Soraya Batista
A história da Vila da Penha será contada de uma forma diferente pela escola de samba mirim Petizes da Penha no Carnaval de 2015. Ao invés das tradicionais plumas e paetês, que geralmente compõem as alas, as fantasias levadas à Marquês de Sapucaí serão feitas por materiais reciclados, como garrafas pets, retalhos, estopas e papelão. O projeto é parceria entre a agremiação e o projeto EcoModa, da Secretaria Estadual de Meio Ambiente.
O projeto da Petizes é inédito: cada uma das dezesseis alas – além das duas alegorias – foi concebida sob o conceito de aproveitamento total. Almir França, coordenador do EcoModa e responsável pela comissão de carnaval explica que a escola procurou o projeto e pediu ajuda para realizar o Carnaval.
“O estatuto da Criança e do Adolescente proíbe que menores de 10 anos desfilem em escolas tradicionais, por isso foi criada as escolas mirins. Mas a ajuda que elas recebem da prefeitura é muito pequena e por isso tem que arrumar parcerias. Decidimos que ajudaríamos a Petizes de verdade. Desde o processo da construção, até o desenvolvimento do processo criativo da fantasia, das alas e das alegorias”, disse Almir
De acordo com Almyr, a agremiação vai contar a história da Vila da Penha, destacando a importância dos imigrantes de outros estados. O desfile vai ser mostrar três momentos distintos do bairro: origem, dias atuais e futuro. Também ganharão destaque o Parque Shangai e a Igreja da Penha, dois importantes ícones do bairro. Todas as fantasias e acessórios serão feitas integralmente de materiais reciclados.
“Esse carnaval será uma espécie de exercício para o EcoModa. Todas as fantasias serão feitas através de reaproveitamento. É uma questão séria, porque você precisa pensar como trazer o glamour, como vai seduzir uma criança que sonha com paetê, lantejoula e pedraria. Então, nós precisamos valorizar o material que muita gente considera lixo.”
Os quatorze núcleos do EcoModa estarão envolvidos na realização do desfile de 2015 da Petizes, que servirá como um trabalho de conclusão de curso. Além disso, professores e alunos do projeto estão em intercâmbio com o núcleo mirim da escola, para que a mensagem da sustentabilidade não se esgote na quarta-de-cinzas.
'' Queremos mostrar como o Carnaval é importante para o processo de reaproveitamento. Também há o processo de educação das crianças que participarão no Carnaval. Queremos fazer com que ela passe, desde cedo, a valorizar a linguagem do reaproveitamento. Que elas entendam que para a gente existir, precisamos brilhar, mas esse brilho não precisa necessariamente de luz. O fosco também pode brilhar bastante.”