. Para isso ela também conta com a UPP Santa Marta, que ajuda a promover passeios externos e dá todo o apoio, quando necessário.  

“Atrair as crianças é mais fácil. Ano passado fiz um ranking de leitura que pretendo fazer este ano também. O Sesi mandou mochilas e medalhas e os que mais leram foram premiados, mas não basta só ler, eles precisam me contar as estórias. Com os adolescentes é mais difícil. Tento falar um pouco a língua deles e conversar sobre assuntos que os interessam”, disse Renata. 

Ela acrescenta que já fez palestras sobre álcool e drogas e essa semana o tema é o silêncio. “Uma mãe veio até me perguntar o que eu tinha feito, porque o filho dela abaixou o volume do rádio e da televisão. Ver que eu realmente estou contribuindo de alguma forma, é muito legal”, explicou.

Cassia Curi (esq.) e Daisy Pimentel, supervisoras da rede de bibliotecas

Leitura

A leitura é indispensável para a formação de cidadãos mais críticos e conscientes. Por isso o Sistema Firjan quer que os funcionários do projeto “Indústrias do Conhecimento” recebam essa capacitação e se qualifiquem como mediadores de leitura e de literatura para as crianças e jovens das comunidades.    

“Esse projeto é uma vitória, é o resultado de um longo trabalho. Conseguir levar esse tipo de curso para as comunidades é uma conquista muito grande. É gratificante saber que estamos ajudando e conseguindo levar um pouco de cultura para crianças, adolescentes, adultos e idosos de lugares que antes não tinham esse tipo de oportunidade”, falou Daisy Pimentel, supervisora da rede de bibliotecas da Firjan. 

“Para os funcionários que trabalham nas ‘Indústrias do Conhecimento’ é maravilhoso conhecer um pouco mais sobre Literatura e perceber que dessa forma vão poder ajudar muitas pessoas da comunidade em que vivem”, concluiu Cássia Curi, também supervisora da rede de bibliotecas da Firjan.  

Laura Sandroni, escritora e mestre em Literatura Brasileira

“Em todos esses anos, é a primeira vez que estou dando um curso para moradores de comunidades. Nunca tinha tido essa oportunidade, mas está sendo ótimo. São pessoas que gostam de ler, mas não conhecem autores e nomes de livros. Espero poder passar um pouco do que sei e ajudar muito”, disse a escritora e mestre em Literatura Brasileira, Laura Sandroni, uma das professoras do curso. 

15/04/2021

Embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Susan Rice, conhece UPP no Alemão

A diplomata norte-americana foi informada sobre o programa que criou UPPs

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A representante dos Estados Unidos nas Nações Unidas andou de teleférico com a sua comitiva / Gabi Nehring

​Priscila Marotti

A UPP Fazendinha, no Complexo do Alemão, recebeu a importante visita da Embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Susan Rice, na tarde desta segunda-feira, 15 de abril. Susan quis conhecer o programa que criou as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), e obteve informações do coordenador de Ensino e Pesquisa da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), Coronel Gilbert Carvalho, e da presidente do Instituto Pereira Passos, Eduarda La Rocque, responsável pelo programa UPP Social.

Durante a apresentação, o Coronel Gilbert explicou à embaixadora como se dá o processo de pacificação de uma comunidade, desde a análise de cada local, até o planejamento de ocupação, a instalação da UPP e a continuidade do programa, com a entrada de serviços garantida pela segurança.

“Hoje, o foco deixou de ser o combate e passou a ser a garantia de que essas comunidades vão receber o que precisam. Não é mais enfrentar o criminoso. O principal, agora, é cuidar das pessoas de bem que estão nestes locais”, explicava o coronel.

Susan Rice ao lado da Major Carla, da Coordenadoria de Polícia Pacificadora

— E qual é o maior desafio que vocês enfrentam após a entrada da UPP? — perguntava a embaixadora.

— É mostrar que, de fato, a polícia entrou para ficar. Aqui na Fazendinha, que conta com uma UPP há menos de um ano, ainda estamos consolidando esse pensamento. Mas no Santa Marta, por exemplo, que já tem quatro anos de UPP, essa confiança na permanência da polícia já está firmada. O tempo é tudo”, explicou o oficial da PM.

Um dos pontos abordados pelo coronel foi a construção da credibilidade no programa de pacificação, que já rendeu a instalação de UPP fora do país. “Essa foto aqui é da UPP do Panamá, que foi implantada há pouco tempo, com o mesmo conceito que temos aqui. A credibilidade chegou a tal ponto que somos procurados para auxiliar na instalação de unidades fora do Brasil”, contou.

O lado social das UPPs foi apresentado pela presidente do Instituto Pereira Passos, Eduarda La Rocque, responsável pelo programa UPP Social. “Esse programa chegou para consolidar o processo de pacificação, identificando demandas de serviços, pessoas e ONGs que atuam nesses locais, além de intermediar a atuação de empresas privadas nas comunidades”, explicou.

A embaixadora e sua comitiva ainda aproveitaram a vista do terraço da UPP, que apresenta uma visão panorâmica da cidade, e desceram a comunidade de teleférico, principal ponto turístico do Complexo do Alemão.

Representante permanente dos Estados Unidos nas Nações Unidas, a Embaixadora Susan Rice é membro do Gabinete do Presidente Barack Obama. Eleita por unanimidade no Senado norte-americano, em 2009, atuou na linha de frente da "nova era de engajamento" do Presidente. Na ONU, Rice tem trabalhado para avançar os interesses norte-americanos de defender valores universais, reforçar a segurança comum mundial e promover o respeito aos direitos humanos.

11/04/2021

Oficial da Guarda Republicana de Portugal visita UPP Fazendinha

Objetivo é realizar intercâmbio da polícia portuguesa com PMERJ

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O oficial Jorge Bolas (centro) com o Tenente-Coronel Edison (esq.) e o Cap. Salgado / Priscila Prestes e Alexandre Pestana

Priscila Prestes

A Polícia Militar do Rio de Janeiro e a Guarda Nacional Republicana de Portugal deram na semana passada o primeiro passo para a realização de um possível acordo de intercâmbio entre as duas polícias. Por meio de ação do Escritório de Assuntos para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 (ECO), a PMERJ recebeu o Comandante do Grupo de Intervenção de Operações Especiais da Guarda Nacional Republicana de Portugal, Tenente-Coronel Jorge Bolas, que visitou e acompanhou alguns pontos-chave da polícia do Rio, como Batalhões das Forças Especiais e a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Alemão. A iniciativa poderá beneficiar BOPE e BPTur.

Durante a semana em que esteve no Rio, Jorge Bolas, visitou a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), em Bonsucesso, onde acompanhou palestras sobre a atuação policial nas comunidades pacificadas. Em visita ao Complexo do Alemão, o Tenente-Coronel pode acompanhar de perto as melhorias que estão sendo construídas na comunidade, por meio do trabalho dos policiais.

Jorge Bolas visitou o Complexo Esportivo da Fazendinha

"Pude ver que a Polícia de Proximidade está sendo implementada de forma efetiva, não de forma superficial", disse o comandante.  Ele conheceu o Complexo Esportivo da Fazendinha, e sobre o projeto, comentou: “É nítido o envolvimento das crianças com as aulas e o entrosamento que a comunidade tem com os policiais. Essas crianças estão vendo os policiais como amigos, e os pais têm confiança em deixar seus filhos com eles", afirmou o comandante, que disse ter ficado impressionado com a quantidade de turistas que viu na comunidade. "Há alguns anos, isso seria impossível", pontuou.

O oficial português disse que a sua visita tem como objetivo entender como funciona o trabalho das forças especiais da PMERJ. “Apesar de termos realidades distintas, as boas práticas podem ser realizadas em qualquer lugar.  É o caso do GAM e do Bope, batalhões em que estive para compreender o ambiente de trabalho e as técnicas dos policiais e muito me interessei”, o Tenente-Coronel Jorge Bolas. Ele disse contou que a Guarda Republicana também trabalha muito com aeronaves, por isso foi muito interessante conhecer o GAM. “Pude ver que os policiais pilotos possuem muita experiência, foi  uma troca muito boa”, comentou.

Tenente-Coronel Edison. Oportunidade de parceria futura entre as polícias

O Tenente-Coronel Edison Duarte, chefe do ECO, explica que a visita do Comandante português à PMERJ foi o contato inicial que possibilitará uma parceria futura entre as Instituições. “A partir dessa aproximação, vamos desencadear as negociações para um acordo entre as duas polícias. Temos interesse em conhecer como funciona o ciclopatrulhamento da Guarda Republicana”, afirmou.

Portugal foi um dos países pioneiros na implantação do ciclopatrulhamento em suas orlas, tendo criado o primeiro pelotão do gênero da GNR em 2000. Desde então, todos os anos no verão, zonas balneárias do país são patrulhadas por militares de bicicleta, em contato direto com a população.  O BPTur capacitou sua primeira turma de policiais prontos a atuar sobre duas rodas em julho do ano passado. O batalhão, comandado pelo Tenente-Coronel Joseli Cândido da Silva, tem como meta  equipar todas as áreas turísticas da cidade com policiais em bicicletas.

12/04/2021

Estado inaugura Unidades de Polícia Pacificadora do Caju e Barreira do Vasco

Governador anuncia 50% de aumento para policiais militares de UPPs

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"Ninguém pode falar em emprego, educação e lazer enquanto existir violência", disse o Governador Sérgio Cabral / Gabi Nehring

​Bruna Cerdeira

As Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Complexo do Caju e da Barreira do Vasco, na Zona Norte do Rio, foram inauguradas na manhã desta sexta-feira, 12 de abril. Muitos moradores — inclusive crianças que brincavam na cama-elástica e no pula-pula montados nos locais dos eventos — assistiram atentos ao lançamento, cheios de expectativas por dias melhores. Foram duas solenidades, a primeira na Praça do Seninha, no Caju, e a segunda na Praça Carmela Dutra, em frente ao estádio do Vasco da Gama, em São Cristóvão. 

As duas regiões contam com um total de 450 policiais militares, que passam a patrulhar as 15 comunidades que serão atendidas pelas novas UPPs. São 300 agentes no Caju e 150 na Barreira/Tuiuti.  

“Ninguém pode falar em emprego, educação, saúde e lazer enquanto existir violência. Se não há tranquilidade para ir e vir, os serviços não chegam e as coisas não funcionam. As comunidades foram ficando isoladas e se sentindo cada vez mais abandonadas. A UPP não vai mudar totalmente a vida de um dia para outro, mas o convívio com os policiais vai ser diferente. Antes a polícia entrava na comunidade, tinha confusão, tiroteio e depois saía. Agora vai ser mais presente, vai ser permanente e isso será um aprendizado, moradores respeitando os policiais e vice-versa”, disse o Governador Sérgio Cabral.

Governador Sérgio Cabral. Convívio com policiais vai ser diferente

O Governador aproveitou para anunciar que as gratificações que são pagas aos policiais, pelo Prefeito da cidade, Eduardo Paes, receberão um aumento de 50%.

“O Governo e a Prefeitura estão realizando uma parceria excelente. O Secretário de Segurança Pública, Mariano Beltrame entregou uma proposta ao Eduardo Paes com esse aumento. Eles tiveram a sensibilidade de perceber a importância desse trabalho e eu vou assinar o decreto em breve, aprovando. É um incentivo para que os policiais continuem tendo um ótimo desempenho e que tenham sempre a tolerância e a firmeza necessárias para agir corretamente nas comunidades”, enfatizou Sérgio Cabral. 

Solidariedade

A Comandante da UPP do Caju é a Major Alessandra Carvalhaes, que até então estava no comando da UPP da Formiga, na Tijuca. Ela é a quarta mulher a assumir o comando de uma Unidade de Polícia pacificadora. Atualmente, apenas ela e a Tenente Paula Apulchro, que assumiu a UPP Babilônia/Chapéu-Mangueira na última terça-feira, são as duas únicas representantes femininas em meio aos comandantes do sexo masculino responsáveis pelas outras 30 UPPs.

A Major Carvalhaes assume a UPP Caju e promete ser detalhista

“Nós mulheres somos mais detalhistas, mais cuidadosas, mas sabemos nos posicionar quando há necessidade. Vamos levar uma escuta mais solidária, mais paciente para essas áreas tão carentes. Nós já temos o dom da maternidade, somos biologicamente preparadas para isso, além de sermos mediadoras de conflitos natas. Esse é o diferencial que vou tentar trazer para as comunidades do Caju”, disse a Major Carvalhaes.  

O Coronel Paulo Henrique de Moraes, comandante da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), contou que na Unidade Barreira/Tuiuti, que ficará sob o comando do Capitão Silva, haverá uma novidade. Três psicólogos da Polícia Militar vão trabalhar em conjunto com a tropa e com os moradores, para trazer outra visão, entender um pouco mais sobre a dinâmica do local e sobre o sentimento dos policiais e dos moradores com relação à pacificação. 

“Queremos compreender os dois lados, captar as demandas e, a partir daí, ver quais são as melhores medidas a serem tomadas para evitar qualquer tipo de conflito. São muitas possibilidades, mas precisamos saber o que realmente vai funcionar”, explicou o Coronel Paulo Henrique.

Tenente Mônica. Psicologia vai ajudar trabalho policial

Diagnóstico 

“Nossa primeira ação, nesse primeiro momento, vai ser andar pela comunidade para diagnosticar as necessidades e ver quais tipos de intervenção serão mais viáveis e estarão mais de acordo com essa proposta de trabalho do policial. É uma iniciativa nova, que esperamos que dê certo”, disse a Tenente Mônica, psicóloga da PM.  

A população está feliz com o novo momento que as comunidades da Zona Norte vão viver a partir de agora. Com um histórico difícil de violência, os moradores têm a esperança de um futuro melhor, mais tranquilo e com mais oportunidades.

“Nossa expectativa é a melhor possível. A UPP vai trazer muita coisa boa pra gente, tenho certeza. Além da segurança, cursos, projetos esportivos e melhorias dos serviços de saneamento e iluminação. Não quero mais ‘gato’, quero pagar conta e ter luz em casa todo dia”, disse dona Eunice da Silva, 50 anos, moradora da comunidade São Sebastião há quase 20 anos.   

Eunice. A UPP vai trazer muita coisa boa para a comunidade
 

Moradores e policiais, Governo, Prefeitura e Secretaria de Estado de Segurança. As parcerias estão funcionando e as relações estão dando certo. Cada setor fazendo a sua parte, mas sempre com um objetivo comum: melhorar a vida da sociedade como um todo.

“A pacificação é um processo que depende de uma ação conjunta. A interação entre sociedade, policiais e moradores da comunidade, é fundamental e indispensável para que a gente consiga trazer essas áreas de volta ao convívio normal da sociedade e proporcionar dias melhores para todos”, concluiu o Secretário de Segurança, José Mariano Beltrame. 

11/04/2021

Rio ganha duas novas UPPs nesta sexta-feira com efetivo de 450 policiais

As unidades vão beneficiar 15 comunidades do Caju e São Cristóvão

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A inauguração da UPP Barreira/Tuiuti está prevista para as 11h, na Praça Carmela Dutra, em frente ao antigo DPO / Marino Azevedo

​Bruna Cerdeira

Duas novas Unidades de Polícia Pacificadora serão inauguradas na manhã desta sexta-feira, 12 de abril. Uma no Complexo do Caju, na Zona Portuária e a outra em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio. As Unidades Caju e Barreira/Tuiuti que são, respectivamente, a 31ª e 32ª UPPs instaladas na cidade.

As duas UPPs vão beneficiar aproximadamente 26 mil moradores, de acordo com um levantamento feito pelo Instituto Pereira Passos (IPP) com base no Censo Demográfico 2010, e contarão com um efetivo de 450 policiais militares, que irão patrulhar 15 comunidades.

A solenidade de inauguração da UPP Caju acontece a partir das 10h, na Rua da Justiça, s/nº, na Praça do Seninha. Já a da UPP Barreira/Tuiuti está prevista para as 11h, na Praça Carmela Dutra, em frente ao antigo Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO). O evento contará com a presença de lideranças comunitárias e autoridades.

Os moradores esperam que com as UPPs cheguem outros serviços

“Estou muito otimista com a chegada da UPP. Moro aqui há 24 anos e já presenciei muitos casos de violência. Todo mundo espera que as coisas melhorem e junto com a polícia, cheguem também cursos profissionalizantes, projetos esportivos para as crianças e jovens e outros serviços que a gente não tem muito acesso”, disse Carla Almeida. 

Localização 

A UPP Caju tem uma base administrativa, localizada na Vila Tiradentes, e outras quatro bases de apoio nas comunidades Manilha, Parque Alegria, São Sebastião e Seninha. A UPP Barreira/Tuiuti funcionará na sede do antigo DPO, e contará com uma base avançada na Rua Marechal Jardim, no Morro do Tuiuti.

“Antes a comunidade do Tuiuti fazia parte da UPP da Mangueira, mas optamos por transferi-la para a Unidade da Barreira do Vasco por uma questão de proximidade geográfica”, disse o Coronel Paulo Henrique de Moraes, comandante da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP).  

Pacificação vai beneficiar São Januário, em São Cristóvão

As áreas são atendidas pelo 4° Batalhão de Polícia Militar (BPM) e pela 17ª Delegacia de Polícia (DP), em São Cristóvão. Segundo um levantamento feito pela delegacia, nos últimos seis meses, foram registrados, nestas regiões, 172 roubos de veículos, 293 roubos a transeuntes e 1237 furtos, incluindo veículos, estabelecimentos comerciais e transeuntes.

Medo

O inspetor Claudio Russo informou que antes de a polícia ocupar as comunidades, os moradores não iam até a delegacia registrar ocorrências.

“Quem mora na comunidade não vem dar queixa, porque tem medo da represália dos bandidos, já que eles não gostam da presença da polícia na favela. Casos de violência doméstica e assaltos, por exemplo, eram resolvidos internamente, pelos criminosos. Agora com a instalação das UPPs, esperamos que as pessoas não tenham mais medo de fazer o registro das ocorrências”, afirmou. 

O Caju abriga dois cemitérios muito conhecidos, o Memorial do Carmo e o Cemitério do Caju, além do Cemitério Comunal Israelita do Rio de Janeiro, que só faz sepultamento de judeus. Funcionários afirmam que barulhos de tiroteios eram comuns na região.

Bala perdida quase atingiu funcionário de cemitério, no Caju

“Nunca tivemos roubos dentro do cemitério, mas já encontramos cápsulas de bala e sempre ouvimos barulho de tiro vindo da favela. Ano passado, uma cápsula parou ao lado de um funcionário. Eu peguei e guardo até hoje”, contou Malvina Kuperszmitt, 62 anos, assistente administrativa há dez anos no Israelita.

Otimismo

Moradores e comerciantes das áreas beneficiadas estão otimistas com a chegada da UPP. Eles esperam que, além de acabar com a violência, os policiais sejam a ponte entre eles e as autoridades, e que ajudem a trazer novas oportunidades e mais serviços para as comunidades. 

“Espero que a UPP ajude a diminuir a violência e com isso aumente a circulação de pessoas aqui nessa área. Espero que isso aumente também as minhas vendas, mas só vamos saber com o passar do tempo. Tomara que as coisas melhorem.”, falou o comerciante Francisco Manoel, de 59 anos. 

O Complexo do Caju faz parte da Zona Portuária do Rio, área que está passando por um intenso processo de urbanização. Portanto, a pacificação dessas comunidades é fundamental. Além disso, o controle dessas comunidades também é necessário para garantir a segurança nas vias pelas quais circularão as pessoas que virão acompanhar a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. 

11/04/2021

Segurança articula Fórum para Diálogo entre Polícia e Juventude

Jovens de comunidades em processo de pacificação serão ouvidos

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Projeto de segurança cidadão visa uma melhora da convivência entre os operadores de segurança e comunidades / Gabi Nehring

​A Secretaria de Estado de Segurança (Seseg) articula o Fórum para Diálogo entre Polícia e Juventude nas comunidades em pacificação. A iniciativa da Superintendência de Prevenção da Subsecretaria de Educação, Valorização e Prevenção da Seseg surgiu após serem detectados conflitos entre os agentes e os jovens durante as rotineiras abordagens policiais.

“Estamos definindo como será a metodologia dos encontros e, em seguida, será feita a mobilização nas áreas. O objetivo é a superação da ausência do diálogo entre a juventude e a polícia em comunidades para consolidar o policiamento de proximidade”, afirma a Superintendente de Prevenção da Seseg, Leriana Figueiredo.

Ao identificar por pesquisas que parte da população jovem tinha uma percepção negativa das UPPs, a Seseg decidiu que o projeto deverá alcançar todas as comunidades em processo de pacificação para mudar essa visão.  

“É um projeto de segurança cidadão, que visa uma melhora da convivência e do relacionamento entre os operadores de segurança e as comunidades com o foco na juventude”, declara Leriana. Ela afirma que a fase atual do projeto é da mobilização de parcerias e que em cada comunidade as organizações locais serão procuradas.

10/04/2021

Um ‘passinho’ de cada vez no caminho da pacificação

Dança é a nova 'batalha' dos jovens por reconhecimento e inclusão social

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Jovens de comunidades pacificadas unem talento, estilo e música para mostrar sua arte / Foto Marino Azevedo

Bruna Cerdeira

​Febre na internet. Reconhecimento e afirmação de jovens que conseguem criar uma identidade própria. Um universo que envolve dança, estilo, música, passinho, rivalidade, competição. Assim é a Batalha do Passinho.

Esse estilo de dançar, denominado “passinho”, surgiu nos bailes funk das comunidades do Rio no início dos anos 2000, junto com um tipo de batida funk mais acelerada, conhecida como ‘tamborzão’. Influenciado pela música negra americana, o passinho é uma cultura que se difunde cada vez mais pela internet e que vai além dos bailes. 

Os garotos que dançam, muitas vezes moradores de comunidades diferentes e distantes, se reúnem para ensaiar e conversar sobre o assunto. A popularidade que o passinho está conseguindo alcançar revela, que além de ultrapassar as fronteiras territoriais, a dança está conseguindo romper os preconceitos que ainda existem com relação ao funk. 

“Em 2008 surgiu um dos primeiros vídeos de passinho, “Passinho Foda”, gravado por garotos do Engenho da Rainha, e que hoje já foi visto por quase cinco milhões de pessoas. A partir desse, vários outros vídeos, de diferentes áreas do Rio, foram colocados na internet e ajudaram a difundir o passinho. Geralmente eles surgem em comunidades, periferias e favelas, que são locais onde rolam os bailes funk.”, disse Emílio Domingos, diretor do documentário “A Batalha do Passinho”, que venceu a mostra Novos Rumos, no Festival do Rio, e em breve estreia no circuito comercial. 

Estilo de dançar, denominado “passinho”, surgiu nos bailes funk

Batalha – Uma prova da evolução da dança é o evento A Batalha do Passinho, que está acontecendo em 16 comunidades pacificadas do Rio e tem o patrocínio da Coca-Cola. A competição já teve duas outras edições, em 2011 e 2012, mas a visibilidade nem se compara com a de 2013. Este ano, o prêmio para o vencedor da disputa é de R$ 10 mil . O segundo colocado leva R$ 8 mil e o terceiro, R$ 5 mil.

Em uma das eliminatórias, no Cantagalo, uma menina chamava atenção. De camiseta, short, tênis e o indispensável boné, Camila Garcia, mais conhecida como Camila Perfects, de 15 anos, se concentrava, apertava as mãos, segurava o crucifixo e deixava transparecer o nervosismo e a tensão.  

“Fico nervosa antes de dançar e eu vou ser a primeira a subir no palco. Só consigo me acalmar um pouco, dançando e ensaiando aqui fora, ajeitando os últimos detalhes. Não subo no palco sem o boné, o cabelo tira um pouco a ‘manha’ dos passos, porque o corpo vai para um lado e o cabelo para o outro. Além disso, é um acessório que marca o meu estilo”, falou a menina, que venceu a eliminatória na comunidade de Copacabana e garantiu uma vaga na final da Batalha. 

Estilo dos dançarinos é inspirado no vestuário dos jogadores de futebol

Segundo Emílio Domingos, os dançarinos são muito vaidosos e buscam um vestuário associado a jogadores de futebol. Alguns se vestem como se fossem atletas esportivos, utilizando marcas esportivas, têm cortes de cabelo especiais. 

“Uma vez vi um menino dançando com camisa de botão. Ele parecia um evangélico, mas era o único vestido daquele jeito. Para eles é importante ser criativo, diferente e ter sua individualidade, para se destacar no grupo”, disse ele. 

Jovens buscam reconhecimento e inclusão social

Um dos personagens mais marcantes do passinho foi Gualter Rocha, conhecido como Gambá. Ele foi assassinado no réveillon de 2012.  

“Não dá para definir apenas um destaque da Batalha do Passinho, são milhares de garotos. O Gambá se destacou porque era muito carismático, engraçado, tinha um estilo próprio de se vestir e de dançar, e isso influenciou muitos garotos. Ele foi e é, até hoje, uma grande referência para todo mundo que dança, até para quem não o conheceu. 

Inclusão social – A Batalha do Passinho deu um status artístico ao lazer de jovens muitas vezes confundidos com os bandidos que controlavam as comunidades em que vivem antes da chegada das UPPs. A dança tornou-se uma grande ferramenta de inserção desses jovens na sociedade e uma forma que eles encontraram de serem vistos e de conseguirem dialogar com os moradores do asfalto. 

Esse processo de inclusão, que desperta cada vez mais o interesse da mídia, da universidade e dos estudiosos sociais, não só está revelando uma dança surpreendente do ponto de vista artístico, mas também vem criando oportunidades de trabalho e perspectiva de futuro para esses jovens.

“Antes eu não me via fazendo nada, dançava mas não era reconhecido. Agora o passinho está tendo mais reconhecimento, está dando uma chance de termos um futuro melhor. Esse prêmio de R$ 10 mil, com certeza vai ajudar bastante a quem ganhar. Mas além disso, tenho muito orgulho de estar aqui representando a minha comunidade”, disse Jonathan Pereira, o Nescau, de 15 anos, morador da Rocinha. 

10/04/2021

Martinho da Vila relembra velhos tempos no Morro dos Macacos

Para o sambista, UPPs deveriam ter sido implantadas há mais tempo

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Série “Personagens do Rio” / Imprensa RJ

“Quando essa onda passar / vou te levar nas favelas / para que vejas do alto / como a cidade é bela”. 

O trecho acima da canção “Quando essa onda passar”, composta por Martinho da Vila, em 2005, parecia adivinhar o que estava para acontecer três anos mais tarde nas comunidades cariocas, começando pelo Santa Marta em Botafogo.

Com a pacificação das comunidades, a cidade pôde se integrar mais. Com o asfalto subindo o morro e o morro descendo ao asfalto. A boêmia Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, sempre foi assim e o Morro dos Macacos faz parte da vida do bairro e da escola de samba homônima, atual campeã do Carnaval carioca.

“Todo mundo se conhecia e o morro era uma coisa muito boa. A característica mais marcante de qualquer favela sempre foi a solidariedade. Um socorria o outro”, lembra Martinho da Vila, que é uma espécie de símbolo do bairro e da comunidade dos Macacos.

Mas, nas últimas décadas, a tranquilidade deu lugar ao medo. O ápice dessa história de terror aconteceu no dia 17 de outubro de 2009, quando um helicóptero da Polícia Militar explodiu após pouso forçado durante operação no Morro dos Macacos. Na ocasião, dois policiais morreram.

“O morro ficou ruim numa fase quando foram criadas as grandes facções. Eles foram tomando conta das favelas. O Macacos sofreu muito com isso. O problema é que nos últimos anos se vivia lá sempre em tensão, esperando uma invasão. Ou de um inimigo de outro morro ou da polícia. Então a tensão era o tempo inteiro. Agora não. Agora está tudo mais tranqüilo”, reconhece Martinho.

Como disse Martinho, o quadro começou a mudar em novembro de 2010. Foi quando a comunidade dos Macacos se livrou da ditadura do fuzil e recuperou novamente o direito de viver em paz. No local, foi implantada mais uma Unidade de Polícia Pacificadora. Segundo o cantor, o projeto das UPPs deveria ser implantado há muito tempo nas comunidades cariocas.

“Não adianta a polícia ir ao morro, expulsar os marginais e ir embora. Aí o cara volta daqui a pouquinho. É pra ela ficar no morro e o governo tem que levar benefícios. Tem que tomar conta da favela como toma conta de um bairro. E é isso que está acontecendo agora”, disse. 

Reflexo de novos tempos. Uma nova fase que o Rio de Janeiro passa e carrega consigo a esperança e a possibilidade de um futuro melhor para quem tanto sofreu em locais abandonados durante décadas. A esperança de uma vida mais calma e simples, mas com todos os direitos de cidadania garantidos.

09/04/2021

CPP troca comando da UPP Babilônia/Chapéu Mangueira

A Tenente Apulchro é a quarta mulher na PM a exercer essa função

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A missão da Tenente Paula é garantir que a pacificação continue progredindo nas duas comunidades / Marino Azevedo

​Priscila Marotti

Mais um toque feminino foi dado ao time das Unidades de Polícia Pacificadora nesta terça-feira, 9 de abril. A Tenente Paula Apulchro, de 25 anos, assumiu o comando da UPP Babilônia/Chapéu Mangueira, no Leme, com o objetivo de fortalecer o vínculo com as comunidades e consolidar a proposta da polícia de proximidade, que vem sendo firmada com os moradores desde a implantação da UPP, em junho de 2009.

Há sete anos na Polícia Militar, a tenente é a terceira mulher a assumir o comando de uma UPP, após a Major Alessandra Carvalhaes, na UPP Formiga, e a Major Pricilla de Oliveira Azevedo, que esteve à frente da UPP Santa Marta por quase três anos e se tornou um dos ícones da pacificação pela relação que mantém com os moradores do morro.

“As duas comunidades já abraçaram a proposta da UPP. Estou vindo para cá para amadurecer ainda mais essa confiança, focar mais em projetos e melhorar sempre o relacionamento com os moradores”, ressaltou a nova comandante.

A oficial disse que espera aumentar número de projetos nas comunidades

A tenente atuou no 2º Batalhão (Botafogo) durante dois anos e, por um ano e seis meses, esteve à frente da comunicação social da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), onde organizou projetos sociais, eventos e buscou apoio de empresas para realizar iniciativas que aproximassem policiais e moradores das comunidades pacificadas. Uma de suas propostas (já implantada) foi designar um policial de cada UPP, para cuidar de projetos e iniciativas de aproximação. 

“Já existia o policial da parte operacional, o responsável pela parte administrativa, e assim por diante. Hoje, esse policial que lida diretamente com o relacionamento com a comunidade já se tornou fundamental. A área mais importante da UPP é a aproximação, sem dúvida nenhuma”, disse.

Para o coordenador das Unidades de Polícia Pacificadora, Coronel Paulo Henrique de Moraes, a tenente vai contribuir com o crescimento da proposta das UPPs. “Estamos colocando um dos nossos melhores quadros nessa unidade. A Tenente Paula Apulchro realizou um trabalho de muita qualidade na CPP e, agora, chega para somar nessas duas comunidades. A experiência dela tanto na CPP, quanto na Zona Sul, é importante para esse trabalho. Ela chega para garantir que o processo de pacificação continue progredindo”.

A Tenente Paula Apulchro recebe o comando do Cel. Paulo Henrique

A expectativa dos cerca de quatro mil moradores das duas comunidades também é positiva. “Eu já conhecia a Tenente Apulchro da CPP e vibrei quando soube que ela ia assumir a UPP aqui na comunidade. Tenho certeza que, se vocês voltarem daqui um mês, vão encontrá-la pulando corda com as crianças”, declarou o líder comunitário do Morro da Babilônia, Ivan Costa, de 51 anos.

A UPP Babilônia/Chapéu Mangueira foi inaugurada dia 10 de junho de 2009. A sede da Unidade foi instalada no alto do Morro da Babilônia, em um prédio com três pavimentos e oito alojamentos. Muitas mudanças ocorreram após a chegada da UPP, entre as quais obras de urbanização e infraestrutura, cursos em diversas áreas, como alfabetização e idiomas, posto de saúde, creche e projetos sociais desenvolvidos por policiais e empresas.

08/04/2021

Aumenta número de empreendedores em comunidades pacificadas

Ambiente seguro impulsiona moradores a abrir o próprio negócio

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Os ramos de comércio mais encontrados são da economia popular urbana. Alimentação é um dos destaques com 43,6% / Gabi Nehrinhg

​Bruna Cerdeira

A pacificação trouxe muitos benefícios para as comunidades. A segurança aumentou, os serviços passaram a chegar com mais eficiência, novas oportunidades surgiram, enfim, as melhorias têm sido tão significativas, que algumas favelas antes vistas como ambientes proibidos, hoje viraram pontos turísticos muito visitados por brasileiros e estrangeiros.

Junto com o desenvolvimento que está se consolidando nessas áreas, outro fator está chamando atenção. As comunidades estão se transformando em ambientes favoráveis ao empreendimento e cada vez mais os moradores estão se estabelecendo como empreendedores.

Segundo números do Data Popular, de cada 100 moradores das comunidades brasileiras, 65 estão na classe C, com renda familiar média em torno de R$2.500,00 por mês. Eles consomem 56 bilhões de reais por ano e isso só favorece o empreendedorismo. 

Ramo de bebida representa 30% , como o bistrô de Marcelo e Cabriela

O técnico em telecomunicações, Marcelo Ramos, de 38 anos, mora no Alemão há 25 anos e decidiu aproveitar a visibilidade que a comunidade ganhou depois da pacificação para abrir seu próprio negócio. O Complexo recebe 12 mil turistas por dia, 67% andam no teleférico, mas também querem conhecer a favela e quem ganha com isso são os empreendedores. 

“A idéia surgiu quando fui consertar um telefone em um bistrô de cervejas especiais no Centro. Eu experimentei uma cerveja alemã e gostei. Depois disso passei a freqüentar outros bistrôs da cidade e decidi abrir o meu, aqui no Alemão. O Bistrô Estação R&R; levou nove meses para ficar pronto e nesse tempo provei cervejas do mundo inteiro, para saber aquelas que eu iria vender. Não peguei empréstimo, não fiz curso nenhum, fui na cara e na coragem mesmo”, disse Marcelo. 

Pesquisa

Para conhecer melhor o universo do empreendedorismo comunitário, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico Solidário (Sedes) encomendou uma pesquisa ao Núcleo de Solidariedade Técnica da UFRJ (Soltec), para mapear e identificar as atividades produtivas existentes em áreas pacificadas. As comunidades escolhidas foram Cidade de Deus, Santa Marta, Manguinhos e Complexo do Alemão. 

Assim como Marcelo Ramos, a maioria dos empreendedores do Complexo do Alemão usou capital próprio para iniciar seu negócio. São 90,8% contra 5% que pegaram empréstimo.

Vestuário é um dos negócios mais procurados pelos empreendedores

O estudo da Sedes aponta, também, que os ramos de comércio mais encontrados são aqueles típicos da economia popular urbana. Os destaques ficam por conta da alimentação, com 43,6% de atuação, e de bebidas, com quase 30% dos empreendimentos. Vestuário vem em seguida, com 15,2%. Esses tipos de empreendimentos, de uma forma geral, são os mais encontrados nas comunidades, e o coordenador executivo da pesquisa, Antonio Oscar Vieira, tem uma explicação para isso.  

“Os moradores das comunidades identificam o que é consumido naquela localidade, quais serviços são mais utilizados, aqueles cuja demanda é grande, mas a oferta é pequena, e abrem seu empreendimento. Geralmente, os negócios se iniciam no próprio domicílio, empregando pessoas da família, depois vão crescendo, expandindo o espaço e contratando novos funcionários”, explicou Vieira. 

Outro dado interessante foi a faixa etária dos moradores que investem no próprio negócio. A maioria absoluta, 41,6%, está entre 35 e 49 anos. Os que estão acima dos 50 anos representam 34,4%, enquanto os jovens de 19 a 34 anos somam 23,4%. Os 0,6% restantes, se referem a menores de 18 anos. 

Oportunidades

Segundo uma pesquisa sobre Microempreendedorismo em Domicílios nas Favelas com Unidades de Polícia Pacificadora, produzida pelo Sebrae, a chegada das UPPs foi determinante para o crescimento do empreendedorismo nas comunidades cariocas.

Os seminários de capacitação têm sido muito concorridos

“A pacificação contribuiu, em primeiro lugar, para a vida das pessoas que moram nas comunidades. Quando o lugar tem mais segurança, a oferta de serviços aumenta, mais oportunidades são geradas, o ambiente fica mais favorável e as pessoas têm mais tranquilidade para abrir o próprio negócio. A violência atrapalha a vida das pessoas, que acabam consumindo menos”, afirma Carla Teixeira, Coordenadora de Desenvolvimento do Empreendedorismo em Comunidades Pacificadas do Sebrae. 

A costureira Ângela Maria Anacleto, de 39 anos, já trabalhou em lojas de confecção, consertos e aluguel de roupas. Depois de mais de dez anos prestando serviços para os outros, ela decidiu trabalhar por conta própria. Hoje ela tem um empreendimento de aluguel de trajes a rigor, que funciona dentro da sala da casa dela, e faz consertos em roupas a domicílio.

“Gosto muito desse ramo. Conheci muitas clientes quando trabalhava em loja, isso me ajudou a abrir meu próprio negócio. Meu diferencial é o atendimento em casa. Atendo noivas e elas preferem que eu vá até elas, é mais confortável e eu não cobro a mais por isso. Por enquanto, ainda estou usando a minha sala para pendurar os vestidos, mas pretendo alugar uma loja e expandir”, contou Ângela. 

UPP ajuda

 Marcelo e o bistrô de cervejas especiais, Ângela e o aluguel de trajes a rigor. Ramos bem diferentes, mas com um facilitador em comum: a pacificação do Complexo do Alemão. Os dois empreendedores foram categóricos ao falar do aumento da segurança possibilitado pela Unidade de Polícia Pacificadora. 

Ângela Maria Anacleto sonha em abrir uma loja em shopping

“Se não tivesse a UPP eu nem teria aberto meu bistrô aqui. As pessoas de fora da comunidade não viriam de jeito nenhum, e eu tenho um público consumidor bem dividido entre moradores, não moradores e turistas. A UPP melhorou a freqüência e aumentou a circulação de pessoas no Complexo, isso favoreceu muito”, declarou Marcelo. 

“Quando eu comecei ainda não tinha UPP e meus clientes nem cogitavam vir até o Complexo do Alemão. Depois que a unidade foi instalada, meu número de clientes aumentou muito! Antes eu mesma tinha vergonha e medo de trazer as pessoas aqui. Imagina um cliente chegando e de repente acontece um tiroteio? Não dava.”, falou Ângela.  

Antes de abrir um empreendimento é importante saber onde vai atuar, pensar na logística, na infra-estrutura que dispõe, conhecer os concorrentes e saber qual é a demanda do local, porque vai vender para aquela comunidade. Para isso o Sebrae oferece cursos de capacitação na gestão do negócio. 

Serviço

Há um plantão do Sebrae em toda comunidade pacificada, sempre no mesmo dia e no mesmo lugar. Para saber o dia, hora e local, basta perguntar na sede da UPP ou ligar para 08005700800. 

  

05/04/2021

​Parque Alegria e Barreira do Vasco comemoram um mês de pacificação

Com mudança, vida de moradores da Zona Norte está mais tranquila

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As comunidades do Parque Alegria e da Barreira do Vasco, na Zona Norte, comemoram os novos tempos de paz / Marcelo Horn

Danielle Moitas / Imprensa RJ

Um mês depois da ocupação, as comunidades do Parque Alegria e da Barreira do Vasco, na Zona Norte, comemoram os novos tempos de paz. Agora sem a rotina de conflitos armados, os moradores fazem planos para aproveitar as oportunidades que chegam com as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). 

Dono de um bar em uma das principais ruas do Parque Alegria há dois meses, Genilson de Oliveira, de 42 anos, espera transformar o seu espaço em um point da comunidade. Ele apenas aguarda a instalação definitiva da Unidade de Polícia Pacificadora para colocar o planejamento em prática.

"Quero fazer tudo legalizado, promover serestas, forrós, e outras festas para os moradores aproveitarem. Vou procurar saber como organizar o espaço e os horários para a música. Agora as pessoas circulam mais", afirmou o comerciante.

Morador do Parque Alegria há 15 anos, Genilson diz que dias de tranquilidade estão mudando o dia a dia dos moradores e que os filhos podem ir e vir sem perigo de ficar no meio de uma troca de tiros.

 O mesmo clima toma conta da Barreira do Vasco. Costureira e moradora da comunidade há 40 anos, Maria de Fátima de Souza, 66, conta que antes da pacificação, o curso que ministra na associação de moradores ficava vazio. Para a última turma que abriu, teve que dispensar alunos.

"As pessoas tinham receio de frequentar as aulas, de andar pela comunidade. Desde a pacificação, tivemos 60 alunos e só não temos mais porque não temos lugar para tanta gente", disse Maria de Fátima, que também contou que as ruas estão mais limpas e a iluminação pública melhorou.

 O segundo sargento do Bope Carlos Soares afirmou que, um mês depois, a aceitação das duas comunidades é muito boa e que os moradores se mostraram receptivos às propostas da pacificação.

 "Desde a nossa entrada, na reunião, convocamos os gestores dos serviços essenciais para participar. O Bope também ajuda no alinhamento das necessidades da comunidade, direcionando os líderes comunitários para que os serviços possam chegar ", explicou Soares.

05/04/2021

As delícias de restaurantes, bares e biroscas das comunidades cariocas

“Guia gastronômico das favelas” reúne dicas culinárias de 22 estabelecimentos

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O "Guia gastronômico das favelas" será lançado neste sábado, 6 de abril, na Livraria da Cultura / Marino Azevedo

​Priscila Marotti

Em um restaurante tipicamente nordestino, o cará com baião de dois decorado com rodelas de pimentão e folhas de alface é o ponto alto de um beco da Rocinha que mais lembra o bairro de Santa Teresa, cheio de barzinhos aconchegantes. Entre o peixe de água doce, a carne seca com aipim, até os risotos variados, o restaurante La Roma é um dos destaques do “Guia gastronômico das favelas do Rio”, que será lançado neste sábado, 6 de abril.

O restaurante chama a atenção não só pelos pratos nordestinos servidos com qualidade e decoração ímpares, mas pela simpatia do dono, o cearense José Wilson de Almeida — mais conhecido na comunidade como Garrincha —, que realizou, há pouco mais de um ano, o sonho de abrir seu próprio restaurante.   

Garrincha e o cará com baião de dois, um dos destaques do La Roma

“Isso aqui era um bar de petisco, não tinha nem assento. Mas meu sonho era que a pacificação chegasse para que eu pudesse abrir meu restaurante, com a minha cozinha típica. Eu fechei aqui no dia seguinte da ocupação para reformar. Há um ano e dois meses, venho realizando esse meu sonho”, conta Garrincha. 

O movimento cresceu depois que o restaurante de Garrincha foi incluído no guia, cujo autor é o pesquisador e diretor cinematográfico Sérgio Bloch. Os proprietários dos estabelecimentos selecionados ganharam um exemplar da publicação e, por meio do tradicional boca a boca, fizeram sua própria propaganda do livro junto aos antigos clientes que repassaram a informação para outras pessoas. clientes para os seus clientes No livro, Sérgio selecionou 22 estabelecimentos, entre restaurantes, bares, biroscas e terraços caseiros em oito comunidades pacificadas do Rio.

“Nós chegamos a visitar 97 estabelecimentos em 11 comunidades até chegarmos a esses 22. Encontramos pessoas que, não só oferecem uma cozinha de qualidade, mas fazem a comida com carinho e cuidado que vemos em poucos lugares. Não deixam a desejar se comparados com a qualidade de restaurantes renomados”, conta Sérgio.

O autor Sergio Bloch (esq.) e Fábio Freire, dono Barlacubaco

A proposta do guia é apresentar pessoas e lugares diferentes, que atraíssem os moradores e também servissem de pretexto para qualquer carioca visitar as comunidades e experimentar um pouco da culinária de cada lugar. 

Outra nordestina que vem conquistando adeptos e acabou, também, conquistando os pesquisadores do guia é a pernambucana Rejane Lins, do Complexo do Alemão, que prepara uma tapioca leve e bem recheada, e com isso atrai moradores e turistas para sua barraca, montada em uma rua da comunidade Nova Brasília.

“Eu comecei a vender tapioca informalmente quando sobraram ingredientes para fazer em uma festa junina que foi cancelada. Depois disso, o pessoal não quis mais que eu parasse. Teve morador que deixou de ir para a Feira de São Cristóvão (atual Centro de Tradições Nordestinas) para comer tapioca aqui”, conta Rejane, que aponta como carros-chefe as tapiocas de coco e carne seca, mas disponibiliza mais de 20 sabores.

A tapioca  recheada que atrai moradores e turistas que vão ao Alemão

“Teve um grupo de turistas do sul por aqui há umas semanas. Até dei um guia para eles levarem e conhecerem. Essa divulgação está sendo muito boa para mostrar nosso trabalho”. 

Com textos de Ines Garçoni e fotos de Marcos Pinto, o guia mostra um pouco de tudo, inclusive um dos points mais badalados do Vidigal, o Barlacubaco. Não é difícil estar almoçando e se deparar com algum artista degustando os pratos preparados por Fábio Freire e suas cozinheiras. Dos clássicos bife com arroz e feijão, strogonoff e frango à parmegiana ao carro-chefe da casa, filet mignon com arroz à piamontese, destacado no guia, que é servido aos sábados: 

“A gente, aqui, procura fazer o melhor possível para atender os clientes e servir todos bem. A frequência já aumentou muito depois da pacificação. Fizemos até algumas reformas por conta disso. Agora, com esse guia, vai melhorar ainda mais a nossa situação”, conta Fábio.

Serviço

O guia, que custa R$ 70, será lançado às 16h deste sábado, na Livraria Cultura do Centro, Rua Senador Dantas, nº 45. No evento, os chefs de cada estabelecimento vão preparar um prato especial.

03/04/2021

Manoel das Pipas comemora dias de paz no Morro dos Macacos

Da série "Personagens do Rio" / Imprensa RJ

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No Morro dos Macacos as pipas do Manoel são o lazer de crianças e adolescentes da comunidade

​No Morro dos Macacos, o campo antes usado por criminosos virou uma das mais disputadas áreas de lazer de crianças e adolescentes da comunidade. No espaço, a brincadeira de soltar pipas se transformou em rotina, principalmente depois da chegada da UPP. Além dos jovens, o pipeiro Manoel Horácio, que adotou o morro como ponto de venda há 25 anos, também comemora a nova fase.

Mais conhecido como Manoel das Pipas, o serralheiro aproveita o período de férias e feriados para fazer e vender pipas na comunidade. Morador do entorno do Morro dos Macacos, o pipeiro virou personagem no local.

 “Trabalho com alumínio desde a década de 70, faço tudo dentro de serralheria. Fazer pipa é uma coisa que eu gosto. Não moro na comunidade, mas sou muito considerado pelos moradores. Adoro este lugar. Depois da UPP, está tudo mais calmo”, disse Manoel.

 O selo de qualidade das pipas do Manoel vem de quem mais entende do assunto: jovens da própria comunidade, como Luis Fernando Nascimento.

 “As pipas dele são boas, as melhores do morro. Agora está ainda melhor de soltar pipas, sem a violência. Soltamos de qualquer lugar aqui”, afirmou o jovem.

 Na volta às aulas, o pipeiro diminui a produção para não atrapalhar o estudo da garotada. Em dias de movimento, Manoel chega a vender de 25 a 30 mil unidades por temporada. Ele também realiza festivais de pipas na comunidade.

01/04/2021

O sonho da alfabetização vira realidade em comunidades pacificadas

Letras e números deixaram de ser mistério para jovens e adultos

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Em 2012, nos morros da Babilônia e do Chapéu Mangueira 14 adultos foram alfabetizados / Marino Azevedo

​Priscila Marotti

Moradores do morro da Babilônia o casal Maria Christina, 55 anos, e Adalberto Trigori, de 52, resolveu embarcar em uma experiência que já não esperava vivenciar mais. Juntos, estão aprendendo a ler e escrever na mesma sala de aula montada por um programa de alfabetização, dirigido a moradores de comunidades pacificadas. Todos os dias, depois do trabalho, Adalberto e Maria separam seus cadernos, lápis e borrachas, e vão para as aulas, realizadas em um espaço cedido pela associação de moradores da comunidade.

As aulas fazem parte do programa Sesi Cidadania, que oferece cursos para jovens e adultos, entre eles, as classes de alfabetização. “Quando o pessoal do programa me chamou para participar, confesso que não levei muito a sério. Mas acabei vindo e chamei o Adalberto para vir junto. Antigamente, aqui na comunidade, muitos projetos tinham vida curta e isso afastava as pessoas”, lembra dona Maria, que teve que convencer o marido a participar.

Maria Christina obrigou o marido Adalberto a frequentar as aulas

“Ele ficava dizendo que estava muito velho e que não tinha mais idade para aprender a ler e escrever. Bati o pé e disse: ‘Eu vou estudar, e você vai junto’. E estamos aqui, aprendendo e ensinando um ao outro”.      

Adalberto, que é pedreiro e ainda trabalha nas obras dos prédios que estão sendo construídos na comunidade, conta que não esperava aprender mais nada. Começou a fazer as aulas sem saber diferenciar letras de números. “Eu não conhecia letra nenhuma. Não sabia nem diferenciar número de letra. E agora, com alguns meses de aula, já sei até ler placa. A gente treina em casa, porque eu tenho mais facilidade para ler e ela para escrever. Durante as aulas, tiramos nossas dúvidas”.

O programa já teve a participação de 580 pessoas em aulas do Ensino Fundamental: foram 321 alunos só em 2012. Há também classes de idiomas, de Ensino Médio, pré-Enem, Informática e reforço escolar. Mais de sete mil pessoas já se formaram nos cursos de educação básica e dois mil nos de formação profissional. No Chapéu-Mangueira/Babilônia, em 2012, 14 adultos foram alfabetizados.

Lápis, caderno e borracha são as novas ferramentas de Adalberto
 

Maria Christina conta que as aulas já ajudam muito em seu dia-a-dia. “Recentemente, tive que viajar sozinha de avião pra Bahia, visitar minha mãe que estava doente. Se eu não soubesse ler nada ia ser impossível. Agora, depois de 55 anos, me sinto mais independente, consigo ler placas e entender quando meus netos me trazem um dever de casa para ler”, observa. 

Segundo ela, o aprendizado tem sido bom até para a personalidade do marido. “Ele não gostava de nada. Não via jornal, nem TV, nem futebol. Hoje em dia, ele não só vê, como discute, gosta de argumentar sobre os assuntos. Lembro que na última vez que fomos visitar as irmãs dele elas nem acreditaram como ele estava diferente”.  

Uma das turmas do programa de alfabetização da Babilônia

Uma das principais responsáveis por essa mudança, a professora Elisa de Jesus, acompanhou passo a passo a alfabetização do casal. “Eu vejo as mudanças todos os dias. O Adalberto, por exemplo, no primeiro dia de aula chegou dizendo: ‘Meu nome é Adalberto, eu detesto escola, não gosto de estudar e não sei se vou continuar aqui’. E olha como ele está hoje. O casal aprendeu a ler junto”.

Moradora do bairro de Santa Teresa, Elisa conta que o contato com a comunidade mudou sua visão. “Eu venho de colégios considerados de elite. Nunca tinha trabalhado em comunidade. Sinto que meu mundo era muito limitado e estou descobrindo um novo agora. Não é só pelo contexto, mas pelas pessoas. A maioria é morador que sempre trabalhou para sustentar a família e só. Aqui eles ampliam a visão deles e eu amplio a minha também. A gente, aqui, se aproxima sem marcar diferenças, mas buscando as semelhanças”. 

O Programa Sesi Cidadania está em 29 comunidades. Em 11 delas (Jardim Batan, Babilônia/Chapéu Mangueira, Cantagalo/Pavão-Pavãozinho, Providência, Borel, Mangueira/Tuiuti, Macacos, Alemão, Formiga, Fazendinha e Adeus/Baiana) há cursos para jovens e adultos, entre eles estão classes de alfabetizaçã

29/03/2021

Igreja da Penha, um monumento histórico no roteiro do Papa Francisco

Pontífice poderá visitar o santuário durante a Jornada Mundial da Juventude

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A Igreja da Penha é um monumento histórico da cidade do Rio de Janeiro e do país / Divulgação Aventuras do Rio

​Priscila Marotti

Ainda não há confirmação, mas a notícia de que a Igreja da Penha, no Rio, foi sugerida como um dos pontos da visita que o Papa Francisco I fará ao Brasil em julho, para participar da Jornada Mundial da Juventude 2013, começa a gerar uma grande expectativa nos católicos e demais moradores das comunidades dos Complexos da Penha e do Alemão, vizinhos do santuário.

Imponente — 382 degraus acima da escadaria que leva ao seu interior — a Igreja da Penha, aos poucos, vai retomando o seu valor como um dos grandes monumentos históricos da cidade e do país. Do alto do morro onde se encontra instalada, proporciona uma visão panorâmica das comunidades que se encontram no seu entorno.

Francilene Brandão tem levado amigos para conhecer a igreja

Quem frequenta a igreja afirma que o número de visitantes aumentou consideravelmente após a pacificação. Moradora da Vila Cruzeiro, Francilene Brandão, de 37 anos, atualmente tem levado amigos para conhecerem o santuário, que fica perto de sua casa. “Era muito complicado. A gente tinha vergonha de trazer pessoas para cá, porque no caminho só se via coisa feia. Muitas pessoas não podiam conhecer um lugar bonito e sagrado como esse. Isso tem mudado muito”.

Há mais de 10 anos na paróquia, o atual diretor João Gonzaga também acredita que a imagem do local vem sendo recuperada, por causa das UPPs. “Nós sempre recebemos muitos fiéis, de todos os lugares, mas sabemos que o receio impedia muitos de virem até aqui. A imagem da igreja sempre foi referência da Penha. Em qualquer notícia ruim que se dava sobre o complexo, estava estampada uma foto da igreja”, explica.

Para Gonzaga, a valorização da imagem possibilita que pessoas conheçam a importância da Igreja da Penha no contexto histórico do Rio. “Nós abrigamos uma história muito rica aqui dentro, história centenária. O santuário, os coretos que estão sendo restaurados são históricos e tombados. É um lugar muito rico”, afirmou.

A visão panorâmica das comunidades do Complexo da Penha

O expurgo da violência provocado pela chegada da UPP aos Complexos da Penha e do Alemão também é festejado pelos antigos freqüentadores da igreja. Isso porque o local onde o imóvel fica instalado chegou a ser usado como ponto de observação de criminosos, para acompanhar a movimentação da unidade da PM da área. Quem comenta o assunto é o Sargento Paulo Telles, da UPP da Vila Cruzeiro, que trabalhava no batalhão antes da pacificação. 

“Eu estava lá quando repórteres gravaram os traficantes andando aqui dentro, sem nenhuma segurança. Essa área era muito complicada. Hoje, estamos aqui, vendo as pessoas chegarem e saírem tranquilamente. Antes, isso era inimaginável”, lembra.

Turismo

Quem não mora no Rio também aproveita o novo momento do Complexo da Penha e da cidade para visitar com mais tranquilidade a igreja. A paulista Teresinha Lima, de 70 anos, sempre que vem ao Rio visita o local e disse que hoje se sente tranquila. “A tranquilidade facilita muito, né? Eu, agora, subo a pé, coisa que não fazia antes”, disse. 

Tranquilidade da UPP no bairro atrai a paulista Terezinha Lima

Para a moradora da comunidade Vila Cruzeiro, Patrícia Gonzaga, de 29 anos, o número de visitantes impressiona. “Se comparar com o que é hoje, podemos dizer que a igreja estava abandonada. Outro dia eu peguei o bondinho para subir e devia ser a única brasileira lá dentro. Nunca tinha visto isso”.

Turistas estrangeiros são vistos com freqüência atualmente na Igreja da Penha. Como um grupo da Bélgica, que visitava o local pela primeira vez. “Chegamos aqui e vimos que está tudo muito tranquilo. Antigamente, tínhamos a visão de que era uma área ruim, mas é, na verdade, um lugar lindo. A gente já visitou o Cristo, o Pão de Açúcar, mas aqui conhecemos o Brasil de verdade, com religião, comunidades, história e tudo mais”, ressaltou Patrick Van Hove, de 46 anos. 

História

Museóloga da igreja, Jussara Cestari conta que tudo começou no início do século XVII, por volta do ano de 1635, quando o Capitão Baltazar de Abreu Cardoso ia subindo o Penhasco — grande pedra onde hoje está esculpida a escadaria — para ver suas plantações, uma vez que era proprietário de toda a área no entorno do atual Santuário. 

“De repente, foi atacado por uma serpente. Baltazar, que era devoto de Nossa Senhora, pediu socorro a Nossa Senhora gritando: ‘minha Nossa Senhora, valei-me!’. Foi então que surgiu um lagarto que o salvou. Baltazar por sua vez, não perdeu tempo e fugiu”.

A museóloga Jussara Cestari ao lado das relíquias do santuário

Depois de se recuperar do susto, o capitão reconheceu que o lagarto apareceu precisamente no momento em que ele pediu a proteção da Virgem Maria. Agradecido, Baltazar construiu uma pequena capela onde pôs uma imagem de Nossa Senhora. 

Para Jussara, a recuperação da imagem da igreja vem se consolidando cada vez mais. “A importância do Santuário da Penha não é só religioso, mas cultural também. É um monumento que faz parte da história do Rio de Janeiro e do Brasil. Nós temos um museu, aqui dentro, com uma série de objetos que marcam todo o processo de desenvolvimento da igreja”, lembrou.

Serviço

O bondinho que leva até o santuário tem capacidade para transportar, com toda segurança, até 500 pessoas por hora. Em breve será construído um abrigo para os peregrinos, um restaurante panorâmico e uma praça de alimentação.

Com o incessante aumento do número de devotos que visitam a igreja frequentemente são realizadas obras de melhoria na sua infra-estrutura. Hoje, a fachada da igreja e suas relíquias, como coretos e estátuas, estão sendo restaurados.

28/03/2021

UPP anima a chegada da Páscoa no Alemão com festa para os moradores

Evento teve distribuição de ovos de chocolate e gincana para a criançada

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Mais de cem crianças participaram da festa organizada por policiais da UPP / Gabi Nehring

​Priscila Marotti

A tarde desta quinta-feira, 28 de março, foi de muita festa na UPP do Morro do Alemão. Mais de cem crianças participaram de atividades organizadas por policiais da unidade para comemorar a chegada da Páscoa. Entre brincadeiras de perguntas e respostas, caça ao tesouro e entrega de ovos de chocolate preparados por senhoras da comunidade, os pequenos aproveitaram a festa.

As crianças foram divididas em grupos: verde, amarelo, azul e branco. Chefes de cada um, policiais organizavam a criançada, que respondiam a perguntas diversas, decidiam as respostas e pensavam em tudo para ganhar a gincana, que envolveu também uma caça a patinhas de coelhinho — o grupo que encontrasse mais, ganhava.

Samira Campos, de 7 anos, adorou as brincadeiras da festa

Divertindo-se com as brincadeiras, a pequena Samira Campos, de 7 anos, falou sobre o que mais tinha gostado. “O que eu mais gostei foram das regras. Não pode fazer bagunça, nem brigar ou empurrar. Porque as crianças ficam quietas e aprendem muita coisa”, disse a pequena, que aproveitou para ver de perto modelos da profissão quem quer seguir quando crescer. “Quero ser policial, para fazer como eles estão fazendo hoje com a gente e corrigir quem estiver errado”.

Outro que se divertiu foi Daniel Rodrigues, de 10 anos. “Adorei tudo. Ficar adivinhando as respostas, correr atrás das patinhas de coelho. Foi muito legal”, dizia, antes de sair correndo para voltar à brincadeira.

Daniel Rodrigues, de 10 anos, participou da caça ao coelho

As atividades foram encerradas com a entrega dos ovos de chocolates preparados por 20 moradoras da comunidade em um curso oferecido pela empresa Masan, que também doou todo o chocolate dos ovos. A entrega foi marcada pela entrega do diploma de conclusão do curso às moradoras e dos 100 ovos de Páscoa às crianças, que participam de projetos realizados por policiais da UPP, como reforço escolar e futebol.

Uma das formandas da oficina de chocolate, Marta Regina, de 45 anos, se disse satisfeita com o evento. “É uma alegria ver as crianças desse jeito, felizes, correndo, brincando. Tenho um filho, três netos e dois sobrinhos. Estão todos por aí na festa”.

Dona Lídia Ribeiro, de 82 anos, levou os netos e bisnetos

Dona Lídia Ribeiro, de 82 anos, ganhou seu certificado e ainda viu netos e bisnetos ganhando os ovos que ela ajudou a preparar. “Nem tenho palavras para expressar minha alegria hoje, de poder estar contribuindo com a alegria dessas crianças e ver o bem que está sendo feito a elas. Muito bom ver minha família feliz”, contava.

A festa de páscoa foi organizada por três policiais — que possuem formação na área de educação — e mantêm contato constante com as crianças. A Soldado e pedagoga Katrilin Paranhos foi uma das responsáveis pela festa que marcou a tarde da comunidade.

“A gente se juntou para fazer algo bacana para eles. Não era só questão de ganhar os ovos de páscoa, mas de estar junto, de participar das atividades e correr atrás. Todas as crianças que ganharam o chocolate são alunas frequentes dos nossos projetos, porque vira mais uma forma de incentivar a participar das nossas atividades”, disse.

O evento terminou com famílias alegres e crianças orgulhosas de seus ovos de Páscoa dourados, presentes de um dia de festa na UPP. 

27/03/2021

Crianças escrevem cartas sobre o que desejam para a sua comunidade

Atividade de celebração da Páscoa aconteceu na UPP Escondidinho/Prazeres

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Evento teve como proposta fazer a criançada pensar nas suas expectativas de futuro / Priscila Prestes e Andre Mello

Priscila Prestes

Cento e oitenta meninos e meninas da comunidade dos Escondidinho/Prazeres, em Santa Teresa, comemoraram a Páscoa de uma forma diferente na tarde desta quarta-feira (27), no Casarão dos Prazeres, espaço educativo administrado pela Secretaria Municipal de Educação.  Além da tradicional distribuição de caixas de chocolate, brindes e brincadeiras pertinentes à festa, a criançada refletiu seus anseios para o local onde moram. A partir da pergunta "Qual a mudança que quero para mim e para minha comunidade?", as crianças escreveram cartas para suas famílias e para a comunidade.

Além de comemorar a Páscoa, o objetivo da tarde lúdica, fruto de parceria da Unidade de Polícia Pacificadora Escondidinho/Prazeres com o Casarão, foi de fazer a criançada pensar nas suas expectativas de futuro individual e coletiva.

Selma Magalhães. Páscoa traz um sentimento de união

 "A Páscoa traz um sentimento de união e mudança que se renova. Tendo em vista essa continuidade, pedimos para as crianças escreverem seus desejos no papel para que a gente possa orientá-las na realização desse sonho”, afirmou a diretora do Casarão dos Prazeres, Selma Magalhães, que explicou que as cartas produzidas ficarão expostas no mural do casarão para acompanhamento.

“Foram muitas cartas. O desejo comum dessas crianças é o de uma comunidade tranquila e pacificada. Isso é a base para que elas possam realizar seus sonhos, que são muitos”, pontuou a diretora.

O menino Gabriel Bernardo, de seis anos, por exemplo, quer ser jogador de futebol. Ele deseja que sua comunidade continue pacificada, que sua família seja sempre feliz.

A ideia de juntar a criançada da comunidade em prol da data comemorativa partiu da Soldado Juliana Garcia, coordenadora de projetos da UPP local.

Soldado Juliana Garcia, coordenadora de projetos da UPP local

Segundo a policial, a UPP tem procurado realizar os projetos na comunidade através de parcerias com as lideranças comunitárias. “Queremos fazer parte da construção de uma nova comunidade junto com os moradores. Com amor e perseverança vamos conseguir isso”,  afirmou a soldado, que defendeu que os projetos estão sendo bem recebidos pelos moradores e líderes da comunidade. “Para esta festa, tínhamos a meta inicial de arrecadar 180 caixas, e em um curto espaço de tempo conseguimos 260 unidades, mais 100 coelhos de chocolate”, citou.

Para o Capitão Odilon, Comandante da UPP, essa aproximação com a comunidade é uma ferramenta estratégica para se aproximar e criar laços com os moradores. “A Polícia Militar está mudando e a comunidade também. Queremos que essa união continue”, afirmou o comandante, que disse ainda que se pudesse voltar no tempo e escrever uma cartinha, pediria uma melhor infraestrutura para a comunidade. “Queremos transformar essa comunidade em bairro. Os moradores querem e merecem”, defendeu.

27/03/2021

Ovos de chocolate e trufas no cardápio do Complexo do Alemão

Estas delícias foram confeccionadas por um grupo de 20 moradoras

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Vinte moradoras aprenderam a fazer os ovos numa oficina de culinária realizada na comunidade / Gabi Nehring

​Priscila Marotti

Se depender da turma de “coelhinhas da Terceira Idade” do Complexo do Alemão, a Páscoa este ano na comunidade vai ser farta e muito animada. Por iniciativa dos policiais da UPP, 20 senhoras foram convidadas para participar de uma oficina culinária, na qual aprenderam a confeccionar trufas e ovos de chocolate que serão distribuídos paras crianças nesta quinta-feira, 28 de março.

Dona Lidia Ribeiro, 82 anos, é a “mascote” da turma. Moradora há 73 anos na comunidade, ela é uma das alunas mais aplicadas. E diz qual é o motivo: “Vou te contar uma coisa. Eu não gosto de chocolate. Na verdade, eu amo. Sou uma chocólatra mesmo”, disse sorrindo.

Lidia Ribeiro, 82 anos, é a “mascote” da turma da Terceira Idade

Com três filhos, oito netos e 11 bisnetos, dona Lidia conta que foi convidada pela Soldado Katrilin para participar da iniciativa. Todos os dias é levada com as outras alunas, por uma van da UPP, até o local onde as aulas são realizadas. O curso tem duração de duas semanas. 

“Estou adorando. Eu era faxineira, sempre gostei de chocolate, mas nunca tinha feito nada relacionado a isso. Está sendo bom, porque agora posso fazer ovo de chocolate para todo mundo”, disse Lidia, que elogia a parceria com a UPP e o tratamento que a soldado Katrilin dispensa aos moradores da comunidade do Alemão. “Eu já vi muita coisa aqui, menos esse tipo de iniciativa. Bom ver que meus netos vão ter mais oportunidades”, afirmou.

Aluna de um projeto de ginástica para Terceira Idade, coordenado por policiais da UPP do Alemão, Alreni Barreto, de 70 anos, resolveu aproveitar mais uma atividade proporcionada pela unidade. “A gente sempre trabalhou para sustentar os filhos, sem pensar no que realmente gostaríamos de fazer. Hoje, estou com 70 anos fazendo o que gosto, entre aulas de ginástica e culinária. Só posso dizer que estou feliz”.    

Adeilda Bezerra, de 66 anos, já teve uma "fábrica" de chocolate

Outra aluna animada é dona Adeilda Bezerra, de 66 anos. Ela já tem alguma bagagem, pois chegou a fazer de sua casa uma pequena “fábrica”, onde produzia uma série de produtos feitos de chocolate para vender. “Isso tem muito tempo. Mas não tive condições de continuar, porque meus filhos estavam pequenos, fiquei muito doente e a própria condição financeira me impediu de prosseguir. Hoje, tenho a oportunidade de voltar a fazer o que gosto e aprender ainda mais dentro de uma área que sempre me encantou”, contou.

O projeto da oficina para as moradoras do Alemão é da empresa Masan Alimentos, que pela primeira vez investiu em uma iniciativa do gênero. A empresa já desenvolve cursos voltados para o setor de alimentação em comunidades pacificadas, e foi procurada pela UPP local inicialmente para contribuir com a doação de ovos de chocolate. 

Os ovos de chocolate que serão distribuídos para as crianças

A ideia da realização da oficina surgiu para que fosse atendida a demanda da comunidade com um diferencial: a confecção dos ovos realizada pelas próprias moradoras, que acabaram desenvolvendo uma nova habilidade.

As oficinas contam com 20 alunas que, segundo os profissionais da Masan, superaram as expectativas. “Não esperávamos que elas fossem se desenvolver tão bem. Tanto que já estão aprendendo a fazer trufas e isso nem estava planejado. Queremos, agora, realizar oficinas em outras datas comemorativas, como Dia das Mães, por exemplo. Está sendo uma experiência muito positiva, porque estamos vendo o engajamento, tanto das moradoras, quanto da própria UPP”, disse o gestor de Responsabilidade Social da empresa, Alexandre Sapucaia.

27/03/2021

Veja a programação da “Páscoa da Paz” nas comunidades pacificadas

No Alemão, os ovos de chocolate foram feitos por moradores

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Policiais das UPPs e moradores se unem para celebrar a Páscoa nas comunidades / Gabi Nehring

​As Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) dão prosseguimento nesta quinta-feira, 28 de março, as celebrações de Páscoa nas comunidades pacificadas. A primeira ocorreu nesta quarta-feira, 27, na UPP Escondidinho/Prazeres. As diversas iniciativas da “Páscoa da Paz” contarão com a distribuição de chocolates para crianças. A programação é variada e vai desde ações de cidadania a distribuição de ovinhos de chocolate feitos pelos próprios moradores. Confira os dias, horários e a dinâmica de cada evento.

28 de março, quinta-feira

UPP Vidigal/Chácara do Céu

Dinâmica: Policiais das UPP farão a distribuição de chocolates em uma ação social organizada em parceria com o SESC. Na ocasião, haverá escovação e aplicação de flúor, teatro infantil e oficinas esportivas e culturais.

Horário: 9h

Local: Quadra da Chácara do Céu – Rua Aperana, s/nº, Parque Ecológico Dois Irmãos, Leblon.

UPP Turano

Dinâmica: A UPP programou uma festa onde haverá a distribuição de cerca de 500 caixas de bombons, doadas por policiais militares e empresas parceiras dos projetos sociais que acontecem nas comunidades.

Horário: 11h

Local: Rua Haroldo Teixeira Valadão, s/nº, em frente à base da UPP, Morro do Turano, Rio Comprido.

UPP Alemão

Dinâmica: Senhoras moradoras do Morro do Alemão, pertencentes ao projeto “Ginástica para Todos”, ministrado por policiais da UPP, foram selecionadas para realização de uma oficina para confecções de ovos de chocolate artesanais, oferecido pela empresa Masan. As aulas aconteceram nos dias 19, 21 e 26 de março, na cozinha industrial da empresa, na Central do Brasil. A Masan doou os chocolates para que as senhoras fizessem de forma artesanal cem ovos de páscoa. Os chocolates serão distribuídos para as crianças dos projetos de Reforço Escolar e Futebol que acontecem na UPP Alemão.

Horário: 14h

Local: UPP Alemão – Rua Canitar, nº 710, Larguinho do Canitar, Morro do Alemão.

30 de março, sábado

UPP Macacos

Dinâmica: Policiais militares farão uma confraternização com distribuição de bolo, refrigerante e 300 kits de chocolate para as crianças da comunidade. Policiais da UPP fantasiados de coelho farão recreação e dinâmica com entrega de presentes e brindes.

Horário: 11h

Local: Rua Armando de Albuquerque, nº 30 ao lado do CIEP Presidente Salvador Allende, Morro dos Macacos, Vila Isabel.

UPP Fé/Sereno

Dinâmica: A UPP programou uma festa, que acontecerá na Rua Maturacá com ajuda de comerciantes locais e policiais da unidade. Haverá distribuição de cachorro-quente, batata-frita, pipoca e refrigerantes para as crianças. Chocolates também serão distribuídos no local que contará ainda com a participação do grupo “Heróis do Complexo” com animação infantil e oficinas de pintura facial.

Horário: 11h

Local: Rua Maturacá, s/nº, ao lado da base da Fé.

UPP São Carlos

Dinâmica: Policiais militares farão uma confraternização com distribuição de bolo, refrigerante e cem kits de chocolate para as crianças da comunidade.

Horário: 11h

Local: UPP São Carlos – Rua Ademar Barcelos, nº32, Estácio.

UPP São João

Dinâmica: Uma confraternização organizada por policiais e comerciantes locais contará com recreação infantil, teatro de fantoches e distribuição de bolo, pipoca, gelatina e refrigerantes, além dos kits de chocolate.

Horário: 11h

Local: Quadra da comunidade – Rua Visconde de Santa Cruz, nº 570, Morro do São João, Engenho Novo.

UPP Chatuba

Dinâmica: Policiais militares farão uma confraternização com distribuição de bolo, refrigerante e cem kits de chocolate para as crianças da comunidade.

Horário: 11h

Local: Quadra da Chatuba, ao lado do container da UPP – Rua Silva Passos, s/nº, complexo da Penha.

UPP Adeus/Baiana

Dinâmica: Policiais militares farão uma confraternização com distribuição de bolo, refrigerante e 200 kits de chocolate para as crianças da comunidade.

Horário: 11h

Local: UPP Adeus/Baiana – Rua Ozéias Mota, s/nº, Morro do Adeus, complexo do Alemão.

27/03/2021

Riscos no céu

Crônica de Ruy Castro publicada na Folha de S. Paulo nesta quarta-feira, 27 de março

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Colunista da Folha de S.Paulo compara queda do número de vítimas balas perdidas no Rio com vítimas de raios em SP

​RIO DE JANEIRO - Há anos, uma amiga de São Paulo disse que não ia ao Rio porque tinha medo de balas perdidas. Expliquei-lhe que, a não ser que subisse a um morro em busca de alguma substância --e se visse num tiroteio entre a polícia e uma quadrilha ou entre duas quadrilhas--, sua chance de levar uma bala perdida era menor que a de ser atingida por um raio em São Paulo.

A amiga tomou aquilo como provocação, mas insisti que se tratava de simples estatística. O Brasil é campeão mundial em incidência de raios, e São Paulo, pela quantidade de prédios altos, é a cidade mais sujeita a descargas. Não queria dizer que bastava sair à rua para ser atingido por um raio. Mas o mesmo se aplicava às balas perdidas no Rio --a probabilidade de levar uma era menor até que a de ganhar no bicho jogando no cavalo no dia de são Jorge.

Em 2008, quando as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) começaram a ser implantadas em morros do Rio, ainda houve 181 casos de balas perdidas. Desde então, o número só diminuiu --em 2012, reduziu-se a 35. Os disparos de arma de fogo também caíram drasticamente, sendo que, em Copacabana --a que pertencem a ladeira dos Tabajaras e os morros Chapéu Mangueira, da Babilônia e dos Cabritos--, não se ouviu um tiro no ano passado.

Ao contrário, o que hoje se ouve neles e nos outros é o eco de uma crescente prosperidade. São empresas como bancos, farmácias, supermercados e shoppings que começam a se instalar ali, ou são os moradores que se convertem em microempresários e buscam financiamento para seus projetos. Enquanto esse clima perdurar, não haverá espaço para balas perdidas.

Ah, sim, os raios em São Paulo. Na noite de Natal de 2012, caíram 1.300. Na de 14 de fevereiro último, 1.958. São lindos ao riscar o céu e, que eu saiba, é raro um deles acertar alguém.

*Ruy Castro, escritor e jornalista, já trabalhou nos jornais e nas revistas mais importantes do Rio e de São Paulo. Considerado um dos maiores biógrafos brasileiros, escreveu sobre Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmen Miranda. Escreve às segundas, quartas, sextas e sábados na Página A2 da versão impressa.

26/03/2021

Política de pacificação reduz disparos por armas de fogo

Pesquisa da PM aponta diminuição nos índices de áreas com UPPs

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Redução no disparo de tiros ajuda a reduzir índices de balas perdidas / Fotos: Clarisse Castro

​Um balanço realizado pela Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) demonstrou que, no período de 2007 a 2012, ocorreu uma redução significativa no número de disparos de armas de fogo efetuados por policiais militares que atuam nas regiões de Botafogo, Copacabana, Grande Tijuca e Penha – áreas que já possuem comunidades pacificadas.

De acordo com o levantamento – feito através da análise do consumo de munição do banco de dados da PMERJ – em cinco anos, houve uma diminuição de cerca de 95% no número de tiros disparados por policiais do 2°Batalhão de Polícia Militar (BPM), responsável pelo patrulhamento de Botafogo. Já na Grande Tijuca, a queda no número de disparos efetuados pelos agentes de segurança do 6°BPM foi de 98%, no mesmo período.

Na Tijuca, queda no número de disparos feitos por PMs foi de 98%

As localidades policiadas pelo 16° BPM – que incluem Complexo do Alemão, Penha e Olaria – registraram uma redução de cerca de 94% no número de disparos. A estatística representa uma queda expressiva, pois em 2008, a PM disparou 53.657 projéteis de arma de fogo na região. Em 2012, dois anos após a ocupação, levantamento demonstra os bons resultados da implantação de UPPs.

– Números tão evidentes assim têm dois efeitos: um, é que estamos no caminho certo; dois, fica mais fácil para a sociedade entender as mudanças. É importante compreender que não se busca zerar número algum, ou fazer vitrine com um número que surpreende. O que buscamos são indicadores de uma sociedade civilizada – disse Beltrame.

O coordenador do Núcleo de Articulação de Ações Estratégicas da PMERJ, coronel Amaury Simões, ressaltou o resultado da pesquisa. – A redução no disparo de tiros, consequentemente, ajuda a reduzir índices de balas perdidas – explicou o coronel.

26/03/2021

PMs lotados em UPPs recebem treinamento de polícia de proximidade

Os cursos são oferecidos pela Coordenadoria de Ensino e Pesquisa da CPP

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Um dos cursos é o Estágio de Polícia de Proximidade do Centro de Formação Aperfeiçoamento de Praças (CFAP) / Marino Azevedo

​Priscila Marotti

O programa das UPPs já se concretizou no cenário da segurança pública do Rio de Janeiro e, há quatro anos, um dos principais fatores que consolida o projeto se encontra na sala de aula. Os policiais da UPP contam com a Coordenadoria de Ensino e Pesquisa, que é responsável pela capacitação e divulgação dos conceitos que envolvem a polícia de proximidade, por meio de uma série de atividades desenvolvidas para capacitar PMs lotados nas Unidades de Polícia Pacificadora.

Comandado pelo Coronel Gilbert Rodrigues, o setor se encarrega de temas relacionados à metodologia de transmissão de conhecimento sobre os princípios do programa das UPPs e, com isso, incentiva PMs nos cursos oferecidos pela coordenadoria voltados para a área que envolve as Unidades de Polícia Pacificadora.

“A Coordenadoria de Ensino e Pesquisa busca construir novas formas de produção e difusão de conhecimento sobre UPPs, Polícia Pacificadora e de Proximidade para além do que já existe programado. Os policiais podem fazer os cursos ao longo de todo o ano”, explica o subcoordenador de Ensino e Pesquisa da CPP, Capitão Leonardo Mazzurana.

Cap. Mazzurana, subcoordenador do Centro de Ensino e Pesquisa

Segundo Mazzurana, o Estágio de Polícia de Proximidade para soldados do Centro de Formação Aperfeiçoamento de Praças (CFAP) é um dos principais cursos do setor. E tem como principal objetivo estimular, entre os participantes, o reconhecimento de práticas realizadas nas UPPs que incentivam a sociedade a confiar e acreditar na legitimidade das ações policiais militares.

Com base nessa metodologia, o curso ressalta o foco da polícia de proximidade, conceito que vai além da polícia comunitária e cuja estratégia se baseia na parceria entre a população e as instituições da área de segurança pública.

Como funciona

As aulas do curso são ministradas por um policial que já atua em uma Unidade de Polícia Pacificadora. A proposta é apresentar a realidade das UPPs e a melhor forma de proceder nas diversas situações. No estágio, o soldado aprende a interpretar as estratégias do Programa de Pacificação e da Polícia de Proximidade. Cerca de quatro mil soldados passaram pelo curso.

UPPs incentivam a sociedade a confiar nas ações da polícia

Temas como “Mediação de conflitos nas UPPs”, “Uso diferenciado da força”, “O papel da UPP na mobilização social”, “Polícia de proximidade e o emprego do policial militar” são alguns dos principais assuntos abordados nos cursos oferecidos pela Coordenadoria de Ensino e Pesquisa, que também é responsável pelas instruções educativas dirigidas a PMs que são punidos, como forma de melhorar a conduta dos policiais.

Uma iniciativa que começa a ser realizada pela coordenadoria de ensino — em parceria com o Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (ISERJ) — é a visita de alunos do curso de Pedagogia às UPPs, com a proposta de possibilitar que os estudantes percebam as várias atuações educativas realizadas fora do espaço escolar, com ênfase no Programa de Polícia Pacificadora.

“É um projeto que possibilita o conhecimento das ações de polícia nas UPPs e das especificidades do trabalho realizado em comunidades, além dos projetos sociais desenvolvidos em parceria com a Polícia Militar”, explica Mazzurana.

Outros cursos

Outra novidade do treinamento dos PMs é o Curso de Motopatrulha

Outra novidade, implantada este ano, é o Curso de Motopatrulha para policiais de UPPs, organizado pela Coordenadoria de Ensino e Pesquisa e realizado pelo Batalhão de Choque. O curso tem duração de uma semana, já capacitou motopatrulheiros das UPPs Manguinhos e Jacarezinho (32 policiais ao todo). De acordo com a necessidade, a capacitação será disponibilizada a policiais motociclistas de outras áreas pacificadas. 

Todos os cursos da coordenadoria – que funciona em um espaço localizado dentro da Coordenadoria de Polícia Pacificadora – são ministrados de segunda a sexta, em horários diferenciados para atender a todos os policiais que atuam nas Unidades de Polícia Pacificadora.

26/03/2021

Estado lança projeto Ecobuffet em comunidades pacificadas

Cem moradores da Tijuca irão participar de aulas de culinária sustentável

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O objetivo do projeto é estimular o empreendedorismo e a consciência ecológica / Rogério Santana

​Julia de Brito / Imprensa RJ

A Secretaria do Ambiente lançou, nesta terça-feira, 26 de março, mais uma iniciativa de inclusão social em comunidades pacificadas. O projeto EcoBuffet, que tem o objetivo de estimular o empreendedorismo e a consciência ecológica por meio do aproveitamento total dos alimentos, formará 100 moradores das comunidades da Chacrinha, Turano e Salgueiro em um período de cinco meses. As aulas de culinária sustentável estão sendo ministradas por uma equipe de nutricionistas da Uerj (Universidade do Estado do Rio).

As noções de empreendedorismo serão transmitidas por representantes do Sebrae-RJ. Todos os alunos inscritos vão receber bolsa-auxílio mensal de R$ 120. A Caixa Econômica Federal é outra parceira do projeto. A instituição vai garantir o financiamento de até R$ 6 mil para que os alunos possam abrir seus negócios.

— O Eco Buffet trabalha com partes dos alimentos que são desprezadas e jogadas fora. Caules, folhas, cascas e sementes, tudo pode virar doces e salgados muito gostosos. Eles recebem uma pequena bolsa e a Caixa (Econômica Federal) garante a todos um financiamento de até R$ 6 mil. A nossa ideia é a inclusão social da comunidade com respeito ao meio ambiente e combate ao desperdício – explicou o secretário do Ambiente, Carlos Minc.

Os alunos aprendem a cozinhar e a não disperdiçar alimentos

O EcoBuffet oferece nos turnos da manhã e da tarde aulas de culinária, serviço de Buffet, empreendedorismo e educação ambiental. Para a jovem Ana Carolina Inácio, de 17 anos, a chance de aprender receitas nutritivas que aproveitam cascas, talos e folhas que não são utilizados normalmente será importante. Ela pretende vender salgados e doces na lanchonete da mãe localizada no morro da Chacrinha. 

— Me inscrevi porque queria aprender a cozinhar, depois soube que aprenderíamos a usar partes dos alimentos que normalmente jogamos no lixo. Me interessei mais ainda porque sei que desperdiçamos muito e há muita gente passando fome no mundo. Minha mãe tem uma lanchonete, quero botar para frente o que aprender aqui, e vou ensinar para ela – disse a jovem.

Formado em gastronomia, o jovem Eduardo Chrispim, 31, sonha em abrir o seu próprio estabelecimento comercial.

— Esta é uma porta que se abre para empreender e também poderei utilizar os conhecimentos na minha própria casa, serve para a minha vida – afirmou Eduardo.

A sede do Projeto EcoBuffet fica na Rua Dr. Oscar Pimentel, nº 80, no Morro da Chacrinha, Tijuca.

26/03/2021

Moradores da Babilônia e do Chapéu Mangueira ganham curso de fotografia

Serão ao todo 550 vagas gratuitas, sendo que 110 para moradores de UPPs

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O curso de Fotografia Digital e Tratamento de Imagem terá 50 alunos que terão aulas na ONG Dignitá / Fabiano Veneza

​O Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, o Secretário municipal de Cultura, Sérgio Sá Leitão e o presidente do Sistema FIRJAN, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, participaram na tarde desta terça-feira, 26 de março, da aula inaugural do Programa de Capacitação RioFilme/Senai 2013, do curso gratuito de Fotografia Digital e Tratamento de Imagem nas comunidades Babilônia e Chapéu Mangueira, na ONG Dignitá. Pela primeira vez foram disponibilizadas 110 vagas só para moradores de comunidades pacificadas (UPPs).

“Tenho certeza de que vão adorar este curso, que dá, também, perspectiva futura de trabalho. Mas, o mais importante é não parar, continuem estudando. O SENAI está aí para ajudar vocês”, disse o presidente do Sistema FIRJAN, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira.

Eduardo Eugenio lembrou que o segmento da Indústria Criativa é a cara do Rio, além de ter a melhor remuneração do setor. “Fizemos um mapeamento que mostra que o salário médio dos trabalhadores cariocas nesse segmento é mais de quatro vezes superior à média nacional”, comentou.

De acordo com o Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil elaborado pelo Sistema FIRJAN, o salário médio desses trabalhadores criativos no Rio de Janeiro é de R$ 7.275, o que consolida o estado como o de melhor remuneração do país.

Entusiasmo dos alunos

Mayara Rosa, uma das alunas que começou o curso, é apaixonada por fotografia desde nova. “Quero aprender e me tornar uma profissional. Este é o primeiro passo. Minha paixão é tão grande que preferi ganhar uma câmera semiprofissional que ter uma festa de 15 anos”. 

O prefeito Eduardo Paes e pres. da Firjan Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira

Outro aluno que estava bem animado era o Anderson Alves, que trabalhava como modelo e o contato com o pessoal de fotografia incentivou a escolher a profissão. “Quero fazer o curso e poder tirar todo tipo de foto, me aperfeiçoar. Quero sensibilizar as pessoas através da fotografia e mostrar que é possível demonstrar emoção e sentimento através das fotos”.

 Para o secretário municipal de Cultura, Sérgio Sá Leitão, essa parceria foi bem sucedida desde o ano passado com 350 alunos formados em 14 cursos da área de audiovisual. “Neste ano, decidimos continuar e expandir a oferta com 550 vagas nesse primeiro semestre e mais 550 no segundo semestre. A ideia é que possamos aos poucos ampliar para outras áreas da economia criativa além dessas”.

 Após a assinatura do contrato da parceria do Programa de Capacitação RioFilme/SENAI 2013, o Prefeito Eduardo Paes falou que a economia criativa e no seu segmento de audiovisual é uma atividade econômica que cada vez gera mais emprego e tem a cara da cidade. “A FIRJAN é uma Federação que se atualizou, ao contrário de outras federações, ao perceber a força da indústria criativa. Enfim, vocês que estão aqui para aprender um ofício que tem uma enorme oportunidade de emprego, aproveitem,” concluiu o prefeito.

 O curso de Fotografia Digital e Tratamento de Imagem terá 50 alunos que terão aulas na ONG Dignitá com carga horária de 60 horas. Eles aprenderão técnicas de fotografia digital com arquivo RAW e de tratamento das imagens, utilizando os recursos de edição, manipulação e retoque, disponíveis no software Adobe Photoshop.

Outros cursos

O programa visa formar mão de obra qualificada para o setor de audiovisual. São 550 vagas gratuitas, sendo que 110 para alunos de comunidades pacificadas, oferecidos em 14 cursos voltados para estudantes e profissionais do setor.

Ainda há vagas para este semestre, inclusive para moradores de comunidades pacificadas nos cursos de Técnicas de Desenho, que tem como pré-requisitos Ensino Fundamental completo e possuir noções de desenho; e para o de Eletricista da indústria audiovisual, a idade mínima é 18 anos e também se exige o Ensino Fundamental completo. 

Para se inscrever, os interessados devem levar cópia RG, do CPF, comprovante de escolaridade e residência e uma foto 3x4. Para os profissionais dos segmentos também é necessário a apresentação do currículo profissional e carta de referência. A taxa de inscrição pode ser de R$ 85 ou R$ 150, de acordo com a carga horária.

Os alunos de UPPs são isentos de taxa de inscrição e os documentos necessários são cópia do RG, do CPF, comprovante de residência, comprovante de escolaridade, com validade de até 30 dias e três fotos 3x4. Além desses cursos, o SENAI Laranjeiras também recebe inscrições para as outras turmas do programa. Para mais informações acesse o site www.riofilme.com.br ou ligue para 0800 231 231. As inscrições podem ser feitas até o dia 2 de abril, das 8 às 22h, na unidade do SENAI Laranjeiras (Rua Esteves Junior, 47, Laranjeiras.

*Fonte: Firjan.

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